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CORNELIA FUNKE Ilustrações - CloudMe

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falava de alguém de carne e osso, que estava na sua frente e não<br />

mais num mundo feito somente de palavras, entre duas capas<br />

de papelão. — É claro que ele tem um outro nome, mas nem<br />

ele mesmo se lembra mais qual é. Ele se faz chamar de<br />

Capricórnio desde que tem quinze anos, por causa do signo do<br />

zodíaco sob o qual nasceu. Capricórnio, o inacessível, o<br />

insondável, que gosta de se fazer de deus ou de diabo,<br />

conforme as circunstâncias. Mas o diabo tem mãe? — Pela<br />

primeira vez, Fenoglio olhou nos olhos de Capricórnio. —<br />

Você tem.<br />

Meggie olhou para a gralha. Ela andara até a escada, com<br />

as mãos nodosas fechadas, mas Fenoglio falava baixo.<br />

— Você gosta de espalhar que ela provém de uma casa<br />

nobre — ele prosseguiu. — Sim, às vezes você até gosta de<br />

contar que ela era filha de um rei. O seu pai, conforme você<br />

afirma, era um escudeiro na corte do pai dela. De fato é uma<br />

bela história. Posso lhe contar a minha versão?<br />

Pela primeira vez, Meggie viu no rosto de Capricórnio<br />

algo que podia ser medo, um medo sem nome, sem começo<br />

nem fim. E atrás dele, como uma gigantesca sombra negra,<br />

erguia-se o ódio. Meggie tinha certeza: Capricórnio teria<br />

matado Fenoglio naquele instante, mas o medo atava as mãos<br />

de seu ódio e o tornava ainda maior.<br />

Fenoglio também via isso?<br />

— Sim, conte, conte a sua história. Por que não? — Os<br />

olhos de Capricórnio estavam vidrados como os de uma<br />

serpente.<br />

Fenoglio deu um sorriso maroto como o de seu neto.<br />

— Bem, vamos continuar. A história do escudeiro<br />

naturalmente é mentira.<br />

Meggie seguia tendo a impressão de que o velho homem<br />

se divertia magnificamente. Ele se comportava como se<br />

estivesse brincando com um gatinho. Como ele podia conhecer<br />

tão mal a criatura que havia criado?<br />

— O pai de Capricórnio era um simples ferreiro —

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