Dermatologia e gestação* - Goemescam.com.br
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<strong>Dermatologia</strong> e gestação *<<strong>br</strong> />
Gilvan Ferreira Alves I ; Lucas Souza Carmo Nogueira II ; Tatiana Cristina<<strong>br</strong> />
Nogueira Varella III<<strong>br</strong> />
I<<strong>br</strong> />
Mestre em <strong>Dermatologia</strong> pela Universidade de Londres; Professor Substituto da<<strong>br</strong> />
Universidade de Brasília - UnB (DF)<<strong>br</strong> />
II<<strong>br</strong> />
Médico Residente em <strong>Dermatologia</strong> - Hospital Universitário de Brasília - HUB (DF)<<strong>br</strong> />
III<<strong>br</strong> />
Médica Residente da Divisão de <strong>Dermatologia</strong> do Hospital das Clínicas - Faculdade<<strong>br</strong> />
de Medicina - USP (SP)<<strong>br</strong> />
Endereço para correspondência<<strong>br</strong> />
RESUMO<<strong>br</strong> />
Neste estudo conduz-se uma revisão bibliográfica da literatura so<strong>br</strong>e dermatologia<<strong>br</strong> />
e gravidez a<strong>br</strong>angendo o período de 1962 a 2003. O banco de dados do Medline foi<<strong>br</strong> />
consultado <strong>com</strong> referência ao mesmo período. Não se incluiu a colestase intrahepática<<strong>br</strong> />
da gravidez por não ser ela uma dermatose primária; contudo deve ser<<strong>br</strong> />
feito o diagnóstico diferencial entre suas manifestações na pele e as dermatoses<<strong>br</strong> />
específicas da gravidez. Este apanhado engloba as características clínicas e o<<strong>br</strong> />
prognóstico das alterações fisiológicas da pele durante a gravidez, as dermatoses<<strong>br</strong> />
influenciadas pela gravidez e as dermatoses específicas da gravidez. Ao final<<strong>br</strong> />
apresenta-se uma discussão so<strong>br</strong>e drogas e gravidez.<<strong>br</strong> />
Palavras-chave: <strong>Dermatologia</strong>; Gravidez; Patologia.<<strong>br</strong> />
GRAVIDEZ E PELE INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />
A gravidez representa um período de intensas modificações para a mulher.<<strong>br</strong> />
Praticamente todos os sistemas do organismo são afetados, entre eles a pele.<<strong>br</strong> />
A maioria das mudanças no corpo feminino decorre de alterações hormonais e/ou<<strong>br</strong> />
mecânicas. As primeiras caracterizam-se por grandes elevações de estrogênio,<<strong>br</strong> />
progesterona, beta HCG, prolactina e uma variedade de hormônios e mediadores<<strong>br</strong> />
que alteram <strong>com</strong>pletamente as funções do organismo.<<strong>br</strong> />
Durante a gestação ocorrem alterações do metabolismo protéico, lipídico e glicídico;<<strong>br</strong> />
aumento do débito cardíaco, da volemia, hemodiluição e alterações na pressão<<strong>br</strong> />
arterial; aumento do fluxo glomerular; alterações na dinâmica respiratória;<<strong>br</strong> />
modificações do apetite, náuseas e vômitos, refluxo gastroesofágico, constipação; e<<strong>br</strong> />
alterações imunológicas variadas, as quais permitem que a mulher suporte a<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>ecarga de gerar um novo organismo. 1<<strong>br</strong> />
As intensas alterações imunológicas, endócrinas, metabólicas e vasculares tornam a<<strong>br</strong> />
gestante susceptível a mudanças na pele, tanto fisiológicas quanto patológicas.<<strong>br</strong> />
Em relação à pele, as alterações gestacionais são divididas em: alterações<<strong>br</strong> />
fisiológicas da gravidez, dermatoses específicas da gravidez e dermatoses alteradas
na gravidez. Discorrer-se-á so<strong>br</strong>e cada uma delas detidamente, além de se tentar<<strong>br</strong> />
abordar novas realidades em relação ao uso de drogas específicas na gestação.<<strong>br</strong> />
1 - Alterações fisiológicas na gravidez<<strong>br</strong> />
Pela extensão do a<strong>com</strong>etimento cutâneo na gestante e pelos estigmas gerados para<<strong>br</strong> />
as pacientes, não há dúvidas de que há subvalorização das alterações cutâneas<<strong>br</strong> />
enfrentadas pelas gestantes. O fato de muitas dessas alterações serem descritas<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o fisiológicas não minimiza seu desconforto para as pacientes.<<strong>br</strong> />
As alterações pigmentares são extremamente <strong>com</strong>uns, a<strong>com</strong>etendo até 90% das<<strong>br</strong> />
gestantes. 2,3 Iniciam-se precocemente na gravidez e são mais proeminentes em<<strong>br</strong> />
mulheres da raça negra. A hiperpigmentação costuma ser generalizada, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
acentuação das regiões normalmente mais pigmentadas, <strong>com</strong>o aréolas mamárias,<<strong>br</strong> />
genitália, períneo, axilas e face interna das coxas. O quadro tende a regredir no<<strong>br</strong> />
pós-parto, mas a pele geralmente não retorna à coloração inicial.<<strong>br</strong> />
Fatores responsáveis pela pigmentação dessas áreas incluem maior população de<<strong>br</strong> />
melanócitos e maior susceptibilidade ao estímulo hormonal. Elevação dos níveis de<<strong>br</strong> />
hormônio melanocítico estimulante (MSH), estrógeno e progesterona foram<<strong>br</strong> />
implicados na etiologia da hiperpigmentação. O nível sérico de MSH, porém,<<strong>br</strong> />
apresenta elevação tardia na gestação e não sofre redução no pós-parto. Os níveis<<strong>br</strong> />
de estrógeno e progesterona parecem estar mais correlacionados ao quadro clínico,<<strong>br</strong> />
uma vez que aumentam a partir da oitava semana de gestação e <strong>com</strong>eçam a<<strong>br</strong> />
diminuir a partir da trigésima semana, padrão que é <strong>com</strong>patível <strong>com</strong> a evolução da<<strong>br</strong> />
hiperpigmentação. 4<<strong>br</strong> />
O melasma ocorre em até 75% das gestantes. Geralmente tem início no segundo<<strong>br</strong> />
trimestre da gestação, sendo mais <strong>com</strong>um em mulheres da raça negra. Seu padrão<<strong>br</strong> />
de a<strong>com</strong>etimento na gestação é o usual, sendo mais <strong>com</strong>um o centrofacial (63%),<<strong>br</strong> />
seguindo-se o malar e o mandibular. 4 Há predomínio do melasma epidérmico,<<strong>br</strong> />
intensificado pela luz de Wood, em relação ao dérmico.<<strong>br</strong> />
A etiologia do melasma é multifatorial, podendo contribuir: gestação, uso de<<strong>br</strong> />
anticoncepcionais orais, fatores genéticos e raciais, exposição solar, entre outros. 2,3<<strong>br</strong> />
Níveis elevados de estrógeno, progesterona e MSH podem corresponder a possíveis<<strong>br</strong> />
fatores etiológicos. 4<<strong>br</strong> />
O melasma costuma desaparecer <strong>com</strong>pletamente em prazo de até um ano após o<<strong>br</strong> />
parto, mas até 30% das pacientes evoluem <strong>com</strong> alguma seqüela da mancha. O<<strong>br</strong> />
quadro é mais persistente em mulheres que fizeram uso de anticoncepcionais orais<<strong>br</strong> />
e nos melasmas dérmicos. O tratamento inclui fotoproteção, bem <strong>com</strong>o evitar a<<strong>br</strong> />
exposição solar exagerada. Fórmulas <strong>com</strong> corticóides, hidroquinona e tretinoína<<strong>br</strong> />
podem ser utilizadas no pós-parto.<<strong>br</strong> />
Cicatrizes recentes, efélides e nevos melanocíticos podem apresentar intensificação<<strong>br</strong> />
da pigmentação ao longo da gestação. Os nevos devem ser mais bem avaliados,<<strong>br</strong> />
uma vez que a influência hormonal no surgimento dos melanomas ainda está sendo<<strong>br</strong> />
debatida. 5 Outras alterações cutâneas pigmentares <strong>com</strong>o linha nigra, escurecimento<<strong>br</strong> />
areolar e hipercromia de vulva e ânus tendem a regredir ao final da gestação.<<strong>br</strong> />
Alterações vasculares também são <strong>com</strong>uns na gravidez. 2<<strong>br</strong> />
Aranhas vasculares surgem entre o segundo e o quinto mês de gestação, sendo<<strong>br</strong> />
mais freqüentes em mulheres caucasóides (até 67% de a<strong>com</strong>etimento). 6 São mais<<strong>br</strong> />
encontradas nas áreas de drenagem da veia cava superior, <strong>com</strong>o face, pescoço e
mem<strong>br</strong>os superiores, e seu tamanho tende a aumentar ao longo dos meses. Altos<<strong>br</strong> />
níveis de estrógenos parecem responder por sua origem.<<strong>br</strong> />
Geralmente as aranhas vasculares desaparecem até a sétima semana após o parto.<<strong>br</strong> />
Pode ocorrer recidiva em gestações subseqüentes. Não é necessário instituir terapia<<strong>br</strong> />
específica.<<strong>br</strong> />
Eritema palmar também é freqüente na gestação. Tem início no primeiro trimestre<<strong>br</strong> />
e é mais <strong>com</strong>um em mulheres caucasóides. Clinicamente pode a<strong>com</strong>eter as<<strong>br</strong> />
eminências tenar e hipotenar ou toda a palma, a<strong>com</strong>panhando-se de cianose e<<strong>br</strong> />
palidez. Desaparece na primeira semana do pós-parto. Relaciona-se também aos<<strong>br</strong> />
níveis elevados de estrógenos, além do aumento da volemia. Não há correlação<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> doença hepática nesses casos.<<strong>br</strong> />
Varicosidades a<strong>com</strong>etem mais de 40% das gestantes, sendo mais <strong>com</strong>uns nas<<strong>br</strong> />
pernas e na região anal. 4,6 Surgem a partir do terceiro mês de gestação.<<strong>br</strong> />
Apresentam etiologia multifatorial, incluindo tendência familiar, fragilidade do<<strong>br</strong> />
tecido elástico e aumento da pressão venosa devido à <strong>com</strong>pressão venosa pelo<<strong>br</strong> />
útero. Tendem a regredir no pós-parto, e pode ser realizada profilaxia <strong>com</strong> o uso de<<strong>br</strong> />
meia elástica, repouso <strong>com</strong> elevação dos mem<strong>br</strong>os inferiores ou em decúbito<<strong>br</strong> />
lateral, sendo re<strong>com</strong>endával evitar a posição ortostática por períodos<<strong>br</strong> />
prolongados. 4,5<<strong>br</strong> />
Hemangiomas cavernosos pequenos podem desenvolver-se em até 5% das<<strong>br</strong> />
gestantes, surgindo no final do primeiro trimestre de gravidez. 6 O tratamento é<<strong>br</strong> />
cirúrgico para as lesões persistentes, e, <strong>com</strong>o as alterações vasculares citadas<<strong>br</strong> />
acima, também têm relação <strong>com</strong> os níveis de estrogênio.<<strong>br</strong> />
Cutis marmorata das pernas é provavelmente distúrbio vasomotor secundário aos<<strong>br</strong> />
níveis estrogênicos, que pode ocorrer nas pacientes quando expostas ao frio.<<strong>br</strong> />
Caracteriza-se por cianose salpicada transitória. Se persistir após o parto, causas<<strong>br</strong> />
secundárias devem ser pesquisadas. 6<<strong>br</strong> />
O granuloma gravidarum ou granuloma piogênico da gestação é tumor benigno<<strong>br</strong> />
gengival, histologicamente indistinguível do granuloma piogênico. Surge <strong>com</strong>o lesão<<strong>br</strong> />
enantematosa na gengiva, pedunculada ou séssil. Geralmente ocorre regressão ao<<strong>br</strong> />
final da gravidez, não devendo, portanto, ser inadvertidamente removido, pois tal<<strong>br</strong> />
conduta acarreta freqüentes recidivas. Higiene oral rigorosa é um dos fatores que<<strong>br</strong> />
parecem prevenir ou evitar a formação do granuloma piogênico da gestação. 4,6,7<<strong>br</strong> />
As estrias causam enorme desconforto para as gestantes. São mais <strong>com</strong>uns em<<strong>br</strong> />
mulheres caucasianas e surgem em oposição às linhas de tensão da pele. Ocorrem<<strong>br</strong> />
mais freqüentemente no abdômen, mamas, <strong>br</strong>aços e dorso.<<strong>br</strong> />
A etiologia das estrias ainda está em discussão, mas aparentemente elas se<<strong>br</strong> />
relacionam à distensão dos tecidos e à atividade adrenocortical e estrogênica.<<strong>br</strong> />
Ocorre associação significativa entre a formação de estrias e o excesso de peso dos<<strong>br</strong> />
bebês e das mães. Há controvérsias quanto à real prevenção que as massagens<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> óleos exercem so<strong>br</strong>e a formação de estrias nas gestantes. Mesmo sem<<strong>br</strong> />
involução <strong>com</strong>pleta, as estrias podem melhorar muito ao final da gravidez,<<strong>br</strong> />
passando também a apresentar seu aspecto <strong>br</strong>anco-nacarado mais tênue. No pósparto<<strong>br</strong> />
elas podem ser tratadas <strong>com</strong> tretinoína tópica.<<strong>br</strong> />
A atividade glandular é francamente alterada pelas mudanças hormonais da<<strong>br</strong> />
gravidez. As glândulas écrinas progressivamente aumentam sua atividade,
elevando a incidência de miliária e eczema desidrótico nesse período.<<strong>br</strong> />
Paradoxalmente, há redução da sudorese palmar.<<strong>br</strong> />
Já as glândulas apócrinas reduzem suas atividades ao longo da gestação, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
melhora de enfermidades <strong>com</strong>o a hidradenite supurativa.<<strong>br</strong> />
Em relação às glândulas sebáceas ainda não existe consenso se suas atividades<<strong>br</strong> />
aumentam ou se mantêm constantes ao longo da gestação. 6<<strong>br</strong> />
O edema periférico é uma das manifestações mais <strong>com</strong>uns e duráveis nas grávidas.<<strong>br</strong> />
Sua etiologia inclui a retenção de sódio e água, além das alterações circulatórias<<strong>br</strong> />
causadas pelo útero gravídico so<strong>br</strong>e a circulação da veia cava inferior. 2<<strong>br</strong> />
O hirsutismo é outro achado freqüente nas gestantes, particularmente naquelas<<strong>br</strong> />
que já possuíam abundante pilificação antes da gestação. Seu achado é precoce na<<strong>br</strong> />
gravidez, sendo mais pronunciado na face e nos <strong>br</strong>aços. A etiologia do hirsutismo é<<strong>br</strong> />
provavelmente hormonal e decorre de uma conversão reduzida dos pêlos anágenos<<strong>br</strong> />
em telógenos. Geralmente regride em até seis meses após a gravidez e não<<strong>br</strong> />
necessita de terapia específica.<<strong>br</strong> />
O eflúvio telógeno também é <strong>com</strong>um e tem início entre o primeiro e o quinto mês<<strong>br</strong> />
após o parto, prolongando-se por vários meses. Ocorre devido à rápida conversão<<strong>br</strong> />
dos pêlos anágenos em telógenos, secundária ao desbalanço hormonal e ao<<strong>br</strong> />
estresse do parto. Na maioria das pacientes há recuperação <strong>com</strong>pleta em<<strong>br</strong> />
aproximadamente um ano. 4,6<<strong>br</strong> />
As unhas também são afetadas, podendo apresentar-se mais frágeis e que<strong>br</strong>adiças,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> onicólise distal e queratose subungueal.<<strong>br</strong> />
Em relação às mucosas, a gengivite gestacional ocorre em até 100% das gestantes,<<strong>br</strong> />
variando conforme o grau de a<strong>com</strong>etimento. Geralmente inicia-se no primeiro<<strong>br</strong> />
trimestre e aumenta em gravidade até o nono mês. Apresenta-se <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
alargamento e enantema das papilas interdentais, mais intensos nos dentes<<strong>br</strong> />
incisivos inferiores. Ulceração pode acontecer. Sua etiologia parece decorrer do<<strong>br</strong> />
aumento dos níveis de progesterona, da po<strong>br</strong>e higiene oral, de fatores irritativos<<strong>br</strong> />
locais e deficiências nutricionais. O tratamento consiste em cuidados locais.<<strong>br</strong> />
Vitamina C por via oral pode ser útil. 6<<strong>br</strong> />
Finalmente, o prurido ocorre em até 20% das gestantes; tem início no terceiro mês<<strong>br</strong> />
e apresenta intensificação ao longo da gravidez. 4 É mais intenso no abdômen e<<strong>br</strong> />
devem-se descartar outras dermatoses <strong>com</strong>o, por exemplo, escabiose, atopia ou<<strong>br</strong> />
neurodermite. O tratamento é sintomático, uma vez excluídos os demais<<strong>br</strong> />
diagnósticos.<<strong>br</strong> />
A colestase intra-hepática da gestação constitui outra condição que pode acarretar<<strong>br</strong> />
prurido e deve ser descartada. Ocorre geralmente no terceiro trimestre e é<<strong>br</strong> />
secundária à dificuldade na excreção de ácidos biliares, <strong>com</strong> elevação de fosfatase<<strong>br</strong> />
alcalina e aumento discreto de bilirrubinas. O quadro clínico caracteriza-se por<<strong>br</strong> />
prurido intenso, náuseas, vômitos e icterícia. Existe aumento de morbimortalidade<<strong>br</strong> />
fetal. O tratamento é difícil, e pode ser realizado <strong>com</strong> anti-histamínicos e<<strong>br</strong> />
colestiramina. Os sintomas resolvem-se imediatamente no pós-parto. 8
2 - Dermatoses específicas da gravidez<<strong>br</strong> />
As dermatoses específicas da gravidez são erupções que ocorrem somente na<<strong>br</strong> />
gestação e por ela são desencadeadas. Sua patogênese ainda é debatida, assim<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o sua classificação.<<strong>br</strong> />
Em 1982, Black e Holmes propuseram uma classificação simplificada em penfigóide<<strong>br</strong> />
gestacional, erupção polimórfica da gravidez, prurigo da gravidez e foliculite<<strong>br</strong> />
pruriginosa da gravidez. Autores americanos ainda relutam em aceitá-la, preferindo<<strong>br</strong> />
as denominações herpes gestacional (penfigóide gestacional) e PUPPP (erupção<<strong>br</strong> />
polimórfica), por razões que posteriormente serão discutidas. 9,10<<strong>br</strong> />
a) Penfigóide gestacional<<strong>br</strong> />
Dermatose bolhosa auto-imune, rara, que ocorre na gestação, particularmente no<<strong>br</strong> />
segundo e terceiro trimestres e no início do puerpério.<<strong>br</strong> />
Sua incidência varia entre 1: 50.000 e 1:60.000 gestações. Há relatos na literatura<<strong>br</strong> />
de associação <strong>com</strong> mola hidatiforme, coriocarcinoma e uso de anticoncepcionais<<strong>br</strong> />
orais.<<strong>br</strong> />
O dano tecidual é causado por depósito de imuno<strong>com</strong>plexos na zona da mem<strong>br</strong>ana<<strong>br</strong> />
basal (ZMB), <strong>com</strong> posterior ativação do <strong>com</strong>plemento e migração intensa de<<strong>br</strong> />
eosinófilos.<<strong>br</strong> />
Clinicamente pode surgir na primeira gestação ou em subseqüentes. Se surge após<<strong>br</strong> />
quadro prévio, tende a ser mais precoce e mais intensa. 8,10 Contudo, nem sempre<<strong>br</strong> />
as gestações subseqüentes são a<strong>com</strong>etidas, fato que pode ser decorrente da troca<<strong>br</strong> />
de paternidade ou maior <strong>com</strong>patibilidade de HLA entre feto e mãe.<<strong>br</strong> />
Inicialmente há pápulas e placas urticariformes a<strong>com</strong>panhadas de prurido intenso. 11<<strong>br</strong> />
As lesões urticariformes podem ser anulares ou policíclicas, a<strong>com</strong>panhadas de<<strong>br</strong> />
vesículas e bolhas. Em 81% dos casos as lesões iniciais são periumbilicais,<<strong>br</strong> />
seguindo-se o a<strong>com</strong>etimento de tronco, mem<strong>br</strong>os, palmas e plantas (Figura 1).<<strong>br</strong> />
Face e mucosa oral são geralmente poupadas. 10 As bolhas e vesículas rompem-se<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> erosão e formação de crostas (Figura 2).
Em ggeral<<strong>br</strong> />
as lessões<<strong>br</strong> />
resolve em-se em aaté<<strong>br</strong> />
seis sem manas após s o parto,<<strong>br</strong> />
de ppacientes<<strong>br</strong> />
qque<<strong>br</strong> />
aprese entam novvas<<strong>br</strong> />
lesões até 10 an<<strong>br</strong> />
puerrpério,<<strong>br</strong> />
é <strong>com</strong>um<<strong>br</strong> />
a recrudescência<<strong>br</strong> />
do penfig góide gesta<<strong>br</strong> />
novaas<<strong>br</strong> />
bolhas trrês<<strong>br</strong> />
dias apó ós o parto ddeve<<strong>br</strong> />
levantar<<strong>br</strong> />
a suspe<<strong>br</strong> />
100<<strong>br</strong> />
mas há re elatos<<strong>br</strong> />
nos após a gestação o. No<<strong>br</strong> />
cional, mass<<strong>br</strong> />
surgimento<<strong>br</strong> />
de<<strong>br</strong> />
eita de outrro<<strong>br</strong> />
diagnóstico.<<strong>br</strong> />
Apóss<<strong>br</strong> />
a aparentte<<strong>br</strong> />
resolução o do quadrro<<strong>br</strong> />
podem ocorrer o exac cerbações nna<<strong>br</strong> />
menstru uação<<strong>br</strong> />
ou coom<<strong>br</strong> />
o uso dde<<strong>br</strong> />
pílulas an nticoncepciionais.<<strong>br</strong> />
Ao eexame<<strong>br</strong> />
histopatológico<<strong>br</strong> />
o, inicialmeente<<strong>br</strong> />
verific ca-se edem ma na dermme<<strong>br</strong> />
papilar, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
infiltrado<<strong>br</strong> />
inflammatório<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> mposto porr<<strong>br</strong> />
linfócitos,<<strong>br</strong> />
eosinófilo os e alguns<<strong>br</strong> />
neutrófilo os. A<<strong>br</strong> />
bolhaa<<strong>br</strong> />
formada é subepidérmica<<strong>br</strong> />
e conntém<<strong>br</strong> />
nume erosos eosinófilos.
A imunofluorescência direta revela depósitos lineares de C3 na mem<strong>br</strong>ana basal.<<strong>br</strong> />
Depósitos de IgG na ZMB são encontrados em 25% dos casos. Holubar, contudo,<<strong>br</strong> />
sugeriu que isso reflete apenas falta de sensibilidade técnica, pois se demonstrou a<<strong>br</strong> />
existência de depósitos de IgG mediante imunoeletromicroscopia em paciente <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
imunofluorescência negativa. 12<<strong>br</strong> />
Exames laboratoriais demonstram elevação dos marcadores inflamatórios e<<strong>br</strong> />
eosinofilia periférica. Anticorpos antinucleares e dosagens de <strong>com</strong>plemento não<<strong>br</strong> />
apresentam alteração.<<strong>br</strong> />
A etiologia do penfigóide gestacional parece ser auto-imune. 13,14 Em um estudo de<<strong>br</strong> />
25 pacientes <strong>com</strong> penfigóide gestacional, Holmes et al. encontraram entre 61% e<<strong>br</strong> />
80% das pacientes <strong>com</strong> antígeno HLA-DR3, 52% <strong>com</strong> HLA-DR4 e entre 43% e 50%<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> ambas as formas de HLA. 15 Mulheres <strong>com</strong> esse a<strong>com</strong>etimento cutâneo<<strong>br</strong> />
parecem mais suscetíveis a numerosas doenças auto-imunes, particularmente a<<strong>br</strong> />
doença de Graves. 16<<strong>br</strong> />
Tem sido sugerido que a doença seria desencadeada por um antígeno placentário<<strong>br</strong> />
que provoca reação cruzada <strong>com</strong> antígenos cutâneos. Tal fato pode explicar o início<<strong>br</strong> />
da doença na região periumbilical. Também a relação <strong>com</strong> mola hidatiforme, uso de<<strong>br</strong> />
anticoncepcionais, menstruação, 17 além de outros fatores, levanta a forte<<strong>br</strong> />
possibilidade de influências hormonais no quadro.<<strong>br</strong> />
Até 75% das pacientes apresentam anticorpo IgG1 ligador de <strong>com</strong>plemento no<<strong>br</strong> />
soro. A predominância de C3 na mem<strong>br</strong>ana basal e a presença de eosinófilos<<strong>br</strong> />
sugerem que a ativação do <strong>com</strong>plemento e quimiotaxia de eosinófilos são de suma<<strong>br</strong> />
importância no dano tecidual. 11 Já no penfigóide bolhoso a ativação do<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>plemento não é o principal fator na patogênese da doença.<<strong>br</strong> />
O antígeno no penfigóide gestacional é uma proteína transmem<strong>br</strong>ana de 180kd,<<strong>br</strong> />
codificada pelo <strong>br</strong>aço longo do cromossomo 10. 18 Isso difere da proteína intracelular<<strong>br</strong> />
de 230kd do penfigóide bolhoso, codificada no cromossomo 6. Por essas e outras<<strong>br</strong> />
razões, muitos autores ainda preferem a denominação de herpes gestacional,<<strong>br</strong> />
ressaltando as diferenças para o penfigóide bolhoso, mesmo não havendo etiologia<<strong>br</strong> />
viral para a doença.<<strong>br</strong> />
Até 10% dos recém-nascidos (RN) apresentam lesões semelhantes às de suas<<strong>br</strong> />
mães, mas que desaparecm sem deixar seqüelas. Mesmo RN hígidos podem<<strong>br</strong> />
apresentar depósitos de <strong>com</strong>plemento ou IgG na ZMB.<<strong>br</strong> />
Há uma tendência aumentada de RN de baixo peso e prematuridade após episódios<<strong>br</strong> />
de penfigóide gestacional, mas nenhuma morbidade ou mortalidade foi confirmada<<strong>br</strong> />
até o presente. 16,19,20<<strong>br</strong> />
O tratamento do PG deve inicialmente ser realizado <strong>com</strong> anti-histamínicos orais e<<strong>br</strong> />
corticóides tópicos. Não havendo resposta, iniciar <strong>com</strong> os corticóides orais em doses<<strong>br</strong> />
de até 1mg/kg/dia, <strong>com</strong> redução lenta das doses. 21 Em casos extremos, a<<strong>br</strong> />
plasmaférese pode ser opção.<<strong>br</strong> />
b) Erupção polimórfica da gravidez<<strong>br</strong> />
Trata-se da mais <strong>com</strong>um das dermatoses gestacionais, <strong>com</strong> prevalência de um caso<<strong>br</strong> />
a cada 160 gestações, <strong>com</strong> maior freqüência em primigestas. Ocorre<<strong>br</strong> />
predominantemente no terceiro trimestre da gestaçã. 8,22
Sob o aspectto<<strong>br</strong> />
clínico manifesta-se<<strong>br</strong> />
por lesões l urt<<strong>br</strong> />
pruriiginosas,<<strong>br</strong> />
coom<<strong>br</strong> />
início so<strong>br</strong>e s as esstrias<<strong>br</strong> />
abdom minais, dis<<strong>br</strong> />
regiãão<<strong>br</strong> />
glútea e <strong>br</strong>aços (Figura 3) ). Mesmo <strong>com</strong>eçando<<strong>br</strong> />
periuumbilical<<strong>br</strong> />
é poupada. De modo ggeral,<<strong>br</strong> />
as lesões<<strong>br</strong> />
regrid<<strong>br</strong> />
haveendo<<strong>br</strong> />
descammação<<strong>br</strong> />
e cr rostas na faase<<strong>br</strong> />
de resolução.<<strong>br</strong> />
23<<strong>br</strong> />
icariformess<<strong>br</strong> />
intensam mente<<strong>br</strong> />
seminandoo-se<<strong>br</strong> />
para coxas,<<strong>br</strong> />
o no abdôômen,<<strong>br</strong> />
a região<<strong>br</strong> />
dem em atéé<<strong>br</strong> />
seis semanas,<<strong>br</strong> />
A errupção<<strong>br</strong> />
pollimórfica<<strong>br</strong> />
da d gravidezz,<<strong>br</strong> />
antigam mente deno<<strong>br</strong> />
pápuula-placa<<strong>br</strong> />
daa<<strong>br</strong> />
gravidez (PUPPP), eestá<<strong>br</strong> />
associada<<strong>br</strong> />
à prim<<strong>br</strong> />
gemeelar<<strong>br</strong> />
e ganhho<<strong>br</strong> />
de peso exageradoo<<strong>br</strong> />
na gravide ez,<<strong>br</strong> />
e neem<<strong>br</strong> />
tendênccia<<strong>br</strong> />
à recor rrência emm<<strong>br</strong> />
outras ge<<strong>br</strong> />
gradativa<<strong>br</strong> />
até o parto, qua ando tende a resolver-<<strong>br</strong> />
24 ominada prurigo-urtic<<strong>br</strong> />
cária-<<strong>br</strong> />
meira gestaçção,<<strong>br</strong> />
a gest tação<<strong>br</strong> />
não havendo<<strong>br</strong> />
pioora<<strong>br</strong> />
no pós- parto<<strong>br</strong> />
estações. O prurido piora de forma f<<strong>br</strong> />
-se esponta aneamentee.<<strong>br</strong> />
Ao eexame<<strong>br</strong> />
histoopatológico<<strong>br</strong> />
o, observam<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> infiltrado dde<<strong>br</strong> />
eosinófilos<<strong>br</strong> />
na fase<<strong>br</strong> />
intennsa<<strong>br</strong> />
esponggiose<<strong>br</strong> />
e ves siculação s<<strong>br</strong> />
predominam<<strong>br</strong> />
pparaceratos<<strong>br</strong> />
se e acant<<strong>br</strong> />
invesstigação<<strong>br</strong> />
deessa<<strong>br</strong> />
enferm midade. 23<<strong>br</strong> />
m-se edema<<strong>br</strong> />
na derme<<strong>br</strong> />
superficiaal<<strong>br</strong> />
e espongiose<<strong>br</strong> />
urticariform me. Já na fase<<strong>br</strong> />
vesicullar,<<strong>br</strong> />
verifica am-se<<strong>br</strong> />
subepidérm mica. Finalm mente, na fase resolu utiva,<<strong>br</strong> />
tose. Imun nofluorescê ência poucco<<strong>br</strong> />
contribu ui na<<strong>br</strong> />
O diagnóstico<<strong>br</strong> />
multtiforme.<<strong>br</strong> />
O trratamento<<strong>br</strong> />
deve ser a<<strong>br</strong> />
tópiccos,<<strong>br</strong> />
uma vvez<<strong>br</strong> />
que se<<strong>br</strong> />
resollução<<strong>br</strong> />
espontânea.<<strong>br</strong> />
oral.<<strong>br</strong> />
22 apenas sinntomático,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> anti- histamínicoos<<strong>br</strong> />
e cortic cóides<<strong>br</strong> />
e trata de doença sem s riscos para mãee<<strong>br</strong> />
e feto e <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
Nos N quadroos<<strong>br</strong> />
mais inte ensos, pode-se<<strong>br</strong> />
utilizaar<<strong>br</strong> />
corticote erapia<<strong>br</strong> />
c) Prurigo<<strong>br</strong> />
da gravidez<<strong>br</strong> />
diferencia al inclui:<<strong>br</strong> />
penfigóide<<strong>br</strong> />
gestacional,<<strong>br</strong> />
escabiose<<strong>br</strong> />
e eri itema
A<strong>com</strong>mete<<strong>br</strong> />
uma eem<<strong>br</strong> />
cada 30 00 gestaçõees<<strong>br</strong> />
e se manifesta<<strong>br</strong> />
geralmente<<strong>br</strong> />
enntre<<strong>br</strong> />
as sem manas<<strong>br</strong> />
25 e 30 de gesstação.<<strong>br</strong> />
Não o há risco fetal ou materno<<strong>br</strong> />
e nem<<strong>br</strong> />
tampouuco<<strong>br</strong> />
tendên ncia à<<strong>br</strong> />
recorrrência<<strong>br</strong> />
em gestações posteriores<<strong>br</strong> />
Caraacteriza-se<<strong>br</strong> />
por pequenas<<strong>br</strong> />
pápulaas<<strong>br</strong> />
prurigino osas que e<<strong>br</strong> />
supeerfícies<<strong>br</strong> />
exttensoras<<strong>br</strong> />
dos<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>ros<<strong>br</strong> />
(Figura a 4).<<strong>br</strong> />
geneeralização.<<strong>br</strong> />
É <strong>com</strong>um o desapareecimento<<strong>br</strong> />
ap<<strong>br</strong> />
que persistem ppor<<strong>br</strong> />
até três s meses noo<<strong>br</strong> />
pós-parto<<strong>br</strong> />
25 evoluem paara<<strong>br</strong> />
nódulos s nas<<strong>br</strong> />
Oca asionalmennte<<strong>br</strong> />
pode haver h<<strong>br</strong> />
pós o parto o, mas há rrelatos<<strong>br</strong> />
de casos c<<strong>br</strong> />
.<<strong>br</strong> />
Sua etiologia eexata<<strong>br</strong> />
não é conhecidda,<<strong>br</strong> />
mas parece<<strong>br</strong> />
correlacionar-see<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> atop pia. O<<strong>br</strong> />
examme<<strong>br</strong> />
histopattológico<<strong>br</strong> />
mostra<<strong>br</strong> />
acantose<<strong>br</strong> />
e par raceratose, <strong>com</strong> infilttrado<<strong>br</strong> />
linfoc citário<<strong>br</strong> />
perivvascular<<strong>br</strong> />
naa<<strong>br</strong> />
derme. Ta ambém nessse<<strong>br</strong> />
caso, a imunofluorescência<<strong>br</strong> />
nnada<<strong>br</strong> />
acresc centa<<strong>br</strong> />
ao diagnóstico.<<strong>br</strong> />
O traatamento<<strong>br</strong> />
é sintomátic co, <strong>com</strong> antti-histamínicos<<strong>br</strong> />
e corticóides<<strong>br</strong> />
tópicos.<<strong>br</strong> />
s. 8<<strong>br</strong> />
d) Foliculite<<strong>br</strong> />
PPruriginosa<<strong>br</strong> />
a da Graviidez<<strong>br</strong> />
Caraacteriza-se<<strong>br</strong> />
entree<<strong>br</strong> />
o quarto<<strong>br</strong> />
(Figuura<<strong>br</strong> />
5). 23,26<<strong>br</strong> />
por pápulas<<strong>br</strong> />
ou pústulas<<strong>br</strong> />
folicular res eritêma ato-escoriaddas<<strong>br</strong> />
que surgem<<strong>br</strong> />
e o nono mês de geestação,<<strong>br</strong> />
co om duração o de duas a três sem manas
Sua exata etiologia<<strong>br</strong> />
é des sconhecida, , até por se s tratar de e dermatosse<<strong>br</strong> />
rara. Nã ão há<<strong>br</strong> />
padrrão<<strong>br</strong> />
imuno-hhistopatológico<<strong>br</strong> />
definiddo,<<strong>br</strong> />
e a hist topatologia é de folicuulite<<strong>br</strong> />
inflama atória<<strong>br</strong> />
inesppecífica.<<strong>br</strong> />
Apparentemen<<strong>br</strong> />
nte não há maiores co omplicaçõe es materno--fetais<<strong>br</strong> />
e há á boa<<strong>br</strong> />
respoosta<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> cremes<<strong>br</strong> />
à ba ase de peróóxido<<strong>br</strong> />
de benzoíla<<strong>br</strong> />
10% % e hidrocorrtisona<<strong>br</strong> />
1% .<<strong>br</strong> />
3 - DDermatosees<<strong>br</strong> />
alterada as na gesttação<<strong>br</strong> />
Indubitavelmennte,<<strong>br</strong> />
a derm matite atópica<<strong>br</strong> />
é uma das derma atoses maiss<<strong>br</strong> />
freqüente es na<<strong>br</strong> />
prática<<strong>br</strong> />
dermatoológica.<<strong>br</strong> />
Seus<<strong>br</strong> />
sintomaas,<<strong>br</strong> />
de acord do <strong>com</strong> ach hados de litteratura,<<strong>br</strong> />
po odem<<strong>br</strong> />
8,27<<strong>br</strong> />
variaar<<strong>br</strong> />
na gesttação<<strong>br</strong> />
entre e melhora e piora do d quadro. A corrrelação<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> m as<<strong>br</strong> />
variaações<<strong>br</strong> />
hormmonais<<strong>br</strong> />
evide encia-se naa<<strong>br</strong> />
medida em e que tam mbém se deescreve<<strong>br</strong> />
piora<<strong>br</strong> />
do<<strong>br</strong> />
quaddro<<strong>br</strong> />
em perííodos<<strong>br</strong> />
mens struais.<<strong>br</strong> />
Em eestudos<<strong>br</strong> />
proospectivos<<strong>br</strong> />
realizados em Londres,<<strong>br</strong> />
o eczem<<strong>br</strong> />
36% % das consuultas<<strong>br</strong> />
derma atológicas eem<<strong>br</strong> />
gestant tes. Dessas<<strong>br</strong> />
pioraa<<strong>br</strong> />
do quadrro<<strong>br</strong> />
durante a gravidezz.<<strong>br</strong> />
Há relatos,<<strong>br</strong> />
aliás, d<<strong>br</strong> />
dermmatite<<strong>br</strong> />
atópiica<<strong>br</strong> />
na gravidez<<strong>br</strong> />
em muulheres<<strong>br</strong> />
pre edispostas. 2<<strong>br</strong> />
ma atópicoo<<strong>br</strong> />
respondeu u por<<strong>br</strong> />
s, a maioriaa<<strong>br</strong> />
(52%) revelou<<strong>br</strong> />
de aparecimmento<<strong>br</strong> />
inicial<<strong>br</strong> />
de<<strong>br</strong> />
28<<strong>br</strong> />
Muitaas<<strong>br</strong> />
dermattoses<<strong>br</strong> />
apres sentam prrurido<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> mo manifes stação clínica,<<strong>br</strong> />
mas é na<<strong>br</strong> />
dermmatite<<strong>br</strong> />
atóppica<<strong>br</strong> />
que ele se aapresenta<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o manifestação<<strong>br</strong> />
cardinal. Sua<<strong>br</strong> />
diferrenciação<<strong>br</strong> />
dde<<strong>br</strong> />
moléstia as <strong>com</strong>o o eritema po olimórfico da d gravidezz<<strong>br</strong> />
é import tante,<<strong>br</strong> />
pois possibilitaa<<strong>br</strong> />
orientaçõ ões mais aadequadas<<strong>br</strong> />
assim <strong>com</strong> mo o deviido<<strong>br</strong> />
tratamento.<<strong>br</strong> />
Indirretamente,<<strong>br</strong> />
a dermatite<<strong>br</strong> />
atópica causa prej juízo para a gestantee,<<strong>br</strong> />
uma vez z que<<strong>br</strong> />
alterra<<strong>br</strong> />
sua dietaa,<<strong>br</strong> />
sono e be em estar emmocional.<<strong>br</strong> />
No tratamento<<strong>br</strong> />
deve-se re esguardar o uso de co orticosteróides<<strong>br</strong> />
tópicoss<<strong>br</strong> />
mais pote entes<<strong>br</strong> />
para evitar estrrias.<<strong>br</strong> />
Outrras<<strong>br</strong> />
manifesstações<<strong>br</strong> />
alérgicas<<strong>br</strong> />
que se encontr ram exacer rbadas na g<<strong>br</strong> />
do coomplexo<<strong>br</strong> />
urrticária/ang<<strong>br</strong> />
gioedema, e devem se er observad das. 27<<strong>br</strong> />
gestante sã ão as
O lúpus eritematoso sistêmico ainda tem seu <strong>com</strong>portamento debatido na gravidez.<<strong>br</strong> />
Para alguns autores, sua recrudescência é mais grave na gestante, <strong>com</strong> maior<<strong>br</strong> />
a<strong>com</strong>etimento cutâneo (vasculites) e articular. O tratamento sistêmico <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
corticóides e antimaláricos não deve ser interrompido. 8,11<<strong>br</strong> />
A síndrome do anticorpo antifosfolipídio é manifestação grave ligada ao lúpus<<strong>br</strong> />
eritematoso, devendo-se avaliar os anticorpos anticoagulante lúpico e<<strong>br</strong> />
anticardiolipina nessas pacientes. Manifesta-se clinicamente por tromboses, perdas<<strong>br</strong> />
fetais e plaquetopenia.<<strong>br</strong> />
O pênfigo pode manifestar-se ou piorar durante a gestação. As exacerbações<<strong>br</strong> />
ocorrem no primeiro ou segundo trimestres, havendo aumento na morbidade e<<strong>br</strong> />
mortalidade fetais. Clinicamente, a doença não difere de sua apresentação habitual.<<strong>br</strong> />
O diagnóstico diferencial <strong>com</strong> o penfigóide gestacional é importante, podendo ser<<strong>br</strong> />
feito por particularidades clínicas e pela imunofluorescência direta. A terapia <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
corticóides é efetiva na gestação, devendo-se evitar as drogas citotóxicas. 8<<strong>br</strong> />
É controversa a influência da gestação so<strong>br</strong>e o melanoma maligno, uma vez que a<<strong>br</strong> />
conseqüência das alterações hormonais em sua gênese ainda não se encontra<<strong>br</strong> />
plenamente definida. De maneira geral, o prognóstico do melanoma na gestante vai<<strong>br</strong> />
depender diretamente da espessura do tumor, assim <strong>com</strong>o nos pacientes em geral.<<strong>br</strong> />
Já foram descritos relatos de metástases para o feto e re<strong>com</strong>enda-se evitar a<<strong>br</strong> />
gravidez por pelo menos dois anos após a exérese do tumor. 8 O tratamento dessa<<strong>br</strong> />
enfermidade na gravidez é obviamente dificultado, pois devem ser evitadas as<<strong>br</strong> />
drogas citotóxicas em pacientes gestantes.<<strong>br</strong> />
DROGAS E GESTAÇÃO<<strong>br</strong> />
No desenvolvimento de uma nova droga, geralmente não são realizados testes em<<strong>br</strong> />
mulheres grávidas. Como conseqüência, a segurança no uso da maioria dos<<strong>br</strong> />
medicamentos em gestantes não foi devidamente avaliada. Em geral, as<<strong>br</strong> />
re<strong>com</strong>endações sugerem que o uso pode ser realizado desde que o benefício para a<<strong>br</strong> />
gestante justifique os riscos fetais.<<strong>br</strong> />
De maneira geral, o Food and Drugs Administration - FDA classifica as drogas em<<strong>br</strong> />
seis grupos, sendo eles: 29<<strong>br</strong> />
• X: uso contra-indicado na gestação;<<strong>br</strong> />
• D: evidência positiva de risco para feto humano, mas os benefícios podem<<strong>br</strong> />
superar os riscos;<<strong>br</strong> />
• C: risco não pode ser excluído, não tendo sido realizados estudos em humanos. O<<strong>br</strong> />
benefício pode superar os riscos;<<strong>br</strong> />
• B: não há risco para fetos humanos, apesar de possível risco em animais;<<strong>br</strong> />
• A: estudos controlados não observaram qualquer risco.<<strong>br</strong> />
• Indeterminada: não foi classificada pelo FDA. Nesse caso, utilizar outras opções.<<strong>br</strong> />
Teratogenia é definida <strong>com</strong>o disgenesia dos órgãos fetais, evidenciada estrutural ou<<strong>br</strong> />
funcionalmente.
Inúmeras drogas apresentam efeito teratogênico <strong>com</strong>provado, entre elas:<<strong>br</strong> />
metotrexato (malformações dos mem<strong>br</strong>os e do SNC), inibidores da enzima de<<strong>br</strong> />
conversão de angiotensina (alterações renais), carbamazepina (defeitos do tubo<<strong>br</strong> />
neural), ciclofosfamida (malformações do SNC), danazol (masculinização do feto<<strong>br</strong> />
feminino), dietilbestrol (carcinoma de vagina), drogas hipoglicemiantes, lítio,<<strong>br</strong> />
misoprostol, antiinflamatórios não hormonais (constrição do ducto arterioso),<<strong>br</strong> />
fenitoína (alterações do SNC), barbitúricos, benzodiazepínicos, propiltiouracil e<<strong>br</strong> />
metimazol (hipotireoidismo fetal), retinóides sistêmicos (defeitos de SNC,<<strong>br</strong> />
craniofaciais e cardiovasculares), tetraciclina (alterações nos dentes e ossos),<<strong>br</strong> />
talidomida (defeitos em órgãos internos e encurtamento dos mem<strong>br</strong>os), ácido<<strong>br</strong> />
valpróico (defeitos do tubo neural), varfarina (defeitos de esqueleto e do SNC). 30<<strong>br</strong> />
Os teratógenos têm efeito mais importante nos três primeiros meses de gestação,<<strong>br</strong> />
mas há relatos de várias drogas que atuam posteriormente, <strong>com</strong>o a tetraciclina<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e dentes e ossos.<<strong>br</strong> />
Em dermatologia, a talidomida e os retinóides são drogas formalmente contraindicadas<<strong>br</strong> />
para gestantes. A primeira atua entre o primeiro e o segundo mês de<<strong>br</strong> />
gestação, acarretando fo<strong>com</strong>ielia e malformações de órgãos internos. Já os<<strong>br</strong> />
retinóides parecem atuar durante toda a gravidez, aumentando risco de<<strong>br</strong> />
hidrocefalia, microftalmia e uma série de outros defeitos congênitos. 30-32<<strong>br</strong> />
Em relação a drogas sistêmicas e de uso corrente em dermatologia, podem ser<<strong>br</strong> />
prescritas: entre os antibióticos, amoxicilina, azitromicina, cefalosporinas,<<strong>br</strong> />
penicilinas e eritromicina (exceto estolato), sendo todas essas classificadas <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
grupo B pelo FDA. 29<<strong>br</strong> />
Dos agentes antivirais, re<strong>com</strong>enda-se dar preferência a valaciclovir e famciclovir<<strong>br</strong> />
(grupo B). Finalmente, entre os anti-histamínicos a preferência deve ser pela<<strong>br</strong> />
clorfeniramina (grupo B), em relação ao hidroxizine (grupo C). 29<<strong>br</strong> />
O analgésico mais apropriado para uso na gestação é o acetaminofeno. Dos<<strong>br</strong> />
antiinflamatórios não hormonais, apesar de classificados pelo FDA <strong>com</strong>o grupo B;<<strong>br</strong> />
ibuprofeno, naproxeno e indometacina relacionam-se <strong>com</strong> oligoâmnio e persistência<<strong>br</strong> />
da circulação fetal quando utilizados no final da gestação, devendo ser<<strong>br</strong> />
particularmente evitados nesse período. Não há contra-indicação ao uso de<<strong>br</strong> />
lidocaína, <strong>com</strong> ou sem adrenalina, <strong>com</strong>o anestésico.<<strong>br</strong> />
Os corticosteróides sistêmicos são classificados pelo FDA <strong>com</strong>o grupo C.<<strong>br</strong> />
Insuficiência placentária, aborto espontâneo, retardo de crescimento intra-uterino e<<strong>br</strong> />
lábio leporino foram relacionados ao uso sistêmico de altas doses de corticóides em<<strong>br</strong> />
alguns estudos. Porém, o uso em doses moderadas é relativamente seguro. De<<strong>br</strong> />
maneira geral, <strong>com</strong>o não existem ainda estudos definitivos nesse aspecto, o uso de<<strong>br</strong> />
corticóides sistêmicos é indicado quando o possível benefício para a gestante for<<strong>br</strong> />
evidente e irrefutável. 29 Quanto ao uso tópico de corticosteróides, parece não haver<<strong>br</strong> />
maiores riscos.<<strong>br</strong> />
Das medicações tópicas freqüentemente usadas em dermatologia, são seguros:<<strong>br</strong> />
ácido azeláico, ciclopirox, clindamicina, eritromicina, metronidazol, mupirocina,<<strong>br</strong> />
nistatina, permetrina e terbinafina, todos classificados <strong>com</strong>o grupo B pelo FDA.<<strong>br</strong> />
Peróxido de benzoíla, bacitracina e hidroquinona podem ser usados, mas são<<strong>br</strong> />
classificados <strong>com</strong>o grupo C pelo FDA. 29 Aparentemente não há problema no uso de<<strong>br</strong> />
retinóides tópicos, ao contrário do seu uso sistêmico. 30<<strong>br</strong> />
Assim, é extremamente importante para o dermatologista conhecer o medicamento<<strong>br</strong> />
que está prescrevendo à gestante, os potenciais riscos ao feto e escolher em meio
às opções terapêuticas aquela que promova o melhor benefício sem aumentar o<<strong>br</strong> />
risco fetal.<<strong>br</strong> />
DISCUSSÃO<<strong>br</strong> />
Anamnese e exame físico detalhados são importantes para o diagnóstico e<<strong>br</strong> />
tratamento das dermatoses da gravidez. O médico deve conhecer a idade<<strong>br</strong> />
gestacional, paridade, possibilidade de gravidez gemelar, os antecedentes de<<strong>br</strong> />
dermatoses gestacionais, história de doenças prévias à gravidez e uso de<<strong>br</strong> />
medicamentos.<<strong>br</strong> />
No exame físico o dermatologista deve avaliar a morfologia e distribuição das<<strong>br</strong> />
lesões. No penfigóide gestacional as lesões são urticariformes e pruriginosas,<<strong>br</strong> />
evoluindo para vesículas e bolhas, a<strong>com</strong>etendo inicialmente a região periumbilical e<<strong>br</strong> />
depois o tronco e os mem<strong>br</strong>os, e resolvendo-se geralmente após o parto. Há uma<<strong>br</strong> />
tendência aumentada de recém-nascidos de baixo peso e prematuridade. A erupção<<strong>br</strong> />
polimórfica da gravidez manifesta-se por lesões urticariformes, intensamente<<strong>br</strong> />
pruriginosas, <strong>com</strong> início so<strong>br</strong>e as estrias abdominais, poupando a região<<strong>br</strong> />
periumbilical; está associada à primeira gestação, a gestação gemelar e ganho de<<strong>br</strong> />
peso exagerado na gravidez, não havendo piora no pós-parto e nem tendência à<<strong>br</strong> />
recorrência em outras gestações. A foliculite pruriginosa da gravidez caracteriza-se<<strong>br</strong> />
por pápulas ou pústulas eritêmato-escoriadas de distribuição folicular. Assim, cada<<strong>br</strong> />
doença tem suas características clínicas.<<strong>br</strong> />
A investigação laboratorial deve ser direcionada pelos achados clínicos. Na maioria<<strong>br</strong> />
dos casos a biópsia de pele é preconizada, a<strong>com</strong>panhada de imunofluorescência<<strong>br</strong> />
direta na suspeita de penfigóide gestacional.<<strong>br</strong> />
Na presença de dermatose da gestação, a paciente deve ser orientada so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />
diagnóstico, evolução e prognóstico materno-fetal, bem <strong>com</strong>o quanto às alterações<<strong>br</strong> />
fisiológicas e ao <strong>com</strong>portamento de doenças prévias, durante a gravidez. <<strong>br</strong> />
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