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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

dupla tarefa e a admitir que a sua realização da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliação <strong>de</strong> uma<br />

activida<strong>de</strong> laboral fora <strong>de</strong> casa com as tarefas associadas à casa.<br />

Este é um caso <strong>em</strong> que se assiste claramente à reprodução do mo<strong>de</strong>lo familiar no qual<br />

viveu, e é a própria qu<strong>em</strong> o admite: “ (…) acabo por reproduzir o mo<strong>de</strong>lo que vi, p`ra mim,<br />

na minha opinião foi uma mo<strong>de</strong>lo bom e que, acabo por tentar, acho que inconscient<strong>em</strong>ente,<br />

estes mo<strong>de</strong>los que nos passam, nós acabamos por fazê-los s<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> nos apercebermos.”<br />

(pág.11). No caso concreto, toda a gestão doméstica (tarefas, t<strong>em</strong>pos, espaços, recursos-<br />

or<strong>de</strong>nados), a narradora reproduz muito do que viu <strong>em</strong> casa dos pais e acrescenta que o<br />

marido também partilha do mesmo mo<strong>de</strong>lo, “ (…), se calhar se eu visse os meus pais<br />

gastar<strong>em</strong> c<strong>em</strong>, ter<strong>em</strong> c<strong>em</strong>, gastar<strong>em</strong> c<strong>em</strong>, ou pedir<strong>em</strong> <strong>em</strong>préstimos p`a tudo e mais alguma,<br />

se calhar teria esse hábito e achava perfeitamente normal, e iria fazê-lo. (…) Mas eu não, e<br />

ele também, por acaso na casa <strong>de</strong>le nunca viu isso. Hum, e então nesse sentido, tamos <strong>de</strong><br />

comum acordo.” (pág.11). Portanto, a educação transmitida pelos pais é também algo que a<br />

narradora preserva muito e, neste contexto <strong>de</strong> reprodução, salientar que o pai s<strong>em</strong>pre ajudou<br />

na execução das tarefas domésticas <strong>em</strong> casa: “ (…), <strong>em</strong> casa já via isso, já via uma partilha<br />

<strong>de</strong> tarefas. O meu pai s<strong>em</strong>pre foi uma pessoa muito… que ajudava s<strong>em</strong>pre muito a minha<br />

mãe.” (pág.6). O que no seu caso, enquanto esposa também acontece, existe uma partilha por<br />

parte do casal: “ (…), ele colabora, às vezes nós refilamos por assim dizer, porque achamos<br />

s<strong>em</strong>pre que é pouco, que nos ajudam pouco, mas é bastante, não, nisso… se é preciso umas<br />

compras ele vai fazer, não t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a nenhum, um jantar ele faz, um almoço. (…) E, sim e<br />

colabora muito, nessas situações e <strong>em</strong> todas as outras, sim, s<strong>em</strong> dúvida.” (pág.6).<br />

Neste momento da sua vida, <strong>em</strong> que foi mãe recent<strong>em</strong>ente, está muito feliz apesar <strong>de</strong><br />

ter reconhecido que, ultimamente não t<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po, n<strong>em</strong> para cuidar <strong>de</strong> si, n<strong>em</strong> para estar<br />

sozinha: mais adianta como se sublinha, que, o único t<strong>em</strong>po que dispõe para si cinge-se a,<br />

t<strong>em</strong>po para tomar banho: “sinceramente é quando `tou a tomar banho.” (pág.7). Neste<br />

sentido, é pertinente reflectir sobre a seguinte componente do seu discurso: “o meu marido<br />

até me diz: - tanto t<strong>em</strong>po que levas a tomar banho.” (pág.7). Repare-se no comentário do<br />

marido: sendo este o único momento que a narradora usufrui sozinha e acaba por aproveitá-lo<br />

por mais alguns minutos, no entanto, o marido não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> a questionar. Segundo a mesma:<br />

“é o único momento que eu tenho só p`ra mim (risos). `Tou me a rir, mas é verda<strong>de</strong>, neste<br />

momento é.” (pág.7). Ao analisar este discurso, é claro o questionamento do marido, <strong>em</strong><br />

torno das questões do corpo, para o mesmo, é incompreensível que a esposa possa <strong>de</strong>morar<br />

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