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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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será festeja<strong>da</strong> em meios a <strong>da</strong>nças, aplausos, ao rufar de tambores e zabumbas e na<br />

presença de seus parentes, netos <strong>da</strong> combatente e heroína, a rainha africana Ginga.<br />

117<br />

O narrador do romance Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, ao contrário<br />

<strong>da</strong>quele de memórias de um sargento de milícias, apropriou-se de elementos descritivos<br />

que caracterizassem Isaura, uma escraviza<strong>da</strong>, filha de mãe africana e de pai europeu,<br />

diferencia<strong>da</strong> de uma mulatinha, reforçando a sua nobreza e elegância. Foram-lhe<br />

reservados estereótipos de uma escrava dócil e fiel, de rara beleza e magnitude,<br />

destacando sua referência europeia e distanciamento do perfil físico e psicológico como<br />

aquele de Vidinha.<br />

[...] Uma voz de mulher melodiosa, suave, apaixona<strong>da</strong>, e de timbre o mais<br />

puro e fresco que se pode imaginar [...] Uma voz de mulher, voz melodiosa,<br />

suave, apaixona<strong>da</strong>, e de timbre o mais puro e fresco que se pode imaginar.<br />

[...]. (GUIMARÃES, 1982, p. 79)<br />

Uma bela e nobre figura de moça. As linhas de perfil desenham-se<br />

distintamente entre o ébano <strong>da</strong> caixa de piano, e as bastas madeixas ain<strong>da</strong><br />

mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas, que fascinam os<br />

olhos, enlevam a mente, e paralisam to<strong>da</strong> análise. (GUIMARÃES, 1982, p.<br />

25)<br />

Busto maravilhoso, os cabelos soltos pelos ombros em espessos e luzidios<br />

rolos. Tem dedos mimosos, pezinho [...] delicado e, quando se põe<br />

cabisbaixa, na desolação do eito a que foi submeti<strong>da</strong> por resistir aos assédios<br />

de Leôncio, seu amo, parece açucena esmoreci<strong>da</strong>. [...] (GUIMARÃES,<br />

1982, p. 31-32)<br />

Seus traços físicos e sua cor, aliados à educação, tornaram-se elementos de<br />

prestigio e garantia de vantagens diante de outras africanas escraviza<strong>da</strong>s. Diante do<br />

assédio de Leôncio, dos sofrimentos <strong>da</strong> escravidão e <strong>da</strong> cobiça de seus senhores, ela<br />

resiste, aproveitando de seus dotes físicos como meio de auto-afirmação e libertação.<br />

Ela resiste ao assédio de seu amo e sofre formas mais brutais de punição, como<br />

demonstração de sua retidão moral muito firme e sóli<strong>da</strong>, por isso não cede facilmente<br />

aos apelos sedutores. Isaura também vence o seu senhor, por ser heroína, pura e reta; em<br />

tempo algum, teme às ameaças e repressões ou cede às propostas sedutoras como as de<br />

Henrique, o jovem cunhado de Leôncio:<br />

Além <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de terás tudo o que desejares, se<strong>da</strong>s, jóias, carros, escravos<br />

para te servirem, e acharás em mim um amante extremoso, que sempre há de<br />

te querer, nunca te trocará por quanta moça há por esse mundo, por bonita e<br />

rica que seja, porque tu só vales mais que to<strong>da</strong>s juntas. (GUIMARÃES,<br />

1982, p.43)

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