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88 I 89<br />

250 Maiores<br />

Empresas do<br />

Distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />

TODAS AS CRIANÇAS TÊM TALENTO<br />

EDUCAR PARA A CRIATIVIDADE<br />

fugir aos padrões da escola tradicional, o que não<br />

<strong>de</strong>ixa, no entanto, <strong>de</strong> estar envolto em alguma polémica.<br />

É o caso da Escola da Ponte, em Vila das<br />

Aves, a 30 quilómetros do Porto.<br />

Esta escola, com alunos do primeiro ao 9º ano<br />

<strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, foi pioneira em Portugal na assinatura<br />

<strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> autonomia com o Ministério<br />

da Educação, isto em 2003. Este<br />

projecto-piloto, um case study a nível internacional,<br />

está a servir <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para diversas experiências<br />

educativas em favelas, no Brasil.<br />

PARA KEN ROBINSON, GURU BRITÂNICO NAS QUESTÕES DA INOVAÇÃO, CRIATIVIDADE É O PRO-<br />

CESSO DE TER IDEIAS ORIGINAIS QUE POSSUAM VALOR. “TODAS AS CRIANÇAS TÊM TALENTO E<br />

NÓS TIRAMO-LO”, DEFENDE EM VÁRIAS PALESTRAS QUE FAZ PELO MUNDO FORA.<br />

SEGUNDO ELE, PARA CRIAR É PRECISO NÃO TER MEDO DE ERRAR. AS CRIANÇAS EM IDADE PRÉ-<br />

ESCOLAR SÃO MUITO CRIATIVAS PORQUE NÃO TÊM MEDO DE ERRAR. ORA, A ESCOLA CONDENA<br />

O ERRO, LOGO ESTÁ A CRIAR INDIVÍDUOS SEM CRIATIVIDADE. DIZ QUE TODOS OS PAÍSES TÊM A<br />

MESMA HIERARQUIA DE DISCIPLINAS, LÍNGUAS E MATEMÁTICA NO TOPO, ARTES NO FIM. EDU-<br />

CAM-SE CRIANÇAS PARA USAREM A CABEÇA, ESQUECENDO DO RESTO DO CORPO.<br />

ESTA É A TEORIA DEFENDIDA PELO ESPECIALISTA QUE LIDEROU, EM 1998, A COMISSÃO PARA A<br />

CRIATIVIDADE, EDUCAÇÃO E ECONOMIA, DO GOVERNO BRITÂNICO. ROBINSON AFIRMA AINDA QUE<br />

ESTE É TAMBÉM O GRANDE PROBLEMA DAS EMPRESAS MUNDIAIS: NÃO HÁ MAIS INOVAÇÃO POR<br />

CAUSA DO MEDO DE FALHAR. A CRIATIVIDADE DEVE SER TRATADA DA MESMA FORMA DO QUE A<br />

ILITERACIA, PROCLAMA.<br />

Foi há mais <strong>de</strong> 20 anos que José Pacheco, professor<br />

na Universida<strong>de</strong> do Minho, agarrou nesta escola,<br />

moribunda e <strong>de</strong>gradada, e iniciou um processo<br />

alternativo à educação convencional. Não tem turmas,<br />

não tem disciplinas e o seu plano curricular<br />

centra-se na solidarieda<strong>de</strong> e na responsabilida<strong>de</strong>. O<br />

método <strong>de</strong> ensino é invulgar: não tem testes, nem<br />

aulas curriculares e os professores são chamados<br />

<strong>de</strong> orientadores educativos, seleccionados pela<br />

própria escola. O acordo recentemente celebrado<br />

com o Ministério da Educação dá-lhe liberda<strong>de</strong><br />

para <strong>de</strong>cidir sobre o tempo como a aprendizagem é<br />

feita, não existindo anos escolares. Os resultados<br />

dos alunos são apurados nas provas <strong>de</strong> aferição, e<br />

segundo o Ministério da Educação, estes têm sido<br />

muito positivos.<br />

Contudo, há quem não esteja <strong>de</strong> acordo com este<br />

método <strong>de</strong> ensino e o conteste, dizendo que as<br />

crianças não vão preparadas para as avaliações a<br />

nível nacional. Mas, o que é certo é que é um mo<strong>de</strong>lo<br />

com algo inovador e que ten<strong>de</strong> a ser exportado.<br />

APOIO À CRIATIVIDADE FORA DA ESCOLA<br />

Quando as escolas não chegam para abrir os horizontes<br />

criativos, os pais procuram instituições complementares<br />

que apoiem os seus filhos na educação<br />

alternativa. É disso exemplo o Centro <strong>de</strong> Criativida<strong>de</strong><br />

Pró-Ensino (CCPE), no Bairro Alto, em Lisboa.<br />

O espaço surgiu pela mão <strong>de</strong> dois sócios, Susana<br />

Moura e Gonçalo Dionísio, ambos com ligações ao<br />

meio artístico e académico. Daí o cruzamento, inevitável,<br />

das duas áreas. “Des<strong>de</strong> cedo percebemos a<br />

importância da intercomunicação entre as duas; o<br />

teatro está para a língua portuguesa, assim como a<br />

música e a dança estão para a matemática. A criativida<strong>de</strong><br />

é passível <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida como um<br />

músculo do nosso corpo”, refere Susana Moura. O<br />

CCPE preten<strong>de</strong> mostrar aos seus alunos – não apenas<br />

crianças, mas também adultos - que apren<strong>de</strong>r<br />

po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser divertido. O centro organiza workshops<br />

<strong>de</strong> teatro, dança, música, belas artes, e também<br />

alguns ligados às áreas mais académicas,<br />

como a matemática, ciência e leitura e escrita criativa,<br />

mas sempre <strong>de</strong> uma forma original. Susana<br />

Moura diz que é inevitável que a criativida<strong>de</strong> promova<br />

o empreen<strong>de</strong>dorismo e a inovação.<br />

Mas, a criativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser espicaçada,<br />

não directamente nas crianças, mas nos professores.<br />

É isso que faz a Associação Educativa para o Desenvolvimento<br />

da Criativida<strong>de</strong>. Instalada no Campo<br />

Gran<strong>de</strong>, em Lisboa, esta é uma instituição sem fins<br />

lucrativos, com cerca <strong>de</strong> 600 associados. Nasceu em<br />

1999 com o objectivo <strong>de</strong> promover o estudo científico<br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento da criativida<strong>de</strong> e das suas<br />

múltiplas aplicações. Para isso, realiza activida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> investigação, divulgação e formação, como seminários,<br />

conferências, cursos, eventos culturais e acções<br />

<strong>de</strong> cooperação com outras entida<strong>de</strong>s.<br />

Maria João Con<strong>de</strong>, directora, diz que a associação<br />

actua na educação através dos docentes. “Acreditamos<br />

que a melhor forma <strong>de</strong> chegar aos alunos é<br />

através dos professores, pois são eles que contactam<br />

directamente com as crianças e jovens”, diz.<br />

Acrescenta que hoje há uma consciência generalizada<br />

<strong>de</strong> que a criativida<strong>de</strong> não é uma capacida<strong>de</strong><br />

rara, mas que todos temos potencial criativo susceptível<br />

<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvido. Estudos provam que<br />

esta é uma característica inerente à espécie humana.<br />

No entanto, verifica-se que a criativida<strong>de</strong> nas<br />

crianças é universal e nos adultos quase inexistente.<br />

O que acontece a esta capacida<strong>de</strong>? Para a responsável,<br />

a resposta está na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar indivíduos<br />

abertos à mudança, com educadores<br />

empenhados no processo, proce<strong>de</strong>ndo a actualizações<br />

constantes.<br />

“A criativida<strong>de</strong> é muito importante na aprendizagem,<br />

pois <strong>de</strong>senvolve a auto-estima, a motivação e a<br />

realização. Assim, os alunos <strong>de</strong>vem ser encorajados<br />

a pensar criativa e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

Maria João Con<strong>de</strong>. Remata, dizendo que a criativida<strong>de</strong><br />

prepara as crianças para a vida, pois alunos<br />

criativos enfrentam melhor um mundo em constante<br />

mudança. ■<br />

Helena Carlos

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