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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

Este estilo <strong>de</strong> vida alterado e todas estas mudanças no quotidiano <strong>de</strong> Ana, dão orig<strong>em</strong><br />

à pertinência do ponto seguinte, na medida <strong>em</strong> que se preten<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r qual a sua<br />

avaliação enquanto doméstica.<br />

3. AUTO-AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO SOCIAL COMO DOMÉSTICA<br />

3.1. Maternida<strong>de</strong> e Dedicação à Família – Esposa, mãe: a Doméstica<br />

Ao falar-nos da sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> tornar-se doméstica, dá-nos conta <strong>de</strong> que nunca quis<br />

sê-lo a t<strong>em</strong>po inteiro: “ (…) nunca quis ser doméstica a c<strong>em</strong> por cento. Quis ter s<strong>em</strong>pre n<strong>em</strong><br />

que fosse um… um hobbie, quase como é as unhas, um part time. (…) <strong>em</strong> que conseguisse,<br />

ter qualquer coisa que eu dissesse que nã tava, que não era só doméstica.” (pág.26-27). Até<br />

porque a narradora sente que as pessoas não valorizam o trabalho da mulher doméstica, “ser<br />

doméstica hoje <strong>em</strong> dia, é um bocado complicado porque, as pessoas (…) não lhe dão valor,<br />

não dão valor a isso.” (pág.27). Como vimos mediante o relato <strong>de</strong> Ana, esta tornou-se<br />

doméstica, sobretudo, <strong>de</strong>vido à preocupação que sentia perante os filhos e por estes passar<strong>em</strong><br />

muito t<strong>em</strong>po na creche: “<strong>de</strong> eu ver que, o meu filho me fazia birras a torto e a direito, porque<br />

`tava preso <strong>de</strong>ntro duma creche o dia todo, porque quando chegávamos a casa, eu chegava<br />

dava-lhe banho, jantar e <strong>de</strong>itava-o. (…) passadas duas ou três horas ele `tava <strong>de</strong>itado, e era<br />

muito complicado (…) com a minha filha do meio, a R. não notei tanto, mas com ele (…)<br />

notava que o miúdo andava infeliz (…).” (pág.28). Para a narradora, ser doméstica é acima <strong>de</strong><br />

tudo, <strong>de</strong>dicar-se aos filhos e sentia que “ (…) havia pouco t<strong>em</strong>po p`ra nós nos <strong>de</strong>dicarmos a<br />

ele.” (pág.28). Como tal, po<strong>de</strong>r acompanhar o crescimento dos filhos e participar diariamente<br />

na educação dos mesmos, é o que mais valoriza a narradora (pág.27), “ (…) sermos capazes<br />

<strong>de</strong> `tar atentos, àquilo que eles passam na escola, sermos capazes <strong>de</strong> ver se eles estão felizes,<br />

ou não (…).” (pág.27). Ana reconhece, por isso, o trabalho doméstico como sendo uma<br />

profissão. Mas, ao mesmo t<strong>em</strong>po, o seu discurso não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser paradoxal ao associar esta<br />

activida<strong>de</strong> (profissão) com a condição <strong>de</strong> mãe (naturalismo?). De facto, Ana afirma que se<br />

não tivesse sido mãe, provavelmente, hoje não era doméstica: “ (…) no meio <strong>de</strong>sta profissão<br />

que, po<strong>de</strong> ninguém lhe dar valor (…) há uma parte muito boa que é, nós po<strong>de</strong>rmos disfrutar<br />

dos nossos filhos, isso acima <strong>de</strong> tudo. (…) se não os tivesse, acho que não, acho não, tenho a<br />

certeza, acho que não `tava <strong>em</strong> casa.” (pág.27). É neste contexto que Ana consi<strong>de</strong>ra a<br />

maternida<strong>de</strong> um acto <strong>de</strong> muita responsabilida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> sublinha que os filhos carec<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

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