10.05.2013 Views

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

alterações comportamentais que adoptou, passando, assim, a ser assumidamente<br />

consumidora.<br />

Importa chamar a atenção para o seguinte facto, muito <strong>em</strong>bora a <strong>de</strong>nominação<br />

atribuída à mulher tenha efectivamente se alterado, <strong>de</strong>ve permanecer claro que na prática, as<br />

funções conferidas à mesma, mantinham-se inalteráveis, como salienta Lipovetsky: “o<br />

mo<strong>de</strong>lo da dona <strong>de</strong> casa não <strong>de</strong>ixa por isso <strong>de</strong> conservar a marca <strong>de</strong> princípios<br />

característicos das socieda<strong>de</strong>s tradicionais.” (1997: 207). Ou seja, tal como acontecia no<br />

século XVIII, no contexto da industrialização, também no século XIX e XX, a dona-<strong>de</strong>-casa<br />

– esposa-mãe mo<strong>de</strong>rna “está fundamentalmente associada aos princípios <strong>de</strong> gestão, <strong>de</strong><br />

trabalho e <strong>de</strong> eficácia típicos da era mo<strong>de</strong>rna. As tarefas <strong>de</strong> que está incumbida são disto<br />

test<strong>em</strong>unho; (…), administrar racionalmente o home, <strong>de</strong> se revelar económica e boa gestora,<br />

<strong>de</strong> fazer reinar a or<strong>de</strong>m e a limpeza no lar, <strong>de</strong> ser a guardiã da saú<strong>de</strong> da família, <strong>de</strong> fazer<br />

tudo para que os filhos ascendam na pirâmi<strong>de</strong> social.” (Lipovetsky, 1997: 208-209). Mais<br />

uma vez, estamos perante a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> tarefas que, têm sido impostas à<br />

mulher, enquanto dona-<strong>de</strong>-casa, s<strong>em</strong> nunca sequer questionar-se a dimensão da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tarefas que diariamente a mulher executa, para garantir o b<strong>em</strong>-estar dos seus filhos e do seu<br />

marido. De ressalvar ainda, a preocupação das famílias, <strong>em</strong> incutir nos filhos o valor da<br />

educação para que os mesmos, num futuro próximo, conseguiss<strong>em</strong> atingir um patamar <strong>de</strong><br />

vida melhor do que aquele que tinham os seus pais.<br />

Recortando aos anos 60, é registada <strong>em</strong> 1963 uma virag<strong>em</strong> na vida das mulheres<br />

<strong>de</strong>signadas como “domésticas”, assinalando-se a era do pós-dona-<strong>de</strong>-casa. Este<br />

acontecimento ficou marcado pelo lançamento <strong>de</strong> um livro nos Estados Unidos, intitulado A<br />

Mulher Mistificada, cuja autora é Betty Friedan que retratava a vida das mulheres<br />

“domésticas” nos gran<strong>de</strong>s subúrbios americanos. Neste contexto, esmiuçava-se precisamente,<br />

“o (…) isolamento e as (…) angústias [das mulheres], o vazio da sua existência, a (…)<br />

ausência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.” (I<strong>de</strong>m: 213). Colocadas a público estas questões, enten<strong>de</strong>-se<br />

facilmente que a “fada-do-lar” <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> apresentar-se como um i<strong>de</strong>al; a mulher <strong>de</strong>monstra<br />

assim, as suas frustrações e o seu <strong>de</strong>sânimo pela monotonia do seu trabalho diário, na<br />

condição <strong>de</strong> “doméstica”, <strong>em</strong>ergindo novas correntes f<strong>em</strong>inistas. Ainda nos anos 60, no<br />

contexto <strong>de</strong> todas estas manifestações, as mulheres expõ<strong>em</strong> também o seu <strong>de</strong>scontentamento<br />

perante “a partilha <strong>de</strong>sigual dos papéis sexuais e a atribuição às mulheres das tarefas<br />

domésticas” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m). As mulheres manifestam pois, sentir<strong>em</strong>-se sobrecarregadas com<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!