DE 4771 : Plano 48 : 1 : P.gina 1 - Diário Económico
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44 <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong> Quinta-feira 3 Dezembro 2009<br />
<strong>DE</strong>STAQUE2<br />
<strong>DE</strong>STAQUE O FUTURO DAS REFORMAS<br />
Portugueses admitem<br />
que não pensam na reforma<br />
Os portugueses poupam pouco e começam tarde. Mas, quando dois terços dos<br />
agregados familiares vivem com menos de 1.150 euros, poupar é um desafio.<br />
Marta Marques Silva<br />
marta.marquessilva@economico.pt<br />
A maioria dos portugueses<br />
tem consciência de que, com a<br />
chegada da reforma, aumentam<br />
as dificuldades económicas. No<br />
entanto, a maioria admite que<br />
praticamente não pensa sobre a<br />
questão e entrega ao Governo o<br />
ónus de proporcionar às pessoas<br />
um nível de vida adequado depois<br />
da reforma. Estas são apenas<br />
algumas das conclusões retiradas<br />
do “Inquérito sobre opiniões<br />
e atitudes dos portugueses<br />
face à poupança/reforma”, um<br />
estudo realizado pelo ISCTE e<br />
promovido pela Fidelidade<br />
Mundial.<br />
As novas regras de cálculo das<br />
pensões de reforma entrararam<br />
em vigor em Janeiro de 2007. E,<br />
desde então, têm sido muitos os<br />
alertas de entidades públicas e<br />
privadas para a perda de poder<br />
de compra que as novas pensões<br />
irão acarretar. Apesar disso, e da<br />
maioria dos estudos apontarem<br />
para perdas de 25% a 50% do<br />
salário no momento da reforma<br />
(pormeadosde2050),maisde<br />
22% dos entrevistados estimam<br />
que o valor da reforma chegará<br />
aos 80% do último salário, e<br />
quase 13% acreditam mesmo<br />
que irão continuar a receber<br />
100% ou mais. No entanto, os<br />
portugueses demonstram pouca<br />
confiança no sistema de segurança<br />
social, uma vez que apenas<br />
um quarto dos inquiridos<br />
acredita que a segurança social<br />
ainda vai estar a funcionar adequadamente<br />
quando chegar a<br />
altura de se reformar.<br />
Ou seja, os portugueses têm<br />
consciência das dificuldades<br />
económicas que chegam com a<br />
reforma (52,7%) mas preferem<br />
Para a larga maioria<br />
dos portugueses,<br />
oGovernoéo<br />
principal responsável<br />
por lhes proporcionar<br />
um nível de vida<br />
adequado depois<br />
da reforma.<br />
não pensar nisso (<strong>48</strong>,8%). A<br />
maioria dos portugueses não<br />
acredita na sustentabilidade do<br />
sistema de segurança social mas<br />
entrega ao Governo a responsabilidade<br />
pelo seu nível de vida<br />
após a reforma (64,3%). Aliás,<br />
apenas 13,8% dos inquiridos<br />
neste estudo assume como sua a<br />
principal responsabilidade de<br />
garantir um nível de vida adequado<br />
depois de deixar a vida<br />
activa.<br />
Quase metade das poupanças<br />
aplicadas em depósitos de curto-prazo<br />
Apenas 10,3% das pessoas<br />
consultadas neste estudo já<br />
constituiram um <strong>Plano</strong> Poupança<br />
Reforma, e destes mais de<br />
35% iniciaram a sua subscrição<br />
quando tinham entre 40 a 49<br />
anos e 31,5% iniciaram-no<br />
quando tinham entre 30 a 39<br />
anos. Em termos de capitalização<br />
de juros o factor tempo é<br />
fundamental e são vários os estudos<br />
que demonstram bem a<br />
diferençadovaloràdataderesgate<br />
de um PPR iniciado aos 25<br />
ou aos 45 anos anos de idade.<br />
Em termos indicativos, alguém<br />
que subscreva um PPR com 45<br />
anos de idade necessita de fazer<br />
entregas mensais no valor de<br />
cerca de 72 euros para ter o<br />
mesmo valor de capital à data<br />
da reforma de alguém que constituiu<br />
o PPR aos 25 anos com<br />
entregas mensais de 25 euros.<br />
Ora, de acordo com este estudo,<br />
apenas 23,3% da amostra considera<br />
que a idade ideal para começar<br />
a poupar é entre os 20 e<br />
os 29 anos, enquanto 24,8%<br />
aponta para o intervalo 30-39<br />
anos e 20,1% dizem mesmo que<br />
a idade ideal deve ser a partir<br />
dos 40 anos.<br />
Tudo somado, mais de metade<br />
dos inquiridos (54,7%) ainda<br />
não fez nenhuma poupança voluntária<br />
para a reforma, além<br />
dos descontos obrigatórios para<br />
a segurança social. E, entre estes,<br />
as modalidades de poupança<br />
mais utilizadas são as contas de<br />
depósito a curto-prazo (45,7%)<br />
eacontasdedepósitoamédio/longo<br />
prazo (26,7%). Falta<br />
de informação ou falta de dinheiro?<br />
Provavelmente ambas.<br />
Dois terços dos inquiridos com<br />
rendimento mensal líquido inferior<br />
a 1.000 euros<br />
Não é fácil poupar quando,<br />
depois de pagar todas as despesas<br />
fixas, o rendimento disponívelseresumea10%oumenos<br />
do rendimento líquido mensal<br />
(é o caso de 42,9% dos entrevistados).<br />
Ainda mais quando 64%<br />
dos inquiridos tem um salário<br />
líquido mensal inferior a 1.000<br />
euros. O cenário não melhora<br />
quando analisados os agregados<br />
familiares: mais de um terço<br />
(35,2%) tem um rendimento familiar<br />
líquido inferior a 1.150<br />
euros. Daí que, quem poupa, fálo<br />
com menos de 5% do seu<br />
rendimento líquido (29,3%) ou<br />
com valores que se situam entre<br />
os 5% e os 10% do salário líquido<br />
(36,2%).<br />
São uma minoria aqueles que<br />
consideram que o rendimento<br />
familiar lhes permite viver confortavelmente<br />
(15,4%) e, em<br />
contrapartida, uma maioria os<br />
que apenas conseguiriam poupar<br />
todos os meses para a reforma<br />
caso abdicassem de aspectos<br />
importantes para a sua felicidade<br />
actual (62,4%). Sacrificar o<br />
presente em função do futuro?<br />
Apenas 22,9% dizem estar dispostos<br />
a tal esforço. ■<br />
QUANDO A ESTRATÉGIA É ES<br />
Especial<br />
Poupança<br />
e<br />
Reforma<br />
Todos os dias desta semana,<br />
no <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong>.<br />
Infografia: Mário Malhão | mario.malhao@economico.pt