10.05.2013 Views

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

3. AUTO AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO SOCIAL COMO DOMÉSTICA<br />

3.1. A vida <strong>de</strong> casada: mãe e esposa confinada a ser Doméstica<br />

A adaptação à vida <strong>de</strong> casada é encarada por O. como positiva, consi<strong>de</strong>ra a narradora<br />

que as alterações não foram muito significativas, a não ser o facto <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> cozinhar todos os<br />

dias, “ (…) não foi uma coisa que, que me custasse, foi… era natural. (…) a única coisa que,<br />

que passou a ser diferente (…) que eu não fazia com tanta regularida<strong>de</strong>, era ter que<br />

cozinhar.” (pág.24). Essa passou a ser uma rotina diária da qual a jov<strong>em</strong> não estava<br />

habituada, e que se alterou após a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> viver com o companheiro, como ex<strong>em</strong>plifica: “<br />

todos os dias (…) almoço e jantar e pensar e entrar naquela rotina, porque quando `tava no<br />

Algarve se não me apetecia fazer, não fazia, comia qualquer coisa, comia umas torradas (…)<br />

aqui não, (…) implica outra pessoa (…) `tá a trabalhar fora e que não fica satisfeito com<br />

umas torradas (…).” (pág.24). Para a narradora, o que <strong>de</strong> facto se alterou no seu quotidiano<br />

foi, sobretudo, ter <strong>de</strong> cozinhar e planificar as refeições todos os dias: “ ter <strong>de</strong> fazer uma<br />

comida (…) isso é que mais (...) diferença fez no meio disto tudo (…) às vezes aborrece ter<br />

que `tar a pensar o que é que faço p`o almoço ou p`o jantar, mas faz parte da rotina (…).”<br />

(pág.24). Muito <strong>em</strong>bora, seja a mesma a admitir que, com o t<strong>em</strong>po essa planificação torna-se<br />

mais fácil, como as tarefas são muito repetidas, O. consi<strong>de</strong>ra que, “ t<strong>em</strong> que haver alguma<br />

preparação (…) algum planeamento da, daquilo que t<strong>em</strong> que ser feito (…) já `tá uma coisa<br />

tão mecanizada.” (pág.25). Neste sentido, é claro o discurso <strong>de</strong> O. ao referir que os seus dias<br />

são <strong>de</strong>masiado repetitivos e que se tornam muito cansativos, “ (…) é uma rotina mesmo (…)<br />

às vezes cansa a mente, mais a mente do que, do que propriamente o corpo. (…) acaba por<br />

ser s<strong>em</strong>pre a mesma coisa (…).” (pág.26). Segundo O. o mais pesado é, sobretudo, esse<br />

cansaço psicológico, daí que a mesma entenda que é mais vantajoso a mulher conciliar uma<br />

activida<strong>de</strong> laboral fora <strong>de</strong> casa, porque assim convive com outras pessoas, não estando, como<br />

é o seu caso, cingida à casa, como nos esclarece: “ (…) o facto <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> conviver com<br />

outras pessoas e não estar s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> casa (…).” (pág.26).<br />

Ao falar sobre o seu companheiro, a jov<strong>em</strong> dá-nos conta <strong>de</strong> que existe partilha das<br />

tarefas domésticas entre o casal; não obstante admitir que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser ela a solicitar a ajuda ao<br />

seu companheiro, também não escon<strong>de</strong> que este não t<strong>em</strong> iniciativa, como evi<strong>de</strong>nciam as<br />

seguintes palavras da narradora: “ (…) ele ajuda, mas só se eu pedir (…) só que eu acho que<br />

87

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!