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CORNELIA FUNKE Ilustrações - CloudMe

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mas não dava para ver muito delas. Estavam cobertas por fotos<br />

com molduras douradas, fotos de casas e de pessoas. Elas se<br />

apinhavam na parede como uma multidão numa praça muito<br />

pequena. No meio delas, numa moldura dourada como as<br />

outras, mas muito maior, havia um retrato de Capricórnio.<br />

Quem quer que o tivesse pintado era tão talentoso quanto o<br />

autor da estátua de Capricórnio na igreja. No retrato, o rosto de<br />

Capricórnio era mais redondo e mais suave do que na realidade,<br />

e sua boca estranhamente feminina parecia uma fruta exótica<br />

sob o nariz, que saíra um pouco largo e curto demais. Só os<br />

olhos haviam sido bem retratados. Inexpressivos como na vida<br />

real, eles olhavam de cima para Meggie, como os olhos de um<br />

homem que observa um sapo que pretende dissecar para ver<br />

como é feito por dentro. Nenhum rosto, isso ela aprendera na<br />

aldeia de Capricórnio, é mais assustador do que um rosto sem<br />

compaixão.<br />

A gralha causava uma impressão estranha, empertigada<br />

numa poltrona de orelhas de veludo verde, bem embaixo do<br />

retrato do filho. Estava sentada como se não estivesse<br />

habituada a isso, como uma mulher que sempre tinha algo para<br />

fazer e preenchia a calma com desconforto. Mas talvez seu<br />

corpo a forçasse algumas vezes a descansar naquela poltrona de<br />

mau gosto, que parecia grande demais para ela. Meggie viu que<br />

as pernas da velha mulher estavam inchadas. Disformes, elas se<br />

abaulavam dos pés até os joelhos pontudos. Quando notou o<br />

olhar de Meggie, a gralha cobriu os joelhos com a barra da saia.<br />

— Você disse a ela por que pedi que a trouxesse aqui?<br />

Ela teve que fazer um esforço para se levantar. Meggie<br />

viu como ela apoiou a mão numa mesinha e apertou os lábios.<br />

Basta parecia apreciar essa fraqueza; um sorriso se esboçou em<br />

seus lábios, até que a gralha apagou seu contentamento com um<br />

olhar gélido. Impaciente, ela chamou Meggie com um gesto.<br />

Como a menina não se pôs em movimento imediatamente,<br />

Basta deu um empurrão nas costas dela.<br />

— Venha, quero lhe mostrar uma coisa.

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