conseLho de desenvoLvImento IndustrIaL - Sicm - Governo da Bahia

OPORTUNIDADES
janeiro/fevereiro 2011 JANUARY/FEBRUARY 2011
informativo da secretaria da indústria, comércio e mineração do governo da bahia
conseLho de
desenvoLvImento
IndustrIaL
do autoritarismo para a democracia
de fato: agora quem define a política
industrial e comercial são os
próprios agentes econômicos
COUNCIL fOR INDUSTRIAL DEVELOpMENT
from authoritarianism to de-facto
democracy: economic agents themselves
are to determine industrial and
political policy
bahia de
salTO alTO
indústria baiana de calçados gera 33,5 mil empregos diretos e
coloca o estado em quinto lugar nas exportações do setor no país
BAhIA ON hIGh hEELS footwear sector generates 33.5 thousand direct
jobs to make bahia fifth in the segment’s exports in the country

apresentação
apresentacão presentatIon
O FUTURO
já chegOU
A
Bahia continua trilhando o caminho do desenvolvimento
sustentável e confirmando sua
vocação de terra de bons negócios. Com ordem
na casa, a economia do Estado pulsa no
compasso certo, e os frutos do trabalho começam a ser
colhidos. Nesta edição de Bahia Oportunidades, veja
como o Complexo Industrial de Camaçari ganhou novo
fôlego após a negociação com o governo do Estado para
a liberação dos créditos fiscais do ICMS, pendentes há 15
anos. Hoje, o Polo responde por 30% do PIB baiano. E a
tendência de crescimento se consolida com a reimplantação
do Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI), que
envolve o empresariado e a sociedade no debate sobre
as políticas públicas de estímulo à atividade econômica –
tema de grande reportagem nesta edição.
Você também conhecerá gente simples e empreendedora,
que virou dona do próprio negócio formando
cooperativas que garantem renda para mais 224 mil
baianos. No canteiro de obras que virou a Bahia, onde a
construção civil fechou 2010 com um crescimento superior
a 20%, também há espaço para andar a passos largos:
o setor calçadista gera 33,5 mil postos de trabalho e já
é o quinto do País em exportações. Veja, ainda, como a
celulose impulsiona a riqueza do extremo sul e como a
grande demanda redobrou os esforços para a implantação
de um novo centro industrial em Feira de Santana.
Com tantas boas notícias, 2011 traz perspectivas ainda
mais otimistas para os que acreditam que na Bahia, terra
de todos nós, sempre há espaço para quem faz o futuro
virar presente. Boa leitura!
Informativo da
Secretaria da Indústria,
Comércio e Mineração do
Governo da Bahia
Newsletter by the Secretariat
of Industry, Commerce and Mining
of the Government of Bahia
Centro Administrativo da Bahia – CAB
IV Avenida, 415 – Salvador – Bahia – Brasil
CEP: 41.745-002 – Tel.: (71) 3115-7816/3115-7836
E-mail: revista@sicm.ba.gov.br
Janeiro/Fevereiro 2011
www.sicm.ba.gov.br
governador do estado state governor
Jaques Wagner
vice-governador vice-governor
Otto Alencar
secretário da indústria, comércio e mineração
secretary of industry, commerce and mining
James Correia
secretário da indústria naval e portuária
secretary, naval and port industry
Roberto Benjamin
superintendente de indústria e mineração
superintendent, industry and mining
Paulo Guimarães
superintendente de comércio e serviços
superintendent, commerce and services
Adhvan Furtado
The fuTure has arrived
Bahia continues on the path of sustainable development and
confirming its vocation as a land of good business. With the
house in order, the state’s economy beats in the right rhythm
and the fruits of labor are beginning to be harvested. In this
issue of Bahia Oportunidades, you will see how the Camaçari
Industrial Complex has received new impetus after negotiation
with the state government for releasing ICMS tax credits, pending
for 15 years. Today, the Pole represents 30% of the State’s
GDP. And this growth trend has been consolidated with the
reimplementation of the Council for Industrial Development
(CDI), which gathers entrepreneurs and society in the debate on
public policies to stimulate the economic activity – a subject for
a long article in this issue.
You will also get to know ordinary, entrepreneur people,
who are now owners of their own businesses through cooperatives
that ensure income for over 224 thousand Bahians. Bahia
has become a worksite, with civil construction closing 2010 with
a 20% growth and room for taking larger strides: The footwear
sector generates 33.5 thousand job posts and is the country’s
fifth in exports. You will also see how pulp boosts wealth in the
state’s far south, and its large demand has increased efforts to
implement a new industrial plant in Feira de Santana. With so
many good news stories, 2011 brings an even more optimistic
outlook for those who believe in Bahia, the land of all of us,
where there is always room for those who make the future come
true. Enjoy reading this!
assessor-geral de
comunicação social
general advisor, social communication
Robinson Almeida
coordenação geral
general coordination
Nestor Mendes Jr.
coordenação editorial
editorial coordination
Ana Paula Ramos
1576 DRT-BA
projeto gráfico
graphic design
Alan Maia
diagramação
design
Kauan Sales
redação
reporters
Anderson Vessechia
Fabiane Pita
João Eça
Luiz Souza
Paloma Jacobina
Pedro Carvalho
Perla Ribeiro
Valana Gualuz
fotografia
photography
João Alvarez
Istock.com
Alberto Coutinho
Ronaldo Silva
Vaner Casaes
Jorge Cordeiro
Agecom
Adri Felden/Argosfoto
ilustração
illustration
Osvaldo Pavanelli
revisão
proofreading
Cristiane Sampaio
tradução
translation
Arte Comercial
pré-impressão
e impressão
pre-printing and printing
Gráfica Contraste
tiragem
print run
10.000 exemplares / 10,000 copies

6
33
O ESTÍMULO DO CDI
Conselho de Desenvolvimento Industrial dinamiza
a relação entre governo e setor produtivo,
impulsionando atividade econômica.
CDI STIMULUS Council for Industrial Development
makes more dynamic the relationship of
government with the productive sector, boosting
the economic activity.
44
CANTEIRO BAIANO
Habitação e obras públicas incrementam construção civil,
que fechou 2010 com crescimento superior a 20%.
BAHIA’S CONSTRUCTION SITE Housing and public
works foster civil construction, closing 2010 with
a 20%-plus growth.
52
EM CIMA DO SALTO
Expansão do setor calçadista coloca a Bahia no quinto
lugar em exportações do segmento no País.
ON HIGH HEELS Footwear sector expansion makes
Bahia fifth in the segment’s exports in the country.
ENTREvISTA
Carlos Alberto Matos Vieira Lima, presidente do
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da
Bahia (Sinduscon-BA).
INTERVIEW Carlos Alberto Matos Vieira Lima,
President of Sinduscon-BA (Construction Trade
Association of the State of Bahia).
12
POLO DE
sumárIo contents
DESENVOLVIMENTO
Centro Industrial de Camaçari responde por 30%
do PIB baiano e fatura cerca de US$ 15 bilhões por
ano. DEVELOPMENT POLE Camaçari Industrial
Complex is responsible for 30% of Bahia’s GDP,
billing about US$ 15 billion a year.
24
54
O ‘BOOM’ DA CELULOSE
Nova unidade da Veracel, que terá investimentos
de mais de R$ 4 bilhões, impulsiona o setor.
PULP BOOM Veracel’s new unit, with investments
of over R$ 4 billion, drives the industry.
61
DIvIDINDO LUCROS
Cooperativas geram renda para mais de 224
mil baianos e tornam possível o sonho de
ter o próprio negócio. SHARING PROFITS
Cooperatives generate income for over 224
thousand Bahians and make the dream of having
their own business come true.
A PRINCESA DO SERTÃO
Grande demanda gera parceria entre governo e
prefeitura para implantar novo centro industrial em
Feira de Santana. PRINCESS OF THE BACKWOODS
Large demand generates partnership between state
and municipal governments to implement a new
industrial center in Feira de Santana.
64 bons negócios GOOD BUSINESS
66 investir na bahia INVESTING IN BAHIA
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 5

IndústrIa Industry
A PASSOS
expanSão do polo calçadiSta baiano, que gera 33,5 mil poStoS de trabalho,
coloca o eStado no quinto lugar em exportaçõeS do Setor no paÍS
expansion of bahia’s footwear manufacturing pole, generating 33.5 thousand jobs
and placing the state in fifth place in the country’s exports in this sector
pOR/By CLAUDIA LESSA

laRgOs
sTrides forward
Bahia’s shoemaking pole already includes 48 industrial
concerns. A further 13 are in the process of public
tender, expansion or application for land. The sector
– a major success of the State government’s policy of moving
development upstate – is now responsible for the generation of
33.5 thousand jobs all over the State. Data provided by SUDIC
(Superintendence for Industrial and Trade Development of
Bahia), a body linked to the State Secretariat for Industry and
Trade, also indicate that investments on the part of companies
with protocols of intention amount to nearly R$ 424 million.
The refl ection of the sector’s expansion is evidenced
by the ranking carried out by Promo (Bahia’s International
Business Center). Bahia used to be in 8th place among the
country’s shoemaking sector exporters. It was behind the
states of Rio Grande do Sul (the leader with foreign sales in
excess of US$ 1 billion a year), Sao Paulo, Ceara, Paraiba,
Santa Catarina, Minas Gerais and Parana. Today, Bahia has
already overtaken the three latter and ranks fi fth.
The expansion phase of Bahia’s industry is consolidating
in 2010, with a government investment of nearly R$ 42
million. The year before, also thanks to State support, the
sector closed its balance with over 35 million pairs of shoes
produced in Bahia, for a global value of R$ 850 million.
Haroldo Ferreira, president of Sindicalçados (Bahia Trade
Association of Footwear, Components and Artifacts) predicted
that this year production would increase about 10%.
“The shoemaking segment in Bahia is going through an
excellent phase of growth. There are many companies requesting
expansion and new sheds. This is very good for the
economy of Bahia, because it generates wealth and income
with new jobs,” in the analysis of SUDIC’s president-director
Nilton Cardoso da Cruz. He mentions Calçados Malú, in Alagoinhas,
and Free Way, in Jacobina, as examples of factories
that have already requested more land for their operations.
O
polo calçadista baiano já abriga 48
indústrias. Outras 13 estão em processo
de licitação, ampliação ou solicitação de
área. O setor, um dos maiores êxitos da
política do governo para a interiorização
do desenvolvimento, é responsável pela geração de
33,5 mil postos de trabalho em todo o Estado. Dados
da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e
Comercial da Bahia (Sudic), órgão vinculado à Secretaria
de Indústria e Comércio, dão conta, ainda, de que o
investimento de empresas com protocolos de intenções é
de quase R$ 424 milhões.
O refl exo da expansão fi ca evidenciado no ranking do
Centro Internacional de Negócios da Bahia (Promo). Antes,
a Bahia ocupava o oitavo lugar entre os exportadores do
setor calçadista do País, atrás de Rio Grande do Sul (líder
com vendas externas superiores a US$ 1 bilhão ao ano),
São Paulo, Ceará, Paraíba, Santa Catarina, Minas Gerais e
Paraná. Hoje, o Estado já superou os três últimos e ocupa
o quinto lugar do ranking.
A fase de expansão da indústria baiana se consolidou,
em 2010, com o investimento do governo de cerca R$ 42
milhões. Em 2009, graças também ao apoio estadual, o
setor fechou a balança com mais de 35 milhões de pares
de calçados produzidos na Bahia, num valor global de
R$ 850 milhões. A previsão do presidente do Sindicato
da Indústria de Calçados, Componentes e Artefatos da
Bahia (Sindicalçados), Haroldo Ferreira, é que a produção
fechasse 2010 com um crescimento em torno de 10%.
“O segmento calçadista está em uma ótima fase. São
muitas empresas solicitando ampliação, e isso é muito bom
para a economia baiana”, analisa o diretor-presidente da
Sudic, Nilton Cardoso da Cruz. Ele cita a Calçados Malú,
em Alagoinhas, e a Free Way, em Jacobina, como exemplos
de fábricas que já pediram aumento de área.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 7

IndústrIa Industry
8
Há ainda empresas que estão solicitando espaços para
implantação por intermédio da Sudic, a exemplo da Multi
Injet, que atenderá a Bibi Calçados, em Cruz das Almas.
Outras, como a Calçados Pegada, em Ruy Barbosa, e a
Amazonas, em Jequié, só estão aguardando a ordem de
serviço para começar as obras de ampliação. A primeira
vai gerar mais 550 empregos, entre diretos e indiretos. A
segunda deverá passar de 228 empregos diretos para 380.
“Os efeitos estão sendo muito positivos, porque, como
as empresas estão instaladas no interior, elas possibilitam
uma melhor distribuição de renda por todo o Estado”,
analisa o dirigente do Sindicalçados.
Para fortalecer a cadeia produtiva, o governo tem contribuído
com incentivos fiscais. “Com esse apoio, as empresas
menores, fornecedoras de artigos para calçados,
também são beneficiadas, pois precisam aumentar a produção
para atender à demanda das grandes indústrias”,
destaca o diretor-presidente da Sudic.
O presidente do Sindicalçados endossa: “O Estado
tem sido muito importante para a afirmação da indústria
calçadista baiana através de seus planos de atração e manutenção
das empresas. Podemos afirmar que, atualmente,
a Bahia é um dos mais importantes polos de produção
de calçados do País e as expectativas são muito boas”.
Impacto socIal
O polo calçadista baiano, espalhado por quase 30
municípios, reúne marcas conhecidas como Azaleia, Bibi,
Vulcabrás, Ramarim, Kildare, Disport do Brasil/Paquetá
(fornecedora da Adidas e Diadora), Dal Ponte, Picadilly,
Dass e Bison/Via Uno. Na 37ª edição da Couromoda (maior
feira de calçados e artigos de couro da América Latina, realizada
em janeiro), essas companhias anunciaram expansão
das suas atividades no Estado nos próximos anos.
É significativo o impacto social nas cidades baianas onde
o mercado interno de calçados – que também produz acessórios,
como bolsas, cintos, carteiras e pastas – está aquecido.
“A injeção de estímulo que o governo baiano dá ao
segmento tem aberto novos postos de trabalho para a população
local. Na nossa fábrica, em Cruz das Almas, empregamos
970 colaboradores e, no prazo de dez anos, temos
projeto de inaugurar mais dez lojas”, atesta o gerente-geral
da Bibi Nordeste Calçados, Luís Henrique Gonçalves, gaúcho
que já está na Bahia há mais de dez anos.
Ele conta que, desde que se instalou em Cruz das Almas,
em 1998, a Bibi Calçados, que trabalha com produtos
infantis, já investiu mais de R$ 10 milhões no setor. “Vejo
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Processo de criação AquelA sAndáliA mArAvilhosA dA vitrine que mexe com A
cAbeçA do mulherio não chegA Ali, nAquele “AltAr”, num
piscAr de olhos. nA modernA indústriA de cAlçAdos, As etApAs dA criAção são múltiplAs, delicAdAs
e distintAs. todA A operAção que envolve A produção de um sApAto levA, em médiA, de 20 A 30 diAs.
confirA o processo de fAbricAção – que vAi desde A modelAgem Até A distribuição no mercAdo,
pAssAndo pelA prepArAção do couro, costurA e montAgem. ProCeSS of Creation: THaT wonDerful pair of
sanDals THaT Turns THe HeaDs of woMen Does noT geT all THis way onTo an “alTar” in THe blink of an eye. in THe MoDern
sHoe inDusTry, THere are a nuMber of DeliCaTe anD DisTinCT sTages in CreaTion. THe wHole operaTion leaDing To THe
proDuCTion of a pair of sHoes Takes an average of 20 To 30 Days. CHeCk ouT THe ManufaCTuring proCess, froM MoDeling
To final DisTribuTion in THe MarkeT, progressing THrougH THe sTages of preparing THe leaTHer, sewing anD asseMbly.
ModelageM: Criação, elaboração e acompanhamento dos modelos
no processo de fabricação. O modelista usa de sua criatividade
para desenvolver um novo produto. Modeling: Creating, preparing
and watching over models in the manufacturing process. Modelers use their creativity
to develop new products for the market, in line with trends for upcoming collections.
Corte: Cortadores utilizam de sua habilidade para fazer um corte
perfeito nas peças a serem montadas no sapato. Na operação
de corte das diferentes peças que compõem o cabedal (parte
superior do calçado), são utilizadas lâminas e facas especiais.
Cutting: Cutters use their skill to make perfect cuts on the pieces to be put on shoes.
During the cutting operations of the different pieces, comprising the leather uppers (the top of a shoe) special knives
and/or cutting rockers are used.
Costura: As peças de couro são costuradas uma a uma e, no final no processo,
obtém-se o cabedal, que é a parte superior em couro do calçado. Sewing: The leather
parts are sewn one by one and, at the end of the process, the leather upper (top of the shoe) is ready.
Pré-fabriCação: Fabricação de solas, saltos e palmilhas. Muitas empresas
não têm esse setor, pois existem fábricas que se especializam na produção desses
materiais. PrefabriCation: Manufacturing soles, heels and insoles. Many companies do not have this
section, because there are factories specializing in these items.
MontageM: Aqui o cabedal é colado à palmilha por um processo semiautomatizado,
onde apenas um operador realiza o trabalho de várias pessoas, diminuindo
o tempo de execução e aumentando a qualidade deste processo. Depois, vem a
sequência da montagem do cabedal, onde a parte lateral e traseira são coladas
e pregadas na palmilha. aSSeMbly: Here the leather upper (top of the shoe) is glued to the insole in a
semi-automatic process, where a single operator does the work of several people, lessening execution time and
increasing the quality of the process. Then comes the leather upper assembly process, where the lateral and rear
are glued and nailed to the insole.
There are also enterprises that are requesting space for
implementation through SUDIC, for example Multi Injet,
which is to attend to Bibi Calçados, in Cruz das Almas. Others,
such as Calçados Pegada, in Ruy Barbosa, and Amazonas,
in Jequié, are awaiting service orders to start work on
extensions. With its extension, the former will generate an
additional 550 direct and indirect jobs, while the latter is
expected to increase the number of direct jobs generated
from 228 to 380.
“The effects are very positive because, as these companies
are upstate, they make for better distribution of
income throughout the State, helping local economies to
develop too,” in the analysis of Sindicalçados’ director.
To strengthen the production chain, the government
has contributed with fiscal incentives for industry. “With this
support, smaller enterprises supplying articles for shoes
also benefit, because they need to increase production
to meet the demand of big companies, generating more
wealth in the State,” considers SUDIC’s president-director.
The president of Sindicalçados endorses this: “The
State has greatly helped Bahia’s footwear industry to put
down roots, by means of its plans to attract and retain
companies. You can say that currently Bahia is one of the

ColageM da sola: A sola é colada ao cabedal já completamente
montado. Após a colagem, alguns tipos de sola ainda passam pelo
processo de blaqueamento (costura) para garantir um ótimo nível de
qualidade. gluing tHe Sole: The sole is glued to the now fully assembled leather upper.
after it has been glued on, some kinds of sole go through the process of welting (sewing)
to ensure a very high standard of quality.
PlanCHaMento: Após todas as etapas de montagem concluídas, o sapato passa pelo
planchamento, que é o acabamento fi nal do produto antes de ser embalado. Escovamento,
pintura e limpeza estão ligados a essa fase. finiSHing: after all the stages of assembly are concluded,
shoes undergo fi nishing before being packaged. brushing, staining and cleaning are associated with this phase.
eXPedição: No último processo, o sapato passa por um controle de qualidade, onde é
checada e solucionada qualquer imperfeição. Então fi nalmente o produto pode ser embalado
e enviado ao mercado de destino. SHiPMent: in the last stage, shoes undergo quality control, where any
imperfections are checked and solved. Then, fi nally, the product can be packaged and shipped to its destination market.
ÍCONES DA MODA E DO SUCESSO – clássicos ou fAshions, os sApAtos contAm histÓriAs Ao longo do tempo. seus
modelos, por suA veZ, vAriAm de Acordo com A épocA, A estAção. cAdA um pArA umA ocAsião, Aos pés de seus usuários.
ICONS OF FASHION AND SUCCESS – WHETHER CLASSICAL OR FASHIONABLE, SHOES HAVE HAD STORIES TO TELL OVER TIME.
SHOE MODELS, IN TURN, HAVE DIFFERED IN DIFFERENT TIMES AND SEASONS. EACH FOR AN OCCASION, AT THE FEET OF OWNERS
O estilo chanel é um dos mais célebres do mundo, com
seu formato alongado, salto confortável e aberto no
calcanhar. Este tipo de calçado bicolor, moda no início
dos anos de 1960, virou um clássico. The Chanel style is
one of the world’s most celebrated, with elongated format,
comfortable heels and open backs. These two-tone shoes,
chinelo marroquino, popular na Turquia. No século XVIII,
era usado por homens e, com saltinho, pelas mulheres.
A very successful model, the mule is a backless shoe with
a closed toe, inspired by Moroccan slippers, which were
popular in Turkey. In the 18th Century, they were worn by
men and, with low heels, by women.
fashionable in the 1960s, have become a classic.
Calçado leve, originalmente usado por criadas no século
O scarpin não sai de linha. Sapato fechado, com salto
médio ou alto e um design que se afi na em direção ao
bico, esse modelo clássico foi popularizado por Christian
Dior, em 1947. Scarpins are never out of style. A closed
shoe, with medium or high heels and a design growing narrower
in the front, this classic model was made popular by
Christian Dior in 1947.
XVIII, a sapatilha foi adotada pelas elegantes francesas
em 1803 para dançar nos bailes. No fi nal do século XIX,
o calçado ganhou os pés masculinos. Na década de 1950,
as sapatilhas se tornaram cult nos pés das atrizes Audrey
Hepburn e Brigitte Bardot. Light, low-heeled shoes, originally
worn by house servants in the 18th Century, ballerina
fl ats were adopted by elegant Frenchwomen in 1803 for
dancing at balls. At the end of the 19th Century, they were
Originalmente confeccionados pelos índios norte-americanos
com casca de árvore, sem salto, o mocassim é conside-
also worn by men. In the 1950s, they became a cult, on the
feet of actresses Audrey Hepburn and Brigitte Bardot.
rado um calçado polivalente e curinga em qualquer estação.
De salto baixo, médio ou alto, o modelo acompanha todas
as tendências. Originally worn by indigenous people in North
America, made with bark from trees, with no heels, moccasins
are considered all-use, versatile shoes for all seasons. With
low, medium or high heels, different models follow all trends.
De apelo erótico, a sandália nunca saiu de moda. Nos
tempos atuais, estão de volta com toda a força a rasteirinha,
a gladiadora, a ankle boots (botas de cano
baixo) e a meia-pata (salto alto, acompanhado por uma
plataforma apenas na metade da frente do solado). With
their erotic appeal, sandals have always been in style. In
current times, fl ip-fl ops, gladiators, ankle boots, and pla-
Modelo de grande sucesso, o mule é um tipo aberto no
calcanhar e fechado na frente, com inspiração em um
tform sandals (high heels and a platform under the front
half of the sole).
que tanto o governo federal como o estadual têm se empenhado
para valorizar o segmento, buscando diminuir as
taxas tributárias. Estamos muito satisfeitos. Nossa meta foi
crescer 10% em 2010 na Bahia, que já responde por cerca
de 60% da nossa produção nacional”, revela. Atualmente,
a empresa produz sete mil pares de calçados/dia. Segundo
ele, cerca de 20% da produção da Bibi é vendida para
mais de 60 países.
A fábrica Dal Ponte, instalada no município baiano de
Santo Antônio de Jesus desde 2003, com fi liais em Muritiba
e Uibaíra, é outro exemplo empresarial bem-sucedido.
“Estamos crescendo na Bahia. No segundo semestre do
ano passado registramos um crescimento de 20% em relação
aos primeiros seis meses”, afi rma o gerente industrial
Luiz Magni.
Diante da conjuntura favorecida com o incentivo fi scal
sobre o ICMS e com a cessão de terrenos, como se deu
nas unidades de Santo Antônio de Jesus e Muritiba, Magni
revela que uma quarta sede da Dal Ponte está sendo negociada.
“Mas, por enquanto, não posso adiantar nada sobre
o nosso novo parque fabril”, desconversa. Atualmente,
a empresa oferece 900 postos de trabalho somente em
Santo Antônio de Jesus.
country’s most important shoe production poles. We have
great expectations, in view of the growth of the Brazilian
economy at large.”
social impacT
Bahia’s shoemaking pole is spread over nearly 30 municipalities,
and includes well-known brands such as Azaléia,
Bibi, Vulcabras, Ramarim, Kildare, Disport do Brasil/
Paquetá (suppliers to Adidas and Diadora), Dal Ponte,
Piccadilly, Dass and Bison/Via Uno. On the 37th edition of
Couromoda (Latin America’s biggest footwear and leather
article trade show) last January, these companies announced
plans for expanding their activities in the State
over the next few years.
Social impact on Bahia’s cities where the internal market
for shoes has heated up is signifi cant. Other accessories
such as purses, belts, wallets and briefcases are also produced.
“The injection of stimulus given the segment by the
government of Bahia has opened up new jobs for the local
population. We employ 970 people at our factory in Cruz
das Almas, and we plan to open another ten stores over
the next ten years,” states Bibi Nordeste Calçados’ general
manager Luís Henrique Gonçalves, a native of Rio Grande
do Sul state who settled in Bahia over ten years ago.
He tells us that since it was fi rst set up in Cruz das Almas
in 1998 Bibi Calçados, which makes children’s articles, has
already invested over R$ 10 million in the sector. “I see that
the federal and State governments have made an effort to
valorize the segment, by reducing tax rates. We are very
satisfi ed. Our target was to grow 10% this year in Bahia,
which already accounts for 60% of our national production,”
he reveals. The company currently produces seven
thousand pairs of shoes a day. According to him, 20% of
Bibi’s production is exported to over 60 countries.
Dal Ponte’s factory in Bahia’s municipality of Santo Antônio
de Jesus, where it was set up in 2003, with branches
in Muritiba and Uibaíra, is another example of a successful
enterprise. “We’re growing in Bahia. We had a 20% growth
in the second half of last year as compared to the fi rst half,”
believes industrial manager Luíz Magni.
Due to the situation favored with fi scal incentives regarding
ICMS and land concessions, as happened in the
cases of the Santo Antônio de Jesus and Muritiba units,
Magni discloses that a fourth location for Dal Ponte is being
negotiated. “But I can’t say anything about our new manufacturing
complex for the time being,” he says, changing
the subject. The company currently employs 900 people in
Santo Antônio de Jesus alone.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 9

10
IndústrIa Industry
sedUçãO pelOs pés
Sapato é Sinônimo de fetiche para muita gente.
no univerSo daS mulhereS compulSivaS por
SapatoS, há caSoS que Se tornaram lendárioS
no mundo inteiro, como o da ex-primeira-dama
filipina imelda marcoS, conSiderada a maior
colecionadora do produto: trêS mil pareS
shoes are synonymous with fetish for many people. in
the universe of women who are compulsive for shoes, there
are some legendary cases around the world, such as the
former first lady of philippines imelda marcos, considered
the greatest collector: three thousand pairs
Fascínio por sapato é coisa de mulher e só ela entende.
Quanto mais altos, mais elegantes, sedutores e
irresistíveis. Andar nas alturas ou não descer do salto
são expressões que traduzem bem o universo feminino. O
poder do calçado é tão magnético que, até no mundo da
fantasia, um sapato de cristal uniu Cinderela a seu príncipe
encantado. Mas de onde vem esse prazer mágico?
O encantamento das mulheres por sapatos, apontam
pesquisas, está na sua atuação no campo do erotismo. Ou
seja, se os pés são sinônimos de fetiche, seu poder de sedução
aumenta se estiverem envolvidos por um belo par
de sapatos. Se o salto for agulha, aí é fatal! A inglesa Caroline
Cox, autora do livro Stiletto, diz que o gosto por este
estilo é por ele tornar a mulher, ao mesmo tempo, “submissa
e agressiva, fetiche e fetichista, predadora e presa”.
O famoso designer brasileiro Fernando Pires costuma
dizer que, para satisfazer as mulheres, procura fazer produtos
que as seduzam. “Elas, por sua vez, vão seduzir seus
namorados e maridos e causar inveja nas amigas”, atiça.
“Um belo par de sapatos faz a mulher se sentir tão poderosa
que pode mudar totalmente a maneira como ela
se porta”, disse, certa vez, Tamara Mellon, presidente da
empresa que fabrica a cobiçada marca Jimmy Choo.
No mundo da moda, vários sapateiros de luxo se destacaram
na história recente dos calçados. Além do sinomalásio
Jimmy Choo e de Fernando Pires, fazem sucesso
nomes como o canadense Patrick Cox, o espanhol Manolo
Blahnik, o italiano Sergio Rossi e o francês Christian Louboutin,
entre outros. Eles produzem peças exclusivas, arrojadas
e caras. Um Jimmy Choo, por exemplo, imprime na
etiqueta até US$ 1.700 (cerca de R$ 4.200). A justificativa é
que os calçados da marca são feitos à mão, por artesãos
italianos, e os materiais são selecionados com cuidado extremo
para garantir qualidade.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
The seducTion of feeT
Women’s fascination with shoes can only be understood by
women. The higher, the more elegant, seductive and irresistible
they are. To be up high and not come down from one’s high
heels are expressions that clearly express the feminine universe.
Opening a wardrobe and choosing the most suitable pair for the
occasion is passion approaching obsession. The power of footwear
is so magnetic that, even in the realm of fantasy, a crystal shoe
brought Cinderella and her prince charming together. But where
does this magic pleasure come from?
Surveys show that women’s enchantment with shoes lies in their
action in the field of eroticism. In other words, if feet are synonymous
with fetish, their powers of seduction increase if they are wrapped in
a beautiful pair of shoes. And those shoes have stiletto heels they
are deadly! Englishwoman Caroline Cox, the author of Stiletto, says
that the taste for this style is because they make o woman at once
“submissive and aggressive, fetish and fetishist, predator and prey”.
The famous Brazilian designer Fernando Pires always says that to
satisfy women, he tries to make products that seduce. “In turn, women
are going to seduce their boyfriends and husbands, and make
their friends envious, he asserts provokingly. “A beautiful pair of
shoes makes a woman feel so powerful that they can change her behavior
completely,” said Tamara Mellon, president of the company
that makes the coveted brand Jimmy Choo, on a certain occasion.
In the world of fashion, several luxury footwear designers have
stood out in recent shoemaking history. In addition to Chinese-Malaysian
Jimmy Choo and Brazilian Fernando Pires, names such as
Canadian Patrick Cox, Spaniard Manolo Blahnik, Italian Sergio Rossi
and Frenchman Christian Bouboutin stand out. They produce
exclusive pieces that are daring and expensive. A pair of Jimmy
Choo’s, for instance, goes for US$ 1,700 when the shoe bears precious
details. The explanation is that shoes of this brand are hand-
a empreSária rita araújo e a relaçõeS-públicaS
caren cruz, ambaS baianaS, também fazem
parte do time daS mulhereS loucaS por Sapato
entrepreneur rita araújo and public relations caren cruz,
both from bahia, are also part of the group of
women who are crazy about footwear

compulsIvas
No universo das mulheres compulsivas por sapato, há
casos que se tornaram lendários no mundo inteiro, como
o da ex-primeira-dama fi lipina Imelda Marcos, considerada
a maior colecionadora do produto: três mil pares. A mitológica
Evita Perón tinha um pouco menos – 900 pares.
Por essas bandas, há exemplos conhecidos, como o da
atriz Claudia Raia e o da empresária Lucília Diniz, cada uma
dona de três centenas de pares de calçados, e o da apresentadora
Hebe Camargo, que contabiliza 200.
No rol das “pobres mortais”, a empresária Rita Araújo e a
relações-públicas Caren Cruz, ambas baianas, também jogam
no time das loucas por sapato. Rita conta que, certo dia, foi ao
shopping com o fi lho de 13 anos para comprar roupa para ele.
Para azar do garoto, ela passou na frente de uma loja de grife
que estava liquidando sapatos de salto 15. “Quando eu vi,
não me contive. Disse para ele que ia entrar só para dar uma
espiadinha. Resultado: passei a tarde inteira lá. Levei cinco pares
para casa e, de quebra, a cara feia do meu fi lho, que fi cou
muito chateado comigo”, recorda Rita, dona de pelo menos
70 pares de sandálias de salto alto. Caren, que imagina ter
também umas sete dezenas de sapatos, não fi ca atrás. “Outro
dia, passando numa loja, vi uma sandália que amei. Levei cinco
iguais, uma de cada cor”, conta.
Fcc invesTe R$ 8 mi paRa TRiplicaR Unidade
AFCC está colocando em funcionamento
a ampliação de sua unidade
de Conceição do Jacuípe, a 65
km de Salvador. O investimento, de R$ 8
milhões, em equipamentos e expansão
física, triplicou a capacidade de produção
e transforma a unidade baiana da FCC na
maior fábrica de adesivos voltados para a
indústria de calçados da América Latina.
Entre as novidades que a FCC está
implementando em Jacuípe, está a instalação
de laboratórios completos para o desenvolvimento
de novos adesivos e testes,
descentralizando a produção da indústria
nesta área. A unidade da Bahia responde
pelo fornecimento de adesivos para as regiões
Sudeste, Norte e Nordeste.
O investimento em pesquisas permitiu,
dentre outras coisas, o desenvolvimento
do adesivo Fortik 2500, com alta
resistência, que não deixa o traço amarelado
da linha de colagem. Este produto
foi criado para atender especialmente ao
mercado baiano de sapatos esportivos.
NaTuralmeNTe susTeNTÁVel
Criada em março de 1969, na cidade
de Campo Bom (RS), onde mantém
sua matriz, a FCC fabrica sistemas de
colagem e vedantes, elastômeros termoplásticos,
resinas poliuretânicas, além de
insumos e componentes para calçados.
A indústria adotou o slogan “Naturalmente
sustentável”, em alusão à preocupação
constante em buscar alternativas
sustentáveis para todas as necessidades
de seus clientes.
fcc invesTs r$ 8 mi To Triple uniT
FCC announced the start of operations of its expanded
unit in Conceição do Jacuípe, 65 km far
from Salvador. The investment – R$ 8 million – in
equipment and physical expansion has tripled production
capacity, making the FCC’s unit in Bahia the
made by Italian craftsmen, and materials are selected with extreme
care. Major brands such as Gucci, Chanel, Yves Saint Laurent, Prada
and Valentino launch their own collections every season.
compulsive
In the universe of women who are compulsive shoe buyers,
there are cases that have become legendary, such as that of former
fi rst lady of the Philippines, Imelda Marcos, considered the world’s
greatest collector: three thousand pairs. Mythological Evita Perón
had fewer – 900. In Brazil, there are well-known instances, such as
actress Claudia Raia and entrepreneur Lucília Diniz, who own 300
pairs each, and TV personality Hebe Camargo, who has 200.
In the list of “poor mortals”, entrepreneur Rita Araújo and public
relations executive Caren Cruz, both from Bahia, are also on the team
of women who are crazy about shoes. Rita tells of the day she went to
a shopping mall with her 13-year-old son to buy him clothes. To the
boy’s dismay, she saw a brand shoe store with a sale of size 15 highheeled
shoes. “When I saw them, I couldn’t contain myself. I told him
we would go in just for a look. The result? I spent the whole afternoon
there. I took fi ve pairs home, but my son was very unhappy, he was very
annoyed,” recalls Rita, who owns at least seventy pairs of high-heeled
sandals. Caren, who believes she has about 700 shoes, is not to be left
behind. “One day I went by a shop and saw some sandals I loved. I
bought fi ve pairs just the same except for the color,” she says.
largest manufacturing facility for adhesives intended
for the footwear industry in Latin America.
Among the new features implemented by
FCC in Jacuípe is the installation of full laboratories
for development of new adhesives and tests,
decentralizing the production of the industry in
this area. The unit in Bahia is responsible for supplying
adhesives for the regions Southeast, North
and Northeast.
Among other things, the investment in research
allowed the development of the Fortik 2500
adhesive, with high resistance, which leaves no
yellowish trace in the gluing line. This product
was especially created for the market of sports
shoes in Bahia.
naTurally susTainable
Created in March 1969, in the city of Campo
Bom (Rio Grande do Sul state), where it is headquartered,
FCC manufactures gluing systems and
sealants, thermoplastic elastomers, polyurethane
resins, and input materials and components for the
footwear industry.
The company has adopted the motto “Naturally
sustainable”, in reference to its ongoing concern
in search for sustainable alternatives for all
customer needs.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 11

IndústrIa Industry

pOlO DE NOvAS
OpORTUnidades
complexo induStrial de camaçari tem fôlego renovado com
a negociação para a liberação doS créditoS fiScaiS do icmS
camaÇari industrial compleX renews energy through negotiation for release of icms taX credits
pOR/By pEDRO CARVALhO
O
Polo de Camaçari completou 32 anos e ainda
ostenta o título de maior complexo petroquímico
do hemisfério sul. O empreendimento
proporcionou à Bahia um ciclo de profundas
transformações, que resultou em mudanças, sobretudo na
estrutura econômica, garantindo ao Estado a liderança absoluta
na região Nordeste. Foram investimentos iniciais da
ordem de US$ 12 bilhões que geraram milhares de empregos
e mudaram a realidade do Produto Interno Bruto (PIB)
estadual. Ao longo dessas pouco mais de três décadas, porém,
ajustes foram necessários para acompanhar o processo
de evolução do setor petroquímico, garantir a competitividade
que o segmento necessitava e novos investimentos
na modernização e ampliação do complexo baiano.
a pole of new opporTuniTy
Camaçari pole has turned 32 and still holds the title of
largest petrochemical complex in the Southern Hemisphere.
The undertaking has provided Bahia with a cycle
of profound transformation, which has led to changes, especially
in economic structure, ensuring that the State enjoys
absolute leadership in the Northeast Region of Brazil.
Initial investments were in the region of US$ 12 billion,
generating thousands of jobs and changing the actuality
of the State’s GDP. However, over these slightly more than
three decades, adjustments have proved necessary to
keep up with the petrochemical sector’s evolution, ensure
competitiveness needed by the segment and new investment
in modernizing and expanding the complex.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 13

14
IndústrIa Industry
O primeiro nó que precisava ser desatado no Polo de
Camaçari era o emaranhado e difícil quadro societário que
se configurava até o início deste novo século. Isso finalmente
ocorreu com a aquisição do controle acionário da antiga
Companhia Petroquímica do Nordeste (Copene) – a central
de matérias-primas – pelo consórcio Odebrecht/Mariani, o
que acabou deflagrando a reestruturação de toda a indústria
petroquímica nacional. A martelada foi dada no dia 25 de
julho de 2001, em leilão realizado em São Paulo. Com a integração
da Copene a outras empresas, criou-se a Braskem.
“Com determinação e coragem, percorremos um longo caminho,
desde as nossas origens. De uma empresa regional
de engenharia, evoluímos para uma empresa nacional, até
conquistarmos a posição de uma organização brasileira com
atuação internacional”, destacou, na época, o então presidente
do Conselho de Administração da Odebrecht, Emílio
Odebrecht. Estava, então, criado um novo ambiente para o
setor, focado na competitividade e no crescimento.
Mas outro nó também necessitava ser desatado e envolvia
diretamente as empresas e o governo estadual. As
companhias queriam a liberação de créditos fiscais acumulados
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS). Por muitos anos, buscou-se um acordo, mas
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
The first knot that needed to be loosened at Camaçari was
the tangled and difficult corporate structure that existed until
the beginning of this new century. This finally occurred with
the acquisition of the controlling share held by the old Companhia
Petroquímica do Nordeste (Copene) – the raw materials
center – by the Odebrecht/Mariani consortium, which
ended up triggering the restructure of the entire national petrochemical
industry. The gavel finally fell on July 25, 2001 at an
auction in Sao Paulo. Braskem was formed by the integration
of Copene and other enterprises. “With determination and
courage, we have travelled a long road from our origins. From
a regional engineering concern, we have evolved into a nationwide
enterprise, finally conquering the position of a Brazilian
organization with international performance,” stressed
Emílio Odebrecht, then-chairman of Odebrecht, at the time.
A new climate for the sector was thus created, focusing on
competitiveness and growth.
But there was another knot that needed to be untied, and
it involves the companies and the State government directly.
Companies wanted the release of accumulated tax credits related
to ICMS (Value-Added Tax on Sales and Services). An
agreement was sought for many years, but it was not until
2008 that a new business climate emerged allowing for agree-

somente em 2008 surgiu um novo ambiente de negócios
para que fossem feitos acertos com contribuintes para a
liberação dos créditos.
Os primeiros acordos foram fi rmados com as empresas
Oxiteno e Elekeiroz, com valores da ordem de mais
de R$ 150 milhões. Como contrapartida, as empresas se
comprometeram com a manutenção das atividades econômicas
desenvolvidas, assim como com a realização de
investimentos em ampliação e modernização de suas plantas
industriais instaladas na Bahia. Acertos também foram
estabelecidos com outros setores, como o de fertilizantes
o polo em números the pole In FIgures
RESPONDE POR 30% DO PIB BAIANO
ACCOUNTS FOR 30% OF BAHIA’S GDP
INVESTIMENTO GLOBAL DE US$ 12 BILHÕES
(VALOR HISTÓRICO SEM CONSIDERAR AS EXPANSÕES)
GLOBAL INVESTMENT OF US$ 12 BILLION (A HISTORICAL
VALUE, NOT INCLUDING THE EXPANSIONS)
CAPACIDADE INSTALADA ACIMA DE
11,5 MILHÕES DE TONELADAS/ANO
INSTALLED CAPACITY OF OVER 11.5 MILLION TONS/YEAR
FATURAMENTO DE APROXIMADAMENTE US$ 15
BILHÕES/ANO INVOICING APPROXIMATELY US$ 15 BILLION/YEAR
POSSUI 90 EMPRESAS: 34 QUÍMICAS E
PETROQUÍMICAS; 27 NO COMPLEXO FORD;
29 EM OUTROS SETORES COMPRISES 90 COMPANIES: 34
CHEMICAL AND PETROCHEMICAL; 27 IN THE FORD COMPLEX; 29 ON
OTHER SECTORS
EXPORTAÇÕES ACIMA US$ 2,3 BILHÕES/ANO (35% DO
TOTAL DO ESTADO) EXPORTS IN EXCESS OF US$ 2.3 BILLION/YEAR
(35% OF BAHIA STATE’S TOTAL)
CONTRIBUIÇÃO ANUAL R$ 1 BILHÃO EM ICMS
PARA A BAHIA CONTRIBUTES R$ 1 BILLION/YEAR TO BAHIA IN
THE FORM OF ICMS
GERAÇÃO DE 15 MIL EMPREGOS DIRETOS E 30 MIL
INDIRETOS GENERATES 15 THOUSAND DIRECT JOBS AND 30
THOUSAND INDIRECT
FONTE/SOURCE: COFIC
ments with taxpayers to be arrived at for the release of credits.
The fi rst agreements arrived at involved the enterprises
Oxiteno and Elekeiroz, for values to the tune of over R$ 150
million. In return, the two enterprises made a commitment to
maintain economic activities developed, as well as invest in
expanding and modernizing their industrial plants in Bahia.
Agreements were also arrived at with other sectors, such as
fertilizers and agricultural inputs, involving 11 industries and
credits exceeding R$ 36 million.
According to information provided by Sefaz (State Secretariat
of Finance), negotiations call for differentiated terms for
20 MIL EMPRESAS CONTRATADAS
20 THOUSAND COMPANIES UNDER CONTRACT
INVESTIMENTOS SUPERIORES A
R$ 13 MILHÕES/ANO EM PROGRAMAS SOCIAIS
INVESTMENTS OF OVER R$ 13 MILLION/YEAR IN SOCIAL PROGRAMS
RESPONSÁVEL POR 90% DA RECEITA TRIBUTÁRIA DE
CAMAÇARI ACCOUNTS FOR 90% OF CAMAÇARI’S TAX REVENUE
INVESTIMENTOS NOVOS DE US$ 4,3 BILHÕES ATÉ 2011
NEW INVESTMENTS TOTALING US$ 4.3 BILLION BY 2011
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 15

IndústrIa Industry
Das origens ao novo Polo – FROM ITS ORIGINS TO THE NEW POLE
1972
2001
1990
16 bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Iniciado o projeto do Polo Petroquímico de Camaçari
Project for Camaçari Petrochemical Pole initiated
1985
1975 – Iniciada a construção
Construction work started
1978 – Iniciada a operação
Operations started
1985 – Polo Petroquímico de
Camaçari vive o apogeu produtivo
Peak production of Camaçari
Petrochemical Pole
1985 – Greve geral no Polo
General strike at the Pole
1990 – Polo já contribuiu com 13,6%
da receita tributária do Estado
Pole accounted for 13.6% of Bahia’s tax income
1992 – Cepram autoriza licença de
operação da ampliação do Polo,
válida por cinco anos
Cepram grants operations license for
expansion of the Pole, valid for fi ve years
2001 – Por meio de parceria fi rmada
com o Grupo Mariani, a Odebrecht
adquire controle acionário da Copene,
central de matérias-primas do Polo. A
integração dos ativos da organização no
setor resulta na criação da Braskem
Odebrecht signs a partnership agreement
with Grupo Mariani, thus acquiring equity
control of Copene, the Pole’s raw materials
center. Integration of the organization’s assets
in the sector leads to the creation of Braskem
2002 – Nasce a Braskem
Braskem established
1995 – Iniciado o Programa de Biomonitoramento
do Ar na região do Polo Petroquímico de Camaçari
Start of Air Bio-monitoring Program in the region of
Camaçari Petrochemical Pole
1999 – ABB compra a Central de
Manutenção (Ceman) do Polo
ABB purchases Pole’s Maintenance Center (Ceman).
2007 – Polo Petroquímico de Camaçari alcança
um faturamento bruto de US$ 15 bilhões
Camaçari Petrochemical Pole’s gross invoicing reached
the US$ 15 billion mark
2008 – Iniciadas as negociações para devolução
do crédito de ICMS a empresas do Polo
Start of negotiations for the return of ICMS
credits to companies in the Pole
2009 – Lançado plano de redução da
tributação da nafta petroquímica
Launch of plan for reducing tax on
petrochemical naphtha

e insumos agropecuários, que envolveram 11 indústrias e
créditos da ordem de mais de R$ 36 milhões.
Segundo informações da Secretaria Estadual da Fazenda
(Sefaz), as negociações preveem prazos diferenciados
para liberação, que vão de 12 a 48 meses, em parcelas
mensais, a depender do valor acumulado, atividade desenvolvida
e investimentos previstos. A medida, de acordo
com a Sefaz, visa preservar a arrecadação estadual, mantendo
a capacidade de investimento e de prestação de
serviços públicos. Possibilitará, ainda, que outros contribuintes
que se apresentam na mesma situação possam ser
contemplados com tratamento similar.
o caso Braskem
Com a petroquímica Braskem, especificamente, houve
um termo de compromisso para liberação de créditos por
meio da redução da tributação sobre a nafta, principal insumo
do complexo petroquímico. O tributo, que na ocasião
era de 11,75%, passou para 10% em março de 2010, foi reduzido
para 8% em setembro e cairá para 5,5% até março de
2011. Haverá também o diferimento, ou seja, o pagamento
que antes era feito na importação da nafta fica postergado
para a saída dos produtos resultantes de sua industrialização.
O valor em negociação representaria uma cifra estimada
em R$ 640 milhões. Como contrapartida, a maior
produtora de resinas termoplásticas das Américas compromete-se
a realizar investimentos no Estado para implantação,
ampliação e modernização de suas plantas
industriais localizadas no Polo de Camaçari, ou para expansão
ou modernização da infraestrutura básica que
atende ao complexo, nos prazos e valores também discriminados
no documento.
O presidente da Braskem, Bernardo Gradim, afirma
que, com o acordo, inicia-se um ciclo de comprometimento
e parceria entre as instâncias estadual e privadas. Para o
executivo, a medida resolve uma questão que foi gerada
há 15 anos e que, de certa forma, colocava em risco o planejamento
industrial da empresa. “Deixo clara a intenção
da Braskem em investir, além dos R$ 640 milhões, recursos
da ordem de R$ 1 bilhão para a ampliação da competitividade
industrial local, com inovação tecnológica e formação
de mão-de-obra qualificada”, confirmou Gradim, em
uma recente solenidade. Entre outros compromissos, a
empresa também vai estimular a atração de novos investimentos
em indústrias de transformação plástica, manter a
logística de aquisição do produto e utilizar créditos fiscais
acumulados de ICMS existentes na escrita fiscal.
the release of funds, ranging from 12 to 48 months in monthly
payments depending on accumulated value, activity carried
forward and investment projected. This measure, according
to Sefaz, is designed to preserve State tax collection inflow,
maintaining capability for investing and providing public services.
It will also allow other taxpayers in the same situation to
be taken into account for similar treatment.
Polo Petroquímico de Camaçari
petrochemical camaçari pole
The Braskem Case
In the specific case of the petrochemical concern
Braskem, there was a term of commitment for release
of credits through a reduction in the tax on naphtha, the
petrochemical complex’s main input. This tax, which was
11.75%, was reduced to 10% in March 2010, to 8% in September,
and then to 5.5% by March 2011. There will also be
a deferral, i.e. the payment formerly made upon importing
naphtha will be put off until the products resulting from its
industrialization leave the premises.
The value negotiated stands at an estimated R$ 640 million.
In return, the largest producer of thermoplastic resins
in the Americas makes a commitment to invest in the State
to implement, expand and modernize its industrial plants
located in Camaçari Pole, or expand or modernize basic
infrastructure serving the complex, in accordance with the
terms and values set out in the document.
Braskem president Bernardo Gradim says that with the
agreement a cycle of commitment and partnership between
State and private interests is starting. In the opinion of this
executive, the measure solves an issue dating back 15 years
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 17

18
IndústrIa Industry
“a promeSSa é de um novo ciclo de inveStimentoS no complexo. oS inveStimentoS confirmam
o compromiSSo da companhia em contribuir para o aumento da competitividade”
manoel carnaúba presidente do comitê de fomento industrial de camaçari (cofic) e vice-presidente de petroquímicos básicos da braskem
“THERE IS PROMISE FOR A NEW INVESTMENT CYCLE IN THE COMPLEX. THE INVESTMENTS REAFFIRM THE COMPANY’S COMMITMENT TO
CONTRIBUTE TO INCREASED COMPETITIVENESS”
manoel carnaúba, president, committee for industrial promotion in camaçari (cofic) and vice-president, braskem basic petrochemicals
momento de otImIsmo
Otimismo é a palavra que resume o atual momento no
Polo de Camaçari, e a perspectiva é de um horizonte de
crescimento. “A promessa é de um novo ciclo de investimentos
no complexo”, aposta o presidente do Comitê de
Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) e vice-presidente
de Petroquímicos Básicos da Braskem, Manoel Carnaúba.
Os investimentos estimados no Polo até 2011 são da ordem
de US$ 4,3 bilhões.
Somente em 2010, a Braskem investiu na Bahia mais
de R$ 230 milhões, como parte do programa anunciado
pela companhia. Os recursos foram direcionados a programas
de modernização e atualização tecnológica das
unidades industriais, ampliação da estrutura de pesquisa
e desenvolvimento, além de capacitação profissional.
“Os investimentos confirmam o compromisso da companhia
em contribuir para o aumento da competitividade
do Polo Industrial de Camaçari e demonstram nosso
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
that, in a way, placed the company’s industrial planning at
risk. “I made it clear that Braskem intends to invest, over and
above the R$ 640 million, resources to the tune of R$ 1 billion
to increase the competitiveness of local industry with technical
innovation and by training qualified labor,” Gradim confirmed
on a recent occasion. Among other commitments, the
company will also stimulate attraction of new investments in
plastic processing industries, maintain the logistics of product
acquisition and use accumulated ICMS tax credits.
a Time Of OpTimism
Optimism is the word to sum up current times at Camaçari
Pole, and prospects of growth. “There’s a promise of a new cycle
of investment in the complex,” wagers Manoel Carnaúba, president
of Cofic (Committee for Industrial Promotion in Camaçari)
and vice-president of Braskem Basic Petrochemicals. Investments
in the Pole are estimated at about US$ 4.3 billion by 2011.
© adri felden/argosfoto

enTenda a pROdUçãO peTROqUímica UndeRsTanding peTROchemical pROdUcTiOn
PRIMEIRA geração FIrst generatIon
a nafta petroquímica, produto obtido em refinarias de petróleo, e
o gás natural são as matérias-primas das centrais petroquímicas,
que compõem a primeira geração. as centrais transformam a nafta,
um produto derivado do petróleo, e o gás natural em produtos
petroquímicos básicos, como o eteno e o propeno.
petrochemical naphtha, a product obtained in petroleum refineries, and natural gas are the raw
materials for first generation petrochemical centers. centers transform naphtha, a product derived from
petroleum, and natural gas into basic petrochemical products such as ethylene and propene.
SEgUNDA geração second generatIon
transforma os petroquímicos básicos em produtos intermediários, utilizados por
outras empresas de segunda geração e finais (resinas termoplásticas, borrachas,
fibras, detergentes, fertilizantes etc.). as empresas de segunda geração
normalmente se localizam ao redor das empresas de primeira geração, configurando os
chamados polos petroquímicos.
transformation of basic petrochemicals into intermediate products used by other second-generation and end-companies (thermoplastic resins,
rubber, fibers, detergents, fertilizers, etc.) second generation enterprises are usually located in the surroundings of first generation enterprises, forming
so-called petrochemical poles.
TERCEIRA geração thIrd generatIon
É o último elo da cadeia produtiva. a denominação “terceira geração” é empregada basicamente para
o conjunto das empresas que transformam as resinas termoplásticas em produtos finais, como fibras
têxteis, tintas, embalagens, autopeças, brinquedos e utilidades domésticas, dentre outras.
this is the last link in the production chain. the name “third generation” refers to the group of enterprises transforming thermoplastic
resins into end products, such as textile fibers, paint, packaging, automobile parts, toys, domestic appliances and others.
compromisso com o desenvolvimento
da Bahia”, afirma.
Carnaúba destacou também as
medidas de melhoria na área de infraestrutura,
como a concessão do sistema
BA-093, que possibilitará melhores
condições logísticas às empresas do
Polo, bem como a toda a sociedade.
O presidente do Cofic citou ainda a
resolução de outros gargalos, como o
anel ferroviário de Camaçari, a recuperação
do sistema BRs-324/116 e a
provável concessão do Porto de Aratu,
que garantirá maior eficiência ao
sistema portuário.
Os investimentos estão acontecendo.
Em 2010, o Grupo Unigel,
In 2010 alone, Braskem invested
over R$ 230 million in Bahia, as part of
the program announced by the company.
Resources were earmarked for modernization
and technological updating
programs of industrial units, expanding
R&D structure and training. “These investments
confirm the company’s commitment
to contributing to Camaçari
Industrial Pole’s competitiveness and
demonstrate our commitment to the
development of Bahia,” he states.
Carnaúba also highlighted measures
for improvements in the infrastructure
area, such as the BA-093 concession,
which will improve logistics for the companies
in the Pole, as well as society at large.
- TERRA DE BONS NEGÓCIOS 13
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 19

20
IndústrIa Industry
inaugurou mais duas plantas industriais. Uma delas possibilitou
o aumento da produção de metacrilatos de 30
mil toneladas para 90 mil toneladas anuais. A matériaprima
é utilizada na indústria automobilística, eletroeletrônica,
de utensílios domésticos, entre outras. A outra
unidade, de sulfato de amônio – insumo para fertilizantes
–, proporcionou uma elevação no volume produzido de
130 mil para 400 mil toneladas por ano. Foram gerados
250 empregos diretos.
Em 2009, a Unigel reativou a planta da Estireno do
Nordeste, indústria que antes pertencia à Dow Química.
A unidade tem capacidade para produzir 180 mil toneladas
anuais de etilbenzeno e 160 mil toneladas por ano de
estireno, matérias-primas usadas na fabricação de pneus;
acessórios para eletrodomésticos; copos, talheres e pratos
descartáveis; tintas; e até peças de veículos. A
Braskem, no mesmo ano, já havia inaugurado sua fábrica
de ETBE (Etil Térsio Butil Éter), que utiliza etanol como
matéria-prima.
A alemã Linde Gases também optou pelo Polo de
Camaçari, onde realizou investimentos da ordem de
o grupo unigel inaugurou maiS duaS plantaS induStriaiS
grupo unigel opened another two industrial plants
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
The president of Cofi c also mentioned that other bottlenecks
would be solved, such as Camaçari ring railroad, maintenance
work on highways BR-324/116 and the probable concession of
the Port of Aratu to ensure greater effi ciency in the port system.
Investments are becoming actuality. In 2010, Grupo Unigel
opened another two industrial plants, one of which enabled
a methacrylate production increase from 30 thousand
to 90 thousand tons a year. This raw material is used in the
automobile, electro-electronic and domestic utensils markets,
among others. The second unit produces ammonium
sulfate – for making fertilizers – and increased production
volume from 130 thousand to 400 thousand tons a year. Two
hundred and fi fty direct jobs were created.
Last year Unigel reopened its EDN (Estireno do Nordeste)
plant, which used to belong to Dow Química. The unit has the
capability to produce 180 thousand tons a year of ethylbenzene
and 160 thousand tons of styrene, raw materials used
in tire manufacture; accessories for home appliances; disposable
cups, cutlery and plates; paint and even motor vehicle
parts. In the same year, Braskem opened its ETBE (ethyl tertbutyl-ether)
plant, which uses ethanol as a raw material.

R$ 100 milhões. A unidade é responsável
pela produção de oxigênio,
nitrogênio e argônio para
indústrias e hospitais e possui capacidade
instalada para atender
os mais de mil clientes nos dois
setores.
os atuaIs desaFIos
O presidente do Instituto Miguel
Calmon (Imic) e integrante
do Comitê de Petróleo e Gás da
Federação das Indústrias do Estado
da Bahia (Fieb), Adary Oliveira,
acredita que o Polo de Camaçari
manterá o peso na economia
baiana. Ele destacou, no entanto,
que a atualização tecnológica é
urgente e é uma ameaça que vai
sempre existir.
The German enterprise Linde
Gases also chose Camaçari Pole,
where it invested approximately R$
100 million. The unit produces oxygen,
nitrogen and argon for industry
and hospitals, with installed capacity
to attend to over one thousand customers
in both sectors.
a alemã linde gaSeS realizou inveStimentoS da ordem de r$ 100 milhõeS no polo de camaçari
german company linde gases made investments to the tune of R$ 100 million in the camaçari pole
“novaS refinariaS no
nordeSte proporcionarão
um aumento no Suprimento
da indúStria petroquÍmica”
aDarY oliveira presidente do instituto
miguel calmon (imic) e integrante do
comitê de petrÓleo e gás da federação das
indústrias do estado da bahia (fieb)
“new refineries in the northeast will proviDe
increaseD supplY for the petrochemical inDustrY”
aDarY oliveira, president, instituto miguel calmon
(imic) and a member of the petroleum & gas committee
of fieb (federation of industries in the state of bahia)
CurreNT ChalleNges
Adary Oliveira, president of Imic (Instituto
Miguel Calmon) and a member
of the Petroleum & Gas Committee of
Fieb (Federation of Industries in the
State of Bahia), believes that Camaçari
Pole will maintain its weight in Bahia’s
economy. Nevertheless, he stressed that
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 21

22
Responsabilidade Ambiental environmental responsibility
O Polo Industrial de Camaçari teve a licença renovada pelo Instituto do Meio
Ambiente (IMA) pelo período de oito anos. De acordo com o Comitê de Fomento
Industrial de Camaçari (Cofi c), é o único complexo industrial no Brasil que tem
uma licença de operação coletiva. Cada empresa tem também as suas licenças
individuais. A primeira licença coletiva veio em função da ampliação do Polo, na
década de 1980. Na época, foi realizado o EIA/Rima, e o Cepram decidiu que desta
forma seria mais efi ciente para gerenciar as questões ambientais do conjunto. O
Polo é pioneiro na adoção de sistemas integrados de proteção ambiental. Foi o
primeiro complexo industrial da América Latina e um dos primeiros do mundo a
contemplar esta questão, ainda na fase de concepção e projeto.
Principais atividades da Cetrel
– Empresa de Proteção Ambiental
Main activities of Cetrel – Environmental Protection Company
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Tratamento e disposição
fi nal dos efl uentes líquidos e
resíduos sólidos do Polo
Treatment and fi nal disposal of liquid effl uents
and solid waste from the Pole.
Monitoramento contínuo do
ar, águas subterrâneas e de
superfície, rios e mar
Continuous monitoring of air and ground,
surface, river and sea water.
Camaçari Industrial Pole’s license was renewed by IMA (Institute of the
Environment) for an eight-year period. According to Cofi c (Committee
for Industrial Promotion in Camaçari), it is the only industrial complex
in Brazil with a collective operation license. Every company also holds
its own individual license. The fi rst collective license was granted at the
time of the Pole’s expansion in the 1980s. At the time, the EIA/Rima, was
carried out, and Cepram decided that this way would be more effi cient
in ensuring proper management of the entire group’s environmental
issues. The Pole is a pioneer in the adoption of integrated environmental
protection systems. It was the fi rst industrial complex in Latin America,
and one of the fi rst in the world, to consider this issue while still in the
conception and project phase.
Incineração de resíduos
perigosos, líquidos e sólidos
Incinerating dangerous waste, liquid and solid.
Operação do
emissário submarino
Operation of underwater
emission outlet.
Desenvolvimento de tecnologias
de proteção ambiental
Development of environmental
protection technologies.

Para Oliveira, existem três problemas no Polo de Camaçari,
que estão sendo superados. O primeiro deles refere-se
à oferta da nafta, a principal matéria-prima, hoje
garantida pela Refi naria Landulpho Alves (Rlam) por meio
de importação, o que reduz a competitividade. “A construção
de novas refi narias no Nordeste, especifi camente
em Pernambuco, no Ceará e no Maranhão, proporcionará
um aumento no suprimento para a indústria petroquímica”,
afi rma.
A segunda questão refere-se à logística, sobretudo ao
gargalo dos portos baianos. A perspectiva de ampliação
dos portos de Salvador e Aratu e a construção do novo
Porto Sul, em Ilhéus, no entanto, abrem novos horizontes.
“A última questão refere-se à identifi cação de novas oportunidades
para que possamos ampliar a cadeia produtiva”,
enfatiza Adary Oliveira.
FOnTe de TRansFORmaçãO
O
engenheiro Ary Barbosa Silveira foi
um dos fundadores do Polo Petroquímico
de Camaçari. Chegou à
Bahia em janeiro em 1974, mas já em 1972
trabalhava no projeto de confi guração do
que seria o complexo baiano. Trabalhou ao
lado de Otto Perrone, nome forte na indústria
petroquímica. “Éramos auxiliados por
uma equipe de técnicos do Japão”, lembra
o então diretor de obras da Copene. O
mesmo otimismo daquela época continua
presente no hoje consultor da área.
“Acredito que vamos ter desdobramos
nos próximos anos em Camaçari. A tendência
é de crescimento do Nordeste, e a Bahia
é o destaque da região e conta com uma infraestrutura
química já existente”, afi rma. Ele
lembra que esta infraestrutura química não
se traduz apenas em dutos e unidades. “Trata-se
de um complexo que inclui mão-deobra
qualifi cada e um conjunto de empresas
com propensão ao crescimento”, destaca.
Ary Silveira, no entanto, diz ainda sentir
uma certa frustração, embora saiba que
a implantação do Polo de Camaçari mudou
a realidade da Bahia. “Ele foi chamado
de Polo porque se esperava a implantação
de toda uma cadeia produtiva. Na área
de transformação plástica, a Bahia produz
menos que Santa Catarina”, cita. Ele lembra
que a terceira geração petroquímica é
caracterizada por pequenas e médias empresas
que geram muitos empregos, mas
que precisam de incentivos e de um tratamento
diferenciado. “É hora de mudar
esta realidade no Polo”, alerta.
A opinião de Ary Silveira é acompanhada
por Paulo Guimarães, superintendente de
Indústria e Mineração da Secretaria Estadual
da Indústria, Comércio e Mineração (SICM).
“Estamos atentos a esta questão, e as perspectivas
são muito boas”, garante. O novo
momento do Polo, segundo ele, está dando
“fôlego” para a atração de indústrias, sobretudo
de transformação plástica. “Há hoje um
interesse muito grande de empresas de terceira
geração de se instalarem na Bahia, inclusive
de fora do País. Além da prospecção realizada
pelo Estado. Temos sido procurados pelas
companhias. Estamos otimistas”, festeja.
source of TransformaTion
Engineer Ary Barbosa Silveira was one of
the founders of Camaçari Petrochemical
Pole. He arrived in Bahia in 1974, but had
been working on the project for the complex
since 1972, at the side of Otto Perrone,
a big name in the petrochemical industry.
“We were helped by a team of technicians
from Japan,” recalls Copene’s then director
of construction. The optimism existing at that
time is still present in the now area consultant.
“I believe we will unfold in coming years at
Camaçari. There’s a trend for growth in the Northeast
and Bahia is the highlight of the region, and
it enjoys existing chemical infrastructure,” he states.
He reminds us that this chemical infrastructure
is not limited to pipelines and units. “The com-
technological updating is urgently needed and that it is an ongoing
threat.
In Oliveira’s opinion, there are three problems at the
Pole, which are being overcome. The fi rst is related to the
supply of naphtha, its main raw material, currently covered
by Rlam (Refi naria Landulpho Alves) with imports, which reduces
competitiveness. “Construction of new refi neries in
the Northeast of Brazil, specifi cally in the states of Pernambuco,
Ceara and Maranhao, will provide an increase in supplies
for the petrochemical industry,” he states.
The second issue is related to logistics, especially bottlenecks
at Bahia’s ports. The prospect of expanding the ports
of Salvador and Aratu and construction of the new South Port
in Ilhéus opens up new horizons. “The latter issues refer to
identifi cation of new opportunities for us to extend the production
chain,” emphasizes Adary Oliveira.
plex includes a qualifi ed workforce and a group
of companies that are likely to grow,” he stresses.
However, Ary Silveira says he feels a degree
of frustration, although he knows that the
implementation of Camaçari Pole has changed
Bahia. “It was called Pole because we expected
the entire production chain to be implemented
there. In the plastics transformation area, Bahia
produces less than Santa Catarina State,” he
quotes. He remembers that the third generation
of petrochemicals is characterized by small
and medium-sized enterprises generating many
jobs, but requiring special treatment. “It’s time
to change this actuality in the Pole,” he warns.
Ary Silveira’s opinion is also held by Paulo
Guimarães, superintendent of Industry and
Mining of SICM (State Secretariat for Industry,
Trade and Mining). “We’re keeping our eyes
open, and the prospects are very good,” he
assures us. New times at the Pole, according
to him, are providing “energy” to attract industry,
especially in the plastics transformation
sector. “Today there’s huge interest on the part
of third generation enterprises wanting to set
up in Bahia, including foreign ones. Further to
the State’s prospecting. Companies have approached
us. We’re optimistic.”
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 23

24
IndústrIa Industry
comércIo trade
OS DONOS DO
negóciO
com a diviSão de trabalho, deSpeSaS e lucroS,
cooperativiSmo gera renda para maiS de 224 mil baianoS
by sharing work, expenses and profits, cooperatives generate income for over 224 thousand people in bahia
pOR/By pERLA RIBEIRO
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS

Em vez de patrões e empregados, trabalho, despesas
e lucros são compartilhados e todos são
“donos” do negócio. Assim é o cooperativismo,
que cresce a passos largos no Estado e já responde
pela geração de renda de mais de 224 mil baianos. Na
Bahia, não há dados ofi ciais sobre o volume de recursos
movimentado pelas cooperativas. No entanto, tudo indica
que chega à casa do bilhão. Só com exportações, as cooperativas
baianas movimentaram, em 2009, US$ 23.844.199,
um crescimento de mais de 58%, quando comparado ao
desempenho do setor registrado em 2008.
Atualmente, a Bahia conta com 210.901 cooperados,
distribuídos em 638 grupos, que geram 13.163 empregos
diretos. Entre os segmentos que oferecem mais mão-deobra
estão o de crédito, a agropecuária, a saúde e o de
trabalho. São experiências que geralmente começam com
um grupo pequeno e, aos poucos, crescem e adquirem
dimensões de empresa. São vários exemplos de sucesso
no cooperativismo que servem para impulsionar a realização
de novas experiências no segmento.
business owners
Instead of having owners and employees, work, expenses
and profi ts are shared and everyone is an “owner”.
This is the world of cooperatives, and the idea is taking
huge strides forward in the State. Cooperatives already
account for the income of over 224 thousand people in
Bahia. There are no offi cial data in the State about the
total turnover of cooperatives. However, it would seem to
reach the billion mark. Taking exports alone, the turnover
of Bahia’s cooperatives in 2009 was US$ 23,844,199, a
growth of 58% as compared to the sector’s performance
in 2008.
At present Bahia has 210,901 cooperative-members,
distributed into 638 groups generating 13,163 direct jobs.
Among segments offering the most are credit, farming,
health and labor. Cooperatives usually start with a small
group and gradually grow and take on the proportions of
an enterprise. There are a number of success stories concerning
cooperatives, which drive new experiences in the
segment.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 25

26
comércIo trade
“foi neceSSário criar uma cooperativa para adminiStrar aS riquezaS locaiS”
ranusio santos cunha presidente da cooperativa de crédito rural do semiárido da bahia (coopere)
“it proved necessary to set up a cooperative to manage local wealth” ranusio santos cunha,
president of coopere (cooperative of rural credit in the semiarid of bahia
De acordo com o presidente da Organização das Cooperativas
do Estado da Bahia (Oceb), Cérgio Tecchio, o
número de sociedades na Bahia é bem expressivo quando
comparado aos demais estados das regiões Norte e Nordeste.
No entanto, ele ressalta que é necessário expandir
muito o cooperativismo local para se igualar à realidade de
Sul e Sudeste. “Os estados dessas regiões foram pioneiros
no desenvolvimento das primeiras cooperativas do Brasil.
Eles saíram na frente. Tanto é que, no Sul, temos cooperativas
com mais de cem anos de atividade”, explica Tecchio.
nova legIslação
O cenário atual aponta para a expansão. Um grande
passo dado nesse sentido foi a criação da Lei Estadual número
11.362, que é o marco legal do cooperativismo na
Bahia. Sancionada pelo governo em 26 de janeiro de 2009,
ela institui a Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo
e visa incentivar a atividade e contribuir para o seu desenvolvimento
no Estado. Além disso, a lei se propõe a estimular
a captação e a disponibilização de recursos financeiros
destinados a apoiar ações e promover parcerias necessárias
ao desenvolvimento do cooperativismo.
“Agora, com a sanção da Lei Estadual do Cooperativismo,
que se encontra em fase de regulamentação, esperamos
que haja mais incentivos oficiais”, defende
Tecchio. Ainda segundo ele, o segmento precisa investir
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
a nova lei poSSibilita deSenvolvimento
econômico, com incluSão Social, além de
poSSibilitar aoS cooperativiStaS o aceSSo
àS novaS tecnologiaS
this new legislation enables economic development with
social inclusion, as well as allowing cooperative-members
to gain access to new technology
According to the president of OCEB (Organization of
Cooperatives in the State of Bahia), Cérgio Tecchio, the
number of examples in Bahia is significant when compared
to the other states in the North and Northeast of Brazil.
However, he stresses that substantial expansion is still necessary
to reach the figures for the South and Southeast.
“The states in those regions were pioneers in developing
Brazil’s first cooperatives. They started ahead of us. So
much so, that there are cooperatives in the South that are
over 100 years old,” explains Tecchio.
New legislaTiON
The current scenario points at expansion. A stride forward
in this respect was State Law no. 11362, the legal framework
for Bahia’s cooperatives. Passed on January 26, 2009,
this law sets up the State Policy in Support to Cooperative
Movement and is designed to stimulate cooperative activity
and contribute to its development in the State. Furthermore,
the law is intended to attract financial resources and make

em educação cooperativista nas escolas, formação de profi
ssionais e lideranças e divulgação do cooperativismo em
toda a sociedade, mostrando seus valores e princípios.
Para o governo, a nova legislação possibilita desenvolvimento
econômico, com inclusão social, além de possibilitar
aos cooperativistas o acesso às novas tecnologias.
Com a criação da lei, o poder público estadual se compromete
a prestar assistência educativa e técnica às cooperativas
e a estabelecer incentivos fi scais e fi nanceiros para o
desenvolvimento do cooperativismo, atendendo numa reivindicação
antiga do movimento.
“As cooperativas sempre se apresentaram como organizações
alternativas, mas não tínhamos apoio público.
Essa lei nos garante direito de cobrar dos governantes incentivo
para os nossos empreendimentos. A economia solidária
é 100% cooperativista ou associativista, e isso se
refl etirá nas nossas ações, pois teremos apoio do governo,
através de microcrédito e também com apoio técnico”,
ressalta o presidente da Camapet, Joilson Santana.
A Camapet foi formada em 1999 por jovens e adultos
catadores da comunidade de Alagados/Itapagipe. O objetivo
era criar um empreendimento que possibilitasse a geração
de trabalho, renda e a inclusão dos catadores. Hoje,
a cooperativa atende diretamente 23 famílias de catadores
da Península de Itapagipe, o que corresponde a um total
de 110 pessoas que sobrevivem a partir da coleta e doação
de recicláveis (plástico, papel, vidro e metais).
a coopere começou com 20 agricultoreS
de valente e hoje tem 12 mil aSSociadoS
coopere progressed from 20 members from
valente to 12 thousand at present
them available to support action and promote partnerships
necessary for the development of Bahia’s cooperatives.
“Now that the State Cooperative Law has been passed and
is in the regulatory phase, we expect more offi cial incentives,”
claims Tecchio. According to him, the segment needs further
investment in school education about cooperatives, training
professionals and leadership and making the movement better
known to society, showing its values and principles.
From the governmental point of view, this new legislation
enables economic development with social inclusion, as well
as allowing cooperative-members to gain access to new technology.
With this law, state public power is committed to providing
educational and technical assistance to cooperatives
and setting up tax incentives to foster development of cooperatives,
in reply to a longstanding claim of the movement’s.
“Cooperatives have always portrayed themselves as alternative
organizations, but we enjoyed no public support. This
law guarantees us the right to demand incentives for our enterprises
from the government. A solidary economy is 100%
cooperative or associative, and this will be refl ected in our
action, because we’ll have governmental support, through
microcredits and technical support,” emphasizes Camapet
president Joilson Santana.
Como constituir uma cooperativa
how to establish a cooperative
1) É necessário que haja interesse de
determinado grupo de pessoas, de
mesma atividade, que se proponham
a trabalhar de forma organizada
e coletiva para constituírem uma
sociedade em que todos participam e
todos se bene bene ciam.
1. It is necessary for a certain number of
people to be interested in the same activity, who intend to work in an
organized and collective fashion to constitute an association where they
all participate and they all benefi t.
2) Reunir, no mínimo, 20 pessoas físicas.
2. Bring together at least 20 people.
3) Elaborar um estatuto social.
3. Draft Social Statutes.
4) Realizar a assembleia de constituição, onde será aprovado o
Estatuto e eleitos os administradores e conselheiros scais.
4. Organize a constitution assembly where the Statutes are approved and
administrators and fi scal councilors are elected.
5) Elaborar uma ata de constituição
(fundação) e registrar na
Junta Comercial do Estado
da Bahia (Juceb).
5. Draft the Constitution
(Foundation) Charter and
register it at
JUCEB (Bahia State
Board of Trade).

28
comércIo trade
criada em 1999, a camapet tem um papel
importante no reSgate da autoeStima da
comunidade de alagadoS/itapagipe
set up in 1999, camapet plays an important in strengthening
self-esteem in the community of alagados/itapagipe
modelo de resIstêncIa
Um estudo recente sobre a realidade das cooperativas
em todo o mundo, desenvolvido pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT), constatou que, cada vez mais,
as pessoas estão escolhendo o modelo para enfrentar as
novas realidades econômicas. Ainda de acordo com o levantamento,
as cooperativas têm se mostrado mais resistentes
às crises do que outros modelos de empresa e estão
contribuindo de forma significativa para a manutenção e a
geração de novos empregos.
Foi justamente em um cenário de crise econômica e de
grande inflação, onde as instituições financeiras não estavam
dispostas a oferecer crédito, que 20 pequenos agricultores
do município de Valente, a 238 km de Salvador, se
uniram para constituir uma cooperativa de crédito.
Como os bancos oficiais não emprestavam dinheiro
para eles investirem na principal atividade de subsistência
do município, a partir daquele momento, um pequeno
grupo se encarregaria de captar os recursos disponíveis
entre eles e administrar as demandas por crédito.
“Os nossos poupadores não serviam para o sistema financeiro.
Foi necessário criar uma cooperativa para administrar
as riquezas locais”, explica o presidente da Cooperativa
de Crédito Rural do Semiárido da Bahia (Coopere), Ranusio
Santos Cunha.
O que não passava pela cabeça desses empreendedores
é que o negócio cresceria tanto que saltaria dos 20 cooperados
iniciais para os 12 mil atuais. “Temos agências da
cooperativa em oito municípios e estamos prestes a inaugurar
mais duas”, adianta Cunha.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Camapet was set up in 1999 for young and adult waste
collectors in the community of Alagados/Itapagipe. It was
aimed at becoming an enterprise to allow job and income
generation, and social inclusion. Today, the cooperative
serves directly 23 families in the Itapagipe Peninsula, corresponding
to 110 people who make their living from collecting
and receiving donation of recyclable material (plastic,
paper, glass and metal).
mOdel Of resisTaNCe
A recent ILO (International Labor Organization) study of
the actuality of cooperatives worldwide found that people
are increasingly choosing this model to face new economic
reality. Also according to this research, cooperatives have
proved more resistant to crises than other kinds of enterprise
and are contributing significantly to maintain the generation
of jobs, ensuring different families’ incomes.
It was precisely in a scenario of economic crisis and high inflation
– where financial entities were unwilling to grant credit
– when 20 small farmers in the municipality of Valente, 238 km
from Salvador, got together to set up a credit cooperative.
As the official banks would not loan them funds to invest
in the main activity for subsistence in the municipality,
as of that time a small group would be in charge of attracting
the resources available within the group and administrate
requests for credit.
“Our savers were not suitable for the banking system. It
proved necessary to set up a cooperative to manage local
wealth,” explains the president of Coopere (Cooperative
of Rural Credit in the Semiarid of Bahia), Ranusio Santos
Cunha. What never went through the minds of these entrepreneurs
was that the business would grow to such an
extent that it progressed from 20 members to 12 thousand
at present. “We have cooperative agencies in eight municipalities
and we’re about to open another two,” Cunha
announces. The current economic scenario is completely
different to previously, but the cooperative’s motto is still to
offer the best possible terms to both lender and borrower.
“As we are a non-profit organization, we have always
endeavored to pay savers as much as possible while charging
borrowers the lowest possible rate,” Cunha informs us.
Even with stiff competition from financial entities, business
has been successful and the cooperative has seen ongoing
growth, not only in terms of numbers of members but also
in terms of revenue. In its 17-year lifetime, the original cooperative
members have seen its capital skyrocket from the
initial R$ 3 thousand to R$ 3 million, with its area of action
now covering 32 municipalities in six of Bahia’s territories.

O cenário econômico atual é bem diferente do da época,
mas a cooperativa mantém o lema de aliar as melhores
condições de crédito tanto para quem disponibiliza o capital
quanto para quem faz o empréstimo.
“Como não temos fi ns lucrativos, nossa luta sempre foi
pagar o máximo possível para quem poupa e com as menores
taxas possíveis para quem pega emprestado”, informa
Cunha. Mesmo com a forte concorrência das fi nanceiras,
o negócio tem dado tão certo que a cooperativa só faz
crescer. Isso se dá não apenas em número de associados,
mas também de receita.
Em 17 anos de existência, os primeiros cooperados viram
o empreendimento que nasceu com um capital inicial
de R$ 3 mil saltar para R$ 3 milhões e a área de atuação
abranger 32 municípios de seis territórios baianos.
crÉdIto amplo
Para fortalecer a atuação das cooperativas de crédito
rural, a Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia)
liberou R$ 1,6 milhão para ser executado em operações
de microcrédito concedidas a tomadores fi nais de 18
municípios localizados na região do semiárido baiano.
Além disso, estão em fase de análise projetos de outras
três cooperativas do segmento, com foco principal na cobertura
de municípios da região, que totalizam R$ 1 milhão.
Também há novas parcerias em prospecção.
“À medida que são cumpridas as obrigações fi nanceiras
previstas nos contratos, as cooperativas podem voltar a pleitear
novos aportes para ampliação de suas carteiras”, explica o
gerente de microfi nanças da Desenbahia, Marcelo Mesquita.
em agoSto de 2006, a camapet ganhou o
7o prêmio fieb de deSempenho ambiental,
na categoria projetoS cooperativoS de
reSponSabilidade Socioambiental
in august 2006, camapet was awarded the 7th fieb award for
environmental performance, in the category of cooperative products
with socio-environmental responsibility
BrOad CrediT
In order to strengthen the action of rural credit cooperatives,
Desenbahia (Promotion Agency for the State of Bahia)
released R$ 1.6 million for use in microcredit transactions
for fi nal borrowers from 18 municipalities in the semiarid region
of Bahia. In addition, projects for another three cooperatives
in the segment are in the analysis phase, focusing
mainly on covering municipalities in the region, for a total of
R$ 1 million. New partnerships are also being sought.
“To the extent that fi nancial commitments set out in contracts
signed are met, cooperatives can once again approach
Desenbahia for expansion of their portfolios,” explains Marcelo
Mesquita, Desenbahia’s microcredit manager.
Fique sabendo! Get to know!
1) OS INTERESSADOS NA CONSTITUIÇÃO de uma cooperativa devem procurar a Oceb, que oferece quinzenalmente,
às sextas-feiras, das 9h às 11h, palestras gratuitas intituladas “Passos para constituição de cooperativas”.
MAIS INFORMAÇÕES PELO TELEFONE: 71 3321-1369. Those interested in setting up a cooperative should approach OCEB, which offers
free lectures on Fridays from 9 to 11 am, called “Steps to set up cooperatives”. Further information is available on 55 71 3321-1369.
2) A OCEB DISPONIBILIZA, GRATUITAMENTE, para as cooperativas registradas,
assessoria jurídica, técnica, organizacional, contábil, tributária e de gestão cooperativista.
OCEB offers registered cooperatives free advice on legal, technical, organizational, accounting, tax and
management matters.
3) EM PARCERIA COM O SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO
COOPERATIVISMO no Estado da Bahia, a Oceb disponibiliza também o Serviço de
Apoio e Acompanhamento de Cooperativas (Saac), que tem como objetivo apoiar as
cooperativas nos aspectos institucional, operacional, administrativo e contábil/
tributário. Além disso, oferece cursos nas áreas de profi ssionalização da gestão
e formação profi ssional. With the Bahia branch of the National Service for Cooperative Training
as a partner, OCEB also makes SAAC (Support and Monitoring Service for Cooperatives) available
to support cooperatives in institutional, operational, administrative and accounting/tax matters. In
addition, it offers courses in the areas of professionalizing management and professional formation.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 29

30
comércIo trade
ReceiTa de sUcessO: dO seRTãO à eUROpa
grupo de mulhereS paSSou a tranSformar umbu, manga, goiaba, maracujá e banana em
doceS maravilhoSoS que conquiStaram eSpaço na meSa doS europeuS
group of ladies learned to make umbu, mango, guava, passion fruit and banana into great jam to conquer a space on european tables
O
passado em que atuavam apenas como mães,
mulheres e donas de casas ficou para trás, cedendo
lugar a um processo de superação dos obstáculos
impostos por uma sociedade machista para mostrar
que também podiam ajudar no complemento da renda familiar.
O que elas não contavam é que, além de colaborarem
para o sustento de casa, também teriam a experiência
difundida nos quatro cantos do País e a produção exportada
para a Europa.
Tudo isso foi possível porque elas acreditaram no potencial
do trabalho conjunto e, a partir da articulação na
Pastoral Rural e dos movimentos sociais, criaram a Cooperativa
Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá
(Coopercuc). O pontapé inicial para a experiência veio por
meio de um curso de capacitação em beneficiamento de
frutas ofertado pelo Irpa. “As mulheres já tinham um grau
de organização, o curso veio para somar, para agregar va-
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
reCipe fOr suCCess: frOm
The BaCkwOOds TO eurOpe
The time when women were only mothers, wives and
homemakers has been left behind, to be replaced by a
time for overcoming obstacles in a macho society, showing
that women can also contribute to family income. What they
did not realize was that, in addition to helping with the sustenance
of their homes, their experience would be divulged all
over the country and their production exported to Europe.
All this became possible because women believed in the potential
of working together and, based on linkage at the Rural Pastoral
and social movements, they established Coopercuc (Family
Farming Cooperative of Canudos, Uauá and Curaçá). The kickoff
was a training course on processing fruit run by IRPA. “Women
were already organized to some degree, the course improved
matters, added value and made the job into a source of income,”
Coopercuc commercial manager Jussara Dantas informs us.

lor e transformar o trabalho em fonte de renda”, informa a
gerente comercial da Coopercuc, Jussara Dantas.
Com o aprendizado, passaram a transformar umbu,
manga, goiaba, maracujá e banana em doces maravilhosos.
No começo, elas só beneficiavam as frutas para o consumo
familiar. Aos poucos, os produtos foram conquistando
a vizinhança, e hoje elas se orgulham de levá-los para a
mesa dos europeus.
“Antes, elas praticamente não tinham outra atividade
que não fosse cuidar de casa e dos filhos. Nossa região é
muito machista, então o trabalho veio contribuir não só
para a obtenção de renda como para fortalecer a autoestima
destas mulheres”, explica Jussara Dantas.
Inicialmente, cada uma produzia individualmente, em
casa. Quando elas se deram conta da aceitação dos produtos,
decidiram criar rótulo e embalagem. Mesmo sem
noções do mundo administrativo, conseguiram engrenar o
negócio. Hoje, são 16 minifábricas distribuídas entre os
municípios de Uauá, Canudos e Curaçá, que reúnem 144
cooperados e mais de 300 famílias. Dentre eles, 70% são
mulheres, que conseguem representar 30% na renda familiar,
graças ao trabalho na Coopercuc.
varIedade de produtos
Ao todo, são 14 produtos, vendidos a preços que variam
de R$ 5 a R$ 10. Por ano, a Coopercuc produz 160
toneladas, sendo que 30% vão para exportação; 15%
são consumidos pelo mercado local; e 55%, comercializados
para a merenda escolar de 13 municípios, por
meio do Programa de Aquisição Alimentar (PAA), do governo
federal.
A Coopercuc tem uma receita anual de R$ 1 milhão e
cada cooperado recebe entre R$ 3,5 mil a R$ 5 mil por ano,
de acordo com a produção. “A gente pensava que os produtos
beneficiados seriam consumidos só pelas famílias,
mas cresceu tanto que hoje a gente exporta”, conta, orgulhosa,
a gerente comercial.
Agora, o principal desafio que a cooperativa tem pela
frente é romper os obstáculos da logística. “Temos dificuldade
de transportar nossos produtos. Como atuamos no
meio da caatinga e não contamos com uma transportadora
em nosso município, temos dificuldade de escoar nossa
produção nos municípios vizinhos”. Isso faz com que seja
mais complicado levar os produtos a Juazeiro do que à
Europa. “Quando exportamos, é em quantidade, então
vale a pena o transporte. Mas, no caso de uma saca ou
duas, não vale a pena”, diz Jussara Dantas.
They learned to make umbu, mango, guava, passion
fruit and banana into great jam. At first, they only processed
food for home consumption. Little by little, their products
became well known in their neighborhoods, and today they
are proud to have them on European tables. “They used to
have practically no activity except housekeeping and taking
care of their children. Our region is very macho, so working
not only contributed to family income but also strengthened
these women’s self-esteem,” explains Jussara Dantas.
At first, their production was individual, at home. When
they realized how successful their products were, they decided
to design labels and packaging. Even though they knew
nothing of the world of administration, they managed to get
their business off the ground. Now they have 16 mini-factories
spread out over the municipalities of Uauá, Canudos
and Curaçá, with 144 cooperative-members and over 300
families. Seventy percent are women, who contribute 30%
to their family income by means of their work at Coopercuc.
VarieTy Of prOduCTs
All told, there are 14 products, sold at prices ranging
from R$ 5 to R$ 10. Coopercuc’s annual production is 160
tons, with 30% earmarked for export, 15% for the local market
and 55% for school lunches in 13 municipalities through
the federal government’s PAA (Food Acquisition Program).
Coopercuc has an annual revenue of R$ 1 million and every
member earns from R$ 3.5 thousand to R$ 5 thousand a year, depending
on production. “We thought processed goods would
only be consumed by families, but we’ve grown so much that
we’re exporting now,” says the commercial manager proudly. At
present, the main challenge facing the cooperative is to overcome
obstacles in the logistics area. “We have trouble transporting our
products. As we operate in the middle of Caatinga and there is no
transport in our municipality, we find it hard to get our production
to neighboring municipalities.” This means that it is harder to haul
production to the city of Juazeiro in Bahia than to Europe. “When
“à medida que São
cumpridaS aS obrigaçõeS
financeiraS, aS
cooperativaS podem
pleitear novoS aporteS”
marcelo mesquita gerente de
microfinanças da desenbahia
as they meet their financial
commitments, cooperatives are
entitled for new funding
marcelo mesquita, MICROFINANCE
MANAgER, DESENBAHIA
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 31

32
comércIo trade
Em 2005, para fazer com que os produtos rompessem
as fronteiras do País, os cooperados precisaram mudar as
embalagens, adequando-as ao padrão europeu. A cooperativa
já deu voos bem mais altos do que as primeiras mulheres
que a criaram podiam imaginar. Porém o desejo de
crescer não para. Há um projeto no Bird e BNDES para
ampliar a estrutura da fábrica central e das minifábricas,
orçado em R$ 1 milhão.
A cada desafi o superado, vem a certeza de que, dia
após dia, é possível repetir uma receita que vem dando
muito sucesso. Os ingredientes responsáveis por isso, segundo
Jussara Dantas, são transparência, força de vontade,
coragem e boa gestão. “Difundimos nossa experiência
em todo o Nordeste. Ministramos cursos de benefi ciamento,
de gestão, de transparência, de administração. Até
pessoas do Sul e do Sudeste vêm nos visitar e aprender
com o trabalho que desenvolvemos aqui”, orgulha-se.
pIngue-pongue CéRGIO TECChIO
Quais os principais desafi os encontrados
pelas cooperativas hoje?
Faltam políticas públicas que permitam
a participação das sociedades cooperativas
em todos os setores públicos e
privados. Também reivindicamos participação
no processo de desenvolvimento
do Estado e da sociedade por meio da
prestação de serviços a órgãos públicos
e demais empresas. Queremos buscar os
espaços que a sociedade e o mercado
oferecem com competência e com qualidade
de serviços e dos produtos. Além
disso, é fundamental ter um marco regulatório
favorável e bem defi nido, que não
gere interpretações equivocadas das autoridades
e da sociedade em geral.
Qual a principal área de atuação das
cooperativas baianas?
As cooperativas baianas têm atuado em
diversas áreas, a exemplo do transporte,
teatro, cultura, crédito produtivo, de
consumo e pessoal, serviços fi nanceiros,
educação, formação e qualifi cação profi
ssional, trabalho, saúde, agricultura,
pecuária, pesca, turismo, lazer, infraestrutura,
produção, artesanato, reciclagem,
habitação, mineração.
há alguma política estadual que apoie
este tipo de iniciativa?
Existem estímulos por meio do Desenbahia
e do BNDES, com linhas de crédi-
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
to. Também existem as secretarias com
estruturas que dão orientação para a
formação e capacitação. No crédito, o
Banco Central tem estimulado o cooperativismo
para realizar a inclusão dos menos
favorecidos nos serviços fi nanceiros e
o acesso à poupança e ao crédito.
há uma receita de sucesso para quem
está ingressando no setor?
É preciso atuar em conformidade com a
legislação em vigor, ter uma boa estrutura
de governança na cooperativa, capacitar
bem os dirigentes e colaboradores, capacitar
os cooperados para trabalharem no
processo, ter transparência e profi ssionalização
na gestão e aplicar os princípios
e valores do cooperativismo. Também é
necessário ter objetivos bem defi nidos
pelo quadro de associados e perseguir
este objetivo com muita dedicação.
we export, large quantities are involved, so haulage is worthwhile.
But in the case of just a sack or two, it isn’t,” says Jussara Dantas.
To make their products cross the Brazilian frontiers, in 2005
cooperative members had to change their packaging, adapting
it to European standards. The cooperative is fl ying higher
than the founding members ever dreamed, but the desire to
continue growing is still there. There is a project with IBRD and
BNDES to expand the structure of the central factory and the
mini-factories, with an R$ 1 million budget.
With every obstacle overcome, there is greater certainty that
it is possible to repeat the recipe that has worked so well, day
after day. According to Jussara Dantas, the ingredients are transparency,
will power, courage and good management. “We’ve
disseminated our experiences all over the Northeast of Brazil.
We run courses on processing, management, transparency and
administration. Even people from the South and Southeast have
come to see what we’re doing here,” she tells us proudly.
what are the main challenges cooperatives are
facing today?
We lack public policy enabling participation
of cooperatives in all private and public sectors.
We are also calling for participation in the process
of developing the State and society by means
of services provided to public bodies and other
companies. We want to fi ll the empty voids offered
by society and the market, competently and
with quality services and products. In addition, it’s
key to have a favorable and clearly defi ned regulatory
framework, preventing misinterpretation on
the part of the authorities and society.
what is the main area of action of bahia’s cooperatives?
Bahia’s cooperatives have acted in a number
of areas, for example transport, theater, culture,
credits for production, consumption and personal
use, fi nancial services, education, vocational formation
and qualifi cation, work, health, agriculture,
livestock-raising, fi shing, tourism, leisure, infrastructure,
production, arts and crafts, recycling, housing
and mining.
are there any state policies supporting this
kind of initiative?
There are incentives through Desenbahia
and BNDES, through credit lines. There are also
secretariats with structures providing guidance regarding
formation and training. In terms of credit,
the Central Bank has encouraged cooperatives to
include less fortunate people in fi nancial services
and access to savings and loans.
is there a recipe for success for people entering
the sector?
One must act in conformity with law, have a
good governance structure in the cooperative,
train leaders and workers properly, prepare cooperative
members to work within the process,
be transparent, professionalize management and
apply the principles and values of the cooperative
movement. It is also necessary to have objectives
that are clearly defi ned by membership, and pursue
them with absolute dedication.

IndústrIa Industry
NOvOS CAMINhOS PARA O
desenvOlvimenTO
CONSELhO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL é fóRUM DE DISCUSSõES DE
pOLíTICAS púBLICAS DE ESTíMULO à ATIVIDADE ECONôMICA NO ESTADO
COUNCIL FOR INDUSTRIAL DEVELOPMENT IS A FORUM FOR DISCUSSION OF PUBLIC
POLICY TO STIMULATE ECONOMIC ACTIVITY IN THE STATE
Bastante motivados, grupos de representantes do
governo, sociedade civil e de setores da atividade
econômica se reuniram para trocar ideias em busca
de soluções para os principais gargalos da economia
baiana. Este foi o início promissor das atividades, em
outubro de 2010, do Conselho de Desenvolvimento Industrial
(CDI), órgão consultivo da Secretaria Estadual da Indústria,
Comércio e Mineração (SICM), cuja missão é colaborar
para o desenvolvimento da atividade econômica do Estado.
Apesar da perspectiva inovadora de um organismo que
promova um amplo diálogo entre representantes da atividade
econômica e órgãos governamentais, a ideia de um
fórum consultivo deste tipo é antiga. Em 1961, foi criada a
primeira versão do CDI. Coube ao conselho proceder a uma
radiografia de setores e atividades que poderiam contribuir
de forma efetiva para o crescimento da economia. Esta observação
apurada da dinâmica do setor produtivo deu origem
aos incentivos fiscais que trouxeram investimentos ao
Polo de Camaçari e ao Centro Industrial de Aratu.
pOR/By LUIz SOUzA*
fOTOS/PhOTOS jOÃO ALVAREz
* colaboraram fabiane pita e valana gualuz
* WITH THE COLLABORATION OF FABIANE PITA AND VALANA gUALUz
new courses To developmenT
Groups of well-motivated representatives of government,
civil society and sectors of economic activity
met to exchange ideas in quest for solutions to the main
bottlenecks in Bahia’s economy. Such was the promising
start of activities, on October 18, of CDI (Council for Industrial
Development), a consulting body of SICM (State
Secretariat for Industry, Commerce and Mining), whose
mission it is to help develop the State’s economic activity.
Despite the innovating perspective of a body promoting
broad dialog between the representatives of economic
activity and governmental bodies, the idea of a
consulting forum of this nature is not new. The first version
of CDI was set up in 1961. It was the Council’s duty to xray
sectors and activities that could effectively contribute
to economic growth. This painstaking examination of the
dynamics of the productive sector led to the tax incentives
that attracted investment in the Camaçari Pole and Aratu
Industrial Center.

34
IndústrIa Industry
Porém, em 1991, com a criação do Programa de Promoção
do Desenvolvimento da Bahia (ProBahia), considerado
mais específico e abrangente, o CDI ficou paralisado.
O conselho seria novamente criado no atual governo, a
partir do Decreto n o 12.046/2010, publicado em 9 de abril
de 2010. Por questões legais, o CDI tem a denominação
atual, embora haja o objetivo de, nos próximos meses, fazer
com que o conselho evolua para CDIC, ou Conselho
de Desenvolvimento Industrial e Comercial.
Em sua configuração atual, o CDI é formado por 32
membros de 16 entidades, sendo operado por meio de
dez câmaras setoriais e seis transversais. As primeiras estão
divididas em agroindústria, atacadista, automobilística, calçadista,
comércio e serviços, construção civil, mineração,
indústria naval e portuária, petróleo e petroquímica, além
de papel e celulose. Já as transversais, que têm como característica
principal o diálogo e a colaboração direta com
as setoriais, são compostas por representantes dos setores
de energia, financiamento e desenvolvimento, meio
ambiente, relações de trabalho, tecnologia e inovação e
política tributária. “Nas câmaras, os participantes terão
oportunidade de interagir entre si e com o Estado, de
modo que possam influenciar e alterar os ambientes organizacionais
para aumentar a eficiência das relações econômicas
e das políticas públicas”, destaca o secretário da
Indústria, Comércio e Mineração, James Correia.
Durante o evento que marcou o início das atividades
do CDI, o governador Jaques Wagner afirmou que as câmaras
setoriais são espaço de trabalho, e não apenas de
reflexão. Neste sentido, é necessário que as câmaras tenham
um enfoque objetivo, na busca do enfrentamento
reunião da câmara Sobre relaçõeS de trabalho,
Sob a coordenação de hildáSio pitanga
chamber meeting on labor relations, coordinated by hildásio pitanga
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
“noSSa intenção, com o cdi, é trazer eStaS
reflexõeS para uma dinâmica prática”
jaques wagner governador da bahia
“it iS our intention, With cdi, to bring theSe
reflectionS to a practical dYnamic”
jaques wagner governor of bahia
However, in 1991, with the creation of ProBahia (Program
for Promoting the Development of Bahia), which is considered
more specific and comprehensive, CDI was paralyzed.
The Council was put back in place under the current government,
based on Decree no. 12046/2010, published on April
9, 2010. For legal reasons, CDI retains its current name, although
the objective is to change it to CDIC (Council for Industrial
and Commercial Development) in coming months.
In its current configuration, CDI is made up of 32 members
from 16 entities, and it is operated by means of ten
sector-specific chambers and six transversal. The former are
divided up into agro-industry, wholesalers, motor vehicles,
footwear, commerce and services, civil construction, mining,
naval and port industries, petroleum and petrochemicals,
as well as pulp and paper. The transversal chambers,
whose main features are dialog and direct cooperation with
the sector-specific chambers, comprise representatives from
the energy, finance & development, environmental, labor
relations, technology & innovation and tax policy sectors.
“All the participants in the chambers will have a chance to
interact with each other and with the State to influence and
change organizational climate in order to boost the efficiency
of economic relations and public policies,” emphasizes
James Correia, Secretary of Industry, Commerce & Mining.
During the event marking the start of CDI’s activities,
Governor Jaques Wagner pointed out that the sector
chambers are workspaces, not spaces merely for reflection.
It is thus necessary for the chambers to focus objectively

de problemas e gargalos, a fim de dinamizar as atividades
do CDI. “Óbvio que temos todo respeito em relação aos
setores da sociedade que produzem reflexões, mas a nossa
intenção, com o CDI, é trazer estas reflexões para uma
dinâmica prática”, destaca Wagner.
A perspectiva do governador é reafirmada pelo consultor
Hélder Mendes, da Altiplan, empresa que auxiliou o
processo de constituição do fórum: “É nesta capacidade
de gerar resultados que pode estar assegurada a capacidade
de sobrevivência das câmaras”. As iniciativas para
que as intenções das câmaras componentes do CDI saiam
do papel, de maneira efetiva, foram tomadas durante a
constituição dos grupos. Para tanto, foram escolhidos para
compor as mesas de discussões sindicatos representativos
das categorias e segmentos em questão, a fim de que as
decisões e diretivas estejam de acordo com as opiniões
vigentes em cada setor, em vez de privilegiar apenas demandas
de grandes empresas ou grupos econômicos.
atacadIsta e meIo amBIente
O diálogo proporcionado pelo CDI abre perspectiva de
resolução de tensões e o incentivo a negociações saudáveis
entre a iniciativa privada e o poder público. Neste sentido,
um dos setores que conseguiram definir sugestões
iniciais de políticas públicas foi o atacadista. Representantes
do ramo queixam-se da política tributária estadual. “Há
distorções que têm efeito direto sobre a competitividade”,
destaca Israel Andrade, presidente da Associação dos Distribuidores
e Atacadistas da Bahia (Asdab) e integrante da
câmara setorial atacadista.
Por conta de uma série de políticas de incentivos tributários
implementadas por estados vizinhos, há produtos
de atacado que chegam ao território baiano com preços
supercompetitivos, o que reduz a perspectiva do atacado
baiano de fazer frente à concorrência. “Portanto, acreditamos
que seja necessária uma ação efetiva neste aspecto, a
fim de que possamos eliminar as distorções”, prossegue.
Já a câmara setorial do meio ambiente tem o grande
desafio de colaborar para o desenvolvimento sustentável,
com vistas a harmonizar com a questão ambiental o dinamismo
econômico verificado em áreas como mineração,
construção civil e papel e celulose. O setor ainda guarda
uma série de oportunidades na geração das chamadas
energias limpas, como a eólica. A perspectiva de sugerir
políticas públicas que tenham como foco as energias renováveis
deverá contar com a participação da câmara setorial
de energia. O potencial do Estado na geração de energia
“oS participanteS terão oportunidade de
interagir entre Si e com o eStado”
james correia secretário da indústria, comércio e mineração
“participantS Will have an opportunitY to interact
With each other and the State”
james correia secretary of industry, commerce and mining
on confronting problems and bottlenecks, to boost CDI’s
activities. “Obviously we fully respect sectors of society that
produce reflection, but it is our intention with CDI to put
these reflections into practice,” stresses Wagner.
The Governor’s point of view is reasserted by consultant
Hélder Mendes of Altiplan, the company that helped
with the process of setting up the forum: “It is through this
capability of obtaining results that the chambers’ capacity
for survival can be ensured.” Initiatives for the intentions of
the chambers comprising CDI to indeed become actuality
were taken while putting together the groups. To this
end, entities representing the categories and segments
involved were chosen to join the discussions, so that decisions
and guidelines would be in agreement with the opinions
current in each sector, instead of only privileging the
demands of large companies or economic groups.
whOlesalers aNd The eNVirONmeNT
Dialog enabled by CDI opens up perspectives for resolution
of tensions and an incentive for healthy negotiation
between private initiative and public power. In this sense,
the wholesale sector was one of those that managed to
establish initial suggestions for public policy. Representatives
in the trade complain about the State’s tax policy.
“There are distortions that have a direct effect on competitiveness,”
emphasizes Israel Andrade, president of Asdab
(Bahia Association of Distributors and Wholesalers) and a
member of the wholesale sector chamber.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 35

36
IndústrIa Industry
algumaS daS principaiS pautaS do
movimento Sindical, como a redução da
jornada de trabalho Sem perda Salarial,
devem fazer parte doS debateS
some of the main targets of the trade union movement,
such as reducing the workday with no loss of salary,
should be included in debates
eólica, principalmente no litoral, é algo que salta aos olhos,
tendo em vista que o litoral baiano é o de maior extensão
no País, com cerca de 1.183 km.
Segundo o assessor especial da Secretaria Estadual do
Meio Ambiente (Sema) e coordenador da câmara transversal
do meio ambiente, Kléber Paulistano, o custo da geração
de energias alternativas vem se reduzindo ano a ano, o
que alimenta as perspectivas de viabilidade financeira para
os projetos de geração renováveis. Por outro lado, em relação
à indústria, a perspectiva traçada pela câmara do meio
ambiente é colaborar para o desenvolvimento sustentável,
com a meta de aliar o investimento produtivo à preservação
ambiental.
o papel dos traBalhadores
A filosofia do diálogo e interação com todo o contexto
do CDI, diretriz que rege a atuação das câmaras
transversais, favoreceu a participação dos trabalhadores.
Inicialmente, o Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos foi convocado ao debate como
representante da classe trabalhadora. Porém a economista
Ana Georgina Dias ponderou que não era a missão do
Dieese falar pelos trabalhadores, o que viabilizou a participação
das centrais sindicais no CDI, por intermédio da
câmara transversal sobre relações do trabalho. “É uma iniciativa
louvável”, elogia Ana, observando que algumas das
principais pautas do movimento sindical, como a redução
da jornada de trabalho, devem fazer parte dos diálogos.
O vice-presidente da Federação das Indústrias da Bahia,
Reinaldo Sampaio, pontua que uma questão a ser superadas
é a carência de mão-de-obra qualificada em setores
que apresentam dinamismo. O diagnóstico é o mesmo na
câmara calçadista. Após sobreviver à invasão de produtos
chineses e à queda das taxas de câmbio – algo que reduz
a competitividade das exportações do setor –, o ramo de
calçados prepara-se para enfrentar um novo desafio: a carência
de pessoal qualificado para atender à exigência do
mercado por produtos cada vez mais refinados.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Due to tax incentive policies put in place by neighboring
states, there are wholesale products that arrive in Bahia
at super-competitive prices, which reduce the chances
of Bahia’s wholesalers of successfully facing competition.
“We therefore believe effective action is necessary in this
aspect, so we can eliminate distortions,” he continues.
The environmental sector chamber faces the huge challenge
of collaborating with sustainable development with
a view to attaining harmony between environmental issues
and economic dynamism to be seen in areas such as mining,
civil construction and pulp and paper. The sector retains a
number of opportunities in the generation of so-called clean
energies, such as wind farms. Suggesting public policy focusing
on renewable energy should involve the energy sector
chamber. The State’s potential for generating wind energy,
especially on the coast, is obvious, taking into account that
Bahia’s shoreline is the country’s longest, about 1,183 km.
According to Kléber Paulistano, a special adviser to SEMA
(State Secretariat for the Environment) and coordinator of the
transversal chamber for the environment, the cost of generating
alternative energies has been coming down year-by-year, which
increases the chances of financial feasibility of renewable energy
products. On the other hand, in connection with industry, the
course set by the environment chamber is to collaborate with
sustainable development, with the aim of bringing together
productive investment and environmental preservation.
The wOrkers’ rOle
The philosophy of dialog and interaction with CDI’s entire
context, one of the guidelines governing the transversal
chambers’ action, encouraged the participation of workers.
Initially, Dieese (Inter-Trade Union Department for Statistics
and Socio-Economic Studies) was brought into talks as a representative
of labor. However, economist Ana Georgina Dias
deemed that it was not Dieese’s mission to speak on behalf
of the workers, which allowed the participation of trade union
centers in CDI, through the transversal chamber for labor relations.
“It is a praiseworthy initiative,” says Ana, observing that
some of the main objectives of the trade union movement,
such as reducing working hours, should be included in talks.
Bahia Federation of Industry’s vice-president Reinaldo
Sampaio points out that one issue to be overcome is the lack
of qualified labor in dynamic sectors. The footwear chamber’s
diagnosis is similar. After surviving a flood of Chinese products
and disadvantageous exchange rates – which reduce the sector’s
export competitiveness – the sector is preparing to take
on yet another challenge: the shortage of qualified labor to
meet market demand for increasingly refined products.

Os desaFiOs das micRO e peqUenas
a queStão tributária é um doS fatoreS que maiS peSam
Sobre a competitividade doS pequenoS negócioS
tax matters is one of the factors weighing most heavily on the
competitiveness of small businesses
Um dos desafios para as micro e
pequenas empresas tem sido
a chamada antecipação tributária,
vigente nos setores de comércio
e serviços. Na prática, significa que
sobre produtos ainda em estoque
incide o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços. “Isso é algo
inconstitucional, pois o imposto deve
ser pago apenas quando a mercadoria
for vendida, e não enquanto estiver
sob a guarda do empreendedor”,
observa o presidente da Federação
das Associações de Microempresas
e Empresas de Pequeno Porte da
Bahia, Moacir Vidal. A instituição faz
joaquim fonSeca
coordenou reunião da
câmara Sobre comércio
joaquim fonseca coordinated a
chamber meeting on commerce
parte do CDI, pela câmara setorial da
cadeia de comércio e serviços.
Os pequenos e microempreendedores
estão concentrados no comércio
e serviços com a estimativa de que
pelo menos 90% das empresas do
setor sejam compostas por este tipo
de empreendedor. Para Vidal, a questão
tributária é algo que pesa sobre
a competitividade dos negócios de
menor porte, mas ele considera louvável
a iniciativa do governo de compor
um fórum no qual questões como
estas possam ser discutidas. “Antes,
víamos que a indústria ou outros setores
extensivos em capital tinham esta
facilidade de contato com o governo
e estamos muito felizes, pois agora
o micro e pequeno empreendedor
também têm voz”, destaca Vidal.
Outra instituição que dialoga com
os micro e pequenos empreendedores
e compõe a câmara setorial de
comércio e serviços é o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas na Bahia (Sebrae-BA). Na
avaliação do superintendente de
comércio e serviços da representação
estadual do órgão, Adriano Figueira,
a perspectiva de um fórum
consultivo nos moldes do CDI pode
inclusive contribuir para que ações
do Sebrae/BA, como o Programa
ChalleNges fOr miCrO
aNd small eNTerprises
One of the challenges micro and
small enterprises have had to
face was the so-called tax advance, in
force for the commerce and services
sector. In practice, it means that the Tax
on Circulation of Goods and Services
is levied on products still in stock. “This
is unconstitutional, because the tax
does not have to be paid until goods
are sold, and not while they are still in
the keeping of a company,” notes Moacir
Vidal, president of Femicro (Bahia
Federation of Associations of Microenterprises
and Small Businesses).
The entity is a part of CDI, through the
sector-specific chamber for the chain
of commerce and services.
Small and micro-entrepreneurs are
concentrated in commerce and services,
with 90% of businesses in the sector
reckoned to consist of this kind of
entrepreneur. In Vidal’s opinion, the tax
issue weighs down the competitiveness
of small businesses, but he praises the
government’s initiative of setting up a
forum where matters of this nature can
be discussed. “We used to see that industry
and other capital extensive sectors
had ready access to government
and were happy about this; well, now
micro and small entrepreneurs also
have a voice,” stresses Vidal.
Sebrae-Ba (Brazilian Support Service
for Micro and Small Business in Bahia)
is another entity involved in talks with
micro and small entrepreneurs, which is
also in the sector-specific chamber for
commerce and services. In the opinion
of the commerce and services superintendent
of the body’s State chapter,
Adriano Figueira, the perspective of
a consulting forum on the lines of CDI
could even contribute to Sebrae-Ba’s
actions, such as the Individual Entrepreneur
Program, gaining capillarity
and benefiting a higher number of en-
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 37

38
IndústrIa Industry
Empreendedor Individual, possam
ganhar capilaridade e beneficiar um
maior número de empreendedores.
As metas do Sebrae/BA para o
programa no Estado são ambiciosas,
tendo em vista que, apenas em
2010, a perspectiva foi formalizar um
volume superior a 70 mil pequenos e
médios empreendedores em todo o
território baiano.
De acordo com informações da
SICM, a participação dos setores de
comércio e serviços no CDI se une a
outras iniciativas de se criar um ambiente
mais favorável para que as
micro e pequenas empresas possam
fazer negócio, gerando emprego e
renda. Neste sentido, a câmara setorial
da indústria e comércio deve
RegiãO cacaUeiRa invesTe em mineRaçãO
Sul america metaiS quer produzir Sete milhõeS de
toneladaS por ano de pelotaS de ferro
sul america metais intends to produce seven million tons of iron pellets a year
Atividade intensiva em capital
e mão-de-obra, a mineração
destaca-se como um dos
principais vetores de desenvolvimento
do Estado e, portanto, possui um
fórum de discussões exclusivo constituído
pela câmara setorial da mineração.
Para se ter uma ideia da força do
setor, a combalida região cacaueira
tem respirado otimismo em função
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
dialogar diretamente com o Fórum
Permanente Estadual das Microempresas
e Empresas de Pequeno Porte,
instituído pela atual administração.
Moacir Vidal, da Femicro, elogia
a Lei das Microempresas, sancionada
no ano passado. Inclusive o fórum foi
instituído por conta deste dispositivo,
que visa criar uma política pública
para o setor e beneficiar microempresários
com prioridade nas vendas
para o governo, facilidade no pagamento
de impostos, obtenção de
créditos, acesso à tecnologia, exportação
e formalização. “Esta iniciativa
seguramente contribuiu para que nós
tivéssemos a nossa competitividade
reforçada, mas ainda temos novos
desafios”, destaca Vidal.
da assinatura de protocolo de intenções
para a instalação de um empreendimento
do ramo, com valor de
investimento de R$ 2 bilhões. Trata-se
da Sul America Metais, joint venture
do grupo brasileiro Votorantim com
as empresas chinesas Honbridge Holdings
e Xin Wen Mining Group, para
a produção de sete milhões de toneladas
por ano de pelotas de ferro.
trepreneurs. Sebrae-Ba’s targets for its
program in the State are ambitious,
taking into account that in 2010 alone
the perspective is for the formalization
of over 70 thousand small and medium
entrepreneurs throughout Bahia.
According to information provided
by SICM, participation of the commerce
and services sectors in CDI has been
joined by other initiatives to create a
more favorable climate for micro and
small enterprises to do business, generating
jobs and income. To this end, the
sector-specific chamber for industry and
commerce should have direct talks with
the State’s Permanent Forum for Micro
and Small Enterprises, put in place by
the current administration.
Femicro’s Moacir Vidal praises the
Microenterprise Law passed last year.
Indeed, the Forum was set up based
on this legislation, designed to create
public policy for the sector and benefit
micro-entrepreneurs with priority
for sales to government, facilities
in the payment of taxes, obtaining
credit, access to technology, exports
and formalization. “This initiative has
certainly contributed to bettering our
competitiveness, but there are still
challenges ahead,” emphasizes Vidal.
CaCaO regiON iNVesTs iN miNiNg
Mining is intensive in the use of
capital and labor, and stands out
as one of the State’s main vectors of development.
It therefore has a discussion
forum of its own, comprising the mining
sector chamber. To give an idea of the
sector’s strength, optimism has become
rampant in the battered cacao region
since an intention protocol was signed
for the installation of a mining company,
calling for R$ 2 billion investment. The
company involved is Sul America Metais,
a joint venture of Brazil’s Votorantim
group and two Chinese companies,

O diretor técnico da Companhia
Baiana de Pesquisa Mineral, Rafael
Avena Neto, observa que um empreendimento
do gênero tem potencial
de gerar 500 empregos diretos e
outros quatro mil indiretos. “Trata-se
de um setor que provoca efeito multiplicador
na economia, com reflexos
na geração de emprego e renda em
outros setores produtivos, como consumo
e construção civil”.
A CBPM coordena a câmara setorial
da mineração no CDI. Hoje,
são cerca de 350 empresas, com forte
presença no semiárido baiano. A
perspectiva de trabalho do CDI movimenta
empreendedores na busca
O gaRgalO da mãO-de-ObRa na cOnsTRUçãO
tendência é levar o creScimento da conStrução a poloS
dinâmicoS no interior para gerar novoS negócioS
the trend is to take the growth in construction to dynamic poles in the
hinterland of the state to generate new businesses
A
construção civil, um dos setores
mais dinâmicos da economia
baiana e constante
detentor de recordes na geração de
empregos formais, é outro ramo que
se defronta com a questão da qualificação
da mão-de-obra. “Há demanda,
há crescimento da economia e
existem pessoas que poderiam encontrar
trabalho, mas não conseguem
por não ter qualificação suficiente”,
da eliminação de eventuais gargalos
nas atividades de extração mineral.
Com este objetivo, o Sindicato das
Indústrias de Mármore, Granitos e
Similares da Bahia encomendou um
amplo estudo a uma consultoria para
diagnosticar as principais fragilidades
da cadeia de pedras ornamentais e
estratégias para superar eventuais
gargalos. O vice-presidente da Fieb
e presidente do Simagran, Reinaldo
Sampaio, observa que uma das molas
propulsoras para a realização do
trabalho é a oportunidade de diálogo
direto com o Estado, proporcionada
pelo CDI. A perspectiva é que o estudo
fique pronto até o fim do ano.
avalia o presidente da Associação de
Dirigentes de Empresas do Mercado
Imobiliário da Bahia (Ademi/BA), Nilson
Sarti. A instituição é uma das integrantes
do CDI, por meio da câmara
setorial da cadeia da construção civil.
Um possível cenário delineado
pela Ademi para que o gargalo da
mão-de-obra seja solucionado é uma
ação conjunta entre o governo e a iniciativa
privada, com vistas a preparar
Honbridge Holdings and Xin Wen Mining
Group, for production of seven million
tons of iron pellets a year.
Rafael Avena Neto, technical director
of the Bahia Enterprise for Mineral
Research, remarks that a company of
this kind has the potential to generate
500 direct jobs and a further 4 thousand
indirect ones. “This is a sector with a
multiplying effect on the economy, positively
affecting generation of jobs and
income in other productive sectors, such
as consumption and civil construction.”
CBPM coordinates the mining sector
chamber at CDI. There are currently
about 350 companies, many of them in
Bahia’s semiarid region. CDI’s growth
prospects keep entrepreneurs busy, trying
to eliminate possible bottlenecks in
mineral extraction. To this end, the Bahia’s
Trade Association of Marble, Granite
and Similar Industries commissioned
an exhaustive study by a consulting firm
to diagnose the main weaknesses in the
ornamental stone chain and suggest
strategies to overcome possible bottlenecks.
Fieb vice-president and Simagran
president Reinaldo Sampaio observes
that one of the mainsprings for carrying
forward the work is the opportunity for
direct dialog with the State provided by
CDI. The study is expected to be ready
by the end of the year.
The CONsTruCTiON
laBOr BOTTleNeCk
Civil construction, one of the most
dynamic sectors in Bahia’s economy,
which keeps on breaking records in
connection with generating formal jobs,
is another sector facing the issue of labor
qualifications. “There is demand,
the economy is growing, and there are
people looking for jobs, but they can’t
get one because they lack the necessary
qualifications,” in the assessment
of Nilson Sarti, president of Ademi-Ba
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 39

40
IndústrIa Industry
o trabalhador baiano para os desafios
da construção civil no século XXI. Outra
questão é a interiorização das atividades
– ou seja, levar o crescimento
da construção a polos dinâmicos no
interior para gerar novos negócios.
Para alcançar esta meta, seria
necessário que o Estado empreendesse
medidas no sentido de atrair
empresas produtoras de insumos
para o setor, numa série de itens que
compreendem desde blocos até cimento
e vergalhões para as obras,
detalha Nilson Sarti. Ele acrescenta
que a carência de unidades produtoras
de insumo para a construção civil
em solo baiano é um dos fatores que
contribuem para o aumento dos custos
operacionais do setor, dentre os
quais se destaca o transporte. “Nós
deveremos levar estas questões ao
CDI, com o objetivo de solucionar estes
gargalos”, prossegue o executivo.
A linha de defender a produção local,
com vistas a reduzir custos operacionais,
também é defendida por Carlos Alberto
Vieira Lima, presidente do Sindicato da
Indústria de Construção Civil da Bahia
(Sinduscon/BA). “Pretendemos sugerir
políticas públicas, com vistas a verticalizar
a produção local e tornar a indústria
baiana mais competitiva”, observa Lima.
Neste sentido, um dos principais exemplos
é o cobre, metal extraído no Estado,
porém exportado para posterior
compra como componente a ser usado
nas fiações dos imóveis construídos na
Bahia. O Sinduscon é outra instituição
representativa do setor produtivo que
faz parte do CDI.
Uma das perspectivas defendidas
por componentes da câmara da construção
é, inclusive, a concessão de incentivos
fiscais para atrair fabricantes
de insumos. Apenas para se ter uma
ideia da importância do setor para
a economia baiana, de janeiro a setembro
de 2010, a construção gerou
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
ronald velame coordenou
a câmara Sobre cadeia da
conStrução civil
ronald velame coordinated the chamber
for the civil construction chain
26.187 empregos formais, sendo o
segundo ramo de atividade produtiva
que mais se destacou na geração de
postos de trabalho no período, atrás
apenas do ramo de serviços. As informações
constam do Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados
(Caged), elaborado pelo Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE) e analisado
pela Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia
(SEI), autarquia da Secretaria Estadual
do Planejamento (Seplan).
(Bahia Association of Directors of Real
Estate Companies). The entity is linked
to CDI through the sector-specific
chamber for the civil construction chain.
A possible scenario outlined by Ademi-Ba
for a solution to the labor bottleneck
is joint action by the government
and private initiative to prepare Bahia’s
workers for the challenges involved in
the 21st Century’s civil construction. Another
issue is “interiorization” of activities,
i.e. taking the growth in construction
to dynamic poles in Bahia’s countryside
to generate new business.
To meet this target, it would be
necessary for the State to adopt measures
to attract companies producing
materials for the sector’s undertakings,
from cinderblocks to cement
and reinforcing rods, in Nilson Sarti’s
opinion. He adds that the shortage of
units producing materials for civil construction
in Bahia is one of the factors
contributing to increases in the sector’s
operational costs. He also emphasizes
the matter of transport. “We
must take these issues to CDI, with
the objective of solving bottlenecks,”
the executive continues.
The idea of defending local production
in order to curb operational costs
is also advocated by Carlos Alberto
Vieira Lima, president of Sinduscon-
Ba (Bahia Civil Construction Industry
Association). “We intend to suggest
public policies designed to make local
production more vertical and make Bahia’s
industry more competitive,” Lima
explains. In this sense, one of the main
examples is copper, a metal extracted
in the State and exported, only to be
subsequently purchased as a component
for use in the electric wiring of
buildings put up in Bahia. Sinduscon-
Ba is yet another entity representing
the productive sector that is in CDI.
One of the viewpoints defended by
components of the construction chamber
involves granting tax incentives to
attract manufacturers of building materials.
Just to give an idea of the sector’s
importance in Bahia’s economy, from
January to September 2010 the construction
sector generated 26,187 formal
jobs, second only to the services sector
among productive activities exhibiting
outstanding generation of employment
in the period. Information is available
from Caged (General Register of Employment
and Unemployment), which is
managed by MTE (Ministry of Labor and
Employment) and analyzed by SEI (Bahia
Superintendent for Economic and
Social Studies), an autarchy of Seplan’s
(State Secretariat for Planning).

dax-Oil: nOva OpORTUnidade de negóciOs
o Setor de petróleo e gáS é eStratégico para a economia
baiana pelo deStaque naS exportaçõeS do eStado
the petroleum and gas sector is strategic for bahia’s economy because
it stands out among the state’s exports
A
unidade da refinaria Dax-Oil,
no Polo Industrial de Camaçari,
desponta como nova
perspectiva de negócio para os pequenos
produtores de petróleo e gás
na Bahia. A unidade consome cerca
de dois mil barris por dia, portanto, a
produção terrestre dos insumos, verificada
em regiões do território baiano
como o Recôncavo, entra no radar da
Dax. “Esta empresa representa uma
ótima oportunidade de negócios
para a produção terrestre local, pois
sua demanda é relativamente reduzida,
na comparação com grandes
empresas do ramo, como a Petrobras”,
observa Eduardo Rappel, coordenador
do comitê de petróleo e
gás da Fieb, braço da instituição que
participa das discussões do CDI, por
meio da câmara setorial de petróleo
e petroquímica.
Rappel afirma que uma das perspectivas
da câmara é sugerir a atração
de empresas do porte da Dax-Oil,
para que a produção dos chamados
poços maduros possa ser escoada,
com a consequente geração de emprego
e renda no setor. Os campos
maduros são aqueles que datam décadas
de exploração e não fornecem
quantidades significativas de petróleo
e gás para as grandes companhias
a câmara de petróleo e
gáS deve Sugerir a captação
de empreSaS que poSSam
eScoar a produção doS
chamadoS “poçoS maduroS”
the petroleum and gas chamber
should suggest trying to attract companies
that can handle the production of
so-called mature wells
do ramo, que costumam trabalhar em
escala superlativa. Por exemplo, um
poço maduro pode fornecer de 10 a
300 barris diários, enquanto os poços
mais produtivos, portanto mais recentes
e geralmente localizados no mar,
têm potencial de ofertar uma média
de 10 mil barris por dia.
Rappel observa que são necessários
incentivos para que a produção
terrestre de petróleo e gás seja viável
e lucrativa. Ele cita o modelo americano,
no qual unidades similares são
isentas de uma série de impostos e,
em algumas situações, dispensadas
do pagamento de royalties. A questão
ambiental é outro entrave ao
crescimento do setor, porque tanto
as grandes empresas quanto as pequenas
têm que operar obedecendo
aos mesmos critérios para obter
licenças, fator que gera custo para
os empreendedores que extraem os
insumos das combalidas unidades de
daX-Oil: a New BusiNess
OppOrTuNiTy
Dax-Oil’s refinery unit in Camaçari Industrial
Pole is becoming a new business
opportunity for Bahia’s small crude
oil and gas producers. The unit consumes
about two thousand barrels a day, and the
production of input exhibited by regions
of Bahia’s territory such as the Reconcavo
region is therefore in DAX’s sights. “This
company provides great business opportunities
for local production on land,
because its demand is relatively small in
comparison to large companies in the
sector such as Petrobras,” observes Eduardo
Rappel, coordinator of Fieb’s petroleum
and gas committee, a branch of the
entity that takes part in CDI discussions
through the petroleum and petrochemicals
sector chamber.
Rappel states that one of the chamber’s
ideas is to suggest trying to attract
companies of the same size as DAX Oil,
so that production of so-called mature
wells can be used, thus generating jobs
and income for the sector. Mature oilfields
will have undergone decades of
extraction, and they no longer produce
quantities of crude oil and gas deemed
significant by large companies, used to a
very large scale. For instance, a mature oil
well may produce from 10 to 300 barrels
a day, while more productive wells, which
are therefore more recent and usually located
offshore, have the potential to offer
an average 10 thousand barrels a day.
Rappel observes that incentives
are needed for land-based production
of petroleum and gas to be feasible
and profitable. He refers to the
American model, where similar units
are exempt from a number of taxes
and, in some instances, from paying
royalties. Environmental issues are another
obstacle for the sector’s growth,
because both large and small companies
have to operate in accordance
with the same criteria for obtaining a
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 41

42
IndústrIa Industry
produção terrestre. Outra fronteira de
embates para alavancar o crescimento
da produção local de petróleo e
gás é a busca de financiamentos para
pequenos e microprodutores, por
meio de empréstimos contraídos a
partir de instituições públicas, como o
Banco do Nordeste (BNB) e o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES).
Rappel considera que a câmara
deverá se tornar um fórum especializado
no debate sobre a produção de
petróleo e gás. O cenário delineado
para a sugestão de políticas públicas
para o setor é de diálogo constante
entre a câmara, o Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social
(Codes), iniciativa do governo baiano,
e o Comitê de Infraestrutura da
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Fies, prossegue o executivo. “O ideal
é que haja uma constante interação
entre estes órgãos, com vistas a colaborarmos
para a sugestão de políticas
públicas que possam alavancar
o desenvolvimento das atividades do
setor”, completa Rappel.
O setor de petróleo e gás é estratégico
para a economia baiana pelo destaque
nas exportações do Estado. De
acordo com informações do comitê de
comércio exterior da SEI, no acumulado
de janeiro a setembro de 2010, as
vendas externas de insumos do setor
tiveram alta de 58%, em relação ao
igual período de 2009. O desempenho
foi fundamental para que a Bahia conseguisse
o superávit de US$ 1,7 bilhão
na balança comercial, no acumulado
dos primeiros sete meses de 2010.
em bUsca de Uma nOva mOnTadORa
com o SuceSSo da ford, a atração de empreSaS do Setor
tornará o mercado interno maiS competitivo
with ford’s success, the attraction for companies in the sector will
make the internal market more competitive
Uma das propostas defendidas
pela câmara setorial da
cadeia automotiva deve ser
a reivindicação em torno de medidas
que proporcionem a atração de pelo
menos uma nova montadora para a
matriz industrial baiana. A afirmação
é de João Ricardo de Aquino, com-
ponente da câmara setorial da cadeia
automotiva e da representação local
do Sindicato Nacional da Indústria de
Componentes para Veículos (Sindipeças).
Ele afirma que, com a atração de
novas montadoras, o mercado local
poderá se tornar mais competitivo.
“Vemos como necessárias as iniciati-
license, a factor generating cost for
companies extracting input from battered
old production units on land.
Other area of clashes in leveraging
growth of local production of crude
oil and gas is the quest for funding by
small and micro-producers, through
loans granted by public entities such
as Banco do Nordeste (BNB) and the
National Bank for Economic and Social
Development (BNDES).
Rappel considers that the chamber
should become a forum specializing
in debate on petroleum and gas
production. The scenario outlined for
suggestions regarding public policy
for the sector involves ongoing dialog
between the chamber, CODES
(Council for Economic and Social
Development), an initiative of Bahia’s
State Government and Fies’ Infrastructure
Committee, adds the executive.
“Ideally, there would be ongoing
interaction between these bodies, in
order to collaborate over suggestions
for public policies to leverage development
of the sector’s activities,”
Rappel concludes.
The crude oil and gas sector is strategic
for Bahia’s economy because it
stands out among the State’s exports.
According to information provided by
SEI’s foreign trade committee, accumulated
sales abroad of input for the
sector from January to September
2010 saw a 58% increase as compared
to the same period of 2009. This performance
was key for Bahia to attain a
surplus of US$ 1.7 billion in its balance
of trade accumulated over the first
seven months of 2010.
in search of a new moTor
vehicle assembly planT
The sector chamber for the motor
vehicle chain must call for
measures to attract at least one new

vas que tenham como alvo o fortalecimento
do mercado local”, aponta
João Aquino.
Quase uma década depois da sua
chegada a Camaçari, a Ford anunciou
que injetaria R$ 2,8 bilhões no período
2011/2015, com a perspectiva de gerar
cerca de mil novos empregos. A meta
da companhia é atingir a produção
de 300 mil veículos por ano, contra os
atuais 250 mil. O plano de negócios
da montadora prevê um total de R$
4,5 bilhões em investimentos no Brasil
até 2015, com a maior parte dos recursos
destinados à Bahia, tendo em
vista que, no Estado, é desenvolvido
o projeto global do novo EcoSport –
utilitário esportivo que sairá da linha
de produção baiana para atender ao
mercado interno, além de ser exportado
para países da América do Sul.
Apesar da agenda lotada de novos
investimentos, com perspectivas
animadoras para a balança comercial
do Estado, a Ford e suas fornecedoras
têm uma questão a resolver. De
acordo com fontes ligadas ao setor, a
empresa estaria implementando uma
4 INICIALMENtE, FOI CRIAdO EM 1961 E tEVE
IMPORtANtE PAPEL PARA A CONSOLIdAçãO
E CRESCIMENtO dA ECONOMIA BAIANA. Foi
responsável por programas de fomento que
proporcionaram incentivos fiscais responsáveis
por diversos investimentos para o Estado, a
exemplo do Polo Industrial de Camaçari e do
Centro Industrial de Aratu.
Initially established in 1961, it played an important
role in the consolidation and growth of Bahia’s
economy. It was responsible for promotion programs
providing tax incentives that led to different
investments in the State. Examples are Camaçari
Industrial Pole and Aratu Industrial Center.
4 COM A CRIAçãO EM 1991, dO PROGRAMA
dE PROMOçãO dE dESENVOLVIMENtO
dA BAhIA (PROBAhIA), mais específico e
abrangente, o CDI ficou paralisado. No dia 9 de
abril deste ano, o novo regimento foi aprovado,
por meio do Decreto nº. 12.046/2010.
When the more specific and comprehensive ProBahia
program (Program for Promoting the Development of
Bahia) was put in place in 1991, CDI was paralyzed.
câmara da cadeia automotiva é
coordenada por leone peter
the chamber for the motor vehicle chain is
coordinated by leone peter
estratégia de centrar as atividades de
montagem de uma série de componentes,
algo que poderia inviabilizar
a produção de uma das sistemistas,
hoje instaladas no Complexo Ford,
em Camaçari. De acordo com Aquino,
uma solução para o impasse poderia
ser o fornecimento de incentivos, por
parte do governo, para que as empresas
do ramo possam fornecer peças e
partes de automóveis para montadoras
localizadas em outros estados.
enTenda a esTRUTURa dO cdi UndeRsTanding cdi’s sTRUcTURe
On April 9, 2010, new regulations were approved by
means of Decree no. 12046/2010.
4 O CONSELhO tEM COMPEtêNCIA
PARA OPINAR SOBRE A FORMuLAçãO E
IMPLEMENtAçãO dAS POLítICAS PúBLICAS
relacionadas às atividades industriais e
comerciais, submetidas ao governo, além
de definir diretrizes para o setor e avaliar o
resultado das ações implementadas.
The Council is deemed competent to give opinions
about the formulation and implementation of public
policy related to industrial and commercial activities
submitted to the government, as well as establishing
guidelines for the sector and evaluating the results of
action put in place.
4 O CdI é FORMAdO POR 32 MEMBROS dE 16
ENtIdAdES e operado por câmaras setoriais
e transversais, que atuam como fóruns
organizacionais e permanentes.
CDI comprises 32 members from 16 entities and
operates through Sector and Transversal Chambers
acting as permanent organizational forums.
assembly plant for Bahia’s industrial
matrix. This statement was made by
João Ricardo de Aquino, a member
of the automobile sector chamber
and a local representative of Sindipeças
(National Association for the
Industry of Auto Parts). He assures
us that by attracting new assembly
plants, the local market will become
more competitive. “We consider initiatives
designed to strengthen the
local market absolutely necessary,”
states João Aquino.
Nearly a decade after its arrival in
Camaçari, Ford announced an injection
of R$ 2.8 billion in the 2011/2015
period, with the perspective of generating
almost one thousand new
jobs. The company’s target is to produce
300 thousand vehicles a year,
as opposed to the current 250 thousand.
The assembly plant’s business
plan calls for a total R$ 4.5 billion investment
in Brazil by 2015, with most
of these funds earmarked for Bahia,
because the State is the location of
the global project for the new Eco-
Sport sports utility vehicle to come
off assembly lines in Bahia for the
domestic market and South American
countries.
Although their agenda is packed
with new investments with encouraging
prospects for the State’s balance
of trade, Ford and its suppliers
do have an issue to settle. According
to sources linked to the sector, the
company is working on a strategy to
centralize assembly of a number of
components, which may derail production
of one of the system suppliers
currently set up in the Ford
Complex in Camaçari. Aquino considers
that one solution would be
for the government to offer companies
in the sector incentives to supply
parts to motor vehicle assembly
plants in other states.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 43

Infraestrutura Infrastructure

eStado vira canteiro de obraS, com perSpectiva de
creScimento Superior a 20% do Setor da conStrução civil
the state becomes a construction site, with prospects for growth
in excess of 20% in the civil construction sector
Avaliar o potencial de crescimento de um país por
um canteiro de obras nunca foi tão próprio. Até
porque, enquanto os empreendimentos se sucedem
a todo vapor, os trabalhadores estão empregados,
a indústria produzindo, o comércio vendendo e
o PIB crescendo. Na Bahia, o incremento do ramo da construção
civil tem relação direta com o aumento do poder
aquisitivo da população. Em 2009, o PIB do setor registrou
alta de 8,1% – resultado quase cinco vezes maior que a média
do crescimento estadual de 1,7% – e criou 22,6 mil novos
empregos, fi cando com o segundo melhor resultado
do Estado. Em 2010, a perspectiva de crescimento foi superior
a 20%, com a geração de 50 mil postos de trabalho.
pOR/By pALOMA jACOBINA
building The new bahia
Evaluating a country’s potential for growth by means
of a building site has never been so suitable. Even
because, while undertakings proceed at full throttle, the
workers are employed, industry is producing, commerce
is selling and GDP is growing. Growth in Bahia’s civil construction
sector is in direct proportion to the increase in
the population’s purchasing power. In 2009, the sector’s
GDP showed an 8.1% increase – nearly fi ve times greater
than 1.7% average growth for the State – creating 22.6
thousand new jobs, the second best result in the State.
Prospects for growth where in 2010 are in excess of 20%,
generating 50 thousand new job posts.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 45

46
Infraestrutura Infrastructure
É fato que o aquecimento da construção civil na Bahia,
assim como em todo o País, é reflexo da estabilidade econômica
e da maior distribuição de renda, que está permitindo
à classe C realizar o sonho da casa própria. Associado
a isso, os trabalhadores se viram diante da ampliação da
oferta de crédito e do prazo de financiamento, com redução
de juros. Um oásis de vantagens que está levando
baianos com renda entre 3 e 6 salários mínimos a potencializarem
ainda mais o surgimento de novos lançamentos.
Em 2010, a estimativa de crescimento do setor foi superior
a 20%, sendo que as habitações populares devem responder
por 70% dos lançamentos, segundo informações do
Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia
(Sinduscon-BA). Para se ter uma ideia, mesmo em meio à
crise econômica mundial de 2009, o setor foi um dos que
mais cresceram no Estado, fechando o período com 12 mil
novas unidades lançadas e 13 mil vendidas. O resultado só
não foi melhor que o registrado em 2008, quando 17 mil lançamentos
inundaram o mercado baiano, que contabilizou
mais de 14 mil unidades vendidas até o mês de dezembro.
Em 2010, a expectativa era lançar e vender 15 mil novas
unidades habitacionais na Bahia. O presidente do Sinduscon-BA,
Carlos Alberto Vieira Lima, afirma que o aquecimento
da construção de unidades habitacionais voltadas à
população de baixa renda era uma demanda latente que
precisava apenas do apoio governamental para se consolidar.
“Não tinha como ser diferente, porque é nessa faixa
que temos o déficit. Associado a isso, tivemos o lançamento
do PAC, que engloba uma série de outras obras da
construção pesada de infraestrutura e que consolidou esse
crescimento. O mais interessante é que esse é um momento
de franca ascensão e que tem tudo para durar muito
tempo”, pontua Vieira Lima.
FeIrão da casa próprIa
Um exemplo emblemático desse quadro é o Feirão da
Casa Própria, realizado em maio pela Caixa Econômica Federal
em Salvador e em outras sete cidades brasileiras, que
trabalhou com financiamentos de até R$130 mil. Em 2010,
o feirão registrou, na Bahia, um incremento de 130% em
relação ao volume de negócios do ano passado e 60% de
aumento do número de unidades vendidas. Foram movimentados
R$ 772,9 milhões em três dias de negociações,
com 4.637 imóveis comprados.
Segundo o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
(SBPE), o valor total de financiamentos imobiliários
(construção e aquisição) foi de R$1,6 bilhão em 2009. No
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
“a bola da vez eStá naS unidadeS
habitacionaiS de até r$ 100 mil”
nilson sarti presidente da ademi-ba
“noW the beSt-Selling houSing unitS are
thoSe Worth up to r$ 100 thouSand”
nilson sarti president, ademi-ba
The fact is that booming civil construction in Bahia, as in the
entire country, is the result of economic stability and improved
distribution of wealth, allowing members of Class C to make
true their dreams of a home of their own. Associated with this
moment in the economy, workers discovered expanding credit
offer and time terms, at lower interest rates: an oasis of benefits
encouraging the people of Bahia with incomes of 3 to 6 minimum
salaries to further potentiate the arrival of new launches.
Sector growth for 2010 was estimated at up to 20%, with
popular housing accounting for 70% of new construction starts,
according to information provided by Sinduscon-BA (Construction
Trade Association of the State of Bahia). To get an idea, even
in the midst of the 2009 world economic crisis, the sector was one
of those showing the most growth in the State, arriving at the
end of the period with 12 thousand new units launched and 13
thousand sold. This result was second only to that for 2008, when
17 thousand new launches flooded Bahia’s market, of which over
14 thousand had been sold by the month of December.
Estimates for 2010 stood at 15 thousand new housing units
launched and sold in Bahia. Sinduscon-BA president Carlos Alberto
Vieira Lima states that the boom in construction of housing
units designed for low-income population was actually latent
demand requiring only governmental support to consolidate.
“It couldn’t have been otherwise, because this is a bracket
with a deficit. Besides, we had the launch of PAC, which
includes a number of heavy construction undertakings involving
infrastructure consolidating this growth. What’s most
interesting is that this is a time of undisguised growth and
there is good reason for it to last a long time, given that

primeiro bimestre de 2010, já foram gastos R$ 228,5 milhões,
sendo a Bahia o Estado que registrou maior participação
nos fi nanciamentos do Nordeste no ano passado,
com 43% do total. Em relação ao resto do País, a Bahia
respondeu por 4,7%, fi cando em sétimo lugar.
Os números demonstram a consolidação da economia
brasileira, atesta o presidente do Sinduscon-BA, “se levarmos
em conta que a crise afetou o primeiro semestre do
ano passado e que, mesmo assim, podemos observar que
houve uma rápida recuperação do setor”. Em 2008, a Bahia
já havia experimentado um típico boom imobiliário com
mais de 14 mil novos lançamentos e cerca de 13 mil imóveis
vendidos. “A perspectiva é que possamos fechar 2010
com um novo recorde no desempenho”, afi rma.
Dono da Paraguaçu Engenharia, o empresário Elísio
Moitinho dos Santos revela números que retratam o bom
momento da construção civil baiana: “Temos mais de 200
unidades de dois e três quartos para serem entregues no
primeiro quadrimestre. Vamos fechar 2010 com 1.500 unidades,
e a maior parte é destinada à classe C”. Já empresas
maiores, como a Andrade Mendonça, trabalharam com
a expectativa de encerrar 2010 com dez mil unidades construídas,
mais de 80% delas com preço de até R$ 250 mil.
civil cOnsTRUcTiOn in FigURes
housing defi cits for this part of the population at the base
of the pyramid are still substantial,” points out Vieira Lima.
‘feirÃO da Casa prÓpria’
A representative example of this scenario is ‘Feirão da
Casa Própria’, a housing fair organized in May by Caixa
Econômica Federal in Salvador, Bahia State’s capital, and
another seven Brazilian cities, with fi nancing for up to R$
130 thousand. In 2010, the fair posted 130% growth in Bahia,
as compared to the volume of business done last year,
and a 60% increase in the number of housing units sold.
A three-day negotiating period saw a turnover of R$ 772.9
million, with 4,637 dwellings purchased.
Other sector data show that growth continues. According
to SBPE (Brazilian System of Savings and Loans), total real estate
fi nancing (construction and purchases) amounted to R$ 1.6
billion in 2009. In the fi rst two months of 2010, R$ 228.5 million
had already been spent, with Bahia as the state showing the
greatest participation in funding in the Northeast Region last
year, accounting for 43% of the total. As compared to the rest
of the country, Bahia accounted for 4.7%, taking seventh place.
The fi gures demonstrate the consolidation of the Brazilian
economy, states the president of Sinduscon-BA, “if we
cIvIl constructIon In FIgures
Em 2009, o pib da construÇão cresceu 8,1%, resultado quase cinco vezes maior que a média
do crescimento estadual de 1,7%.
In 2009, GDp for construction grew 8.1%, a result almost five times greater than the average State growth of 1.7%.
O setor gerou 22,6 mil novos empregos em 2009, o segundo melhor resultado do Estado.
The sector generated 22.6 thousand new jobs in 2009, the second-best result in the State.
Em 2010, a construÇão civil gerou 50 mil postos de trabalho na Bahia.
In 2010, civil construction generated 50 thousand work positions in Bahia.
Do total de r$ 1,59 trilhão de investimentos previstos pelo PAC 2, r$ 958,9 bilhões serão
gastos entre 2011 e 2014; ; os R$ 631,6 bilhões restantes vão ser empregados nos anos
seguintes. A Bahia foi um dos estados mais beneficiados com investimentos do governo federal
nesta segunda etapa do PAC.
Of the total R$ 1.59 trillion investment called for by pAC 2, R$ 958.9 billion will be spent between 2011 and 2014; the
remaining R$ 631.6 billion are to be spent in subsequent years. Bahia was one of the states benefiting most from federal
government investment in this second stage of pAC.
Até a implementação do plano de acesso ao crédito crédito, , criado pelo governo federal em 2008, os
financiamentos tinham taxas de juros que chegavam a 17%, com prazos máximos de 15 anos.
Atualmente, as taxas variam entre 6% e 8%, sem saldo devedor, chegando ao prazo máximo de 30
anos para a quitação do imóvel.
Until implementation of the Credit Access plan, put in place by the federal government in 2008, interest rates for financing were
as high as 17%, with maximum time terms of 15 years. Currently, rates range from 6% to 8%, with no outstanding balance, with
maximum time terms of up to 30 years for repayment.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 47

48
Infraestrutura Infrastructure
Números que resultam no melhor período do lançamento
de habitações do Estado.
oBras púBlIcas em alta
Associado às aquisições de imóveis pelas famílias com
renda mensal entre R$ 1.115 e R$ 4.807, a construção civil
baiana está sendo alavancada por outro setor: o de obras
públicas. Os investimentos dos governos federal e estadual
em unidades habitacionais também são pesados. Por meio
de programas próprios para trabalhadores na faixa entre 0 e
3 salários mínimos – em que se concentra a maior parte do
déficit habitacional do País, estimado na Bahia, pela Fundação
João Pinheiro, em aproximadamente 511 mil unidades
–, devem ser lançadas mais de 20 mil unidades no Estado.
No âmbito estadual, o acesso dessa população à casa
própria chega por meio do Programa Casa da Gente, lançado
em 2007 como Dias Melhores e que desenha um
novo horizonte para a política baiana de habitação. Dados
da implementação do Sistema Estadual de Habitação de
Interesse Social mostram que 18 mil novas moradias já ficaram
prontas e outras 21.972 estão em andamento só no
programa estadual, um aumento de 8,3% no acesso a moradias
nas zonas urbana e rural, entre 2006 e 2008.
Já os investimentos federais no Estado para este público
ocorrem por meio do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). A Bahia foi tão eficiente no PAC 1 que, em
2009, foi o primeiro Estado a atingir a meta. O programa,
que, dentre outras iniciativas, prevê a aplicação de recursos
© alberto coutinho/agecom
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
take into account that the crisis affected the first half of last
year and that, even so, rapid sector recovery is to be observed.”
In 2008, Bahia had already experienced a typical
real estate boom with over 14 thousand new launches and
nearly 13 thousand homes sold. “The prospects are that
we’ll end 2010 with a new performance record,” he explains.
Entrepreneur Elísio Moitinho dos Santos, the owner
of Paraguaçu Engenharia, provides figures showing good
times for civil construction in Bahia. “We have over 200 two
and three-bedroom units for delivery in the first quarter.
We’re going to end 2010 with 1,500 units, mostly for Class
C”. Larger enterprises, such as Andrade Mendonça, expected
to end 2010 with ten thousand units built, over 80%
priced below R$ 250 thousand. These figures are the result
of Bahia State’s best period for dwelling launches.
puBliC wOrks ON The rise
Associated with real estate purchases made by families
with monthly incomes ranging from R$ 1,115 to R$ 4,807,
civil construction in Bahia is being leveraged by another
sector: public works. Federal and state government investment
in housing units is also substantial. Through programs
for workers in the 0-3 minimum salary bracket – where most
of the housing deficit in the country is concentrated, estimated
in Bahia by Fundação João Pinheiro at approximately
115 thousand units – over 20 thousand are to be
launched in the State.
At the state level, this population’s access to their own
homes is through ‘Casa da Gente’ program, set up in 2007

nos setores de logística, social e urbano, totalizou 115 novas
unidades até o fim de 2009, com 2.075 em execução.
Já o PAC 2, lançado pelo governo federal em março passado,
tem 18 projetos para a capital baiana e para a região
metropolitana, totalizando investimentos de R$ 431 milhões.
Deste montante, a habitação é um destaque, com R$ 182
milhões previstos, sendo R$ 80 milhões só para Salvador.
“Com relação a outros países, como Chile, Argentina e
México, o Brasil ainda está abaixo do indicador de crédito versus
PIB. Então, há uma necessidade efetiva de que isso melhore
ainda mais, apesar dos avanços. O que nós acreditamos
que vai acontecer com a estabilidade econômica, que permitirá
que o mercado possa apostar em prazos mais prolongados,
de cerca de 30 anos”, avalia Carlos Alberto Vieira Lima.
“Até 2008, o mercado de luxo era o mais forte na Bahia,
liderado pela construção de unidades acima de R$ 250 mil.
Mas a bola da vez está nas unidades habitacionais de até
R$ 100 mil, e as construtoras sabem disso. Uma mudança
que exigiu adaptação do setor, mas que também demonstrou
toda a capacidade dos construtores baianos”, explica
o presidente da Ademi, Nilson Sarti.
cOnsTRUçãO pesada é OUTRO desTaqUe
A
implantação de uma série de projetos
de saneamento, pavimentação de
ruas e construção de estradas também
está alavancando o setor de obras do
Estado. Para se ter uma ideia do crescimento
do volume de construções, dados do Sindicato
Nacional da Indústria do Cimento (Snic)
apontam a Bahia como o maior consumidor
do produto no Nordeste. Em todo o País, o
setor totaliza um incremento de 4,9% entre
março de 2009 e abril de 2010, em comparação
com o mesmo período do ano anterior.
No mesmo intervalo, o Estado contabilizou
um crescimento de 32% no consumo
do cimento, segundo os dados oficiais.
Obras como a Via Expressa, de saneamento
e esgotamento sanitário, a nova Fonte
Nova, a ampliação industrial via aumento
da oferta de gás através do Gasene demonstram
que o setor está em expansão.
Outros destaques de 2010 são a Ferrovia
Oeste-Leste, o estaleiro de São Roque
do Paraguaçu, a duplicação do trecho
Itabuna-Ilhéus das BRs 415 e 101, no extremo
sul, e a pavimentação da BR-235, no
trecho que vai da divisa da Bahia com Sergipe
até Juazeiro. Todas essas obras estão
previstas pelo Programa de Aceleração do
Crescimento 2 (PAC 2), que chega ao País
no clima do entusiasmo da preparação das
cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.
Além das obras de mobilidade urbana
já previstas para Salvador, por ser uma das
cidades-sede da Copa, o Estado foi contemplado,
entre outros investimentos, com a
ampliação do programa Minha Casa, Minha
Vida, do quebra-mar e do terminal de passageiros
do porto e da recuperação da torre
de controle do Aeroporto Internacional de
Salvador Deputado Luís Eduardo Magalhães.
heavy consTrucTion is
anoTher highlighT
Implementation of different projects for
sewers, paving roads and building highways
is also leveraging the State’s public
works sector. To get an idea of the growth
of the volume of construction, data provided
as ‘Dias Melhores’, which is establishing new horizons for
Bahia’s housing policy. Data on the implementation of the
State System for Housing in Social Interest show that 18
thousand new homes have already been made ready, while
a further 21,972 are under construction in the state program
alone, posting an 8.3% increase of access to housing for inhabitants
of urban and rural zones between 2006 and 2008.
In the case of federal investments in Bahia State for this
public, they are routed through PAC (Growth Acceleration
Program). Bahia was so efficient in PAC 1 that it was the
first Brazilian state to meet its target in 2009. This program,
which also calls for investment in the logistics (highways,
railroads), social and urban (sewers, urbanization and subways)
sectors, totaled 115 new units at the end of 2009, with
2,075 in execution.
PAC 2, launched by the federal government last March,
has 18 projects for Bahia State’s capital and its metropolitan
region, with total investments standing at R$ 431 million.
Housing accounts for a significant portion of this sum with
R$ 182 million earmarked, R$ 80 million of which are for
Salvador. These figures should generate a sharp reduction in
© ronaldo silva/agecom
by SNIC (Trade Association of Cement Manufacturers)
show that Bahia is the greatest
consumer of cement in the Northeast Region
of Brazil. Considering the entire country,
the sector totaled a 4.9% increase between
March 2009 and April 2010, as compared to
the same period of the previous year.
In the same period, the State saw a 32%
increase in cement consumption, according to
official data. Public works such as the Expressway,
sewers, the new Fonte Nova stadium, industrial
expansion due to increased offer of gas
through Gasene demonstrate that the sector is
undergoing expansion.
Other highlights in 2010 are the West-East
Railroad, the São Roque do Paraguaçu shipyard,
new lanes for the Itabuna-Ilhéus stretch
of highways BR-415 and 101 in the south of the
State, and paving the stretch of highway BR-235
from the border with Sergipe State to Juazeiro.
All these public works are called for in PAC 2,
which arrives when the country is enthusiastically
preparing host cities for the 2014 World Cup.
In addition to work on urban mobility already
planned for Salvador because it is to
be one of the host cities for the World Cup,
the State was awarded, among other investments,
an extension of ‘My House, My Life’
program, the breakwater and passenger terminal
at the Port, and rebuilding the control
tower of Salvador’s International Airport Deputado
Luís Eduardo Magalhães.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 49

© vaner casaes/agecom
50
Infraestrutura Infrastructure
otImIsmo crescente
O PAC 2 chega depois de o País ter demonstrado solidez
diante da crise econômica internacional, que resultou
em queda de desempenho no setor da construção, mas,
ainda assim, ficou acima dos números registrados em 2008.
Segundo pesquisa da Ademi-BA, o valor total de financiamentos
imobiliários no Estado (construção e aquisição),
com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
(SBPE), foi de R$ 1,6 bilhão em 2009. No ano passado,
os números foram positivos, com o primeiro bimestre
contabilizando R$ 228,5 milhões em recursos.
O mesmo estudo mostrou que o desempenho positivo colocou
o Estado em destaque no cenário imobiliário do Nordeste
em 2009, ficando com 43,5% do total. Em 2010, a Bahia já ocupava
a primeira colocação da região, com 34,4%. “Esses números
também refletem o potencial de adaptação do construtor baiano,
que investiu em novas tecnologias e agora está preparado
para atender a essa demanda com competência”, afirma o dono
da Sertenge Incorporadora e Construtora Ltda., Luiz Fernando
Pessoa, que está há 25 anos no mercado e, em 2010, previu a
entrega de cerca de 300 unidades habitacionais com esse perfil.
O otimismo com a perspectiva de crescimento toma conta
do setor. Um dos fatores favoráveis à ampliação é a demanda
cada vez maior. O presidente do Sinduscon-BA, Carlos Alberto
Vieira Lima afirma que, em 2009, as construtoras baianas lançaram
8,2 mil unidades e venderam 12 mil. Para ele, 2010 trouxe
muitas surpresas positivas. “Desde o ano anterior, foram geradas
33 mil unidades habitacionais que agora começam a ser
construídas. Isso gera mais empregos para o setor”, explica.
No entanto, apesar de tantos investimentos, existe um aspecto
em particular que tem preocupado construtores e governo:
a disponibilidade de novas áreas para o crescimento das
cidades. “A questão fundiária é um dos maiores problemas para
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
the country’s housing deficit, as announced by entrepreneurs
and the government, reflecting directly on the growth
of the economy. Nevertheless, there is still a need for further
investment.
“As compared to other countries such as Chile, Argentina
and Mexico, Brazil is still below the credit vs. GDP indicator.
There is therefore a real need for further improvement,
despite the advances made. What we believe is going to
happen is that economic stability will allow the market to
try longer terms, of nearly 30 years,” Vieira Lima reckons.
“Until 2008, the luxury market was Bahia’s strongest, led
by the construction of units costing over R$ 250 thousand.
But now the best-selling housing units are those worth up
to R$ 100 thousand, and builders are aware of the fact. This
change has made it necessary for the sector to adapt, but
it has also demonstrated the capability of Bahia’s builders,”
explains Ademi president Nilson Sarti.
grOwiNg OpTimism
PAC 2 arrives after the country demonstrated solidity in
the face of the international economic crisis, which led to a
reduction in the performance of the construction sector that,
even so, remained above the figures for 2008. According to a
survey by Ademi-BA, the total value of State real estate financing
(construction and acquisition) with resources from SBPE
(Brazilian System of Savings and Loans) was R$ 1.6 billion in
2009. Figures were positive last year, with the first two months
of the year accounting for R$ 228.5 million in resources.
The same study showed that positive performance
highlighted the State in the real estate scenario in Brazil’s
Northeast Region in 2009: 43.5% of the total. In 2010 Bahia
is already in first place in the region: 34.4%. “These figures
also reflect Bahia’s builders’ capacity for adapting. They in-

o desenvolvimento da construção civil na Bahia, em especial em
Salvador. Por isso a necessidade da criação de novas áreas para
a implementação de projetos é apontada pelos empresários
como a única solução para a questão”, afirma Vieira Lima.
Para ele, a criação de novas áreas com infraestrutura deve
ser uma meta paralela à liberação de recursos para o setor. “É
preciso ter mobilidade. Essas novas áreas precisam ser ligadas
ao centro da cidade. Caso isso não aconteça, os projetos se
tornam inviáveis”, pontua. Ele também destaca a importância
de criar protocolos mais simplificados para que esses projetos
sejam desenvolvidos com a velocidade necessária. “No programa
de habitação, acredito que se deve fazer um pacto com
a cidade para o seu desenvolvimento e atração de novos investimentos.
E também é preciso ter segurança jurídica e regras
claras”, defende (veja entrevista nas páginas seguintes).
vested in new technology and now they are prepared to
face the challenge competently,” states Sertenge Incorporadora
e Construtora Limitada’s owner Luiz Fernando Pessoa,
who has been in the market for 25 years and expected
to deliver nearly 300 housing units of this type in 2010.
Optimism regarding prospects for growth is spreading
through the sector. One favorable factor is that demand
is still growing. Sinduscon-BA president Carlos Alberto
Vieira Lima states that in 2009 Bahia’s construction companies
launched 8.2 thousand housing units and sold 12
thousand. In his opinion, 2010 brought pleasant surprises.
“Since the previous year 33 thousand housing units have
been generated, and work has now started on them. This
means more jobs for the sector,” he explains.
However, in spite of the scale of investment, there is
one aspect in particular that government and construction
companies are worried about: availability of new areas for
cities’ growth. “The issue of land is one of the main problems
for the development of civil construction in Bahia,
especially in Salvador. The creation of new areas for implementation
of projects is called for by entrepreneurs as the
only solution to the problem,” states Vieira Lima.
In his opinion, creating new areas with infrastructure
should be a parallel target for funding for the sector. “Mobility
is necessary. These new areas must be linked to downtown.
If this is not so, these projects become unfeasible,” he
points out. He also stresses the importance of setting up simpler
protocols for these projects to be developed at the necessary
speed. “In the housing program, I believe that a pact
must be made with the city for development and attracting
new investment. It is also necessary to provide legal security
and clear rules.” (See interview in following pages).
minha casa, minha vida
Lançado pelo governo federal em parceria com os estados
e iniciativa privada, o programa Minha Casa, Minha
Vida – criado com o objetivo de reduzir o déficit habitacional
do País para as famílias que ganham até 10 salários
mínimos – teve um dos melhores desempenhos na Bahia. Subsidiado
com recursos da União e do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS), o programa prevê a construção de
um milhão de moradias em todo o País, com financiamento de
100% do valor total do imóvel para trabalhadores que ganham
entre 0 e 3 salários mínimos. Para as demais faixas, a redução
do percentual de financiamento é gradual, tendo como contrapartida
um aumento do acesso ao Fundo Garantidor.
Em 2009, a parceria com o governo do Estado resultou em
980 novas unidades entregues, sendo que outras 380 ficaram
em fase de execução e 600 programadas, mas ainda não iniciadas.
Já a fatia do programa Minha Casa, Minha Vida que é
realizada em parceria com a iniciativa privada com contrapartida
da Embasa contabilizou um dos melhores desempenhos
do setor, com 16.814 novas unidades contratadas, sendo que
4.371 unidades habitacionais estão em fase de execução e outras
12.443 ainda não foram iniciadas. Outras 5.640 novas unidades
estão previstas para a etapa SUB 50 do programa, mas
nenhuma delas foi iniciada até o momento. Os dados são da
Caixa Econômica Federal.
‘my house, my life’
Launched by the federal government in partnership with the
states and private enterprise, ‘My House, My Life’ program –
created with the objective of reducing the country’s housing deficit
for families earning up to 10 minimum salaries – showed one of
its best performances in Bahia. Subsidized with resources from the
federal government and FGTS (Government Severance Indemnity
Fund for Employees), this program calls for the construction of
1 million dwellings all over the country, with 100% of total value financed
for workers earning from 0 to 3 minimum salaries. The percentage
financed decreases gradually for other income brackets,
with increased access to the Guarantee Fund as a counterweight.
In 2009, the partnership with the State government resulted
in 980 new units delivered, with another 380 under construction
and a further 600 planned but not yet started. In the case of the
bracket for the ‘My House, My Life’ program, which is carried out
in partnership with private enterprise and having Embasa as a
counterpart, its performance was one of the best in the sector,
with 16,814 new units contracted for, of which 4,371 units are under
construction and a further 12,443 have not yet broken ground.
A further 5,640 new units are planned for the SUB 50 stage of the
program, but none have broken ground yet. Data provided by
Caixa Econômica Federal.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 51
© jorge cordeiro/agecom

IndústrIa Industry
52
entrevIsta IntervIeW CARLOS ALBERTO MATOS VIEIRA LIMA
‘‘O ESTADO TEM UM POTENCIAL
exTRemamenTe FavORável’’
Da janela do apartamento em que mora na capital baiana, Carlos Alberto Matos
Vieira Lima assiste ao boom nacional da construção civil. Há 40 anos no ramo, o
atual presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia
(Sinduscon-BA), que reúne cerca de 160 empresas, afirma que os bons tempos estão
de volta, apesar de questões jurídicas ainda dificultarem a captação de investimentos
para o setor. Nada que possa reduzir as entusiásticas perspectivas dos empresários,
que, em 2010, trabalharam com um crescimento de mais de 20% e a geração de
50 mil empregos. Quanto às duas torres que estão sendo erguidas do lado do seu
prédio, prometendo comprometer a bela vista do mar, Carlos é categórico: “É o
retrato do progresso, e eu não posso reclamar porque faço parte dele, com muito
orgulho”. Confira os principais trechos da entrevista à Bahia Oportunidades.
‘bahia sTaTe enjoys exTremely favorable poTenTial’
From the window of his apartment in the capital of Bahia, Carlos
Alberto Matos Vieira Lima can see evidence of the national boom in
civil construction. After 40 years in the trade, the current president
of Sinduscon-BA (Construction Trade Association of the State of
Bahia), which brings together about 160 companies, states that good
times are back, even though juridical matters still hamper the sector’s
pOR/By pALOMA jACOBINA
a construção civil na bahia cresce a passos
largos. os empresários estão enfrentando
problemas para dar conta da demanda?
Hoje, estamos com o setor em pleno
crescimento, depois de um período
de 30 anos em que o Brasil e a construção
civil estiveram parados. Há
quatro anos, retomamos o desenvolvimento
do País e, consequentemente,
do setor. Um desenvolvimento
acentuado e de forma acelerada,
que acarretou algum desequilíbrio.
Você tem um problema gravíssimo
na mão-de-obra, associado a questões
de abastecimento de materiais
e do próprio relacionamento com os
setores de licenciamento ambiental.
Qual a perspectiva de crescimento em
2010?
Estamos falando em algo em torno
de 20%. Temos os condomínios
da Paralela, da área do Cabula, do
litoral norte, que são projetos de
duas mil unidades. Isso mostra que
o Estado tem um potencial extremamente
favorável com o desenvolvi-
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
mento de projetos. Se acontecer a
adesão de regras jurídicas claras que
defendemos, poderemos pensar seriamente
em trabalhar com grandes
investidores estrangeiros e propor
projetos, como os da orla de Salvador,
por exemplo, que é muito bonita,
mas precisa ser melhorada. Com
segurança jurídica, podemos ainda
mais. Não podemos é começar um
empreendimento com a ameaça de
amanhã ou depois vê-lo paralisado.
e com relação à capacitação da mão-deobra?
Estamos melhorando, mas ainda
muito aquém do que o momento
requer. Precisamos criar capital humano
para responder a essa demanda.
Temos de fazer projetos de qualificação
de pessoal nos bairros periféricos.
Mas precisamos fazer isso de
efforts to attract investment. Nothing could place a damp blanket
on entrepreneurs’ enthusiasm regarding 2010, with 20% growth and
50 thousand jobs generated. As for the two towers being built next
to his building, blocking out a beautiful view of the sea, Carlos is
categorical: “It’s the picture of process, and I can’t complain because
I’m a part of it, and I’m very proud of the fact.” Read the highlights in
the interview by Bahia Oportunidades.
‘há um problema gravíssimo na mão-de-obra, associado a
questões de abastecimento de materiais e do próprio
relacionamento com os setores de licenciamento ambiental’
maneira massiva. Estamos falando
da geração de 50 mil empregos em
2010 e precisamos de uma política
que atenda a esse nível de demanda,
porque não podemos fazer essa
função. Assim como ele está sendo
bastante positivo nessa área de investimentos,
é preciso acompanhar
em investimentos em qualificação
de mão-de-obra. Essa é uma questão
essencialmente importante.
os construtores estão enfrentando um
problema com o impasse entre o ministério
público e o cria. na sua avaliação, as
licenças ambientais das obras estão sendo
concedidas corretamente?
O que posso dizer é que existe um
órgão com os poderes para dar a licença,
e eu reconheço esse órgão.
Agora, se o Ministério Público não o
reconhece, nós estamos perplexos

em saber. Os empresários querem
regras claras e segurança jurídica. É
preciso que se resolva isso. Que estabeleçam
um dialogo. A sociedade
não pode ficar à mercê da briga de
dois órgãos que existem para defender
os interesses da população.
as construtoras brasileiras também estão
tendo que se preparar para atender à
norma de desempenho das edificações,
que entrou em vigor em 12 de maio de
2010. como isso está acontecendo aqui
na bahia?
Estamos oferecendo cursos e palestras
para apresentar os detalhes
com clareza para nossos associados.
Encaramos a norma como uma
questão positiva pelo fato de que
ela nos traz regras claras, que foram
desenvolvidas a pedido da Caixa
Econômica Federal para atender às
habitações de interesse social. Tanto
que ela vai atingir as construções
de até cinco pavimentos, apesar de
haver a possibilidade de extensão.
Sabemos que o bom construtor, que
significa a maioria dos que estão no
mercado hoje, vai se adequar rapidamente
a ela e já está fazendo isso,
apesar de ainda termos seis meses
de prazo. Isso porque o que queremos
é a satisfação do cliente.
ouvimos falar muito no crescimento da
construção civil na capital. como o setor
está se desenvolvendo no resto do estado?
Você encontra essa capilaridade nas
chamadas obras de mercado, mais
concentradas nos centros urbanos.
Você vê isso em Ilhéus, na região de
Barreiras e em Luís Eduardo Magalhães.
É claro, elas se concentram
nos centros urbanos. Mas as obras
públicas também estão acontecendo
em todo o Estado. Em boa
parte dos municípios, é possível
encontrar obras de governo, assim
como está acontecendo com a da
Petrobras na região de Candeias e
em outras áreas.
voltando a salvador, há uma dificuldade
visível para o crescimento da cidade.
Quais os vetores de crescimento? existem
alternativas?
Temos de investir muito e preparar
Salvador para esse crescimento que
estamos vendo na economia do Estado
e que se reflete muito na cidade.
Precisamos investir em mobilidade
urbana, pouco se fez em relação a
isso, a não ser pela Via Expressa, que
começa a ser implementada. É preciso
tomar cuidado com o problema
do transporte urbano. Precisamos
também projetar novas fronteiras
civil construction in bahia is taking great
strides forward. are entrepreneurs encountering
problems keeping up with demand?
Today the sector is in full growth, after
a 30-year period during which Brazil and civil
construction were at a standstill. We resumed
development of the country, and thus the sector,
four years ago. Marked, accelerated development,
causing some imbalance. There is a
very serious problem concerning labor, associated
to issues regarding supplies of materials
and the very relationship with environmental
licensing sectors.
what are the perspectives for growth in 2010?
We are talking about something like 20%.
We have the Paralela condominiums, in the Cabula
area on the North Coast, which are 2,000-unit
projects. This shows that the State has extremely
favorable prospects for project development. If
we obtain the adhesion to clear juridical rules we
are calling for, we can seriously consider working
with major foreign investors and propose projects
like those for the coastline of Salvador, for
example, which is very pretty and needs improvements.
With juridical security, we can do even
more. What we cannot do is start an undertaking
with the threat of seeing work coming to a halt
tomorrow or the day after.
and how about training labor?
We are improving, but we are still falling
short of what the times require. We need to create
human capital to respond to this demand. We
need to put projects in place to qualify residents
of neighborhoods in the outskirts. But it must be
done on a massive scale. We are talking about
generating 50 thousand jobs in 2010, and we
need a policy to handle this level of demand,
because we cannot perform this function. As demand
is quite positive for this area of investment,
it is also necessary to invest in qualifying the workforce.
This is absolutely essential.
‘There’s a very serious problem
concerning labor, associaTed
To issues regarding supplies of
maTerials and The very relaTionship
wiTh environmenTal licensing
secTors.’
builders have been encountering problems
stemming from the deadlock between the
public attorney’s office and cria. in your
opinion, are environmental licenses being issued
properly?
All I can say is that there is an entity with the
power to grant licenses, and I recognize this entity.
Now, if the Public Attorney’s Office does not
“as obras públicas
estão acontecendo em
todo o estado. em boa
parte dos municípios,
é possível encontrar
obras de governo”
de crescimento. A questão da Ilha
de Itaparica já aponta nessa direção,
precisamos regular o problema da
Cidade Baixa e criar condições para
que a cidade se instale nesse curso.
recognize it, we do not understand. Entrepreneurs
need clear rules and juristic security. This
has to be solved. They should be talking to each
other. Society cannot be at the mercy of an argument
between two bodies that exist to defend
the population’s interests.
brazilian construction companies also have to
prepare to meet the norm regarding the performance
of buildings, effective as of may 12
of 2010. what is happening in bahia in this
respect?
We are offering courses and lectures presenting
the details clearly to our members. We view
the norm as a positive development because it
provides us with clear rules, developed at the request
of Caixa Econômica Federal for dwellings
of social interest. So much so, that it will affect
buildings up to five floors high, although there is
a possibility of extension. We know that our good
builders – which mean most in the market today
– will adjust quickly, and have already started doing
so, even though we have six months’ grace.
This is because what we are seeking is customer
satisfaction.
we have heard a lot about the growth of civil
construction in the capital. how is the sector
faring in the rest of the state?
You find this capillarity in the so-called market
undertakings concentrated in urban centers.
You see this in Ilhéus, in the Barreiras region, and
in Luís Eduardo Magalhães. Of course, they do
concentrate in urban centers. But public works
are also in progress all over the State. You can
find government undertakings in many municipalities,
such as the Petrobras project in the Candeias
region, and others.
‘public works are in progress
all over The sTaTe. There are
governmenT underTakings in many
municipaliTies.’
coming back to the subject of salvador,
there is visible difficulty for the city to grow.
what are the growth vectors? are there alternatives?
We have to invest a lot and prepare Salvador
for this growth we see in the State’s economy,
which is extensively reflected in the city. We need
to invest in urban mobility. Not much has been
done, except the Expressway, which is starting
to be implemented. This issue of urban transport
needs great care. We must also project new
boundaries for growth. The issue of Ilha is already
going in this direction. We need to regulate the
problem of Cidade Baixa and create the necessary
conditions for the city to take this course.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 53

IndústrIa Industry
OS CAMINhOS DA
celUlOse
Setor creSce na bahia
com a conStrução de nova
unidade da veracel, que
terá inveStimentoS de maiS
de r$ 4 bilhõeS
industry expands in bahia with the
construction of a new unit by veracel,
with investment in excess of r$ 4 billion
pOR/By pERLA RIBEIRO
A
empresa Veracel fará um investimento superior a R$ 4
bilhões na construção de uma nova unidade de produção
no sul da Bahia. A multinacional já deu entrada no pedido
de licença ambiental e aguarda o posicionamento do
Instituto de Meio Ambiente do Estado (IMA) para seguir
com a empreitada. Os investimentos serão destinados tanto à construção
da unidade industrial quanto à expansão das atividades florestais.
The ways of pulp
Veracel will invest over R$ 4 billion to build a new production unit
in southern Bahia. The multinational company has already filed an
environmental license application and is awaiting the opinion of the State
Institute of the Environment (IMA) to progress with the undertaking. The
investment is intended both to build a new industrial mill and to expand
forestry activities.

a veracel gera uma arrecadação de maiS de r$ 98 milhõeS por ano
veracel pays over r$ 98 million in taxes a year
As atuais instalações têm capacidade nominal para produção
de 900 mil toneladas anuais de celulose branqueada
de eucalipto. No entanto, antes de completar cinco
anos de operação, comemorados em maio, a produção já
tinha atingido a casa das cinco milhões de toneladas.
A proposta é que a Veracel II seja responsável pela
duplicação da produção anual da fábrica, que hoje é de
1,13 milhão de toneladas de fibra seca curta. Assim que o
novo projeto entrar em operação, a previsão é gerar uma
produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano.
Somando ao resultado atual, a produção passaria a 2,8 milhões
de toneladas/ano.
O salto adiante da Veracel reflete a importância do setor de
celulose para a Bahia. Atualmente, é a segunda maior atividade
desenvolvida no Estado e representa 16% do Produto Interno
Bruto (PIB) baiano. No caso da Veracel, a empresa gera uma
arrecadação de mais de R$ 98 milhões/ano entre impostos, encargos
sociais e previdenciários. Além disso, coloca Eunápolis
em sexto lugar entre os municípios exportadores da Bahia.
The current facilities have a rated capacity to produce
900 thousand tons of bleached eucalyptus pulp.
However, even before turning five-year-old, celebrated
last May, production had already reached 5 million
tons.
Veracel II is supposed to double the company’s annual
production, rated today at 1.13 million tons of dried
short fiber. Right at its start of operation, the new project
shall produce 1.5 million tons of pulp per year. Altogether,
the company’s production shall be in excess of 2.8 million
tons a year.
The Veracel’s leap ahead is a reflection of the pulp
sector’s importance for Bahia. Currently, it is the second
largest activity developed in the State, representing 16%
of Bahia’s Gross Domestic Product (GDP). In the case
of Veracel, the company pays over R$ 98 million a year
in taxes, payroll taxes and social security. In addition, it
makes Eunápolis the sixth largest exporting municipality
in Bahia.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 55

IndústrIa Industry
A empresa na Bahia – THE COMPANY IN BAHIA (TIMELINE)
2009
• Adesão ao Pacto da Mata Atlântica
Adherence to the Atlantic Forest Pact
• Recertifi cação pela Norma ISO 14001/2004
ISO 14001/2004 Standard recertifi cation
2008
• Certifi cação pelo selo internacional FSC
International certifi cation by FSC
2007
• Modernização do processo de produção de mudas
Modernization of cutting production process
2006
• Recertifi cação pela Norma ISO 14001
ISO 14001 Standard recertifi cation
2005
• Conclusão das obras da fábrica e início das operações industriais
Conclusion of mill construction and its start of operations
• Certifi cação pelo Programa Brasileiro de Certifi cação Florestal (Cerfl or)
Certifi cation by Brazilian Program of Forest Certifi cation (Cerfl or)
2003
• Certifi cação pela Norma ISO 14001/2003
ISO 14001/2003 Standard certifi cation
• Início das obras da fábrica
Construction of mill is started
2001
• Início da construção do Terminal Marítimo de Belmonte
Start of construction, Belmonte Marine Terminal
• Início das operações de colheita fl orestal
Forest harvesting operations are started
1996
• Licenciamento ambiental para o projeto da fábrica de celulose
Environmental license issuance for the pulp mill project
1992
• Início do plantio de eucalipto
Start of eucalyptus plantation
1991
• Início das atividades da Veracruz Florestal Ltda.,
como subsidiária da Odebrecht
Start of activities of Veracruz Florestal Ltda., as a subsidiary of Odebrecht
• Primeiras aquisições de terras no sul da Bahia
First land acquisitions in Southern Bahia

Hoje, 100% da produção da Veracel é destinada à exportação.
A empresa comercializa produtos para Europa, a
Ásia e os Estados Unidos. Segundo dados da Superintendência
de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o
segmento de papel e celulose ocupa o terceiro lugar no
ranking das exportações baianas.
Só no primeiro trimestre de 2010, as exportações do setor
cresceram em 16,4%, em comparação ao mesmo período de
2009, saltando de US$ 353 milhões para US$ 411 milhões. E,
se depender das condições encontradas no Estado, o setor
promete crescer muito mais. “O Brasil tem potencial na produção
de madeira e a região sul da Bahia é uma ilha de produtividade.
É por isso que a Veracel tem a maior produtividade
florestal entre todas as empresas de celulose do mundo”,
festeja o presidente da empresa, Antônio Sérgio Alípio.
De modo geral, o Brasil tem um potencial fantástico na
produção de celulose. Isso decorre de três aspectos fundamentais:
ambiente favorável à produção, maior tecnologia
florestal e capacidade de gestão. “Esses aspectos fazem
com que a produção de celulose, que é predominante na
Europa, venha se deslocando aos poucos para a América
do Sul, sobretudo para o Brasil, que figura hoje como o
quarto maior produtor”, avalia o presidente da Veracel.
“temoS a maior produtividade
floreStal entre todaS aS empreSaS de
celuloSe do mundo”
antônio sérgio alípio presidente da veracel
we boast the highest forestry productivity among all pulp producers in the world
antônio sérgio alípio ceo, veracel
Today, 100% of Veracel’s production is intended for export.
The company sells products to Europe, Asia and USA.
According to data published by the Superintendence of
Economic and Social Studies of Bahia (SEI), the pulp and
paper industry comes third in the ranking of Bahia’s exports.
In the first quarter of 2010 alone, sector exports grew by
16.4% when compared to the same period in 2009, jumping
from US$ 353 million to US$ 411 million. And, in what concerns
the conditions found in the State, the sector is expected to
grow even further. “Brazil has the potential to produce wood
and the southern region of Bahia is a land of prosperity. This is
the reason for which Veracel boasts the highest forestry productivity
among all pulp producers in the world”, celebrates
the company’s CEO, Antônio Sérgio Alípio.
In general, Brazil enjoys a fantastic potential for pulp
production. This is the result of three essential aspects:
favorable environment for production, advanced forestry
technology and management capacity. “Those aspects
make pulp production – predominantly held in Europe –
move gradually to South America, especially to Brazil, today’s
fourth largest producer”, says Veracel’s CEO.
While in Scandinavia the forest production capacity is 5
cubic m per hectare per year, the Brazilian average stands
hoje, 100% da produção da
veracel é deStinada à exportação
para a áSia, europa e oS eStadoS unidoS
today, 100% of veracel’s production
is intended for export to asia,
europe and united states
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 57

58
IndústrIa Industry
a produção, passo a passo the productIon, step BY step
Enquanto na Escandinávia a capacidade
de produção fl orestal é de 5 m 3
por hectare por ano, a média brasileira
é de 35 a 40 m 3 , e, segundo Alípio,
na Veracel é de 50 m 3 . Além disso, na
Escandinávia, o intervalo entre o momento
da plantação e a colheita dura
35 anos, enquanto no Brasil são necessários
apenas sete anos.
crIse e retomada
Antônio Sérgio Alípio atribui o excelente
desempenho da fábrica ao potencial
dos equipamentos, que dão conta desta capacidade
de produção, à disponibilidade da matéria-prima – eucalipto
bastante homogêneo e de qualidade – e à mão-deobra
qualifi cada. “Esse conjunto de fatores permitiu que,
ao longo desses cinco anos, a performance da empresa
fosse muito satisfatória. O maior atestado que podemos
dar dos resultados da Veracel é que os acionistas têm um
forte desejo de fazer a duplicação dessa fábrica”, informa
o presidente.
No momento, são realizadas, pelo IMA, ofi cinas preparatórias
nos municípios que atuam como polos de atuação
da indústria para a audiência pública referente ao Projeto
de Ampliação da Fábrica Veracel II. A nova unidade indus-
1 - O eucalipto leva de 6 a 7 anos para crescer.
Depois, a planta está pronta para corte e
transporte para a fábrica.
Eucalyptus takes seven years to grow. At the end
of this period, the tree is ready to the next stage,
harvesting and transportation to the mill.
2 - Com a chegada
na fábrica, começa
o tratamento físicoquímico
para a
obtenção da fi bra de
celulose.
At the arrival to the
mill, a new process is started: Physical-chemical
treatment, to obtain pulp fi bers.
3 – Na fábrica, as toras são levadas aos picadores
para ser transformadas em cavacos, pequenos
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Veracel é uma empresa baiana, fruto da parceria de duas líderes líderes líderes internacionais internacionais internacionais no
A setor de celulose e papel: a sueco-fi nlandesa Stora Enso e a brasileira Fibria, resulresul- tante da fusão das operações entre a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel (VCP).
No fi nal de 2007, os acionistas deram sinal verde para o início do processo de licencia- licencia-
mento ambiental, protocolado no IMA em 17 de dezembro de 2007. Em junho de 2009,
a Veracel teve o termo de referência para o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/Rima) aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Cepram). A Veracel
nasceu com o propósito de ser um projeto integrado. Há cinco anos, era a maior fábrica
de linha única no mundo. Atualmente há empresas maiores, e ela passou a fi gurar entre
as três maiores do mundo em capacidade de produção e a segunda no Brasil.
I
Fusão internacional
NTERNATIONAL MERGER Veracel is a Bahian enterprise, resulting from a joint venture by two international
Ipulp pulp and paper companies: Swedish-Finnish Stora Enso and Brazilian Fibria, which in turn resulted from the
merger of Aracruz and Votorantim Celulose e Papel (VCP). At the end of 2007, the shareholders dropped the fl ag
for the start of environmental licensing, fi led with IMA on December 17, 2007. In June of 2009, Veracel had the
reference term for the Environmental Impact Study and Report (EIA/Rima) approved by the State Council for
the Environment (Cepram). Veracel was conceived with the purpose of being an integrated project. Five years ago,
it was the largest single-line mill in the world. Now, there are larger companies, and it became one of the world’s
three largest in production capacity, and second in Brazil.
between 35 and 40 cubic m and, according to Alípio, Veracel’s
is 50 cubic m. In addition, in Scandinavia, the lead-time
between planting and harvesting is 35 years, while in Brazil
this period is only seven years.
Crisis aNd resumpTiON
Antônio Sérgio Alípio says that such an excellent performance
of the mill is due to equipment, needed to handle
this production capacity, to availability of input material
– homogeneous, high quality eucalyptus – and to qualifi ed
labor. “This set of factors has been allowing a very much
satisfactory performance along these fi ve years. The best
evidence we have to attest the Veracel’s results is the strong
wish of shareholders to double the mill”, the CEO says.
pedaços de madeira, que são
estocados em pilhas e transportados por
correias até o digestor – um vaso de pressão
na forma de torre que funciona como uma
panela de pressão.
At the mill, logs are sent to grinders, to
become chips, small pieces of wood, which
are piled up and taken by a conveyor belt to
digesters, a tower-like boiler, resembling
a giant pressure cook.
4 – Lá se cozinham
os cavacos com uma
substância à base de
soda cáustica e sulfeto
de sódio chamada licor
branco.
Chips are cooked in
a substance formed
by caustic soda and
sodium sulfi de, the so-called white liquor.
5 – Na madeira, as fi bras estão unidas pela
lignina, que funciona como uma espécie de
cola. No cozimento, essa cola é retirada e as
fi bras são separadas.
O cozimento realiza-se
do topo até o centro do
digestor. Do centro até
a parte inferior, ocorre
a lavagem para retirar
a solução residual,
que é o resultado da
reação da lignina da
madeira com o licor
branco. Isto é chamado
de licor preto fraco, utilizado na caldeira de
recuperação como combustível.
In the tree, the fi bers are kept together by
lignin, which works as a kind of glue. With
cooking, this glue is removed and the fi bers are
separate. Cooking happens from the top to the
center of the digester. From the center to the
bottom, there is the washing process, intended
to remove the residual solution, which is the
result of a reaction of wood lignin and the white
liquor, the so-called weak black liquor, used as
fuel in recovery boilers.
6- Pela caldeira passam tubos contendo água,
que é aquecida até a vaporização. O vapor
segue por tubulações: o de baixa pressão
vai para o processo de produção, e o de alta

trial será construída ao lado da fábrica já existente, no município
de Eunápolis.
Com a crise internacional iniciada no final de 2008 e estendida
até meados de 2009, os acionistas decidiram suspender
alguns investimentos, e a medida se refletiu também
na Veracel. “Já estávamos fazendo todo o projeto de
engenharia da nova fábrica e o trabalho foi suspenso temporariamente,
mas será retomado”, garante Alípio.
Em entrevista no ano passado, o presidente da Fibria,
Carlos Aguiar, informou que a direção da acionista brasileira
da Veracel já aprovou o plantio de floresta na região
e aguarda apenas um aval da Stora Enso. “Já voltamos a
conversar com a Stora Enso no sentido de reiniciar os plantios
para a Veracel II. Antes da crise, iniciamos o plantio nas
áreas nas quais já possuíamos licença (ambiental) e chegamos
a iniciar o estudo de viabilidade. Mas, com a crise,
paralisamos todo o processo. Agora, podemos dizer que
ambas as empresas estão em situação de poder caminhar
novamente”, afirma Aguiar.
emprego e renda
A proposta é, após a concessão da licença ambiental,
ampliar a área plantada para, em meados de 2014, estar em
condições de iniciar a nova fábrica. A previsão de término é
de 26 meses após o início da obra. “A Veracel é nossa prioridade,
porque já temos cerca de 35% das necessidades
pressão passa
por turbinas
de geração de
energia elétrica,
usada na
própria fábrica.
O excedente é
vendido através
da rede geral de distribuição.
The boiler is crossed by water pipes, which are
heated for steam. Steam travels in pipelines: lowpressure
steam is then directed to the productive
process, and the high-pressure steam is sent to
electric energy turbines. This electric energy
is used by the mill itself, with the surplus being
marketed to the public grid.
7 – Na depuração, a celulose industrial
é submetida à ação de peneiramento –
durante a lavagem, as impurezas solúveis são
removidas, mas, para obter uma celulose de
alta qualidade, devem-se remover também as
impurezas sólidas.
Next, there is the depuration, a process
in which industrial pulp is sieved – during
washing, soluble impurities are removed,
but solid impurities must also be removed
for high quality pulp.
8 – Em seguida, a celulose é branqueada,
ou seja, é tratada com produtos químicos:
peróxido de hidrogênio, dióxido de cloro,
oxigênio e soda cáustica. Essa operação ocorre
em quatro estágios diferentes, com seus
respectivos filtros lavadores.
Next, pulp is bleached, that is, it undergoes a
chemical treatment: hydrogen peroxide, chloride
dioxide, oxygen and caustic soda. It is a four-stage
operation with their respective washing filters.
9 – No último estágio do processo da produção,
a celulose é novamente peneirada e enviada
para a secagem, onde a água é retirada até
atingir o ponto de equilíbrio com a umidade
relativa do meio ambiente. Assim, a celulose já
está pronta para comercialização.
At the last stage of the productive process,
pulp is sieved again and dried up to be in
balance with the environment relative humidity.
Therefore, pulp is ready to be marketed.
At this moment, IMA has been holding preparatory workshops
in the municipalities where the company operates for
the Public Hearing about the Project for Mill Expansion Veracel
II. The new industrial unit is to be built beside the existing
mill, in the municipality of Eunápolis.
With the international crisis started at the end of 2008
and extended through mid-2009, the shareholders had
decided to halt some investments and the measure was
reflected also at Veracel. “We were already developing
the engineering project for the new plant, and the work
was temporarily suspended, but it will be resumed soon”,
Alípio ensures.
In an interview last year, Fibria’s CEO Carlos Aguiar said
that the top management of the Veracel’s Brazilian shareholder
has already approved extended forest planting in
the region, and is awaiting only an endorsement by Stora
Enso. “We resumed talks with Stora Enso concerning restart
of plantation for Veracel II. Before the crisis erupted, we had
already started planting in areas where we already had (environmental)
license, and started the feasibility study. With
the crisis, the process was halted. Now, we can say that both
companies are positioned to start walking forward again”,
Aguiar says.
JOB aNd iNCOme
After the environmental license is granted, the plans
call for an expansion of the planted area, so that the new
10 – A produção é transportada da fábrica para o
Terminal Marítimo de Belmonte, onde a carga de
celulose é transferida para as barcaças que farão o
transporte em 24 horas até o Portocel, em Aracruz,
Espírito Santo. De lá, as empresas acionistas fazem suas
exportações. O produto vai ser adquirido por fábricas
em vários lugares do mundo para produzir papel.
Production is shipped from the mill to the Belmonte
Marine Terminal. There, the product is transferred to
barges to be shipped in 24 hours to Portocel, in Aracruz,
Espírito Santo. There, the shareholding companies make
their exports. The product is acquired by manufacturers
from around the world for the production of paper.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 59

IndústrIa Industry
60
fl orestais para o projeto e podemos plantar outros 12% em
2010, com as licenças que a empresa possui”, acrescenta o
presidente da Fibria.
A Veracel I custou aos acionistas, aproximadamente,
R$ 3 bilhões. Na época, representou o maior investimento
realizado na Bahia. “Uma característica importante desse
investimento é que ele acontece no interior e nenhum Estado
pode se desenvolver sem alavancar o interior”, avalia
Antônio Sérgio Alípio.
Só em 2009 foram 3,1 mil empregos diretos permanentes,
sendo que a cadeia produtiva atinge 30 mil postos
de trabalho. Mais de 85% da mão-de-obra é oriunda
da região. A expectativa é que, com a duplicação da produção,
dobre também a quantidade de trabalhadores
contratados. “A Veracel gera uma nova cadeia de produtos,
de novos negócios e novas empresas, que trazem
tecnologia, emprego e renda para a região sul do Estado”,
resume Alípio.
cOmpROmissO cOm O meiO ambienTe
Mesmo com a legislação brasileira determinando
que qualquer produtor
rural deve destinar 20% da área para
reserva legal e 10% para a preservação permanente,
na Veracel, a fi losofi a que permeia a
política de preservação ambiental é diferente.
Para cada hectare de fl oresta plantada de eucalipto,
a Veracel mantém um hectare de área
protegida ou em recuperação.
“Nosso maior ativo, além das pessoas, é o
meio ambiente. Por isso, entendemos que devemos
cuidar muito bem dele. Isso se dá através
da boa relação entre a fl oresta plantada e
a área protegida”, justifi ca Antônio Sérgio Alípio,
pontuando ainda sobre a preocupação da
empresa de levar para a região uma atividade
econômica sustentável de longo prazo.
O novo projeto exigirá mais 80 mil hectares
de plantio de eucaliptos. Com licença ambiental
para o plantio de 92 mil hectares numa
área de dois milhões de hectares no sul da
Bahia, no ano passado, a área de plantio da Veracel
somava 90.599 hectares, distribuídos nos
municípios de Eunápolis, Belmonte, Santa Cruz
Cabrália, Itapebi, Itagimirim, Mascote, Canavieiras,
Itabela, Porto Seguro e Guaratinga.
Já as áreas protegidas para conservação
mantidas pela empresa totalizam 105.367
hectares. Os números incluem as áreas de
preservação permanente (APP) e as reservas
legais (RL), entre elas, a Reserva Particular do
Patrimônio Natural Estação Veracel, com seis
mil hectares, onde são desenvolvidos projetos
de pesquisa e de educação ambiental.
“A Veracel não está de passagem na
Bahia como estiveram no passado as serrarias.
É um investimento muito grande. A fábrica de
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
celulose e o plantio de eucalipto não têm portabilidade,
portanto, não podem sair daqui.
Consequentemente, tem que ser algo sustentável”,
defende Alípio.
Só em 2009 a Veracel investiu R$ 11 milhões
nos 10 municípios da sua área de atuação
em iniciativas e projetos de geração de
renda, saúde e educação. “Acreditamos que
a base da relação é o diálogo permanente e
transparente. Apesar de todo o potencial da
região, não podemos fazer nada sozinhos. Temos
que ser parceiros da sociedade. Aí, sim, é
possível fazer transformações sociais duradouras”,
argumenta.
commiTTed wiTh The environmenT
Even with the Brazilian law determining that
any rural producer must set aside 20% of
the area for legal reserve and 10% for permanent
protection, at Veracel there is a different
philosophy governing its environmental preservation
policy. For each hectare of eucalyptus
planted forest, Veracel keeps another hectare
with protected or under restoration area.
“Our major asset, in addition to people, is
the environment. In line with this, we have to
care about it. This is accomplished through the
good relationship between the planted forest
and the protected area”, justifi es Antônio Sérgio
Alípio, stressing also the company’s concern
about taking to the region an economic
activity that is sustainable in the long run.
The new project will require additional 80
thousand hectares of eucalyptus planting. With
an environmental license to plant 92 thousand
hectares in an area of 2 million hectares in southern
Bahia, the Veracel’s planted area totaled
plant may be started in mid-2014. Works shall be concluded
within 26 months after their start. “Veracel is a priority to us
for we already have about 35% of the forest needed for the
project, and we might plant another 12% in 2010, with the
licenses already granted”, the Fibria’s CEO adds.
Veracel I has cost shareholders approximately R$ 3 billion.
At the time, it was the largest investment made in Bahia. “A
remarkable characteristic of this investment is that it is made
in the countryside, and no State can develop itself without leveraging
its countryside”, assesses Antônio Sérgio Alípio.
In 2009 alone, there were 3.1 thousand direct permanent
jobs, with the production chain reaching 30 thousand
job posts. More than 85% of the labor is sourced in the region.
With the doubled production, we expect to double
the number of hired workers as well. “Veracel generates a
new production chain, with new businesses and new companies,
bringing technology, employment and income for
the State’s southern region”, Alípio concludes.
90,599 hectares last year, distributed in the municipalities
of Eunápolis, Belmonte, Santa Cruz
Cabrália, Itapebi, Itagimirim, Mascote, Canavieiras,
Itabela, Porto Seguro and Guaratinga.
The areas protected by the company for
conservation totaled 105,367 thousand hectares.
These fi gures include Areas of Permanent
Preservation (APP) and Legal Reserves
(RL), among them the Veracel Station Private
Reserve of Natural Heritage, with 6 thousand
hectares, where research and environmental
education projects are developed.
“Veracel is not staying just for a short while
in Bahia, as was the case of sawmills in the past.
It is a huge investment. The pulp mill and the eucalyptus
plantation are not portable; therefore,
they cannot be moved away. Consequently, this
business has to be sustainable”, Alípio defends.
In 2009 alone, Veracel invested R$ 11 million
in the 10 municipalities where it operates in initiatives
and projects for income generation,
health and education. “We believe that the basis
for relationship is a permanent, transparent
dialogue. Although all the region’s potential, we
can do nothing alone. We have to be partners
with society. Only this way we can make longlasting
social transformations”, he concludes.

IndústrIa Industry
FeiRa
O ‘FENÔMENO‘
alta demanda leva governo e prefeitura a uma parceria
pOR/By jOÃO EÇA
para implementar novo centro induStrial no municÍpio
fOTOS/PhOTOS jOÃO ALVAREz
high demand leads to a partnership between the government and
the city hall to set up a new industrial center in the municipality
O
crescimento econômico de Feira de Santana,
segundo maior município baiano, foi tão grande
nos últimos anos que o Centro Industrial do Subaé
(CIS) já não tem mais condições de atender
a todos os pedidos que chegam à diretoria solicitando
espaços para a instalação de novas fábricas. Diante da alta
demanda de indústrias que querem fi ncar atividades na região, o
governo da Bahia já iniciou as negociações com a prefeitura visando
a uma parceria para a construção e implementação de um novo
distrito industrial na cidade conhecida como Princesa do Sertão.
“Hoje, temos na BR-324 aproximadamente 330 mil metros
quadrados de áreas disponíveis para novas fábricas. Porém
a nossa demanda é altíssima. Temos 66 indústrias na fi la,
querendo se instalar em Feira de Santana. Para atender a estas
empresas, estamos precisando de uma área com 800 mil
metros quadrados”, explica o diretor do CIS, José Mercês.
A localização do novo centro industrial já foi escolhida: será nas
margens da BR-116, na região conhecida como Acesso Norte. O primeiro
passo para a construção do novo polo industrial será a realização
de um estudo de viabilidade técnica no local. O objetivo é verifi -
car as condições de localização e infraestrutura, os possíveis impactos
sociais e ambientais, os critérios para a implantação das indústrias, a
quantidade e os tipos de fábrica que poderão ser instalados, dentre
outros itens. Para concretizar este estudo, está sendo criado um grupo
de trabalho composto por representantes da Prefeitura de Feira e
da Secretaria Estadual da Indústria, Comércio e Mineração.
The feira ‘phenomenon’
The economic growth of Feira de Santana, Bahia’s second-largest
municipality, has been so great in recent
years that CIS (Subaé Industrial Center) can no longer handle
all the requests received by the board for space to set
up new factories. In the face of high demand on the part of
industries that wish to initiate activity in the region, the government
of Bahia has already started negotiating with the
city hall to put a partnership in place for the construction
and implementation of a new industrial district in the city,
which is known as the ‘Princess of the Backwoods’.
“Today we have approximately 330 thousand square meters
available for new factories on highway BR-324, but demand
is extremely high. We have a waiting list of 66 industries
wishing to set up in Feira de Santana. Just to provide enough
land for these 66 enterprises, at this point we need an 800
square meter area,” explains CIS director José Mercês.
The location of the new industrial center has already been chosen:
on highway BR-116 in the region known as North Access. The
fi rst step for the construction of the new industrial pole is a technical
feasibility study in the location, with the objective of checking
location and infrastructure conditions, possible social and environmental
impact, criteria for industrial implementation, quantity and
kinds of factory to be set up and other matters. A workgroup has
been created comprising representatives of Feira’s city hall and the
State Secretariat for Industry, Trade and Mining.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 61

IndústrIa Industry
62
tarcÍzio pimenta, prefeito
de feira de Santana
tarcízio pimenta, mayor
of feira de santana
A infraestrutura necessária à criação
de um centro industrial consiste
basicamente na construção de um
sistema viário; instalação de redes de
água, energia elétrica e telecomunicações,
incluindo telefonia fi xa, móvel
e internet; planos de segurança
industrial e contra incêndio, além de
redes de transportes interligadas.
“Este grupo de trabalho vai identifi
car a nova área e criar as condições
jurídico-administrativas para a implantação
do novo centro industrial”,
sentencia o prefeito Tarcízio Pimenta.
Para o gestor, não existe outra saída
para garantir a continuidade do crescimento
da atividade industrial no
município: “O CIS já está saturado
em termos de área. A solução é expandir
para outro local. E o Acesso
Norte é o local ideal, tem capacidade
para receber investimento”.
José Mercês, diretor do CIS, elenca
os fatores e as vantagens que motivaram
a escolha das margens da BR-116
para a implantação do novo centro:
“Os terrenos são planos, ideais para as
fábricas. Também vamos poder ocupar
grandes extensões de área e não apenas
lotes separados, como na BR-324.
Isso vai permitir um planejamento industrial
a médio e longo prazos”. Mercês
destaca, ainda, as facilidades para o
escoamento da produção. Além disso,
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
a prIncesa do sertão “prIncess oF the BackWoods”
feira de Santana conta com o maior entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste, sendo
cortado por três estradas federais (BRs 324,116 e 101) e quatro estaduais (BAs 052, 502,
503 e 504), com acesso ainda para as BRs 242 e 110. A localização em um espaço
geográfico centralizado contribui para a atração e circulação de pessoas, produtos e
serviços, oriundos das mais diversas regiões do Brasil, sobretudo do Nordeste.
Feira de Santana has the largest highway intersection in the North-Northeast regions of Brazil, with
three federal highways (BR-324, BR-116 and BR-101) and four state ones (BA-052, BA-502, BA-503
and BA-504), as well as access to federal highways BR-242 and BR-110. Its central location has
contributed to attract people, products and services from all over the country, especially the Northeast.
localiZaÇão: zona de
planície entre o recôncavo
e os tabuleiros semiáridos
do nordeste baiano.
location: Flatland zone
between Recôncavo and semiarid
tablelands of the Northeast of Bahia
Fontes: IBgE e site da Prefeitura Municipal de Feira de Santana
há vantagens ambientais, pois os estudos
indicam que, neste local, as possíveis
emissões de poluentes irão soprar
para fora do centro urbano de Feira.
peso na economIa local
Ocupando o segundo lugar em importância
na economia de Feira, o setor
industrial tem grande contribuição na
expansão da cidade. Em 2007, a indústria
repassou aos cofres públicos cerca
de R$ 66 milhões em ICMS, correspon-
The infrastructure needed to create
an industrial center consists of building
a properly paved road system with
clear signs; water, electricity and telecommunications
networks, including
landlines, mobiles and internet; plans
for industrial safety and fi re, as well as
interconnected transport networks.
“This workgroup is going to identify
the new area and create the necessary
legal/administrative groundwork
for Feira de Santana’s new industrial
center to be implemented,” sentences
Mayor Tarcízio Pimenta. He believes
there is no other way forward that
will ensure ongoing growth of industrial
activity in the municipality. “CIS
is already saturated in terms of land;
they’ve run out of space. The solution
is to expand to another location.
limítes/borders:
norte/north – Santa bárbara e/and Santanópolis
sul/south – antônio cardoso e/and São gonçalo
dos campos
leste/east – coração de maria
oeste/West – anguera e/and Serra preta
North Access is ideal: it has the capacity
to absorb investments.”
CIS director José Mercês lists the
factors and advantages motivating the
choice of land along highway BR-116
for the new center. “In the North Access
the land is fl at, ideal for building
factories on. We shall also be able to
occupy large pieces of land, not just
separate plots as along highway BR-
324. This will enable medium and longterm
industrial planning,” explains
Mercês. He also stresses the ease of
production outfl ow and adds that there
are also environmental advantages because
studies show that possible emissions
of pollutants in this location will
be blown away from downtown Feira.
weighT in The local economy
Taking second place in importance
in Feira’s economy, the industrial sector
has a lot to contribute to the city’s
expansion. In 2007, industry contributed
R$ 66 million to public coffers in

Distância de Salvador: 108 km
distance from Salvador:
população: 591.707 habitantes
population: 591,707
Economia: comércio, indústria e serviços
economy: trade, industry and services
Área: 1.363 km 2 • pIB: r$ 4.721.367,00 • Renda per capita: r$ 8.254,00
area: 1,363 sq km • gdp: r$ 4,721,367.00 • per capita income: r$ 8,254.00
the form of ICMS (Value-Added Tax),
equivalent to 22.98% of the total collected.
In 2008, Feira de Santana’s
more than 1.3 thousand legally set
up factories generated 17,707 direct
jobs, equivalent to 21% of the total
83,443 jobs generated by all sectors
of economic activity in the same year,
according to data provided by the
Ministry of Labor and Employment to
CDL (Chamber of Shop Owners in Feira
de Santana). In terms of number of
jobs, industry is second to only the services
sector (29,765) and trade (29,009).
Feira’s industries are located in both
the municipality’s urban area and the two
CIS nucleuses created in the 1970s in the
neighborhood of Tomba and on highway
BR-324. There are about 189 industries
in the latter two, producing paper, cardboard,
packaging, food, rubber, beer,
chemicals, metallurgical products, electric
and transport materials, domestic utilities,
clothing, footwear and cloth articles.
The CIS nucleuses lodge large industries
feira de santana
Sources: IBgE and website of Feira de Santana Municipal Administration
dendo a 22,98% do total arrecadado.
Em 2008, as mais de 1.300 fábricas instaladas
formalmente em Feira empregaram
diretamente 17.707 pessoas, o
que representa 21% do total de 83.443
postos de trabalhos gerados por todos
os setores da atividade econômica, no
mesmo ano, de acordo com os dados
do Ministério do Trabalho enviados à
Câmara dos Dirigentes Lojistas de Feira
de Santana. Em número de empregos,
o setor ficou atrás somente do de serviços
(29.765) e comércio (29.009).
such as Pneus Pirelli, Cervejaria Kaiser,
Frigorífico Perdigão, Brasfrut, Nestlé and
Vipal. In addition, there are approximately
400 small and medium-sized garment
factories in the city’s urban area.
“We’ve had proposals from industrial
sectors such as marble, motor
vehicle parts, clothing, and computer
assembly. Feira has huge potential in
the sector and can attract an array of
different kinds of industry because of
its location. It is the main highway intersection
in the Northeast of Brazil,”
says Mayor Tarcízio Pimenta.
According to the Mayor, other attractive
factors are tax breaks offered
by the city hall, with part or full exemption
from ICMS (Value-Added Tax on
Sales and Services) and IPI (Excise Tax),
and ease of access to credit.
apenaS o comércio emprega
maiS do que a indúStria
only commerce employs more
than the industry
As indústrias de Feira estão localizadas
tanto na região urbana como
nos dois núcleos do CIS, criado na década
de 1970: no bairro do Tomba e
na BR-324. São aproximadamente 189
indústrias instaladas, atuando principalmente
na fabricação de papel, papelão,
embalagens, alimentos, borracha,
cervejas, no ramo da química, metalurgia,
material elétrico e de transportes,
eletrodomésticos, vestuário, calçados e
artefatos de tecidos. O CIS abriga empresas
de grande porte, como Pneus
Pirelli, Cervejaria Kaiser, Frigorífico Perdigão,
Brasfrut, Nestlé e Vipal. Na parte
urbana, há cerca de 400 pequenas e
médias fábricas do ramo de confecção.
“Já recebemos propostas de indústrias
de mármore, peças automotivas,
confecção, montagem de computadores.
Todas aguardando a criação do novo
centro. Feira tem grande potencial no setor
e facilidade de atrair vários tipos de indústria,
devido à localização. É o principal
entroncamento rodoviário do Nordeste”,
define o prefeito Tarcízio Pimenta.
Outro importante atrativo, segundo
ele, são os incentivos fiscais oferecidos
pela prefeitura, com isenções
totais ou parciais no ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) e no IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) e facilidades
de acesso ao crédito.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 63

64
bons negÓcIos good busIness
Sisal
certifi cado
O Ibametro certifi cou a
Associação de Desenvolvimento
Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb), com sede em Valente,
com o selo de qualidade Inmetro para a fi bra benefi ciada de sisal. A
certifi cação é uma conquista do pequeno produtor rural baiano, que, a
partir de agora, está qualifi cado para vender o produto para o exterior.
O Brasil é o maior produtor e exportador de fi bras de sisal do mundo,
sendo que a Bahia concentra 90% da produção nacional.
SISAL CERTIFIED
Ibametro has certifi ed Apaeb (Association for Sustainable and Solidary
Development of the Sisal Producing Region), headquartered in Valente, with
the Inmetro quality seal for processed sisal fi ber. The certifi cation is a quite
an achievement for Bahia’s small rural producers, who are now qualifi ed to
sell their products abroad. Brazil is the world’s largest producer and exporter
of sisal fi bers, with Bahia concentrating 90% of the national production.
Latinhas em Alagoinhas
Líder mundial na fabricação de latas de alumínio,
a Latapack-Ball, joint venture entre a brasileira Latapack e a
norte-americana Ball Corporation, está investindo R$ 220
milhões na Bahia. Para a nova planta industrial de Alagoinhas, serão
destinados R$ 180 milhões para a produção de um bilhão de latas,
Primeira refi naria privada
Já está em operação, no Polo Industrial de Camaçari, a
Dax-Oil, primeira refi naria de petróleo privada na Bahia e
a terceira do País. Com investimentos de R$ 20 milhões e
desenvolvida em parceria com a Universidade Federal da
Bahia, a Dax vai gerar, em plena operação, 100 empregos
diretos e processar 2,5 mil barris de petróleo/dia. Desde 2005,
a empresa já produz solventes.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
Ampliação em Itabuna
A gigante de alimentos Nestlé ampliou a sua
fábrica em Itabuna, onde passou a produzir
o achocolatado Nescau pronto para beber. A
empresa investiu R$ 7,8 milhões na ampliação
da unidade para atender à crescente demanda de
consumo nas regiões Norte/Nordeste, aumentando em
20% a captação de leite no Estado – hoje em 40 milhões
de litros de leite por ano. A unidade itabunense ainda
produz o leite em pó Ninho e o composto lácteo Ideal.
EXPANSION IN ITABUNA
Food giant Nestlé has expanded its factory in Itabuna, to
start producing its ready-to-drink Nescau chocolate milk.
The company invested R$ 7.8 million in the expansion of
the unit to meet the increasing demand for consumption in
the North/Northeast regions, increasing milk collection in
the State by 20% – now at 40 million liters of milk a year.
The unit in Itabuna produces also Ninho powdered milk
and Ideal milk mix.
enquanto R$ 40 milhões vão para a
unidade de Simões Filho, aumentando a
produção de 2,4 bilhões para 3,3 bilhões
de tampas.
CANS IN ALAGOINHAS
Worldwide leader in manufacturing
aluminum cans, Latapack-Ball, a joint venture
between Brazilian company Latapack and US
company Ball Corporation, is investing R$ 220 million
in Bahia. For the new industrial plant in Alagoinhas, R$ 180 million
will be allocated for the production of 1 billion cans, while R$ 40
million are intended for the unit in Simões Filho, therefore increasing
production from 2.4 to 3.3 billion.
FIRST PRIVATE REFINERY
Dax-Oil, the fi rst private petroleum refi nery in Bahia and third
in the country has already started operations in the Camaçari
Industrial Pole. With investments of R$ 20 million and developed in
partnership with the Federal University of Bahia, Dax will generate
100 jobs in full operation, to process 2.5 thousand oil barrels a day.
The company has been producing solvents since 2005.

Nova fábrica de cimento
Um dos maiores conglomerados do País, o Grupo Votorantim vai
instalar na Bahia uma de suas oito novas fábricas de cimento. Com
investimentos previstos de R$ 390 milhões, a fábrica terá uma
produção anual de 1,2 milhão de toneladas. Os novos investimentos no País chegam a R$ 2,5
bilhões, e a construção da nova planta industrial resultou de estudos que apontaram a Bahia
como um dos vetores de crescimento do consumo de cimento no Brasil.
NEW CEMENT FACTORY A major conglomerate in the country, Grupo Votorantim will
install in Bahia one of its eight new cement factories. With investments estimated at R$ 390
million, the factory will produce 1.2 million tons a year. The company’s new investments in the
country reach R$ 2.5 billion, and the construction of the new industrial plant was the result of
studies that pointed Bahia as a major vector for growth of cement consumption in Brazil.
O investimento de R$ 100 milhões da
espanhola Gamesa – líder mundial na
produção e instalação de turbinas eólicas, com
fábricas na China, EUA, Índia e Europa – em
uma unidade no Polo de Camaçari, confi rma
o grande boom da energia eólica (gerada
por meio do vento) na Bahia. A fábrica vai
empregar 100 pessoas na produção de hubs e
montagem de nacelles para geradores eólicos.
GOOD WINDS FOR BAHIA The R$ 100 million investment by Spanish
company Gamesa – worldwide leader in the production and installation of wind
turbines, with factories in China, USA, India and Europe – in a unit in the Pole of
Camaçari confi rms the boom of wind energy in Bahia. The plant will employ 100
people in the production of hubs and assembly of nacelles for wind generators.
160 anos se renovando
A
Junta Comercial do
Estado da Bahia – uma
das mais antigas do Brasil
– completou 160 anos em 2010
e continua se modernizando.
Dona do maior banco de dados empresariais da Bahia
e responsável pela abertura, em média, de 40 mil
empresas por ano, a Juceb também terá a missão de
legalizar a pessoa que trabalha por conta própria e
transformá-la em um empreendedor individual,
Bons ventos para a Bahia
Versalhes com jeito baiano
Ampliando
a produção
Uma das maiores indústrias de meias e lingeries da
América Latina e líder nacional na linha de lingeries
sem costura, a TriFil está ampliando a sua fábrica em
Itabuna, aumentando em mais 500 os novos postos de
trabalho. Estão sendo investidos R$ 23 milhões para
incrementar a produção em 20% – para cerca de 10
milhões de dúzias de unidades –, com aproveitamento
de mais de 90% de mão-de-obra da região cacaueira.
EXPANDING PRODUCTION A major Latin American
producer of socks and lingerie and domestic leader in
seamless lingerie, TriFil is expanding its factory in Itabuna,
and generating additional 500 job posts. R$ 23 million are
being invested to expand production by 20% – to about 10
million dozens of units – making use of over 90% of local
Cacao Region labor.
A Saint-Gobain nasceu na França, em 1665, por ordem de Luiz
XIV, para fabricar os espelhos do Palácio de Versalhes. Passados
345 anos, essa gigante do vidro, cerâmica, plástico e abrasivos, presente em 64 países e com
faturamento de mais de 37 bilhões de euros, desembarca na Bahia para produzir, no Polo
Industrial de Camaçari, vidros planos. São investimentos de R$ 350 milhões.
VERSAILLES BAHIA-STYLE Saint-Gobain was born in France, in 1665, by appointment of Louis XIV,
to produce mirrors for the Versailles Palace. After 345 years, that giant of glass, ceramic, plastic and abrasive materials, present in 64 countries with revenues
in excess of 37 billion euros, arrives in Bahia to produce fl at glass panels in the Camaçari Industrial Pole. Investments will reach R$ 350 million.
com direito à cobertura da Previdência Social, crédito
diferenciado, registro no CNPJ e emissão de nota fi scal.
160 YEARS AND RENEWING The Bahia Board
of Trade – one of the oldest in Brazil – turned 160 in
2010 while continuing to modernize. Boasting the largest
database of corporate information in Bahia, and responsible
for opening average 40 thousand companies a year, Juceb
will also bear the mission to legalize individuals that work
on their own to turn them into Individual Entrepreneurs,
eligible to coverage by Social Security, differentiated credit
lines, taxpayer registry number, and issuance of invoices.
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS 65

66
InvestIr na bahIa InvestIng In bahIa
Pode-se dizer que a ligação da
Continental com a Bahia é
como um casamento que não
pode ser desmanchado: é para
sempre. O desejo do nosso grupo é que
através dessa união, a fábrica possa continuar
a crescer e contribuir também
para a construção de uma Bahia melhor,
porque a missão da Continental não é
apenas ser líder na fabricação de pneus
e produtos automotivos, mas também
fomentar o crescimento das atividades
industriais para gerar cada vez mais renda,
empregos e desenvolvimento para a
comunidade.
Tem sido assim desde que começou a
trajetória do Grupo Continental, no ano
de 1871, na cidade de Hannover, na Alemanha,
quando iniciou a fabricação de
artefatos de borracha flexível e pneus maciços
para carruagens e bicicletas. Naquela
época ainda não se podia imaginar,
mas, após 136 anos, a Continental fincou
os pés na Bahia, inaugurando, com a presença
do presidente Lula, a sua primeira
fábrica de pneus no Brasil, localizada no
Polo Industrial de Camaçari.
Dentre os fatores decisivos para a escolha
da Bahia estavam os incentivos concedidos
pelo governo, além de avaliações
positivas em questões como
logística e localização estratégica, por
contar com a proximidade de um porto
para facilitar o recebimento de matériaprima
e o escoamento da produção. Também
a existência de cursos de engenharia
e profissionalizantes no Estado pesou a
favor da escolha.
A unidade de Camaçari é uma das
mais importantes para as operações do
grupo e se utiliza, de forma ampla, da
mão-de-obra local. Os baianos atuam em
todos os níveis da organização, não apenas
na operação e na supervisão, assumindo
também os cargos gerenciais e de
liderança em diversos setores estratégicos
e fundamentais.
Muitos deles, há pouco tempo, não tinham
nenhum tipo de experiência industrial.
Essa barreira foi vencida com o treinamento
aplicado e a filosofia de gestão da
bahia oportunidades - TERRA DE BONS NEgóCIOS
CASAMENTO paRa a eTeRnidade
pEDRO MATOS *
“a continental quer
creScer e contribuir
para a conStrução de
uma bahia melhor”
“continental wishes to grow and
contribute to building a better bahia”
Continental, em apostar nas pessoas
como sendo o maior valor da empresa.
Ainda não foram atingidos os níveis
de produtividade das nossas fábricas
mais maduras e desenvolvidas, porém,
com a união de fatores como a motivação
da equipe e os investimentos que
têm sido feitos em treinamento e qualificação
profissional, vamos atingir, rapidamente,
os níveis de produtividades que
outras fábricas alcançaram ao longo de
muitos anos.
A fábrica da Bahia não é inferior a
nenhuma outra planta da Continental
no mundo. Hoje temos uma equipe jovem,
forte e dinâmica e estamos caminhando
na direção certa para alcançar a
maturidade e os resultados que todos
desejamos.
marriage for eTerniTy
It can be safely stated that the link between
Continental and Bahia is like a
marriage that cannot be ripped apart: it is
forever. It is our group’s wish that through
this union the factory will also be able to
grow and contribute to building a better
Bahia, because it is not Continental’s mission
merely to be a leading tire and motor
vehicle product manufacturer, but to
foster the growth of industrial activity to
© divulgação/continental
generate more and more income, jobs
and development for the community.
It has been thus since Continental
Group’s trajectory started in 1871 in the
German city of Hannover, when it started
manufacturing flexible rubber products
and solid tires for carriages and bicycles.
It could not be imagined at the time, but
after 136 years Continental has gained a
foothold in Brazil with the launch of its first
tire factory in Brazil, in Camaçari Industrial
Pole, in the presence of President Lula.
Amongst the deciding factors for
choosing Bahia were the incentives
granted through the Government, as well
as positive evaluation of matters such as
logistics and strategic location, with the
presence of a port to facilitate reception
of raw material and shipment of production.
The existence of engineering
and vocational courses in the State also
helped tip the scales.
The Camaçari unit is one of the most
important for the group’s operations,
making wide use of local labor. Natives
of Bahia are present at all levels in the
organization, not merely operations and
supervision, taking on management and
leadership positions in different strategic
and key sectors.
Not so long ago, many had no industrial
experience. This barrier was torn
down with Continental’s applied training
and management philosophy, investing in
people as the company’s greatest asset.
The productivity levels of our more
mature and developed factories have
not yet been attained, but by bringing
together factors such as team motivation
and investment in training and professional
qualification, we shall soon reach
the productivity levels achieved by other
factories over long years.
The Bahia factory is second to no other
Continental plant in the world. Today we
have a young, strong and dynamic team,
and we are on the right track to attaining
maturity and the results we all desire.
* pedro matos é diretor-presidente da continental do Brasil
Pedro Matos is the President-Director of Continental in Brazil