12.05.2013 Views

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

E enfrentar defeitos alheios<br />

O que é belo,<br />

Seja belo<br />

O que for mentira<br />

Que se desmorone<br />

Todo em farpas<br />

Minha cabeça agora deu nó<br />

Estou desatando essa força negativa<br />

Que me sufoca os poros<br />

Ser minha<br />

Para que o amor próprio<br />

Seja puro e invencível.<br />

(FONSECA, 2008, p. 12)<br />

148<br />

Em prol do amor a si, a voz se desvela sem receio, seguindo sem grandes<br />

anseios. As marcas identitárias <strong>da</strong>quela que está “[...] cansa<strong>da</strong> de <strong>da</strong>r uma de heroína e<br />

superar todo o tempo e enfrentar defeitos alheios [...]” (FONSECA, 2008, p. 12) estão<br />

longe de sujeitos femininos com traços de heroínas, que realizem ações<br />

transformadoras, e enfrentem embates que visem à emancipação como decorrem<br />

comumente em <strong>texto</strong>s <strong>da</strong> LN e em outros poemas dessa própria autora, de Mel Adún,<br />

<strong>Rita</strong> Santana, Fátima Trinchão e Elque Santos. Assim, distantes de traços identitários<br />

sólidos, elas criam oportuni<strong>da</strong>des de rabiscos imaginários de outros eu e desejos como a<br />

voz poética de Vera Duarte (2008): “Queria ser um poema lindo/cheirando a terra com<br />

sabor a cana; Queria ver morrer assassinado um tempo de luto de homens indignos<br />

[...]”.<br />

Escrever com as pretensões <strong>da</strong> LN implica jogar para tornar, isto é, colocar<br />

vozes poéticas e ficcionais em constantes negociações e contestações de identi<strong>da</strong>des,<br />

como sinalizam os versos de Amor próprio e Passado Histórico. Para tanto, são<br />

necessários alianças e discursos que garantam outras invenções literárias, com perfis<br />

múltiplos.<br />

É também com o compromisso com uma palavra literária negra inovadora,<br />

longe de subalterni<strong>da</strong>des e exibicionismos, que Oliveira Silveira, também escritor dos<br />

CN, em um jogo de intertextuali<strong>da</strong>de, em Outra negra fulô, cria um sujeito poético que<br />

apresenta uma Fulô que poderá ser até aquela de Jorge de Lima. Nessa versão, a Negra<br />

Fulô é livre e (re) age ao silenciamento de sua voz, construindo novas relações,<br />

identi<strong>da</strong>des e leituras <strong>da</strong> história de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> outra Fulô,<br />

O senhor foi açoitar<br />

A outra nega Fulô<br />

– ou será que era a mesma?<br />

A nega tirou a saia,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!