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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

muita <strong>de</strong>dicação e que se não houver vonta<strong>de</strong> ou intenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar-se a eles, o melhor,<br />

mesmo, é não tê-los (pág.29).<br />

Ao refletir sobre a avaliação que a família atribui ao trabalho <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado pela<br />

mulher doméstica, Ana consi<strong>de</strong>ra que a sua família reconhece o seu trabalho, “eu acho que<br />

eles avaliam b<strong>em</strong>, porque eles vêm b<strong>em</strong> que, que eu não tenho t<strong>em</strong>po p`ra nada.” (pág.15).<br />

Ao longo do seu discurso até exprimiu que estando o seu pai a viver <strong>em</strong> sua casa, houve um<br />

dia <strong>em</strong> que “ (…) eu `tava aqui a passar duas máquinas <strong>de</strong> roupa. (…) já às tantas, e l<strong>em</strong>bro-<br />

me que o meu pai passou por mim, ia se <strong>de</strong>itar e disse-me: “- foge, tu não páras, é <strong>de</strong> manhã<br />

até à noite.” E é mesmo.” (pág.16). Portanto, daí conclui a narradora que a sua família<br />

reconhece o seu trabalho e <strong>em</strong>penho diário na realização <strong>de</strong> todas as tarefas domésticas. Até<br />

porque, quando comparando com a opinião no passado, esta assegura: “ (…) antigamente, a<br />

mulher tinha sido feita p`a trabalhar <strong>em</strong> casa. (…) não havia, n<strong>em</strong> pensar, uma valorização<br />

como, como há hoje, <strong>em</strong>bora hoje <strong>em</strong> dia ainda seja um bocado esquecida.” (pág.16). Ora, o<br />

discurso <strong>de</strong> Ana torna-se ambivalente quando, por um lado, admite que a sua família valoriza<br />

o trabalho, e por outro, afirma existir ainda uma falha quanto ao reconhecimento, o que nos<br />

leva a interrogar melhor sobre o significado, para Ana, <strong>de</strong> ser Doméstica.<br />

3.2. ETAPA 1: O que é ser Doméstica?<br />

Ana diz-nos que ser doméstica: “ (…) é termos uma profissão que todas as outras<br />

têm, ou encarregam alguém, mais a responsabilida<strong>de</strong> das pessoas que nós t<strong>em</strong>os a nosso<br />

cargo. Os filhos, o marido, o pai, qu<strong>em</strong> for, qu<strong>em</strong> esteja a viver connosco.” (pág.30). Ao<br />

reflectir t<strong>em</strong>poralmente, Ana consi<strong>de</strong>ra que, no passado, a valorização atribuída à mulher<br />

doméstica era ainda mais negativa, quando comparada com os dias <strong>de</strong> hoje, pois: “ (…) no<br />

passado, já era a profissão com que as mulheres tinham que nascer. (…) se calhar não havia<br />

essa valorização, porque (…) era um facto consumado (…) a mulher a partir do momento <strong>em</strong><br />

que casava, a mulher ficava <strong>em</strong> casa.” (pág.28). Mediante o seu discurso, Ana avalia o<br />

trabalho doméstico <strong>de</strong>senvolvido no passado como um naturalismo, algo que estava inato à<br />

mulher, na sua condição <strong>de</strong> mulher, sendo claramente contraditória, isto porque, quando<br />

questionada sobre o futuro, a narradora fala <strong>de</strong> uma mulher, cada vez mais preocupada com a<br />

carreira profissional, “ (…) cada vez as mulheres mais ao po<strong>de</strong>r” (pág.29), e uma mulher que<br />

também adia cada vez mais a maternida<strong>de</strong>, o que traduzirá uma alteração na vida e no<br />

trabalho doméstica (pág.29). Não po<strong>de</strong>mos por isso, esclarecer que, profissão é diferente <strong>de</strong><br />

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