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DE 4771 : Plano 48 : 1 : P.gina 1 - Diário Económico

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Paulo Alexandre Coelho (Arquivo)<br />

12 <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong> Quinta-feira 3 Dezembro 2009<br />

ECONOMIA<br />

Omissões reforçam<br />

dúvidas dos partidos<br />

sobre o rectificativo<br />

Partidos ainda não decidiram sentido de voto sobre o Orçamento<br />

Rectificativo. Teixeira dos Santos pressiona aprovação.<br />

Luís Reis Pires<br />

e Margarida Peixoto<br />

luis.pires@economico.pt<br />

A falta de respostas do ministro<br />

das Finanças, Teixeira dos Santos,<br />

às dúvidas dos deputados da oposição<br />

sobre o orçamento rectificativo<br />

vem reforçar a incerteza sobre<br />

a aprovação do documento.<br />

Ontem, durante a reunião da comissão<br />

de orçamento e finanças,<br />

o ministro evitou várias das questões<br />

apresentadas pela oposição,<br />

masaumentouapressãoparaa<br />

viabilização do documento, lembrando<br />

à oposição que precisa de<br />

mais verbas para pagar despesas<br />

já assumidas.<br />

No final da reunião, os deputados<br />

foram unânimes nas críticas<br />

à falta de justificações sobre<br />

um documento cuja discussão e<br />

votaçãonoplenárioestámarcada<br />

para daqui a pouco mais de uma<br />

semana, no dia 11 de Dezembro.<br />

Uma das questões em que a oposição<br />

mais insistiu foi o porquê de<br />

o Governo pedir um acréscimo<br />

na dotação provisional de 310<br />

milhões de euros e o que tinha<br />

acontecido aos cerca de 600 milhões<br />

na dotação provisional inscrita<br />

no Orçamento de Estado.<br />

Depois de muita insistência,<br />

Teixeira dos Santos explicou que<br />

o Executivo tem “sinais, que se<br />

poderão concretizar ou não, de<br />

que poderão vir a ser necessárias<br />

verbas adicionais” para determinados<br />

encargos que ainda “não<br />

são certos e determinados”, em<br />

“situações de reserva, situações<br />

de saúde, por causa da Gripe A”.<br />

E também para os “serviços integrados<br />

da Caixa Geral de Aposentação”,<br />

porque “foi o primeiro<br />

ano do seu funcionamento e<br />

poderão vir a manifestar insuficiência<br />

de verbas”.<br />

Os deputados esperavam<br />

também mais explicações sobre a<br />

situação das contas públicas e o<br />

cenário macroeconómico.O relatóriodoOrçamentonãocontempla,<br />

por exemplo, as previsões<br />

do Governo para a dívida<br />

pública-aprevisãomaisrecente,<br />

da Comissão Europeia, aponta<br />

para 77,4% do PIB - nem dá um<br />

valor exacto para o do défice.<br />

Sabe-se apenas que andará perto<br />

do previsto por Bruxelas: cerca<br />

de 8% do PIB. Miguel Frasquilho,<br />

do PSD, um dos que mais contestou<br />

o silêncio de Teixeira dos<br />

Santos, disse ao <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong><br />

que o maior partido da oposição<br />

está “extremamente desapontado”<br />

com a falta de “estimativas<br />

para o valor do défice orçamentaleodéficedossubsectores”edeprevisõesparao“PIB,<br />

desemprego ou qualquer indicador<br />

macroeconómico”. Frasquilho<br />

considera que Teixeira dos<br />

Santos “não quis informar” os<br />

deputados. “ É inadmissível e<br />

uma falta de respeito para com os<br />

deputados. Até porque não acredito<br />

que a um mês do final do ano<br />

o Governo não saiba qual é o valor<br />

do défice orçamental”, frisou,<br />

antes de acrescentar que “para [o<br />

PSD] decidir o sentido de voto<br />

[sobre a aprovação do documento],<br />

será preciso esperar pelo debate<br />

de dia 11 e pela votação”.<br />

Uma das questões em<br />

que a oposição mais<br />

insistiu foi o porquê de<br />

o Governo pedir um<br />

reforço de dotação<br />

provisional de 310<br />

milhões de euros.<br />

Ficou também por saber como<br />

tenciona o Governo levar a cabo a<br />

consolidação orçamental dentro<br />

da meta prevista - Bruxelas impôs<br />

a Portugal que o défice recue para<br />

valores abaixo dos 3% em 2013,<br />

prazo que foi ontem formalizado<br />

no Ecofin (ver pá<strong>gina</strong> 31)-, uma<br />

questão levantada por Honório<br />

Novo. O deputado comunista disse<br />

ao <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong> que a CDU<br />

está “a ponderar” se apresenta ou<br />

não “propostas de alteração” ao<br />

Orçamento Rectificativo, que poderão<br />

ser entregues até dia 9 de<br />

Dezembro. “Quando ao sentido<br />

de voto [da CDU sobre a aprovação<br />

do Orçamento Rectificativo]”,<br />

acrescentou que o partido comunista<br />

ainda não tomou uma decisão,<br />

porque para isso acontecer<br />

“seria preciso que o ministro das<br />

Finanças tivesse dado mais informações<br />

aos deputados”.<br />

Enquanto a oposição não se<br />

decide, o Governo vai fazendo<br />

pressão. Teixeira dos Santos disse<br />

que caso a Assembleia não aprove<br />

o rectificativo, está a dizer ao país<br />

que não permitiu ao Estado “obter<br />

os fundos necessários para<br />

colmatar esta quebra da receita”,<br />

que consta no documento, estimada<br />

em 4,9 mil milhões. “A Assembleia,<br />

em vez de ser parte da<br />

solução, passou a fazer parte do<br />

problema das contas públicas,<br />

com as medidas que reprovou na<br />

sexta-feira”, acusou o ministro,<br />

referindo-se ao adiamento do<br />

Código Contributivo e à extinção<br />

do Pagamento Especial por Conta<br />

que, juntos, vão custar ao Estado<br />

cerca de 380 milhões de euros.<br />

Na altura, o ministro dos Assuntos<br />

Parlamentares, Jorge Lacão,<br />

afirmou ainda que se todas as<br />

propostas da oposição fossem<br />

aprovadas (incluindo alterações<br />

às pensões ou ao subsídio de desemprego),<br />

seria criado um desequilíbrio<br />

orçamental de 2,3 mil<br />

milhões de euros.<br />

Ao mesmo tempo que o Governo<br />

pede verbas para pagar<br />

despesas já assumidas, a indústria<br />

farmacêutica e as construtores<br />

pedem mais apoio (ver texto<br />

ao lado). ■<br />

Preços à saída das fábricas recuam 6,7%<br />

Os preços na produção industrial caíram em Outubro pelo décimo mês<br />

consecutivo, recuando 6,7% face a igual mês do ano anterior, de acordo<br />

com dados do Eurostat. Portugal acompanhou a tendência com uma<br />

quebra homóloga de 4,2% dos preços à saída das fábricas. Na União<br />

Europeia no seu conjunto (UE-27), os preços na produção recuaram 5,8%,<br />

indica o departamento de estatísticas europeus. Este recuo marca um<br />

abrandamento da tendência de queda dos preços.<br />

“<br />

O TEMA: TIMING DO ORÇAMENTO<br />

Ter avançado com o rectificativo<br />

em Maio/Junho seria manifestamente<br />

insuficiente para cobrir a quebra<br />

da receita que acaba por se constatar<br />

este ano. Era prematuro. Se eu tivesse<br />

avançado com um Orçamento<br />

RectificativoemMaioouJunhodesteano,<br />

estaríamos agora a discutir uma terceira<br />

proposta de alteração ao Orçamento”.<br />

A EXPLICAÇÃO: Foi com esta frase que o ministro das<br />

Finanças recusou a ideia do Orçamento Rectificativo ter sido<br />

apresentado tardiamente, por questões de ‘timming’ político.<br />

O ministro lembrou que a previsão de Maio para a quebra na<br />

receita ficou aquém do que acabou por se verificar.<br />

O TEMA: O DÉFICE<br />

“Orçamento Rectificativo mostra<br />

claramente a situação do subsector<br />

Estado. O défice das Administrações<br />

Públicas não estará abaixo dos 8%”.<br />

A EXPLICAÇÃO: Depois de dizer apenas que o défice<br />

andará em torno dos 8%, sem explicar se um pouco acima<br />

ou um pouco abaixo, Teixeira dos Santos concretizou<br />

ontem um pouco mais. Pode ficar perto dos 8%, mas ficará<br />

sempre acima desse valor.<br />

O TEMA: A CONSOLIDAÇÃO<br />

“A correcção orçamental proposta pelo<br />

Governo significa que o agravamento<br />

das contas públicas chegou ao fim.”<br />

A EXPLICAÇÃO: Foi mais uma forma do ministro responder<br />

às críticas de que a proposta de correcção orçamental<br />

chega tarde. Teixeira dos Santos disse que era<br />

muito difícil prever no início do ano qual seria a deterioração<br />

das contas públicas e que não fazia sentido apresentar<br />

o documento antes.

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