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CORNELIA FUNKE Ilustrações - CloudMe

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do gato sem dono para o qual Meggie colocava uma tigela de<br />

leite na frente da casa de vez em quando. A barba por fazer era<br />

rala como a primeira barba de um rapaz, e incapaz de esconder<br />

as cicatrizes, três longas e pálidas cicatrizes. Elas marcavam de<br />

tal forma o rosto de Dedo Empoeirado que parecia que algum<br />

dia ele se partira em pedaços e depois fora rejuntado<br />

novamente.<br />

— Doze anos — ele repetiu. — É claro. Naquela época<br />

ela tinha... três, não é mesmo?<br />

Mo confirmou com a cabeça.<br />

— Venha, vou lhe dar uma roupa seca. — Ele levou o<br />

visitante consigo, impaciente, como se de repente tivesse pressa<br />

em escondê-lo de Meggie. E disse para ela, por cima dos<br />

ombros: — E você vá dormir, Meggie.<br />

Então, sem mais uma palavra, Mo fechou a porta da<br />

oficina atrás de si.<br />

Meggie ficou ali esfregando os pés frios um no outro.<br />

“Vá dormir, Meggie.” Às vezes, quando já era muito tarde, Mo<br />

a jogava na cama como um saco de farinha. Outras vezes,<br />

depois do jantar, ele corria atrás dela pela casa até que, já sem<br />

fôlego de tanto rir, ela se refugiava em seu quarto. E algumas<br />

vezes ele estava tão cansado que se esticava no sofá, e ela lhe<br />

fazia um café antes de irem dormir. Mas nunca, nunca, ele a<br />

mandara para a cama daquele jeito.<br />

Um pressentimento impregnado de medo espalhou-se<br />

em seu coração: o de que, com aquele desconhecido, cujo nome<br />

soava estranho e mesmo assim familiar, algo ameaçador tivesse<br />

invadido sua vida. E Meggie desejou — com tanto fervor que<br />

ela própria se assustou — que Mo não tivesse aberto a porta e<br />

que Dedo Empoeirado tivesse ficado lá fora até que a chuva o<br />

arrastasse para longe.<br />

Quando a porta da oficina se abriu novamente, ela levou<br />

um susto.<br />

— Mas você ainda está aí! — disse Mo. — Vá para a<br />

cama, Meggie. Vá!

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