10.05.2013 Views

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

Parsons é ainda mais claro quando afirma que a mulher <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>dicar-se<br />

exclusivamente ao cuidado da família e à ocupação com as tarefas que diz<strong>em</strong> respeito à dona<br />

<strong>de</strong> casa porque, doutra forma, estaria a contribuir para o insucesso profissional do seu marido,<br />

pois é este mesmo autor que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, quanto maior for a <strong>de</strong>dicação da mulher nas li<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> casa, maior será a produtivida<strong>de</strong> do marido. Assim, a teoria estruturo-funcionalista <strong>de</strong><br />

Parsons releva-nos que “<strong>de</strong>ve ser exclusivamente dona <strong>de</strong> casa, esposa e mãe, na medida <strong>em</strong><br />

que, doutra forma, a estabilização afectiva não po<strong>de</strong>ria ser alcançada. E isto porque a<br />

mulher entraria <strong>em</strong> concorrência com o marido no domínio profissional o que po<strong>de</strong>ria<br />

conduzir à quebra da solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses, típica da família conjugal.” (I<strong>de</strong>m:<br />

ibi<strong>de</strong>m). Mediante esta mesma teoria, o autor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, na eventualida<strong>de</strong> da mulher quer<br />

vir a interessar-se por alguma activida<strong>de</strong> laboral fora <strong>de</strong> casa, aquela não <strong>de</strong>ve nunca procurar<br />

activida<strong>de</strong>s que, até então, foss<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhadas por homens. Neste sentido, a perspectiva<br />

do autor enten<strong>de</strong> ser, “mais recomendável que a mulher compense a sua exclusão da vida<br />

profissional integrando-se na vida social através da participação <strong>em</strong> acções comunitárias ou<br />

<strong>em</strong> organizações <strong>de</strong> trabalho voluntário.” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m). Em suma: à mulher diziam<br />

respeito somente acções ou participações <strong>em</strong> trabalhos <strong>de</strong> natureza voluntária ou comunitária;<br />

caso contrário, daria lugar à competitivida<strong>de</strong> entre homens e mulheres, e tal fenómeno jamais<br />

po<strong>de</strong>ria verificar-se, até porque pensar-se num eventual salário auferido pela mulher era<br />

entendido como inútil e <strong>de</strong>snecessário.<br />

3.5. Socieda<strong>de</strong> D<strong>em</strong>ocrática e Pós-Mo<strong>de</strong>rna: a “dona-<strong>de</strong>-casa” mo<strong>de</strong>rna, o pósdona-<strong>de</strong>-casa<br />

e a entrada significativa da mulher no mercado <strong>de</strong> trabalho<br />

Reportando-nos a 1851, Lipovetsky (1997), diz-nos que é impl<strong>em</strong>entado pela<br />

Inglaterra um mo<strong>de</strong>lo normativo <strong>de</strong> mulher; por outras palavras, à mulher é atribuída a<br />

nomenclatura <strong>de</strong> «dona-<strong>de</strong>-casa». E, <strong>em</strong> que consistia esta <strong>de</strong>signação? Mediante a afirmação<br />

do autor, “a dona-<strong>de</strong>-casa mo<strong>de</strong>rna é simultaneamente uma condição social e uma moral,<br />

uma visão normativa da mulher, uma religião laica da mãe e da família. Surge uma nova<br />

cultura que coloca num pe<strong>de</strong>stal as tarefas f<strong>em</strong>ininas outrora relegadas para segundo lugar,<br />

que i<strong>de</strong>aliza a esposa-mãe-doméstica que <strong>de</strong>dica a sua vida aos filhos e à felicida<strong>de</strong> da<br />

família.” (Lipovetsky, 1997: 203). Ou seja, uma <strong>de</strong>signação que engloba um conjunto <strong>de</strong><br />

características e obrigações que terão <strong>de</strong> ser seguidas a rigor pela mulher, que é esposa, que é<br />

mãe e que também é doméstica, é a obrigação <strong>de</strong> entrega total à família. O autor reforça ainda<br />

mais esta i<strong>de</strong>ia ao referir que, “a mulher não <strong>de</strong>ve, como no passado, ocupar-se apenas dos<br />

36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!