Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
todas as tarefas inerentes à casa. Ora, as correntes f<strong>em</strong>ininas, iniciaram esta luta, com o<br />
objectivo <strong>de</strong> “<strong>de</strong>struir a divisão sexual do trabalho familiar, o estereótipo da mãe-dona-<strong>de</strong>-<br />
casa, a escravatura doméstica do segundo sexo.” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m).<br />
Com o passar do t<strong>em</strong>po, e já nos anos 70, verifica-se que a i<strong>de</strong>ia pré-concebida <strong>de</strong> que<br />
à mulher cabiam, exclusivamente, as tarefas domésticas, começa a <strong>de</strong>sfazer-se. Assiste-se a<br />
uma alteração <strong>de</strong> pensamentos, <strong>em</strong> que são os homens, ou parte <strong>de</strong>les, a admitir que os<br />
recursos do lar <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser garantidos pelo casal, não só pelo marido, mas também pela<br />
mulher. De facto, é notório o aumento do número <strong>de</strong> mulheres a trabalhar fora <strong>de</strong> casa <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1978 a 1989, sendo certo nesta altura, que “a proporção <strong>de</strong> indivíduos que <strong>de</strong>ixam às<br />
mulheres a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar quando elas o <strong>de</strong>sejam passou <strong>de</strong> 29 por cento para 43<br />
por cento.” (I<strong>de</strong>m: 215). A mulher assume-se, portanto, como um ser capaz <strong>de</strong> atingir<br />
objectivos e metas. Um ser que começa agora a <strong>de</strong>finir a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrando<br />
legitimida<strong>de</strong> para tomar <strong>de</strong>cisões e contrair responsabilida<strong>de</strong>s. Esta é, s<strong>em</strong> dúvida, uma fase<br />
marcada pela “recusa <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> constituída exclusivamente pelas funções <strong>de</strong> mãe e<br />
<strong>de</strong> esposa que caracteriza a condição f<strong>em</strong>inina pós-mo<strong>de</strong>rna.” (Lipovetsky, 1997: 215).<br />
Conforme Lipovetsky (1997), a partir da década <strong>de</strong> 90, no seio das <strong>de</strong>mocracias<br />
cont<strong>em</strong>porâneas, assiste-se a uma entrada significativa da mulher no mercado <strong>de</strong> trabalho, as<br />
mulheres afirmaram assim, uma activida<strong>de</strong> profissional fora <strong>de</strong> casa. É certo que estes<br />
registos não nos permit<strong>em</strong> garantir que os números tenham sido iguais <strong>em</strong> todos os países<br />
mas, no seu conjunto, registam-se valores elevados. O trabalho da mulher começa a ser<br />
r<strong>em</strong>unerado e, é nesta época inclusive, que verificamos ser “cada vez mais numerosas as<br />
mulheres que não abandonam o <strong>em</strong>prego após o casamento e o nascimento <strong>de</strong> um primeiro e<br />
<strong>de</strong> um segundo filho” (I<strong>de</strong>m: 200). De facto, os filhos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> constituir um impedimento<br />
para que estas mulheres possam dar continuida<strong>de</strong> à sua profissão fora <strong>de</strong> casa, sendo capazes,<br />
cada vez mais, <strong>de</strong> conciliar as múltiplas tarefas subjacentes ao seu quotidiano. Por intermédio<br />
do mesmo autor, é possível compreen<strong>de</strong>r que a a<strong>de</strong>rência das mulheres ao trabalho se<br />
processou <strong>de</strong> tal forma esmagadora, que o número <strong>de</strong> famílias <strong>em</strong> que ambos os cônjuges<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhavam uma activida<strong>de</strong> laboral fora <strong>de</strong> casa era mais elevado, quando comparadas<br />
com famílias <strong>em</strong> que, só o marido trabalhava no exterior. As socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas<br />
instauravam, neste contexto, um novo ciclo ao qual <strong>de</strong>nominaram “o da mulher<br />
trabalhadora” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m).<br />
40