DE 4771 : Plano 48 : 1 : P.gina 1 - Diário Económico
DE 4771 : Plano 48 : 1 : P.gina 1 - Diário Económico
DE 4771 : Plano 48 : 1 : P.gina 1 - Diário Económico
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
2 <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong> Quinta-feira 3 Dezembro 2009<br />
A NÃO PER<strong>DE</strong>R<br />
03.11.09<br />
Gestores públicos<br />
e privados apoiam<br />
concentração dos portos<br />
Portugal é demasiado pequeno para ter<br />
um sistema portuário espartilhado em sete<br />
administrações portuárias. Esta foi uma<br />
das conclusões principais do debate<br />
“Importância dos Portos na Economia<br />
nacional”. ➥ <strong>DE</strong>STAQUE - P8<br />
Ministro da Economia<br />
insiste na tese<br />
de espionagem política<br />
O ministro da Economia Vieira da Silva<br />
quis ontem esclarecer que quando se<br />
referia a “espionagem política”, estava a<br />
classificar “a violação da lei e do segredo<br />
de Justiça” no âmbito do processo Face<br />
Oculta. ➥ POLÍTICA - P17<br />
Governo estuda novo<br />
concurso para energia<br />
eólica<br />
O Governo está a equacionar o<br />
lançamento de um novo concurso eólico<br />
que, no cenário mais optimista, poderá<br />
atingir 3 mil megawatts, representando um<br />
investimento potencial na ordem dos 4,2<br />
mil milhões de euros. ➥ EMPRESAS - P20<br />
Governo não encontra<br />
privados interessados<br />
em assumir Aerosoles<br />
A situação na Investvar, empresa que<br />
utiliza a marca Aerosoles, está complicada.<br />
A empresa continua sem dinheiro para<br />
pagar salários, sem presidente e sem plano<br />
de reestruturação aprovado.<br />
➥ EMPRESAS - P24<br />
Ministros da União<br />
Europeia diluem poderes<br />
da regulação europeia<br />
Numa decisão chave para a credibilidade<br />
da resposta europeia à crise financeira, a<br />
‘city’ de Londres obteve ontem uma<br />
importante vitória em Bruxelas. As<br />
posições de força do Reino Unido<br />
prevaleceram. ➥ FINANÇAS - P30<br />
SOCIEDA<strong>DE</strong> ABERTA<br />
António Gomes Mota<br />
Professor na ISCTE Business School<br />
Copo de vinho<br />
Sou, como também certamente muitos dos leitores,<br />
apreciador de um bom vinho. Gosto de ir regularmente a<br />
garrafeiras, mantendo viva uma pequena colecção em<br />
casa e por isso tenho um razoável conhecimento dos<br />
preços de muitos dos nossos vinhos.<br />
Consigo, por isso, identificar com alguma facilidade<br />
os multiplicadores, que com frequência atingem os 3 e<br />
mesmo 4, utilizados pela maioria dos restaurantes na<br />
fixação de preços das suas cartas de vinhos. O que coloca<br />
um dilema recorrente quando se vai a um restaurante<br />
em que, desfrutando-se do melhor que a cozinha<br />
tem para oferecer, se coloca travão a fundo na escolha<br />
do vinho que acompanhará a refeição, ficando-se<br />
muitas vezes restringidos meia dúzia de opções numa<br />
carta bem maior, para não colocar a conta final num<br />
número estratosférico.<br />
Racionalmente, o restaurante apenas deveria incorporar<br />
no preço final o serviço, nem sempre de qualidade, e o<br />
custo do ‘stock’, factores que na grande maioria dos casos<br />
conduziria a um preço de carta bem mais sensato.<br />
Em matéria de vinho, a restauração não cria verdadeiramente<br />
nada, apenas se limitando e quando o faz bem,<br />
a conservá-lo adequadamente, a aconselhá-lo com<br />
propósito e a servi-lo de modo conveniente. Mas infelizmente,<br />
mesmo que queiramos procurar e desfrutar<br />
da melhor comida na qual e justamente se paga a criatividade,<br />
mestria e dimensão singular de cada chefe,<br />
temos dificuldade em manter o mesmo nível no vinho<br />
que escolhemos para acompanhar a refeição.<br />
Tem-se registado nas últimas duas<br />
décadas uma extraordinária evolução<br />
na qualidade do vinho em Portugal.<br />
Mais recentemente, um cada vez maior número de<br />
restaurantes passaram a servir vinhos a copo, solução<br />
adequada quando se quer acompanhar a refeição com<br />
mais de um vinho, ajustando-o melhor à ementa ou<br />
quando se quer acompanhar uma refeição ligeira ou<br />
ainda quando alguém não bebe e uma garrafa é<br />
demais. No entanto esta solução, paradoxalmente,<br />
aumenta frequentemente os multiplicadores, bastará<br />
ver com atenção o preço do copo e da garrafa num<br />
mesmo restaurante.<br />
E num momento em que se têm registado nas últimas<br />
duas décadas uma extraordinária evolução na qualidade<br />
do vinho em Portugal, tanto na gama média como alta<br />
(menos na gama mais baixa), com o aparecimento de<br />
uma nova geração de produtores e enólogos criando<br />
vinhos que ombreiam sem dificuldade com o que de<br />
melhor se faz por esse mundo (menos na respectiva<br />
promoção), cria-se esta barreira irracional, que nos faz<br />
irmos a restaurantes para comermos o que não comemos<br />
em casa e ficar em casa para podermos beber o que não<br />
conseguimos beber num restaurante.<br />
A prazo todos perderemos, com excepção das<br />
cervejeiras, não se potenciando mais um sector que tem<br />
sido capaz de evoluir com sucesso na cadeia de valor. ■<br />
AFRASE<br />
“Não desistirei enquanto não<br />
ficar completamente provada<br />
a minha inocência.”<br />
—Armando vara, arguido no caso Face Oculta<br />
Foi desta forma que o ex-ministro de António Guterres e<br />
vice-presidente do Millennium bcp se referiu à decisão do<br />
Juiz de Aveiro que impôs uma caução de 25 mil euros e<br />
proibio o contacto com cinco arguidos. ➥ POLÍTICA - P16<br />
Rita Marques Guedes<br />
Jurista<br />
Fogo de artifício<br />
Muito fogo de artifício, muitos chefes de Estado, muita<br />
organização, muitas imagens, muitos repórteres, muitos<br />
carros, muitos seguranças, muito aparato, muita música,<br />
muita qualidade, muito brilho, muito dinheiro, muitos<br />
sorrisos. Muitos dias preenchidos por uma Cimeira<br />
sobre a qual não conseguimos alcançar quais os efeitos<br />
que se perpetuam para lá de uma sempre recorrente foto<br />
de família que pontifica nestas ocasiões, dando a ideia<br />
de uma cumplicidade entre delegações e uma unidade<br />
de propósitos entre os vários Estados que a realidade<br />
logo no minuto seguinte se encarrega de desmentir.<br />
Também serviu de foguetório a entrada em vigor do<br />
Tratado de Lisboa, algo que ainda não se percebeu bem<br />
se é ou não susceptível de intensificar a integração dos<br />
povos europeus e, o que é mais importante, se servirá<br />
de catalizador para uma efectiva adesão e contributo<br />
das diversas cidadanias para uma organização que<br />
cada vez mais aparenta ser o resultado de compromissos<br />
invariavelmente alcançados sob a alçada do<br />
mínimo denominador comum.<br />
Avidaéfeitadecontrastes,semdúvidaquesim,e<br />
enquanto este fim-de-semana nos vimos transportados<br />
enquanto país para o topo do mundo, a verdade é<br />
que os números que ditam a nossa realidade diária<br />
nos empurram para a irrelevância enquanto nação<br />
europeia e para os lugares mais baixos das tabelas de<br />
crescimento e desenvolvimento económico.<br />
O desemprego aumenta mas não<br />
há problema. O que importa, o que<br />
verdadeiramente importa, é tratar<br />
por tu uns quantos chefes de Estado.<br />
Estamos outra vez com o ‘deficit’ a um nível<br />
verdadeiramente incomportável, com o Estado a<br />
demonstrar ser um gastador compulsivo, sendo que<br />
depois de tantos anos a bater na mesma tecla não se<br />
nos afigura existir remédio apropriado que não seja o<br />
de rapidamente repensar as funções do Estado, deixando<br />
intocáveis aquelas que são de soberania e partilhando<br />
ou atribuindo ao sector privado aquelas que ali<br />
melhor podem ser executadas a benefício do cidadão.<br />
Odesempregonãoéumnúmero,éumaassustadora<br />
realidade que todos os dias cresce engrossando a fila<br />
dos necessitados que, sem a que se agarrarem, tenderão<br />
a acabar a engrossar as estatísticas dos novos<br />
pobres, dos mar<strong>gina</strong>is e dos excluídos.<br />
Estamos com o desemprego a aumentar e sem<br />
massa financeira para acorrer às situações, seja para<br />
dinamizar a economia, seja para promover ajuda social<br />
a quem dela mais necessita.<br />
Mas não há problema. O que importa, o que verdadeira<br />
mente importa, é tratar por tu uns quantos<br />
chefes de Estado, fazer cerimónias com a pompa e a<br />
circunstância apropriada ao momento como se fossemos<br />
um país rico, varrer o lixo para debaixo do tapete e<br />
remeter todos os gastos para a conta de fiado porque<br />
algum dia alguém terá que a pagar. ■<br />
O NÚMERO<br />
7 mil milhões<br />
Falando sobre os estudos<br />
realizados pela tutela e pelas<br />
Estradas de Portugal, António<br />
Mendonça ministro das Obras<br />
Públicas disse aos deputados que<br />
o saldo entre os custos e os<br />
benefícios das seis concessões<br />
chumbadas pelo Tribunal de<br />
Contas, é positivo em 7 mil<br />
milhões de euros.