Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...
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em entrevista, no início <strong>da</strong> pesquisa, informou ter certo distanciamento com esse<br />
segmento <strong>da</strong> literatura. No entanto, em 2009, ela iniciou suas publicações nos CN e<br />
posicionou-se, ao final <strong>da</strong> pesquisa, favorável aos propósitos <strong>da</strong> LN e à edição dos CN.<br />
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Diante disso, este tópico tem como objetivo fazer análise, sob a perspectiva<br />
desse movimento estético, de <strong>texto</strong>s <strong>da</strong>s participantes <strong>da</strong> pesquisa e de outros/as<br />
autores/as negros/as que integram tal projeto literário. Ain<strong>da</strong> é pretensão elaborar<br />
algumas considerações sobre literatura negra, compreendendo-a como um segmento <strong>da</strong><br />
literatura brasileira, comprometido com temáticas afins aos legados afrobrasileiros,<br />
forjado por escritores/as negros/as que assim se declaram e que assim é denominado por<br />
eles/as, por estudiosos/as, leitores/as e críticos/as, como Duarte:<br />
[...] ela é entendi<strong>da</strong> como produção de autoria afro-descendente, que tematiza<br />
o assunto negro a partir de uma perspectiva interna e comprometi<strong>da</strong><br />
politicamente em recuperar e narrar a condição do ser negro em nosso pais.<br />
Acresça-se a isso o gesto (civilizatório) representado pela inscrição em língua<br />
portuguesa dos elementos <strong>da</strong> memória ancestral e <strong>da</strong>s tradições africanas [...]<br />
(DUARTE, 2005, p. 144)<br />
A literatura negra se caracteriza, segundo Benedita G. Damasceno, ao se referir<br />
à poesia negra, por apresentar<br />
[...] a procura e/ou afirmação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de negra; a ausência de um código<br />
de cor básico e obrigatório; o uso de temas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> população negra<br />
resultante de vivências próprias ou de estudos e observações conscientes; a<br />
reprodução de ritmos negros; a introdução na poesia de termos e palavras do<br />
vocabulário afro-brasileiro; a transformação e reabilitação semântica <strong>da</strong><br />
linguagem [...] (DAMASCENO, 1988, p. 69)<br />
Parece oportuno, diante dessas especifici<strong>da</strong>des, enfrentar mais uma discussão<br />
sobre esse projeto estético, que compõe variados entendimentos e resiste ain<strong>da</strong> assim<br />
em meio a debates e ambivalências. Embora haja plurali<strong>da</strong>de de compreensão, há de se<br />
certificar de que não são poucas as complexi<strong>da</strong>des, ambigui<strong>da</strong>des e controvérsias que<br />
permeiam e abalam seus sentidos e pertinências nos circuitos literários, acadêmicos e<br />
entre os/as escritores que se reconhecem como negros/as. A estudiosa Nazareth Fonseca<br />
também acentua algumas tensões sobre a expressão literatura negra:<br />
As expressões “literatura negra”, “literatura afro-brasileira”, apesar de<br />
bastante utiliza<strong>da</strong>s no meio acadêmico, nem sempre são suficientes para<br />
responder às questões propostas por pessoas cujas ativi<strong>da</strong>des estão<br />
relaciona<strong>da</strong>s com a literatura, a crítica, a educação. Quando discutimos os<br />
vários sentidos contidos nessas expressões, utilizamos argumentos