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A indústria fonográfica brasileira e sua estratégia - Artigo Científico

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNI-BH<br />

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO.<br />

ESPECIALIZAÇÃO “LATO SENSU” EM COMUNICAÇÃO E MARKETING<br />

A <strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong> <strong>brasileira</strong> e <strong>sua</strong> <strong>estratégia</strong> de marketing no combate à<br />

pirataria<br />

Alexandre De Léo Ribeiro 1<br />

Admir Borges 2<br />

Belo Horizonte, 28 outubro de 2006.<br />

Resumo<br />

Pretende-se estudar os métodos utilizados no processo da pirataria <strong>fonográfica</strong>, e os<br />

resultados negativos que este processo tem causado ao mercado fonográfico, por meio do<br />

esclarecimento das etapas do processo de marketing utilizadas atualmente pelas empresas,<br />

análise mercadológica sobre o comportamento do consumidor, assim como dados atuais do<br />

mercado.<br />

Palavras chave<br />

Pirataria <strong>fonográfica</strong>, Estratégia de marketing, Mercado fonográfico, Direitos<br />

autorais.<br />

1 Aluno do curso de Pós-graduação em Comunicação e Marketing. (aleo@unibh.br)<br />

2 Mestre em Engenharia de Produção com Ênfase em Marketing


1 INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho teve por objetivo, Identificar, no âmbito do território nacional, os<br />

prejuízos causados pela pirataria <strong>fonográfica</strong>, buscando mostrar um diagnóstico da<br />

<strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong> com relação aos produtos pirateados e, procurando destacar a<br />

importância de se criar <strong>estratégia</strong>s de marketing específicas para os produtos em<br />

questão, na busca do aumento das vendas e fidelização do consumidor, resultando<br />

no combate à pirataria.<br />

A pirataria hoje tem causado um enorme prejuízo em vários setores do mercado,<br />

sejam têxteis, eletrônicos, fonográficos, etc. Este trabalho pretendeu mostrar como a<br />

pirataria tem evoluído, como tem ferido a lei de propriedade intelectual e como a<br />

tecnologia tem possibilitado este tipo de crime, facilitando <strong>sua</strong> disseminação. O tema<br />

proposto para este artigo procurou abordar o crescimento acelerado deste mercado<br />

ilegal e o que foi feito, até hoje, pelas empresas produtoras deste tipo de mídia.<br />

A partir de algumas hipóteses, pudemos supor que a grande perda das<br />

empresas que trabalham com fonografia poderá ser revertida no momento em que<br />

houver <strong>sua</strong> conscientização no que se refere: a redução no preço dos produtos<br />

fonográficos originais, que são distribuídos pelas grandes empresas e que, em <strong>sua</strong><br />

grande maioria não demandam, com o produto em si, um gasto tão astronômico que<br />

justifique preços tão elevados. Uma segunda hipótese seria a criação de meios<br />

eletrônicos que coibissem a cópia das mídias em aparelhos reprodutores comuns. A<br />

terceira, e principal, uma <strong>estratégia</strong> de mercado que possibilitasse ao consumidor<br />

entender os prejuízos que estão sendo causados aos artistas e a eles próprios,<br />

quando consomem um produto ilegal e de baixa qualidade. Foi utilizada a pesquisa<br />

aplicada, no que se refere à natureza, procurando os métodos e <strong>estratégia</strong>s<br />

utilizadas para combater a pirataria <strong>fonográfica</strong>. A abordagem utilizou os dois tipos<br />

de pesquisa, qualitativa e quantitativa, levando em consideração a qualidade dos<br />

produtos originais e piratas, além da quantidade, em números, dos prejuízos<br />

causados. A pesquisa foi feita pela internet, em sites relacionados ao assunto.<br />

Este trabalho se tornou importante por registrar o que tem sido feito no combate<br />

à pirataria, tanto pelas empresas de produtos fonográficos quanto por órgãos ligados<br />

a este meio e que, a partir destas informações, possibilite a abertura de novas idéias<br />

na criação ou desenvolvimento de novos meios de prevenção.<br />

1<br />

1


2 MARKETING<br />

Uma das funções primordiais do marketing, segundo Kotler (2000, p. 50), é a de<br />

que o “marketing é normalmente visto como a tarefa de criar, promover e fornecer<br />

bens e serviços a clientes individuais e empresariais. O marketing efetivo pode<br />

assumir muitas formas: pode ser empreendedor, profissionalizado ou burocrático. As<br />

empresas podem estar envolvidas na comercialização de bens, serviços,<br />

experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e<br />

idéias.” Para que se dê o sucesso de um produto de consumo, existe todo um<br />

processo que, por trás do marketing, faz com que determinado produto tenha<br />

sucesso ou fracasso. Este processo se dá por meio de um grande planejamento,<br />

que envolve todos os setores de uma empresa; podemos compará-lo a um relógio:<br />

se uma das engrenagens, que fazem parte do todo falha, praticamente, todo o<br />

processo de funcionamento pára junto com ela.<br />

2.1 Estratégia de marketing<br />

O planejamento estratégico de marketing, mais especificamente o realizado e<br />

relacionado aos produtos, é traçado a partir da idealização e da criação das metas a<br />

serem atingidas, conforme mostra o Quadro 01.<br />

Quadro 01: Plano Estratégico<br />

I. Resumo executivo e<br />

sumário<br />

II. Situação atual de<br />

marketing<br />

III. Análise de oportunidade<br />

e questões<br />

IV. Objetivos<br />

V. Estratégia de marketing<br />

Apresenta uma rápida visão geral do plano proposto.<br />

Apresenta antecedentes relevantes sobre vendas, custos,<br />

lucros, mercado, concorrentes, distribuição e<br />

macroambiente.<br />

Identifica as principais oportunidades/ameaças,<br />

forças/fraquezas e questões relacionadas à linha de<br />

produtos.<br />

Define as metas financeiras e de marketing do plano em<br />

relação ao volume de vendas, participação de mercado e<br />

lucros.<br />

Apresenta a abordagem geral de marketing que será<br />

utilizada para alcançar os objetivos do plano.<br />

VI. Programas de ação<br />

Apresenta os programas especiais de marketing projetados<br />

para atingir os objetivos do negócio.<br />

VII. Demonstrativos de<br />

resultados projetados<br />

Projeta resultados financeiros esperados do plano.<br />

VIII. Controles Indica como o plano será monitorado.<br />

Fonte: adaptado de Kotler (2000, p. 111)<br />

2<br />

2


Depois de feito e definido planejamento, o levantamento da situação na qual o<br />

produto se encontra no mercado e quais riscos reais de fracasso ou sucesso, é hora<br />

de colocá-lo em execução.<br />

A identificação das tendências mercadológicas mostra oportunidades<br />

importantes, que possibilitam o melhor aproveitamento do planejamento.<br />

Atualmente, o cenário global do mercado, tem sido alterado muito rapidamente e,<br />

para acompanhar essas mudanças, os profissionais de marketing precisam estar<br />

atentos a seis itens importantes, que são as forças ambientais, conforme Kotler<br />

(2000, p. 177):<br />

“Demográfico – Englobam o crescimento populacional, as mudanças na faixa<br />

etária da população, as migrações geográficas regionais, a composição étnica<br />

e do nível de instrução e o aumento do número de famílias; Econômico –<br />

Focalizar a distribuição de renda e os níveis de poupança, endividamento e<br />

disponibilidade de crédito; Natural – Atentar para a escassez de matériasprimas,<br />

dos maiores custos de energia e níveis de poluição e da mudança no<br />

papel dos governos no que diz respeito à proteção ambiental; Tecnológico –<br />

Levar em consideração a aceleração do ritmo das mudanças tecnológicas, as<br />

oportunidades ilimitadas para a inovação e a regulamentação mais rigorosa<br />

das mudanças tecnológicas; Político-geral – Respeitar as leis que<br />

regulamentam as práticas de negócios; Sociocultural – Compreender as<br />

visões que as pessoas têm de si próprias, das outras pessoas, das<br />

organizações, da sociedade, da natureza e do universo. Precisam<br />

comercializar produtos que correspondam aos valores centrais e secundários<br />

da sociedade e abordar as necessidades das diferentes subculturas que<br />

existem dentro de uma sociedade.”<br />

2.2 Estratégias de comunicação e desenvolvimento de produto<br />

A partir dos dados citados no item anterior, é possível que seja feita a<br />

identificação dos segmentos de mercado e assim seleciona-los, gradualmente, de<br />

forma a conquistar cada segmento por etapas individuais, mas, para que isto ocorra<br />

sem maiores riscos de prejuízo para a empresa, é necessário que se criem<br />

<strong>estratégia</strong>s específicas de comunicação para cada segmento do mercado.<br />

Além de desenvolver um produto de qualidade e que atenda às necessidades do<br />

consumidor, as empresas precisam estabelecer preços atraentes ao público-alvo e,<br />

desta forma, integrar as partes envolvidas neste processo, criando assim o mix de<br />

comunicação de marketing, que é composto pelas cinco formas principais de<br />

comunicação: a propaganda, a promoção de vendas, relações públicas, vendas<br />

pessoais e marketing direto. A comunicação deve transmitir a mensagem através<br />

3<br />

3


dos veículos de comunicação – Televisão, Rádio, Internet, Impressos – mais<br />

eficazes, que alcancem o público-alvo, possibilitando ao segmento de mercado<br />

selecionado decodificar a mensagem transmitida. Os objetivos da comunicação<br />

podem ser cognitivos, afetivos ou comportamentais, ou seja, a empresa precisa<br />

convencer os consumidores a mudarem de atitude, levando-os a agir. Por outro<br />

lado, a empresa deve estabelecer uma relação de confiança com o cliente-alvo,<br />

procurando atender às <strong>sua</strong>s exigências e desenvolvendo produtos novos e de<br />

qualidade realmente boa.<br />

3 TECNOLOGIA<br />

“há oito etapas envolvidas no processo de desenvolvimento de novos<br />

produtos: geração de idéias, seleção de idéias, desenvolvimento e teste de<br />

conceito, desenvolvimento da <strong>estratégia</strong> de marketing, análise do negócio,<br />

desenvolvimento do produto, teste de mercado e comercialização. O objetivo<br />

de cada etapa é determinar se a idéia deve ser abandonada o se deve<br />

prosseguir para a etapa seguinte.” KOTLER (2000, p. 380)<br />

O crescimento tecnológico tem trazido um avanço gigantesco, no que diz<br />

respeito às empresas de países de primeiro mundo, contudo, no Brasil, esses<br />

avanços chegam de forma lenta, porém, nos últimos tempos, tem apresentado um<br />

crescimento gradativo e responsável. Gradativo e responsável no sentido de se dar<br />

mais valor à opinião do consumidor final de um produto.<br />

O processo de inovação industrial em países em desenvolvimento como o Brasil<br />

ainda se mostra um pouco restrito. Muitas empresas de grande porte já se<br />

adequaram a esta nova realidade, mas isto não deve se limitar apenas a essas<br />

empresas; empresas de pequeno porte e microempresas também devem participar<br />

desta mudança, porque possibilitaria <strong>sua</strong> capacitação no que se refere ao aumento<br />

de produtividade e desenvolvimento de novos inéditos, somando-se ainda, o<br />

aumento da qualidade dos serviços prestados, aumento da concorrência e a<br />

satisfação do consumidor final.<br />

A verdadeira importância da inovação tecnológica vem como forma de capacitar<br />

as empresas do país a desenvolverem produtos com quantidade e qualidade cada<br />

vez melhores e, com isso, acompanhar o crescimento econômico mundial, além de<br />

também contribuir para o seu próprio crescimento social e econômico.<br />

Outros fatores importantes, que podem agregar ainda mais valor ao processo de<br />

inovação tecnológica, são aqueles que, com ele, vêem juntos a ampliação do<br />

4<br />

4


emprego, pois, quanto mais tecnologia de ponta é utilizada pelas empresas, mais<br />

fácil se torna <strong>sua</strong> expansão. Qualquer inovação que possa ser feita,<br />

automaticamente torna-se uma porta simples para o início do processo de<br />

crescimento. Tanto no processo de produção quanto na criação de novos produtos,<br />

este tipo de atitude empresarial, gera vantagens que agregam valor aos produtos<br />

das empresas no processo de desenvolvimento. Mesmo sendo muitas dessas<br />

mudanças imperceptíveis para o consumidor, mas que com certeza fazem a<br />

diferença.<br />

Para que se torne realmente viável este crescimento, principalmente para as<br />

pequenas e microempresas, alguns pontos deveriam ser revistos, como por<br />

exemplo, a enorme burocracia e quantidade de impostos para se abrir uma<br />

empresa. Enquanto este quadro não se reverter o mercado informal continuará<br />

sobrevivendo e, com isso, a falta de acesso e o desinteresse pela tecnologia<br />

continuarão e o mercado empresarial brasileiro continuará abaixo da média.<br />

O avanço da tecnologia no mundo contemporâneo tem crescido de forma<br />

assustadora. Dentro desta tecnologia encontram-se, principalmente, os produtos<br />

eletrônicos e de informática que, por <strong>sua</strong> vez, estão cada vez mais reduzidos e com<br />

capacidade de armazenamento de dados cada vez maiores, tornando mais fácil o<br />

transporte e a disseminação das informações digitais. Paralelamente a esta<br />

tecnologia, um outro mercado também tem crescido bastante, o da pirataria. Esta<br />

prática pode ser definida, segundo o site do Ministério da Justiça<br />

(http://www.mj.gov.br/combatepirataria/shownews.asp?id=1141), como ...”a atividade<br />

de copiar, reproduzir ou utilizar indevidamente uma obra para fins de<br />

comercialização ilegal ou para uso pessoal....” Este mercado, hoje, compete quase<br />

de igual para igual com as grandes empresas produtoras e tem atuado firmemente,<br />

e principalmente, na área de produtos eletrônicos, têxteis e fonográficos entre<br />

outros. Como exemplo, segundo o Relatório de Pirataria Comercial de 2005 da<br />

<strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong>, publicado pela IFPI - Federação Internacional da Indústria<br />

Fonográfica - um em cada três discos musicais vendidos no mundo é pirata. No<br />

Brasil a situação não é diferente, pois o país já representa 9,5% do mercado mundial<br />

pirata, no que se refere à CD’s e DVD’s.<br />

Dando destaque ao mercado fonográfico brasileiro, e a partir da realidade na<br />

qual se encontra hoje, podemos observar claramente, nas ruas e nos shoppings<br />

populares, o quanto a pirataria <strong>fonográfica</strong> já está infiltrada e enraizada no mercado,<br />

5<br />

5


e como o mercado consumidor vem alimentando e mantendo esta estabilidade,<br />

apesar das várias tentativas de inibição e operações de apreensão de produtos<br />

piratas feita pela Polícia Federal com a ajuda de outros órgãos de combate a este<br />

tipo de crime.<br />

Traçado este perfil básico da situação e, levando em consideração que as<br />

companhias <strong>fonográfica</strong>s estão lutando para conseguir reverter este quadro,<br />

chegamos a uma primeira conclusão, de que o problema ainda está longe de ser<br />

resolvido.<br />

3.1 A evolução histórica x direito autoral<br />

Neste item são apresentados rapidamente alguns aspectos relativos à<br />

evolução dos meios de reprodução de dados mais comuns, bastante utilizados nos<br />

últimos tempos. São eles: fita cassete, cd e mp3 e como esta evolução fere os<br />

direitos autorais.<br />

3.1.1 Fita cassete<br />

Desenvolvida inicialmente pela Phillips no final dos anos 60, e precedida por<br />

outros formatos como a fita de rolo, a fita cassete foi o formato definitivo de fita<br />

magnética portátil de alta qualidade. Responsável pela popularização do walkman e<br />

do conceito de música portátil, inicialmente tinha baixa fidelidade, problema que foi<br />

rapidamente solucionado pelo advento das gravações em sistema Dolby. A<br />

tecnologia da fita permitia a produção, duplicação e edição de músicas, agravando a<br />

discussão sobre os direitos autorais, contudo, também beneficiava músicos com<br />

dificuldades de se inserir no mercado. Esses podiam gravar, duplicar e distribuir<br />

<strong>sua</strong>s obras, mesmo que de forma tímida.<br />

3.1.2 CD<br />

No início dos anos 80 o Compact Disc foi apresentado ao mundo como a<br />

revolução digital do som, e de fato o foi. Apresentado como um disco de plástico de<br />

4,5 polegadas com aparência de alumínio, o CD tinha como vantagens a praticidade<br />

e a maior capacidade de armazenamento, pois um CD equivaleria a dois discos de<br />

vinil, ou, LP’s (Long Play).<br />

6<br />

6


A qualidade do som e a maior durabilidade foram também apontadas como<br />

vantagens, mas esses aspectos são relativos, afinal a mídia do CD registra uma<br />

faixa menor do espectro sonoro alcançado pelas gravações analógicas do LP, além<br />

da oxidação, processo que o vinil não sofre.<br />

No Brasil, com a valorização do Real em relação ao Dólar, a partir de 1994, o<br />

mercado de fonogramas se voltou para essa nova mídia, extinguindo os LP’s e<br />

iniciando uma nova fase mercadológica, que influenciou não apenas a dinâmica do<br />

consumo como o surgimento de novos músicos no mercado, afinal a tecnologia<br />

digital barateou os custos de produção de um disco.<br />

Quando surgiram meios de transpor a música digital gravada em disco para o<br />

hardware de computadores, teve início a febre da troca de fonogramas pela internet.<br />

3.1.3 MP3<br />

O novo formato da música é uma novidade vivida simultaneamente por<br />

praticamente todos os países do mundo que têm <strong>sua</strong> população conectada a rede<br />

mundial de computadores, a internet.<br />

A popularização desse tipo de fonograma se deu a partir de 1998 com o<br />

lançamento do software Napster, que permitiu aos usuários da internet se<br />

conectarem e trocarem arquivos gratuitamente. Assim, era possível conseguir discos<br />

inteiros de graça via computador usando a internet, mas não só isso: discos fora de<br />

catálogos ou importados, músicas raras, gravações ao vivo, bandas iniciantes que<br />

ainda não tinham discos gravados e outros casos particulares também ficaram<br />

acessíveis a um número maior de ouvintes, deflagrando uma crise mundial da<br />

<strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong>.<br />

Outra mudança importante no comportamento dos ouvintes foi o lançamento dos<br />

MP3 Players, pequenos aparelhos portáteis com capacidade de armazenamento<br />

maior que os dos CD’s convencionais que reproduzem esses arquivos digitais.<br />

3.1.4 Direito autoral<br />

“Direito autoral ou direitos de autor é o nome dado ao direito que o autor, o<br />

criador, o tradutor, o pesquisador ou o artista tem de controlar o uso que se faz de<br />

<strong>sua</strong> obra. É garantido ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que<br />

criou. Reprodução é a cópia em um ou mais exemplares de uma obra literária,<br />

7<br />

7


artística ou científica. Contrafação é a cópia não autorizada de uma obra.”<br />

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_autoral> Acesso em 21/10/2006).<br />

Há, mais ou menos, três décadas, com o surgimento da internet, e o começo<br />

da evolução tecnológica, no que se refere à computação, pouco se ouvia falar em<br />

pirataria de uma forma geral, apesar de já naquela época, no contexto da autoria<br />

<strong>fonográfica</strong>, ser uma prática comum copiar músicas dos antigos discos de vinil,<br />

conhecidos com LP’s (Long Play), para fitas K7. Esta prática certamente não<br />

influenciava na comercialização dos produtos no mercado fonográfico, por se tratar,<br />

na maioria das vezes, de cópias caseiras para uso doméstico ou em automóveis.<br />

A partir dos anos 80, com o começo da popularização da internet, surge<br />

também a facilidade da disseminação da informação. Nesta mesma época as<br />

grandes gravadoras começam a lançar no mercado o cd (compact disc),<br />

acompanhando a nova tendência tecnológica que também atingiu o mercado<br />

fonográfico. Com a expansão tecnológica cada vez mais crescente, sobretudo da<br />

internet e, como dito anteriormente, a facilidade da disseminação da informação,<br />

surgem, em meados dos anos 90, os primeiros compactadores de áudio que<br />

possibilitam a conversão das músicas impressas no cd’s para o formato digital, o<br />

que facilitou <strong>sua</strong> disponibilização em servidores de internet, onde qualquer usuário<br />

pudesse acessa-las ou copiá-las sem qualquer empecilho, e melhor, sem qualquer<br />

custo, para dentro do seu próprio computador e, a partir dele, fazer novas<br />

reprodução em pequenas ou grandes escalas.<br />

Em meados da década de 90 e começo de 2000, com a tecnologia crescendo<br />

cada vez mais rapidamente, surgem os copiadores ou gravadoras de cd, aparelhos<br />

que possibilitam a duplicação de dados das mídias, porém com qualidade bastante<br />

inferior. Isto, aliado à grande quantidade de material fonográfico já disponibilizado na<br />

internet, começou a trazer um prejuízo enorme, não só para as gravadoras como<br />

também para os artistas, no que diz respeito ao direito à propriedade intelectual.<br />

Muitos artistas e grupos musicais tiveram e ainda têm <strong>sua</strong>s músicas copiadas e<br />

comercializadas sem a menor cerimônia, e por um preço e qualidade extremamente<br />

inferiores ao oferecido pelos produtos originais, como é o caso do Napster, famoso<br />

programa de computador para compartilhamento de músicas através da internet<br />

que, a princípio, foi criado, segundo palavras do próprio criador, o americano Shawn<br />

Flanning, para o compartilhamento de músicas de “novos artistas”, contudo não<br />

estava sendo utilizado para este fim. Álbuns completos de artistas<br />

8<br />

8


internacionalmente já consagrados estavam sendo colocados à disposição do<br />

mundo. Mais de sessenta milhões de internautas, destes, um milhão sendo<br />

brasileiros, segundo resultados de pesquisa realizada pela Júpiter Media Metrix em<br />

fevereiro de 2001, aproximadamente 1 milhão de usuários do Napster são<br />

brasileiros, o que corresponde a 18,8% dos internautas do país. Esta venda<br />

indiscriminada tem dado uma enorme dor-de-cabeça ao mercado fonográfico que<br />

tenta, a todo custo, se defender deste tipo de abuso, contudo sem obter grande<br />

êxito.<br />

As grandes empresas <strong>fonográfica</strong>s têm perdido uma importante fatia do<br />

mercado em relação aos produtos ilegais, justamente por praticarem preços<br />

extremamente altos, se comparados aos produtos piratas, contudo, devemos<br />

considerar que as campanhas promocionais também estão inclusas no preço final, o<br />

que não impede, segundo as empresas, que esse valor final do produto seja revisto<br />

pelos fabricantes, pois este é um dos principais fatores que determinam o aumento<br />

excessivo da pirataria.<br />

3.1.5 Os órgãos de combate à pirataria<br />

Alguns órgãos, nacionalmente reconhecidos, como a Polícia Federal, APDIF,<br />

Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos, fundada em 1995, e a<br />

ABPD, Associação Brasileira dos Produtores de Discos, fundada em 1958, com o<br />

intuito de representar as gravadoras, têm atuado nesta batalha, agindo<br />

conjuntamente e de forma bastante ostensiva no combate à pirataria, com<br />

operações de rua contra ambulantes, lojas e repressão à estrutura das organizações<br />

criminosas. Em todo Brasil, milhões de CD’s piratas são apreendidos e destruídos<br />

anualmente, porém essas apreensões de mercadoria não causam maiores prejuízos<br />

aos infratores, pois grande parte deles continua em liberdade. Carlos Alberto de<br />

Camargo, presidente da Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (ADEPI),<br />

afirma que há ação policial, mas a judicial continua “medíocre”: “Temos 8,3 mil<br />

processos criminais de audiovi<strong>sua</strong>l em andamento, acusação em todos; 14<br />

condenações no ano passado e ninguém na cadeia. O desempenho da justiça nesta<br />

área é o retrato de seu desempenho de maneira geral. Pior que não ter<br />

condenações é não haver penas alternativas para desestimular o crime. (Gracie<br />

9<br />

9


Santos, “Lucro vem fácil demais” Jornal Estado de Minas, caderno de Cultura, 13<br />

fev. 2006, p.5.)<br />

No combate à pirataria na Internet, a APDIF, tem atuado desde meados de<br />

2000, quando iniciou o trabalho de monitoramento e notificação de sites ilegais;<br />

a solicitação de medidas cabíveis às autoridades competentes e a busca da<br />

colaboração dos provedores de serviços.<br />

Apreensões 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

Páginas Notificadas 3766 8897 9708 8782 4125 2282<br />

Páginas Removidas 2785 8694 9458 8687 4113 2277<br />

Fonte: APDIF Acesso em: 23 out. 2006.<br />

Segundo a ABPD, as vendas de cd em 2002 caíram 9,8%, em termos de<br />

valores e, 5,4%, em termos de unidades. Esses dados foram computados fazendo-<br />

se um levantamento em toda a América Latina. Em recente pesquisa, constatou-se<br />

que 33% dos compradores de CD’s, consomem os produtos pirateados, sendo que<br />

13% desse total compram tanto produtos originais quanto piratas<br />

( Acesso em 20/10/2006).<br />

Segundo afirmação de Nehemias Gueiros Jr.:<br />

“O pirata passa completamente ao largo de todo o processo de produção e<br />

criação, sequer toma conhecimento dos investimentos feitos pelo negócio<br />

legítimo e simplesmente copia ou imita os produtos genuínos, auferindo<br />

lucros astronômicos antes ou até conseguir ser detido pelas autoridades. O<br />

pirata é sempre atraído pelo sucesso.” (GUEIROS JR., 1999, p. 400)<br />

Mas esta não é uma exclusividade dos produtos fonográficos, a pirataria<br />

atinge “Das camisinhas aos discos, das camisas da seleção canarinho aos<br />

disjuntores elétricos, de isqueiros ao Viagra, a sensação é que para cada produto<br />

original existe uma cópia pirata.” (CORREA, Cristiane. TEIXEIRA JR., Sérgio. Cópia<br />

que mata. Exame, São Paulo, ano 37, n. 22, p.42-52, 29 out. 2003).<br />

4 O MERCADO FONOGRÁFICO<br />

Segundo a ABPD, “o mercado brasileiro de música movimentou em 2005 R$<br />

615,2 milhões, valores reportados pelas maiores companhias <strong>fonográfica</strong>s operantes<br />

no País à Associação Brasileira dos Produtores de Discos - ABPD, o que representa<br />

10<br />

10


uma queda de 12,9% em comparação ao ano anterior.” (ABPD. Publicação Anual do<br />

Mercado Fonográfico ABPD 2005, p. 03)<br />

4.1 Uma nova idéia de comércio fonográfico<br />

Com o avanço da pirataria no mundo inteiro, as empresas começaram a<br />

procurar formas alternativas de comércio. Em 1999, como não poderia deixar de ser,<br />

a Internet, que anteriormente era vista como a vilã na disseminação de fonogramas<br />

ilegais, passa a ser vista como uma grande aliada, um grande nicho de mercado que<br />

era muito pouco explorado e que agora é visto como a ferramenta que vai<br />

possibilitar a reviravolta no mercado fonográfico surge aí a idéia do comércio on-line.<br />

Esta idéia teve <strong>sua</strong> origem com o site MP3.com, que disponibilizava músicas<br />

gratuitamente para download objetivando a venda de CD’s por encomenda (on-<br />

demand). Os artistas que tinham seus fonogramas vendidos eram remunerados com<br />

50% do valor do CD, os outros 50% ficavam por conta das despesas de manutenção<br />

do site, correios e lucro.<br />

No Brasil, segundo denominação do próprio site, a Imusica é:<br />

“A primeira empresa de distribuição digital do Brasil: A iMusica é pioneira na<br />

América Latina em soluções de distribuição de mídia digital. Firmou-se no<br />

mercado como o mais completo e confiável fornecedor de ferramentas de<br />

distribuição e proteção dessa mídia. Visitada por mais de 1 milhão de<br />

usuários mensalmente, com um crescimento de 2.500 usuários/dia, a rede<br />

oferece uma distribuição 100% autorizada de música digital através de alguns<br />

dos maiores portais de e-commerce do país.”<br />

( Acesso em: 25 out. 2006)<br />

Esta nova modalidade de venda por encomenda, sem dúvida, tem se tornado<br />

cada vez mais popular, tendo em vista que a tecnologia encontrava-se disponível,<br />

contudo, não era utilizada de forma adequada.<br />

As empresas da <strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong> devem estar atentas a este fato, saber<br />

explora-lo, não só para resgatar os clientes perdidos, como para conquistar novos<br />

clientes.<br />

Apesar de todo esforço ainda é grande a quantidade de músicas<br />

disponibilizadas na Internet.<br />

“Estima-se que 20 bilhões de músicas foram trocadas ou baixadas<br />

ilegalmente em todo o mundo. Isto evidencia uma taxa elevada de pirataria na<br />

internet, mas ilustra também o vasto potencial de crescimento do mercado<br />

11<br />

11


legítimo de música on-line.”( ABPD. Publicação Anual do Mercado<br />

Fonográfico ABPD 2005 Rio de Janeiro, 2006. p. 25)<br />

4.2 O mercado consumidor de música<br />

Com o crescimento das vendas de downloads legítimos através da internet no<br />

Brasil em 2005, estima-se uma melhora cada vez mais crescente do mercado on-<br />

line.<br />

“As vendas de repertório local no Brasil continuam sendo um dos mais altos<br />

níveis do mundo. No ano de 2005, 76% de toda a música vendida no país<br />

(áudio e vídeo) foi de produtos nacionais, mesmo patamar do ano anterior...<br />

Pela primeira vez o Brasil registrou queda no nível de pirataria de CD’s<br />

musicais. Segundo a empresa de pesquisa Ipsos, cerca de 40% do mercado<br />

musical brasileiro foi tomado pela cópia falsificada em 2005, contra 52%<br />

registrado em 2004.” (ABPD. Publicação Anual do Mercado Fonográfico<br />

ABPD 2005 Rio de Janeiro, 2006. p. 11)<br />

Mesmo com a queda no número da venda de produtos piratas o índice ainda é<br />

grande e ainda traz prejuízos para o mercado, porém, podemos perceber que, tanto<br />

o mercado da <strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong>, quanto o consumidor, está passando por um<br />

período de transição no âmbito mundial.<br />

Apesar desta pequena reação das empresas <strong>fonográfica</strong>s, continua grande a<br />

oferta de CD’s piratas no Brasil.<br />

Conforme pesquisa encomendada pela ABPD, “foram realizadas 1.209<br />

entrevistas (perfis acima de 15 anos), o que representa um universo total de 36,5<br />

milhões de pessoas, em 10 regiões metropolitanas do Brasil: São Paulo, Rio de<br />

Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Fortaleza,<br />

Recife e Brasília. As entrevistas foram realizadas no 1º semestre de 2006 (ABPD.<br />

Publicação Anual do Mercado Fonográfico ABPD 2005. Rio de Janeiro, 2006.) à<br />

empresa de pesquisa de Marketing do grupo Ipsos, o perfil dos compradores de<br />

CD’s originais e falsificados no Brasil, conforme quadros abaixo, de 01 a 06, é o<br />

seguinte:<br />

Quadro01 - Sexo<br />

Há maior incidência de mulheres entre os compradores de CD’s originais.<br />

Fonte: ABPD. Publicação Anual do Mercado Fonográfico ABPD 2005. Rio de Janeiro, 2006. p. 17.<br />

12<br />

12


Quadro 02 - Faixa etária<br />

Os compradores de CD’s piratas são mais jovens e concentram-se na faixa entre 15 e 24 anos.<br />

Fonte: ABPD. Publicação Anual do Mercado Fonográfico ABPD 2005. Rio de Janeiro, 2006. p. 17.<br />

Quadro 03 - Ocupação<br />

A maior incidência de compradores de CD’s, sejam originais ou piratas, está entre as pessoas<br />

que trabalham fora em período integral e estudantes.<br />

Fonte: ABPD. Publicação Anual do Mercado Fonográfico ABPD 2005. Rio de Janeiro, 2006. p. 17.<br />

13<br />

13


Quadro 04 - Classe social<br />

Os compradores de CD’s originais têm maior concentração nas classes mais altas. Já entre os<br />

compradores de CD’s piratas há maior concentração nas classes mais baixas.<br />

Fonte: ABPD. Publicação Anual do Mercado Fonográfico ABPD 2005. Rio de Janeiro, 2006. p. 18.<br />

Quadro 05 - Escolaridade<br />

Os compradores de CDs originais são mais instruídos, quando comparados aos compradores<br />

de produtos ilegais.<br />

Fonte: ABPD. Publicação Anual do Mercado Fonográfico ABPD 2005. Rio de Janeiro, 2006. p. 18.<br />

Quadro 06 - Região<br />

Perfil dos compradores de CDs por Estados do Brasil:<br />

Fonte: ABPD. Publicação Anual do Mercado Fonográfico ABPD 2005. Rio de Janeiro, 2006. p. 18.<br />

14<br />

14


5 AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA COMBATER A<br />

PIRATARIA<br />

Levando em consideração os dados fornecidos acima, pela pesquisa<br />

requisitada pela ABPD à empresa de pesquisa de Marketing do grupo Ipsos, e a<br />

partir das análises feitas em cada em cada módulo da pesquisa, notamos que, o que<br />

esta sendo feito hoje ainda não é o suficiente, mas já é um bom começo, haja visto<br />

que, de 2005 para 2006, houve uma diminuição no consumo de CD’s piratas,<br />

contudo, faz-se necessária a criação de outros métodos de prevenção contra a<br />

pirataria.<br />

De acordo com informações do site do Ministério da Justiça, no planejamento<br />

estratégico para o biênio 2005/2006, na relação de ações priorizadas, encontramos<br />

um item que prevê “coordenar de campanhas de marketing visando à valorização e<br />

o respeito à propriedade intelectual e contra a pirataria”<br />

( Acesso em: 25 out. 2006). Este<br />

procedimento já está em prática e tem sido divulgado através de ações educativas<br />

como, por exemplo, no site http://www.piratatofora.com.br.<br />

“A campanha Pirata: to fora, desenvolvida pelo Sindireceita e Ministério da<br />

Justiça, tem o objetivo de conscientizar a população sobre os efeitos danosos<br />

da pirataria no Brasil e a importância da defesa da propriedade intelectual.”<br />

“A primeira fase da campanha aconteceu durante o carnaval, concentrandose<br />

em três grandes cidades: Recife, Salvador e Rio de Janeiro.”<br />

“A segunda fase começou no dia 16 de março, com o lançamento da<br />

campanha no Ministério da Justiça, em Brasília.”<br />

( Acesso em: 25 out. 2006)<br />

As ações educativas, certamente, são de grande valia para amenizar o<br />

problema criado pelos produtos piratas.<br />

“[...] Seguindo o pensamento que a tecnologia é fundamental na luta contra a<br />

pirataria, o secretário adjunto da Receita Federal, Paulo Cardoso, esclareceu<br />

que com a pirataria o governo, os artistas e empresários, todos perdem [...].”<br />

(<br />

Acesso em: 25 out. 2006)<br />

Outras formas de combate devem ser criadas, além das ações educativas, e<br />

uma delas, volto a afirmar, é a diminuição do custo do produto final, porém, a<br />

justificativa dada pelos empresários é a de que os custos de produção são altos e<br />

acabam afetando este valor final do produto, mas devemos estar cientes de que,<br />

15<br />

15


enquanto as empresas que pertencem à <strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong> não revisarem seus<br />

conceitos, no que diz respeito aos valores dos produtos que são lançados e<br />

relançados no mercado, dificilmente a situação se reverterá.<br />

“[...] Os representantes de gravadoras solicitaram mais detalhes do projeto<br />

antes de firmarem uma posição e ressaltaram que os custos de produção<br />

envolvem despesas industriais, direitos autorais e artísticos, distribuição e<br />

logística, marketing, entre outras ações [...].”<br />

(<br />

Acesso em: 25 out. 2006)<br />

Os valores investidos em marketing pelas gravadoras certamente são<br />

bastante relevantes e de extrema importância. O que pode estar interferindo nos<br />

resultados é a forma como esses recursos estão sendo aplicados. Segundo<br />

ROMANA (2004, p.78), “entende-se que os gastos com marketing são de extrema<br />

importância, mas segundo os próprios executivos são eles, após os impostos, os<br />

responsáveis pelos altos preços dos CD’s.”<br />

ALVES, (apud LEAL 2004, p. 77), descreve bem a visão dos executivos<br />

diante do mercado consumidor.<br />

“[...] o que acontece com a <strong>indústria</strong> é o mesmo que acontece com o<br />

casamento ou qualquer tipo de relação. Quando tudo está lindo e<br />

maravilhoso, você não vê os problemas [...] Quando a <strong>indústria</strong> era a <strong>indústria</strong><br />

do milhão, tudo vendia um milhão [...] você não se preocupava em gastar<br />

muito em marketing, e se aquela ferramenta deu ou não certo [...] você não<br />

prestava atenção nesses detalhes: quem é o seu consumidor, quem comprou<br />

o seu disco [...] você está vendendo um milhão, não está preocupado com<br />

isso [...]”<br />

A pergunta que fica no ar é: onde está o erro na <strong>estratégia</strong> de marketing<br />

definida pelos setores responsáveis das empresas da <strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong>? A<br />

resposta fica bastante clara, na citação da ALVES, (apud LEAL 2004, p. 80), no que<br />

se refere à falta da pesquisa de mercado, procedimento primordial e fundamental do<br />

marketing que passa despercebido pelas gravadoras.<br />

“O público-alvo de cada artista é determinado, por exemplo, segundo o feeling<br />

dos responsáveis pelo marketing. Segundo um executivo do setor.”<br />

“A <strong>indústria</strong> não trabalha com isso. O setor fonográfico é um dos poucos que<br />

não conhece o consumidor. Você cria o produto e o coloca na rua, e você<br />

acha (!) que quem consome [cita um artista da empresa] tem entre 10 e 14<br />

anos, você acha (!) que o fã do [cita outro artista da empresa] é gay, você<br />

acha (!)... você trabalha dessa forma.”<br />

16<br />

16


Diante disto, além de ações educativas para o consumidor, será necessário<br />

começar uma campanha paralela, junto às empresas <strong>fonográfica</strong>s, de<br />

conscientização e mudança de hábito, pois a manutenção deste modelo de<br />

marketing aplicado no mercado pelas empresas, tende a fortalecer cada vez mais o<br />

mercado paralelo.<br />

17<br />

17


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A pirataria <strong>fonográfica</strong>, apesar dos prejuízos que causa não só ao mercado<br />

fonográfico como também em vários outros, revelou como o marketing desenvolvido<br />

pelas empresas da <strong>indústria</strong> <strong>fonográfica</strong> vem sendo utilizado de forma equivocada,<br />

ano após ano. Revelou que sequer os princípios mais básicos do marketing, como<br />

por exemplo, a pesquisa de mercado, era feita para se atender a uma determinada<br />

demanda. As empresas simplesmente criavam o produto e o lançavam, baseadas<br />

apenas em tendências e modismos.<br />

Ao perceberem que estavam perdendo o mercado para os produtos piratas,<br />

principalmente por serem mais baratos que os seus, começaram, mesmo que<br />

tardiamente, a buscar soluções que diminuíssem o prejuízo que estavam tendo,<br />

fazendo-os repensar seus modelos.<br />

A pirataria forçou o mercado a se reestruturar e a traçar novos formatos e<br />

<strong>estratégia</strong>s, mostrou o quanto o consumidor é importante e que deve ser tratado<br />

como peça fundamental no sucesso de um produto.<br />

Esta visão de mercado começa agora a tomar forma, a transição da era pré-<br />

pirataria para a pós-pirataria, parece estar começando a fazer efeito, porém ainda há<br />

muito a ser feito, pois com a tecnologia evoluindo cada vez mais rápido, a cada dia<br />

novas formas de pirataria surgem e, com elas novas formas de prevenção devem<br />

surgir juntas a elas.<br />

18<br />

18


7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALVES, Felipe José M. do Amaral. O impacto da proliferação da música digital<br />

nas <strong>estratégia</strong>s de marketing das empresas do setor de gravação <strong>fonográfica</strong>.<br />

Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2002.<br />

GUEIROS JUNIOR, Nehemias. O direito autoral no show business: tudo o que<br />

você precisa saber. Rio de Janeiro: Gryphus, 1999.<br />

KOTLER, Philip. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice-Hall,<br />

2000. 764 p.<br />

LEAL, Romana D’angelis Ramos dos Santos, O marketing e a queda nas vendas<br />

de cd’s, feira de santana 2004 - Trabalho de Conclusão de Curso apresentado<br />

como pré-requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração<br />

com Habilitação em Marketing na Faculdade de Tecnologia e Ciências.<br />

Acesso em: 23 out. 2006.<br />

Acesso em: 16 jul. 2006<br />

Acesso em: 23 out. 2006.<br />

Acesso em: 17 set. 2006.<br />

19<br />

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