10.05.2013 Views

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

Esta é a trajectória i<strong>de</strong>ntitária <strong>de</strong> uma jov<strong>em</strong> que sonhava com uma carreira<br />

profissional como manequim, que apesar <strong>de</strong> ter conseguido realizar alguns trabalhos na área,<br />

não pô<strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> ao seu sonho, <strong>de</strong>vido a probl<strong>em</strong>as familiares, nomeadamente,<br />

<strong>de</strong>vido à posição conservadora do pai, b<strong>em</strong> como, a não aceitação do namorado (pág.8). Não<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser curiosa esta “cedência” por parte da jov<strong>em</strong>, uma vez que, o seu discurso revela<br />

claramente o quanto queria ser manequim, “nunca me conheci a gostar <strong>de</strong> fazer outra coisa.<br />

Era aquilo. (…) eu gostava <strong>de</strong> ser manequim (…) nunca gostei <strong>de</strong>, <strong>de</strong> nada, como gostava<br />

disso.” (pág.8).<br />

Este é um caso ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> uma manequim, que ambicionava uma carreira nessa<br />

mesma área, mas que, num curto espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po se <strong>de</strong>sfez <strong>de</strong>la, tanto mais que, planeava<br />

ser mãe, somente, a partir dos trinte anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (pág.29) e que, com vinte e cinco<br />

completos recent<strong>em</strong>ente, já é mãe <strong>de</strong> três crianças, como refere Ana, “ (…) `tava muito longe<br />

da minha i<strong>de</strong>ia que, com vinte e cinco anos tivesse três filhos” (pág.8).<br />

Abandonado o sonho <strong>de</strong> ser manequim, Ana <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> juntar-se com o namorado, o que<br />

faz com que saia da casa dos pais. Repare-se que esta <strong>de</strong>cisão po<strong>de</strong> ser encarada como um<br />

refúgio, ou fuga da casa paterna, ou se quisermos, uma “última alternativa”, visto não ter<br />

dado continuida<strong>de</strong> àquilo que realmente queria fazer do seu futuro. De facto, as mesmas<br />

resistências e a pressão paterna.<br />

Ao longo <strong>de</strong>ste relato, percebe-se também que a narradora não tencionava <strong>de</strong> modo<br />

algum tornar-se doméstica, “ (…) nunca quis ser doméstica a c<strong>em</strong> por cento” (pág.26), no<br />

entanto, alega que a maternida<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertou <strong>em</strong> si essa necessida<strong>de</strong>. Por outras palavras, ao<br />

ser mãe, Ana refere ter começado a aperceber-se que o melhor para os seus filhos era que<br />

ficasse <strong>em</strong> casa, para conseguir dar-lhes mais atenção (pág.28), então <strong>de</strong>spediu-se (pág.4) e<br />

tornou-se doméstica a t<strong>em</strong>po inteiro, isto porque, a narradora enten<strong>de</strong> que ser doméstica é<br />

sobretudo, <strong>de</strong>dicar-se à família, segundo a mesma: “é termos uma profissão que todas as<br />

outras têm, ou encarregam alguém, mais a responsabilida<strong>de</strong> das pessoas que, nós t<strong>em</strong>os a<br />

nosso cargo. Os filhos, o marido, o pai, qu<strong>em</strong> for, qu<strong>em</strong> estiver a viver connosco.” (pág.30).<br />

É, sobretudo, a história <strong>de</strong> uma jov<strong>em</strong> que vive hoje uma vida completamente<br />

diferente daquela com que sonhou e perspetivou, mas que diz ter <strong>de</strong>scoberto na maternida<strong>de</strong><br />

uma alegria e um gosto muito gran<strong>de</strong>: é essa a mensag<strong>em</strong> que transmite no seu relato. Mesmo<br />

não dispondo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po livre para si, para cuidar <strong>de</strong> si e estar sozinha, requer as suas atenções<br />

para os seus filhos (pág.23), os seus t<strong>em</strong>pos livres são pensados <strong>em</strong> função <strong>de</strong>les e para eles.<br />

69

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!