Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
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Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
Tal como nos relata, O. tornou-se doméstica <strong>em</strong> 2009, <strong>de</strong>vido à sua situação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego (pág.6), no entanto, sublinha que vir a ser doméstica, era uma <strong>de</strong>cisão que não<br />
fazia parte dos seus planos, como <strong>de</strong> resto constatamos pelo seu discurso: “ (…) jamais,<br />
jamais, jamais, `tava completamente a anos luz <strong>de</strong>…” (pág.10). De facto, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego<br />
sist<strong>em</strong>ático foi o que levou O. a tornar-se doméstica, pois é a própria qu<strong>em</strong> admite que, ao<br />
regressar a Moura, vinda <strong>de</strong> Vila Franca, “ (…) nunca mais consegui trabalho (…).” (pág.7).<br />
Apesar da sua constante procura, O. sente que o facto <strong>de</strong> ter sido mãe e ter uma criança<br />
pequena ao seu cuidado é motivo para que não a contrat<strong>em</strong> (pág.8), pelo menos, é essa a<br />
leitura que faz sobre todas as entrevistas a que foi convocada, aquando da maternida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
2010. Tal como afirma a mesma, a situação económica do casal t<strong>em</strong>-se mantido estabilizada<br />
porque o seu companheiro conseguiu colocação profissional <strong>em</strong> 2011; caso contrário, a<br />
hipótese <strong>de</strong> <strong>em</strong>igrar po<strong>de</strong>ria ser uma alternativa para este casal (pág.8).<br />
2.3.3. ETAPA 3 do Momento 2 (2012): Gestão/Organização da casa e do<br />
orçamento<br />
Quanto à gestão dos rendimentos do casal, sabe-se através da narradora que as contas<br />
são divididas pelo casal (pág.27); para além disso, e como não pagam renda <strong>de</strong> casa, as<br />
<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> supermercado são alternadas, ou seja, “ (…) uma vez pago eu (…) a próxima<br />
paga ele (…)” (pág.27). Percebe-se, pois, que o casal realiza uma gestão <strong>em</strong> conjunto o que<br />
faz com que não olh<strong>em</strong> muito aos valores (pág.27); ou seja, apesar <strong>de</strong> dividir<strong>em</strong> todas as<br />
contas (pág.28), não restring<strong>em</strong> os valores gastos por cada m<strong>em</strong>bro do casal (pág.27).<br />
Apresentado o Momento 2 da trajectória i<strong>de</strong>ntitária <strong>de</strong> O., <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter-se <strong>em</strong> conta<br />
alguns dos Territórios Sócio-I<strong>de</strong>ntitários que foram sofrendo alterações: o familiar, alterou-<br />
se também quando a jov<strong>em</strong> foi para Vila Franca <strong>de</strong> Xira viver e acompanhar o namorado e, a<br />
quando do seu regresso novamente para Moura, porque contou com o apoio dos seus pais; o<br />
geográfico/habitacional modificou-se com a ida <strong>de</strong> O. para Vila Franca <strong>de</strong> Xira, sendo<br />
crucial a sua adaptação a novos locais; o laboral, sofreu alterações, pois a partir do momento<br />
<strong>em</strong> que a narradora foi para Vila Franca <strong>de</strong> Xira, nunca mais conseguiu trabalho, passando a<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada; o das sociabilida<strong>de</strong>s, um território afetado aquando da sua gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>vido<br />
aos hábitos que teve <strong>de</strong> alterar, ao t<strong>em</strong>po para cuidar <strong>de</strong> si, que passou a ser reduzido, b<strong>em</strong><br />
como ao nível dos espaços públicos que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> frequentar e das pessoas com qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixou<br />
<strong>de</strong> conviver com tanta frequência.<br />
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