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808-811 - Universidade de Coimbra

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3 RESISTENCIA—Domingo, 21 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1903<br />

BRIC-Á-BRAC<br />

<strong>de</strong> todos os governos monárchicos que Festas <strong>de</strong> 8. João<br />

para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem as instituições e viverem<br />

regaladamente, teem passado a A Companhia dos Caminhos <strong>de</strong><br />

vida a lisongear os gran<strong>de</strong>s capitalistas Ferro Portuguêses da Beira Alta, que<br />

e os gran<strong>de</strong>s industriaes. Vem <strong>de</strong> to- está sempre prompta a estabelecer redos<br />

os partidos da rotação que para ducçÕes <strong>de</strong> preço em beneficio do pu-<br />

terem maiorias submissas no parlablico nas occasiÕes <strong>de</strong> festejos ou dimento<br />

teem creado os gran<strong>de</strong>s eleito vertimentos populares, fês uma tabella<br />

res á custa <strong>de</strong> concessões e monopolios, <strong>de</strong> preços muito reduzidos para os fes<br />

sem se importarem com os altos pro- tejos <strong>de</strong> S. João na Figueira da Foz,<br />

blemas economicos e sociaes, nem com pondo também comboios especiaes.<br />

a organização do trabalho, nem com a A ida é nos dias 22, 23 e 24 <strong>de</strong><br />

sorte dos operários.<br />

junho, e a volta nos dias 24, 25 e 26<br />

O exemplo da paga do trabalho aos As horas dos comboios especiaes<br />

tecelões do Porto é mais do que fri- sám para a ida (dia 23): Párnpilhosa,<br />

sante, e aos tecelões po<strong>de</strong>mos juntar, 4,10 — Murte<strong>de</strong>, 4,28 — Cantanhe<strong>de</strong>.<br />

com ligeiras variantes, a triste vida <strong>de</strong> 4,41—Lime<strong>de</strong>, 4.50— Araze<strong>de</strong>, 5,o3<br />

quasi todos os operários das nossas Montemór, 5,2o — Alhadas, 5,29 —<br />

fabricas.<br />

Maiorca, 5,40.<br />

Inaugurou-se um systema <strong>de</strong> pro- Este comboio chega á Figueira ás<br />

tecção ás industrias; permittiram-se 5,55 da tar<strong>de</strong>, e correspon<strong>de</strong> na Pam<br />

monopolios que se tornaram em escan- pilhosa com os tramways n.<br />

dalo permanente; protegeram se gran<br />

<strong>de</strong>s industriaes acamaradados com so<br />

lértes politicos; confundiu se a politica<br />

com a ganancia; confundiram-se as leis<br />

com os interesses dos partidos, e ho<br />

mens do parlamento e do governo com<br />

os lucros <strong>de</strong> empresas po<strong>de</strong>rosas. Assim<br />

temos visto <strong>de</strong> pobres rapidamente<br />

passarem a ricos, alguns homens que<br />

da politica fizeram modo <strong>de</strong> vida; assim<br />

temos visto a accumulação <strong>de</strong> enormes<br />

fortunas em indivíduos que pouco ou<br />

nada tinham, sem que a sorte do ope<br />

rário melhorasse com essas leis <strong>de</strong><br />

protecção que sobrecarregaram o consumidor<br />

e não melhoraram as condições<br />

do trabalho.<br />

Essas leis, essa chamada protecção<br />

ao trabalho nacional, enriqueceram<br />

muitos, os protegidos, alguns politicos<br />

influentes; augmentaram o preço dos<br />

productos, sacrificando o consumidor,<br />

e dám nos como resultado o que se<br />

está vendo no Porto : um homem trabalhando<br />

<strong>de</strong> sol a sol ganha i5oo réis<br />

ou 1800 réis por semana, que não lhe<br />

chega para mitigar com brôa a fome<br />

da familia!<br />

Ahi está bem patente o resultado<br />

da protecção ao trabalho nacional; ahi<br />

está bem em evi<strong>de</strong>ncia a triste situação<br />

economica do paiz.<br />

De quem a culpa ?<br />

Quem são os responsáveis <strong>de</strong>ssa<br />

tremenda crise ?<br />

Clara e precisa a resposta :<br />

—• Responsáveis são os governos<br />

da monarchia que só teem curado dos<br />

seus partidarios, do brilho das instituições,<br />

abandonando tudo que possa<br />

importar ao bem estar e felicida<strong>de</strong> do<br />

povo.<br />

A greve do Porto não está resolvida<br />

; antes o seu aspecto, presentemente,<br />

e dos mais terríveis e assustadores.<br />

Fasemos votos para que se resolva<br />

sem essas gran<strong>de</strong>s commoções que por<br />

veses sulcam <strong>de</strong> terror e <strong>de</strong> sangue<br />

algumas phases da historia dos povos.<br />

Em questão <strong>de</strong> tal gravida<strong>de</strong> será<br />

uma virtu<strong>de</strong> a boa prudência em todos.<br />

A questão economica, as questões<br />

do trabalho no estado em que se apresentam,<br />

são irreductiveis <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

curto periodo.<br />

A' crise <strong>de</strong> fome é que urge acudir<br />

rapida e energicamente, e não se<br />

<strong>de</strong>bella com prisões nem com pranchadas.<br />

Pren<strong>de</strong>-se com a or<strong>de</strong>m publica, é<br />

facto, mas para o restabelecimento da<br />

paz o que principalmente importa é dar<br />

<strong>de</strong> comer a quem tem fome. Isto por<br />

agora; <strong>de</strong>pois, ou paralellamente, os<br />

industriaes percam também o que seja<br />

indispensável per<strong>de</strong>r, pagando por essa<br />

forma o muito que teem ganho, ou as<br />

faltas do seu tino nos exaggeros <strong>de</strong> pro<br />

ducção.<br />

Feito isto os operários que meditem<br />

no seu futuro, e se convençam que<br />

uma boa organização <strong>de</strong> trabalho nunca<br />

a po<strong>de</strong>rão conseguir <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um regimen<br />

que permanentemente lisongeia<br />

o capita! e a burguezia para viver essa<br />

vida <strong>de</strong> luxos e grandêsas que são uma<br />

gargalhada atrevida em presença da<br />

miséria publica.<br />

Civil.<br />

O arrematante das carnes ver<strong>de</strong>s<br />

em resposta ao officio que a Camara<br />

lhe mandou, intimando-o a baixar 20<br />

réis em kilogramma na carne <strong>de</strong> vacca,<br />

officiou respon<strong>de</strong>ndo que o faria em<br />

attenção á Camara, pois que em face<br />

da lei não podia ser obrigado a isso.<br />

Deve chegar ámanhã a <strong>Coimbra</strong> a<br />

sr.* marquesa <strong>de</strong> Pomares, que, como<br />

<strong>de</strong> costume, vem veranear para a sua<br />

pella vivenda da Fortçjja.<br />

08 19 e 22,<br />

proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> e Porto.<br />

A volta no dia 24 é da Figueira, ás<br />

10,5o da manhã, e chega a Maiorca ás<br />

10,04 — Alhadas, n,i3 —Montemór,<br />

11,21—Araze<strong>de</strong>, 11 40—Lime<strong>de</strong>, 11,5o<br />

—Cantanhe<strong>de</strong>, 11.58—Murte<strong>de</strong>, 12,12<br />

—Pampilhosa, 12,3o.<br />

Os passageiros para alem <strong>de</strong> Mangual<strong>de</strong>,<br />

tem, como ultimo comboio para<br />

regresso, o comboio n.° 3, dos dias<br />

26 e 3o.<br />

Os preços sám: <strong>de</strong> Villar Formoso<br />

e Freineda, 2^700 em i . a classe, i$65o<br />

em 2. 1 e I$25O em 3. a A Capella da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> era uma<br />

das mais ricas em alfaias e paramentos.<br />

Todos os estatutos se <strong>de</strong>moram a<br />

<strong>de</strong>talhar a sua organização, as obrigações<br />

dos empregados, as festas <strong>de</strong> ale<br />

gria ou <strong>de</strong> lucto.<br />

E' porem certo que o que ficou <strong>de</strong><br />

tanta grandêsa é verda<strong>de</strong>iramente insignificante.<br />

Dá-nos a explicação dêste estado o<br />

documento que hoje publicamos e que<br />

<strong>de</strong>ve naturalmente ter pertencido ao archivo<br />

da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>.<br />

E' uma folha <strong>de</strong> papel tendo na<br />

primeira pagina a petição do reitor pedindo<br />

uma excommunhão que o não<br />

<strong>de</strong>ixe emprestar nada.<br />

Transcrevemos:<br />

1 111. S."<br />

Dizem o Reytor, E Deputados da<br />

Vniuersida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>Coimbra</strong>, que na ca<br />

pella Real da dita Vniuersida<strong>de</strong> ha<br />

muytos ornamentos ricos, Eoutras peças<br />

do culto diuino, que com os emprest<br />

mos, q <strong>de</strong>lias E <strong>de</strong>lles fazem aoutras<br />

Igrejas, Econfrarias se damnificaõ<br />

muyto, E viraÕ aper<strong>de</strong>rse <strong>de</strong> todo aque-<br />

Senaõ po<strong>de</strong> atalhar, porque interuem<br />

muytas vezes pessoas aque senão po<strong>de</strong><br />

negar, oq he um gran<strong>de</strong> perjuizo dos<br />

— Cer<strong>de</strong>ira e ditos ornamentos, E do culto divino,<br />

Villa Fernando, 2»5oo, i®55o e I$I5O E<strong>de</strong>spesa das rendas, q-estão aplica-<br />

— Guarda, Pinhel e Villa Franca, das aos capellaés, Efabrica da dita Ca-<br />

® I$O5O—Celorico, Forpella.nos e Gouvêa, 2$ooo, I$25O e g5o —<br />

Mangual<strong>de</strong>, Moimenta-Alcafache e Nel-<br />

Pe<strong>de</strong>m a VS. I. lhes faça<br />

las i®8oo, I$I5O e 820—Cannas, Oli-<br />

merce mandar passar pro<br />

veirinha e Carregal, i$6oo, i$o5o e<br />

uisão para os ditos orna<br />

720—Santa Comba, i$5oo, g5o e 620<br />

mentos, Eas mais cousas<br />

—Mortagua e Luso, i$2oo, 820 e 52o<br />

da dita Capella Real da<br />

— Pampilhosa e Murte<strong>de</strong>, i$ooo, 620<br />

Vniuersida<strong>de</strong>, senaõ pos<br />

e 420—Cantanhe<strong>de</strong>, 800, 520 e 370 —<br />

saõ emprestar sob pena<br />

Lime<strong>de</strong> e Araze<strong>de</strong>, 700, 420 e 310 —<br />

<strong>de</strong> excomunhão latas sen-<br />

Montemór, 5oo, 32o e 180 —Alhadas,<br />

tentise reservada a VS. I<br />

35o, 220 e i5o — Maiorca, 220, i5o e<br />

EaSee Apostolica ERM.<br />

100 réis.<br />

Para as festas

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