DE 4771 : Plano 48 : 1 : P.gina 1 - Diário Económico
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4 <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong> Quinta-feira 3 Dezembro 2009<br />
<strong>DE</strong>STAQUE<br />
<strong>DE</strong>STAQUE OBRAS PÚBLICAS<br />
Ministro acredita que<br />
Tribunal de Contas vai<br />
voltar atrás nos chumbos<br />
António Mendonça esteve ontem no Parlamento para falar da recusa de visto<br />
por parte do Tribunal de Contas a cinco concessões rodoviárias.<br />
Hermínia Saraiva<br />
herminia.saraiva@economico.pt<br />
O ministro das Obras Públicas<br />
está convencido que a razão está<br />
do seu lado e do lado das Estradas<br />
de Portugal. E acredita que os argumentos<br />
que apresentou nos<br />
recursos entregues no Tribunal<br />
de Contas são suficientes para fazer<br />
com que a instituição liderada<br />
por Guilherme d’Oliveira<br />
Martins reverta o chumbo de<br />
visto prévio a cinco concessões<br />
rodoviárias.<br />
Reafirmando que respeita as<br />
decisões do Tribunal de Contas,<br />
António Mendonça disse ontem<br />
aos deputados da Comissão de<br />
Obras Públicas estar convicto<br />
que o Governo tem “argumentos<br />
valiosos, argumentos poderosos,<br />
que podem levar o Tribunal de<br />
Contas a reconsiderar a sua posição”<br />
de recusa de visto prévio às<br />
concessões da Auto-estrada<br />
Transmontana, Douro Interior,<br />
Algarve Litoral, Litoral Oeste e<br />
Baixo Alentejo. Argumentos que<br />
levam o ministro a acreditar que<br />
será encontrada uma solução,<br />
pelo que diz estarem reunidas<br />
“todas as condições para que as<br />
obras continuem”.<br />
António Mendonça, que ontem<br />
se estreou perante uma comissão<br />
parlamentar, revela dispor<br />
de “pareceres de juristas reputados<br />
que sustentam os recursos<br />
apresentados no TC” e<br />
garante que nos contratos de<br />
concessões agora chumbados<br />
“houve um acautelamento do<br />
interesse público”. Para o ministro<br />
das Obras Públicas, o aumento<br />
do Valor Actualizado Líquido<br />
(VAL) do esforço financeiro<br />
da Estradas de Portugal<br />
nas concessões rodoviárias –<br />
uma das razões invocadas pelo<br />
TC para recusar o visto prévio –<br />
não é um “argumento suficientemente<br />
forte”, quando equiparado<br />
à importância destes projectos.<br />
Relativamente a esta<br />
matéria, Paulo Campos, secretário<br />
de Estado Adjunto das<br />
Obras Públicas garantiu aos deputados<br />
que “não restam dúvidas<br />
que as propostas adjudicadas<br />
foram as mais baixas apresentadas<br />
a concurso na segunda<br />
fase”. A tutela justifica o aumento<br />
destes valores face à primeira<br />
fase devido à crise mun-<br />
PALAVRA-CHAVE<br />
✽<br />
António Mendonça<br />
diz que a tutela<br />
dispõe<br />
de “pareceres de<br />
juristas reputados<br />
que sustentam<br />
os recursos<br />
apresentados<br />
no Tribunal<br />
de Contas”.<br />
De acordo com<br />
Paulo Campos, os<br />
futuros concursos<br />
para as Parcerias<br />
Público-Privadas<br />
irão acautelar a<br />
figura de<br />
comparador<br />
público exigido pelo<br />
Tribunal de Contas.<br />
Comparador público<br />
A figura do comparador público,<br />
agora exigida pelo Tribunal de<br />
Contas nos contratos de<br />
concessão rodoviária, é na<br />
prática, um estudo económico<br />
financeiro que visa comparar o<br />
regime de Parceria Público<br />
Privada com outros mecanismos<br />
públicos e/ou privados de<br />
financiamento de obras públicas.<br />
dial que levou ao agravamento<br />
das condições de financiamento<br />
das concessionárias. À semelhança<br />
do que já tinha dito durante<br />
a manhã, à margem da<br />
conferência “Parcerias Público<br />
Privadas, Concessões e Portos”,<br />
organizada pelo <strong>Diário</strong><br />
<strong>Económico</strong>, Paulo Campos<br />
lembrou que nos dois primeiros<br />
concursos a não terem visto<br />
prévio, a primeira fase foi em<br />
Marçode2008easegundaem<br />
Outubro desse ano, data em<br />
que as condições económicas se<br />
começaram a degradar.<br />
De acordo com António Mendonça,<br />
os concursos de concessão<br />
só foram lançados depois de<br />
estarem completos estudos prévios<br />
de viabilidade económica e<br />
análises de custo-benefício, os<br />
quais apontam para um saldo<br />
positivo de sete mil milhões de<br />
euros. Paralelamente, defende o<br />
ministro das Obras Públicas, as<br />
novas concessões irão criar cerca<br />
de 72 mil novos postos de trabalho<br />
(entre directos, indirectos<br />
e induzidos), em 2011. “Hipóteses<br />
de partida” que António<br />
Mendonça considera “conservadoras”.<br />
Fazendo uso da sua condição<br />
de economista, o ministro das<br />
Obras Públicas afirmou estar<br />
“plenamente convencido que<br />
estes projectos são fundamentais<br />
para que se passe a um patamar<br />
superior de desenvolvimento do<br />
país” e garante estar disponível<br />
para trabalhar no sentido de “levantar<br />
os constrangimentos” à<br />
continuação das obras “em sintonia<br />
com as exigências do Tribunal<br />
de Contas”.<br />
Apesar de acreditar na<br />
“bondade dos projectos” e na<br />
forma como todos os processos<br />
foram conduzidos, a tutela dizse<br />
disponível para rever as suas<br />
posições para o futuro. Paulo<br />
Campos garantiu aos deputados<br />
que as futuras concessões<br />
vãojáincluirafiguradecomparador<br />
público. “Nenhuma<br />
nova concessão será lançada<br />
sem comparador público”, garantiu<br />
o secretário de Estado,<br />
depois de ter afirmado perante<br />
a comissão de Obras Públicas<br />
que “há 15 concessões rodoviárias<br />
contratualizadas neste país<br />
e em nenhuma delas foi exigido<br />
o comparador público. ■<br />
ASSUNTOS NA COMISSÃO<br />
1<br />
Sete milhões<br />
de saldo positivo<br />
António Mendonça, ministro das<br />
Obras Públicas, Transportes e<br />
Comunicações, garante que as<br />
novas concessões foram alvo de<br />
“estudos extremamente<br />
complexos” antes de serem<br />
lançadas e que os mesmos<br />
resultaram num “saldo positivo de<br />
sete mil milhões de euros para as<br />
seis concessões rodoviárias”.<br />
2<br />
Concessões criam<br />
72 mil empregos<br />
Os estudos de custo e benefício<br />
realizados pela Estradas de<br />
Portugal para as novas seis novas<br />
concessões apontam para a<br />
criação de 72 mil empregos, entre<br />
directos, indirectos e induzidos.<br />
António Mendonça, que diz que o<br />
auge da criação de empregos<br />
será em 2011, quando as obras<br />
alcançarem o pico e acredita que<br />
estes números pecam por defeito.<br />
3<br />
PSD exige demissão<br />
do presidente da EP<br />
O PSD defendeu ontem que a<br />
recusa de visto do Tribunal de<br />
Contas deve ter consequências,<br />
exigindo a demissão do<br />
responsável político ou do<br />
presidente da Estradas de<br />
Portugal, Almerindo Marques.<br />
À saída da comissão, António<br />
Mendonça disse “que não é<br />
legítimo tirar ilações dessa<br />
natureza”. Paulo Campos,<br />
secretário de Estado Adjunto<br />
das Obras Públicas, é o único<br />
responsável político a manter-se<br />
em funções.<br />
AS CONCESSÕES<br />
SOB A MIRA<br />
DO TRIBUNAL<br />
<strong>DE</strong> CONTAS