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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

mensal, o que <strong>de</strong>veria existir era um apoio que ajudasse na educação dos filhos, para que a<br />

mesma conseguisse <strong>de</strong> forma mais <strong>de</strong>safogada tratar dos filhos s<strong>em</strong> colocar as dificulda<strong>de</strong>s<br />

financeiras como algo que também interfere no melhor ou pior tratamento e cuidado dos<br />

mesmos. Por isso, diz-nos que, “nós como mães podiam dar mais uma ajuda, p’a nós<br />

conseguirmos criar os nossos filhos, s<strong>em</strong> haver tantas necessida<strong>de</strong>s (…).” (pág.23).<br />

3.3. O que é ser Doméstica segundo a Socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> Geral?<br />

Quanto à avaliação que é feita sobre a mulher doméstica, pela socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral,<br />

segundo palavras da narradora, ela consi<strong>de</strong>ra que não existe valorização: “aí não dão valor.<br />

(…). Não. Nada, não dão valor nenhum, pensam que a gente nunca faz nada, ´tamos <strong>em</strong><br />

casa, ´tamos <strong>de</strong>scansadas.” (pág.16-17). Reforça ainda mais a i<strong>de</strong>ia, ao afirmar: “ser mulher<br />

doméstica eu acho que nunca, nunca mudou muito, essa mentalida<strong>de</strong> das pessoas, acho que,<br />

as pessoas todas pensam, há ´tá <strong>em</strong> casa, ´tá <strong>de</strong>scansada.” (pág.17). Aos olhos da narradora,<br />

a socieda<strong>de</strong> não atribuiu à mulher doméstica qualquer sentido <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> n<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

reconhecimento pelas inúmeras tarefas que diariamente executa.<br />

3.4. A criação da sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é um processo moroso e <strong>de</strong><br />

percalços.<br />

Esta é a história <strong>de</strong> uma jov<strong>em</strong> que viu a sua vida mudar quando soube que estava<br />

grávida. A. foi mãe pela primeira vez aos vinte anos e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> essa altura, começou a viver<br />

para a família, esquecendo-se muitas vezes <strong>de</strong> si própria, até porque, <strong>de</strong>zoito meses <strong>de</strong>pois<br />

era mãe pela segunda vez. A. permite-nos conhecer um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> uma mulher que se<br />

<strong>de</strong>dica diariamente à família. Uma jov<strong>em</strong> que t<strong>em</strong> noção do sacrifício que está a fazer, mas<br />

que quer tratar da melhor forma possível os filhos e o marido, admitindo: “ (…), não sei se<br />

sou boa mãe ou não, se ‘tou a agir certo ou errado, mas tenho anulado a minha vida um<br />

bocado, <strong>em</strong> função <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>les os três, dos meus filhos do meu marido. Tenho anulado,<br />

durante estes quatro anos, t<strong>em</strong> sido só pra eles (…)”. (pág.10). Uma mulher que t<strong>em</strong><br />

consciência <strong>de</strong> que não terá retorno, por parte dos filhos <strong>de</strong> tudo aquilo que t<strong>em</strong> feito por eles,<br />

que se sente <strong>de</strong>svalorizada, mesmo dando o melhor <strong>de</strong> si, “acho que eles não me vão<br />

agra<strong>de</strong>cer, sei que um dia mais tar<strong>de</strong> os meus filhos não me vão agra<strong>de</strong>cer por o que eu ‘tou<br />

a fazer, mas eu acho que é a opção mais, mais a<strong>de</strong>quada porque assim a minha mãe também<br />

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