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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

n<strong>em</strong> <strong>de</strong> luz, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> água, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> coisíssima nenhuma (…).” (pág.4). Enten<strong>de</strong>u-se ao longo<br />

do discurso da jov<strong>em</strong> que, muito <strong>em</strong>bora tenha uma casa <strong>em</strong> Serpa (pág.4), <strong>de</strong>vido à sua<br />

precária situação económica, não a po<strong>de</strong>m habitar diariamente, o que os leva ir para Serpa,<br />

somente aos fins-<strong>de</strong>-s<strong>em</strong>ana: “ao fim-<strong>de</strong>-s<strong>em</strong>ana, vou p’a minha casa (…).” (pág.4).<br />

Segundo palavras da mesma, são inclusive os seus pais, qu<strong>em</strong> garante o sustento <strong>de</strong> todos<br />

eles <strong>em</strong> casa, portanto, da jov<strong>em</strong>, do seu marido e dos seus dois filhos (pág.4). O que,<br />

naturalmente, não <strong>de</strong>ixa a narradora nada confortada, pois, está casada, e mesmo assim, não<br />

t<strong>em</strong> capacida<strong>de</strong> financeira para conseguir viver na sua própria casa, mas adianta a jov<strong>em</strong><br />

“nós quando casamos, o melhor é irmos p’a nossa casa, (…), com os nossos, com o nosso<br />

marido, com os nossos filhos, é, é completamente diferente, do que ‘tar a viver com os pais.”<br />

(pág.21). Para além do <strong>de</strong>sconforto que é, sentir-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte monetariamente, pois, não<br />

contraindo qualquer rendimento mensal, é a mãe da jov<strong>em</strong> A. qu<strong>em</strong> lhe dá uma mesada<br />

(pág.15), cham<strong>em</strong>os-lhe assim, que lhe permite suportar os seus gastos e necessida<strong>de</strong>s.<br />

Mediante palavras da mesma, “eu recebia dinheiro do fundo <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, agora há cerca<br />

<strong>de</strong>… cinco, seis meses que não recebo… é a minha mãe que me dá. Tenho que, pra além <strong>de</strong><br />

me dar comida e <strong>de</strong>, <strong>de</strong>… pronto, suportar todas as <strong>de</strong>spesas (…). Ainda t<strong>em</strong> que me dar<br />

dinheiro p’ra eu ter as minhas <strong>de</strong>spesas pessoais.” (pág.15-16). Há uma certa tristeza no<br />

discurso e algum <strong>de</strong>sânimo, quando afirma “isto é complicado, porque ‘tar casada e ter que<br />

‘tar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos pais, é muito complicado (…).” (pág.16). A jov<strong>em</strong> A, fala do pai como<br />

um hom<strong>em</strong> que, mesmo trabalhando fora <strong>de</strong> casa, s<strong>em</strong>pre ajudou a mãe <strong>em</strong> casa (pág.8). Ao<br />

contrário do seu marido que só colabora ao fim-<strong>de</strong>-s<strong>em</strong>ana no cuidado dos miúdos e na<br />

cozinha, quando t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser. Para além disso, é a própria narradora a reconhecer que,<br />

diariamente, o seu marido sai <strong>de</strong> casa muito cedo e regressa muito tar<strong>de</strong>, o que naturalmente<br />

não t<strong>em</strong> favorecido muito a relação entre o casal (pág.5-22-23). Esta ausência do marido,<br />

reflete-se na jov<strong>em</strong>, como uma sobrecarga, quer na educação, quer no cuidado diário com os<br />

filhos.<br />

Neste Momento 2 po<strong>de</strong>m elencar-se os Territórios Sócio-I<strong>de</strong>ntitários afetados<br />

aquando do seu casamento, e são eles: i) os territórios habitacional e geográfico, com a<br />

saída da casa dos pais e retorno 1 mês <strong>de</strong>pois: ao saber que estava grávida, a narradora foi<br />

para Serpa viver com o seu marido, <strong>de</strong>ixando assim a cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> tinha nascido e vivia <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

s<strong>em</strong>pre – Beja – para ir morar com o seu futuro marido <strong>em</strong> Serpa. No entanto, foi pouco o<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que permaneceu fora da casa dos seus pais e a viver somente com o seu marido,<br />

uma vez que, passado um mês estava <strong>de</strong> volta. Tal como refere a narradora: “eu ´tava<br />

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