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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

Fazendo agora um salto no t<strong>em</strong>po, no período que mediou as duas gran<strong>de</strong>s guerras<br />

<strong>em</strong>ergiu, concretamente nos Estados Unidos, uma nova imag<strong>em</strong> da dona-<strong>de</strong>-casa “menos<br />

marcada pelo espírito <strong>de</strong> <strong>de</strong>voção do que pela sedução, pela felicida<strong>de</strong> consumista e pela<br />

<strong>em</strong>ancipação relativamente aos hábitos tradicionais.” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m). Esta <strong>em</strong>ancipação<br />

<strong>de</strong>ve-se, <strong>em</strong> parte, ao surgimento <strong>de</strong> aparelhos entendidos como “libertadores da mulher”<br />

(I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m), e são eles: “o aspirador, a máquina <strong>de</strong> lavar roupa, o fogão a gás, o<br />

frigorífico e a alimentação <strong>em</strong> conserva.” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m). Com o surgimento <strong>de</strong>stes<br />

utensílios, a socieda<strong>de</strong> encarava o trabalho doméstico como uma tarefa mais simples, visto ter<br />

a dona-<strong>de</strong>-casa ao seu dispôr essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparelhos que a ajudariam a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar<br />

mais facilmente o seu trabalho. É legítimo questionarmo-nos sobre o surgimento <strong>de</strong>stas novas<br />

invenções: então e as famílias operárias, fabris, aquelas cujos rendimentos mensais auferidos<br />

eram tão baixos que n<strong>em</strong> lhes permitiam suportar todas as <strong>de</strong>spesas, teriam elas acesso a estes<br />

novos equipamentos s<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>? Beneficiariam essas mulheres da ajuda <strong>de</strong>sses novos<br />

meios para executar as milhentas tarefas que tinham a seu cargo diariamente?<br />

Nesta fase <strong>de</strong> inovação tecnológica, assistimos a uma ligeira adaptação ao conceito <strong>de</strong><br />

dona-<strong>de</strong>-casa, pois foram dados a conhecer à mulher não só os electrodomésticos, mas<br />

também produtos <strong>de</strong> cosmética. Com o aparecimento <strong>de</strong>stes produtos, à mulher dona-<strong>de</strong>-casa<br />

eram confinadas novas obrigações, isto é para além das tarefas domésticas e do cuidado com<br />

os filhos e com o marido, a mulher era incentivada ao consumo e à preocupação com a sua<br />

juventu<strong>de</strong> e beleza. Claro está, não po<strong>de</strong>mos pensar que a mulher <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter as antigas<br />

obrigações a si confiadas e passa a <strong>de</strong>dicar-se somente a ela. O que acontece é que, para além<br />

<strong>de</strong> dona-<strong>de</strong>-casa ex<strong>em</strong>plar, terá agora <strong>de</strong> adoptar novas práticas que, sendo individuais, irão<br />

reflectir-se no seu b<strong>em</strong>-estar e contribuirão igualmente, para seduzir o seu marido. Com a<br />

integração <strong>de</strong> novos hábitos e rotinas da mulher verifica-se que, “a moral da poupança e da<br />

auto-renúncia é substituída pelas solicitações ao consumo, as promessas radiosas dos bens<br />

<strong>de</strong> consumo, a magia das novida<strong>de</strong>s.” (Lipovetsky, 1997: 206). A mulher a<strong>de</strong>re ao consumo,<br />

s<strong>em</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> retracção. Como nos refere este autor, “as boas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> compra, a<br />

economia <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong> esforço, o <strong>de</strong>sabrochamento dos filhos através dos produtos <strong>de</strong><br />

consumo e a sedução física surg<strong>em</strong> como os novos imperativos da esposa-mãe mo<strong>de</strong>rna”<br />

(1997: 207), surgindo assim uma nova <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> mulher. Por intermédio <strong>de</strong>stas<br />

alterações <strong>de</strong> comportamentos f<strong>em</strong>ininos, a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> dona-<strong>de</strong>-casa é alterada para<br />

“esposa-mãe mo<strong>de</strong>rna.” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m) – a mulher é encarada como mo<strong>de</strong>rna, <strong>de</strong>vido às<br />

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