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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

transações i<strong>de</strong>ntitárias, quer as interiores – se pensarmos que a jov<strong>em</strong> já havia programado<br />

esta <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> retomar os estudos; quer exteriores – quando falamos na vonta<strong>de</strong> da mãe ao<br />

querer que a filha frequente a universida<strong>de</strong>. No presente ano <strong>de</strong> 2012, com vinte e quatro anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (pág.1), A. está a estudar para realizar os exames nacionais e já perspetiva, inclusive,<br />

o ingresso na universida<strong>de</strong> (pág.3). Como acabámos <strong>de</strong> analisar, trata-se, não apenas da<br />

concretização <strong>de</strong> um sonho pessoal mas, e como sublinha A. no seu discurso, <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar à<br />

mãe que conseguiu, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente dos percalços que a vida lhe proporcionou. Com<br />

efeito, a entrada na universida<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre foi um <strong>de</strong>sejo muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua mãe, como nos<br />

diz: “ (…) o maior <strong>de</strong>sgosto da minha mãe foi eu não ter seguido a escola. Que é isso que eu<br />

‘tou a tentar agora, pelo menos dar-lhe uma coisa que ela sinta orgulho <strong>de</strong> mim.” (pág.11).<br />

Portanto, compreen<strong>de</strong>r-se-á agora melhor que, mais do que uma realização pessoal, a<br />

narradora preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar à mãe as suas capacida<strong>de</strong>s: “p’a sentir que eu fui capaz.”<br />

(pág.11). Mas A. ainda expressa que também está preocupada com o futuro dos filhos e é<br />

neles que pensa. E, <strong>de</strong> novo, para justificar a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mãe, acrescenta: “quero dar o<br />

mesmo que a minha mãe me conseguiu dar a mim, quero dar aos meus filhos.” (pág.11).<br />

Neste sentido, é clara a reprodução do mo<strong>de</strong>lo materno que é posto <strong>em</strong> prática pela jov<strong>em</strong> A.,<br />

ao afirmar-nos: “quero tentar dar tudo aos meus filhos, como a minha mãe s<strong>em</strong>pre me <strong>de</strong>u a<br />

mim.” (pág.11);<br />

No Momento 3 da trajetória i<strong>de</strong>ntitária <strong>de</strong> A., o Território Sócio-I<strong>de</strong>ntitário afectado<br />

foi: o escolar, com a retoma do percurso escolar: vonta<strong>de</strong> adormecida ou mo<strong>de</strong>lo materno –<br />

pouco t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido mãe, <strong>de</strong>spertou na narradora o interesse <strong>em</strong> voltar a estudar.<br />

3. AUTO-AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO SOCIAL COMO DOMÉSTICA<br />

3.1. Com a vida <strong>de</strong> casada as tarefas domésticas e o fim do romantismo:<br />

avaliação negativa<br />

Ao avaliar a vida <strong>de</strong> casada, a narradora utiliza um discurso muito negativo, sob a<br />

forma <strong>de</strong> expressões marcantes. Para A. a vida <strong>de</strong> casada tornou-se um pesa<strong>de</strong>lo, como <strong>de</strong><br />

resto expressa e <strong>de</strong>fine, “ péssima. (…). Péssima, a namorada é um espetáculo, a gente vai a<br />

todo o lado, pronto faz<strong>em</strong> tudo. Casada, é o dia ao pé da noite. E <strong>de</strong>pois com moços então, é<br />

horrível, mas pronto…”. (pág.4). Ao longo do discurso enten<strong>de</strong>-se que houve um abdicar<br />

muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> certas rotinas que, para a jov<strong>em</strong>, eram importantes para sentir-se b<strong>em</strong><br />

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