8 <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong> Quinta-feira 3 Dezembro 2009 <strong>DE</strong>STAQUE <strong>DE</strong>STAQUE OBRAS PÚBLICAS O porto de Lisboa é o primeiro do país e o segundo ibérico em granéis alimentares, bem como primeiro nacional em contentores. Gestores públicos e privados exigem fusões nos portos Nuno Miguel Silva nuno.silva@economico.pt Portugal é demasiado pequeno paraterumsistemaportuário espartilhado em sete administrações portuárias. Esta foi uma das conclusões principais do debate do painel dedicado à “Importância dos Portos na Economia Nacional”. Quer Natércia Cabral, presidente da APL – Administração do Porto de Lisboa, quer Eduardo Pimentel, administrador da Mota- Engil Ambiente e Serviços foram ontem unânimes ao considerar que o modelo de gestão do sector portuário português está desadequado da dimensão da economia nacional e das tendências da procura do sector a nível internacional. Com a particularidade de representarem as visões privada e públicadegestãodestesector. “Faz sentido termos sete administrações portuárias. Aveiro e Leixões, Lisboa e Setúbal não fazem parte das mesmas regiões portuárias?”, questionou Eduardo Pimentel. O responsável da Mota pelo sector portuário defendeu a necessidade de a actividade “ser vista de uma forma nacional”. “Num país com as nossas dimensões, temos de especializar os portos, inserindo-os numa estratégia nacional e de competitividade internacional. Temos algumas infra-estruturas relativamente desperdiçadas, mas noutras áreas temos faltas”, acrescentou Eduardo Pimentel. Sobre os contentores, o administrador da Mota foi bastante crítico. “Em Portugal, não chegamos a um milhão de TEUS [medida equivalente de contentores] porano.Istoéumterminaldeum grande porto europeu. Nós temos cinco terminais, três em Lisboa, um em Leixões e outro em Sines”. “Precisamos de criar massa crítica que hoje não temos”, concluiu Eduardo Pimentel. A mesma opinião foi proferida por Natércia Cabral, presidente da APL. “Penso que faz sentido uma melhor integração entre o porto de Lisboa e o porto de Setúbal, porque fazem parte da mesma região”, defendeu esta gestora pública. Natércia Cabral acrescentou que, no seu entender, “todo o sistema [portuário] tem de ser re- João Paulo Dias Presidente do porto de Lisboa defende maior integração com Setúbal e um novo modelo de gestão do sector, agora dividido em sete administrações. EVOLUÇÃO DA ACTIVIDA<strong>DE</strong> 64,9 milhões Os principais portos de Portugal - Sines, Setúbal, Lisboa, Leixões e Aveiro movimentaram 64,9 milhões de toneladas em 2008, um número que compara com os 59,2 milhões de toneladas de 2004. OS PORTOS NA ECONOMIA 25,2 milhões A actividade portuária representa 5% do PIB nacional, sendo que Sines contribuiu para as toneladas movimentadas em 2008, com 25,2 milhões, 38,8% do total. pensado”, até porque foi “o próprio mercado que acabou por fazer uma certa integração, com diversos operadores a trabalhar em terminais de diversos portos”. Por isso, a presidente do Porto de Lisboa considera que é imperioso que “a Administração Pública tem de dar mais um passo para acompanhar essa integração”. Com a polémica do contrato de prorrogaçãodaconcessãodoterminaldecontentoresdeAlcântara como pano de fundo, a presidente da APL defendeu a necessidade de desenvolver o potencial deste terminal e sublinhou que “não vamos fazer expansões, mas apenas optimizar espaços”. Sobre as alternativas, Natércia Cabral foi peremptória: “Existem zonas de reserva no estuário do Tejo que podem ser usadas como zonas de expansão, mas é preciso que a sociedade decidaqualéomodelodenegócio que prefere. Pessoalmente, penso que se devem manter essaszonasdereserva,atépara evitar tentações de ocupações de outra natureza, menos benéficas para a economia e mais prejudiciais para o ambiente”. ■ Miguel Sequeira, presidente do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) “A questão da massa crítica é fundamental, assim como ver o sector portuário numa perspectiva de economia global.” Eduardo Pimentel, administrador da Mota-Engil Ambiente e Serviços “Quebrado que seja o contrato com a Liscont, as consequências também estão previstas, mas não acredito que isso vá acontecer.” Francisco Mendes Palma, director de research sectorial do BES “Actividade portuária em Portugal representa 5% do PIB. Só o porto de Roterdão equivale a 10% do Produto Interno Bruto holandês.” Manuel Agria, vice-presidente executivo da ANEOP “O comércio internacional tem crescido mais do que a produção mundial. E o comércio de mercadorias em contentores cresceu mais que o comércio geral.” Natércia Magalhães Cabral, presidente da Administração do Porto de Lisboa “Os sectores do turismo, dos contentores e dos granéis alimentares são os sectores de aposta do porto de Lisboa para o desenvolvimento da região.” Rui Pinto, director de Marketing da PSA Sines “De 2009 a 2015, vamos investir 150 milhões de euros para reforçar a capacidade do terminal de contentores de 400 mil para 1,4 milhões de TEUS.”
PUB