pOESIAS PARA lIVRO-SÉRIO - Nestor Lampros
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3:43 em Hiroshima<br />
três e quarenta e três<br />
o grande clarão e a morte no chão<br />
o homem se barbeava como a noite calma foi suave<br />
o menino talvez brincasse como outros<br />
a comida e a bebida alegravam os caminhos<br />
até o grande clarão rugido de leão e o vento de mil tempestades<br />
como um chão de folhas secas tudo reduziu-se<br />
um grande e branco clarão e o cheiro de queima de árvores<br />
sem foto para declarar a humanidade o feito<br />
do homem em construir a morte num dia de agosto<br />
sem sorte para as meninas que esquentavam seus rostos<br />
ou da mãe que balançava o menino recém - nascido e suas idéias<br />
o clarão da morte com seus dentes de fogo<br />
fez surgir um mundo novo<br />
sem a fome de existir pois na morte não se tem fome<br />
nem a fome de dormir<br />
pois se é obrigado mesmo que não quisessem<br />
três e quarenta e três da tarde em hiroshima<br />
não mais o orgulhoso futuro mas<br />
a mãe que poderia ajudar no pão e no fogo<br />
das faces queimadas e incendiadas de um verão único<br />
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