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CORNELIA FUNKE Ilustrações - CloudMe

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era fácil fazê-lo sentir medo somente com algumas palavras.<br />

— Você ainda se lembra de como eles fazem as vítimas<br />

deles? — Dedo Empoeirado prosseguiu em voz baixa. — Eles<br />

sussurram o nome delas: “Bastaaa!”. Aí elas começam a sentir<br />

frio, e depois...<br />

— Logo é o seu nome que eles vão sussurrar, Dedo<br />

Podre! — Basta o interrompeu com a voz trêmula. — Somente<br />

o seu.<br />

Ele subiu os degraus apressadamente, como se os<br />

fantasmas já estivessem atrás dele.<br />

O eco de seus passos cessou, e Dedo Empoeirado estava<br />

só. Com o silêncio, com a morte e com Resa. Ao que tudo<br />

indicava, eles eram os únicos prisioneiros. As vezes,<br />

Capricórnio mandava prender algum pobre-diabo na cripta<br />

para assustá-lo, mas a maior parte dos que iam parar ali e<br />

escreviam seus nomes nos sarcófagos desapareciam em alguma<br />

noite escura, e ninguém jamais voltava a vê-los.<br />

Sua despedida deste mundo seria um pouco mais<br />

espetacular.<br />

“Minha última exibição, por assim dizer”, pensou Dedo<br />

Empoeirado. “Talvez na hora eu perceba que tudo isso foi<br />

apenas um sonho ruim, e que eu só precisei morrer para voltar<br />

para casa.” Era uma idéia agradável. Se pelo menos ele<br />

conseguisse acreditar nela.<br />

Resa sentara-se no sarcófago. Era uma lápide de pedra<br />

lisa. O tampo estava rachado, e o nome que estivera ali durante<br />

algum tempo não era mais legível. A proximidade da morte não<br />

parecia amedrontar Resa.<br />

Para Dedo Empoeirado era diferente. Ele não tinha<br />

medo de fantasmas e assombrações como Basta. Se aparecesse<br />

algum, ele o cumprimentaria educadamente. Não. Ele tinha<br />

medo da morte. Acreditava poder ouvi-la respirar ali embaixo,<br />

tão profundamente que não sobrava mais ar para ele próprio.<br />

Em seu peito, ele sentia como se estivesse sentado em cima de<br />

um animal monstruoso. Talvez lá em cima na rede não estivesse

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