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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

3.4. Família Funcionalista: <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong> do trabalho doméstico ou valorização<br />

do trabalho voluntário?<br />

Aten<strong>de</strong>ndo a uma concepção estrututo-funcionalista, a partir da perspectiva <strong>de</strong> Talcott<br />

Parsons, é possível verificar como este <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a estrutura familiar, b<strong>em</strong> como esqu<strong>em</strong>atiza a<br />

construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos sujeitos sociais, incidindo notoriamente numa diferenciação<br />

entre os sexos. Isto é: para Parsons, <strong>de</strong>ve existir uma clara diferença entre o papel<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado pelo hom<strong>em</strong> e o papel <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado pela mulher, no seio familiar e aos<br />

olhos da socieda<strong>de</strong>. É mediante quatro fases que Parsons enten<strong>de</strong> o processo socializador, e a<br />

construção i<strong>de</strong>ntitária do sujeito enquanto ser social. Denominado por sist<strong>em</strong>a AGIL o<br />

conjunto das fases referidas, t<strong>em</strong>os: 1) fase da crise oral, que se baseia “no período <strong>em</strong> que a<br />

estabilida<strong>de</strong> normativa (L) é <strong>de</strong>terminante para superar a crise da adolescência e para a<br />

adaptação adulta, pela socialização precoce”. (Dubar: 1991: 55, cit. in Toscano: S/D, 9); 2)<br />

fase edipiana, consiste <strong>em</strong> prevenir “a integração (I) do indivíduo, enquanto ser sexuado, no<br />

sist<strong>em</strong>a social e, especificamente, na divisão sexual dos papéis sociais”. (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m); 3)<br />

fase da latência, caracterizada essencialmente “pela primeira passag<strong>em</strong> à categoria<br />

universalista e pela a<strong>de</strong>são a normas imparciais mais gerais, a par da interiorização <strong>de</strong><br />

outros papéis sociais. Com-plexifica-se o jogo da gratificação imediata (G) própria dos<br />

papéis familiares (…).”. (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m); 4) fase da maturida<strong>de</strong>, fundamentada no “termo<br />

do processo socializador, o momento <strong>em</strong> que o indivíduo atinge a plena capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reconstruir a sua adaptação social (A). (…), fase <strong>em</strong> que o indivíduo concretiza as suas<br />

competências <strong>de</strong> adaptação institucional e <strong>de</strong> manipulação das sanções e das normas sociais<br />

(…) da sua acção.” (Dubar: 1991: 55, cit. in Toscano: S/D, 9).<br />

Conhecida a teoria do autor, enten<strong>de</strong>-se que para Parsons, o hom<strong>em</strong> enquanto figura<br />

que garante o sustento família, <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar um “papel instrumental”; neste sentido, o<br />

hom<strong>em</strong> está claramente integrado na quarta fase, acima mencionada: terá <strong>de</strong> adaptar-se à sua<br />

família e à socieda<strong>de</strong>, pois é ele que <strong>de</strong>ve trabalhar para que nada falte à sua mulher e aos<br />

seus filhos. Em relação à mulher, esta <strong>de</strong>ve limitar-se a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar um “papel expressivo”,<br />

dizendo-lhe respeito somente as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos, pois cabe à<br />

mulher estabelecer a ligação <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> entre o pai e os filhos. Segundo o mesmo autor,<br />

“para o sexo masculino, a «esfera profissional», e para o f<strong>em</strong>inino, a «esfera do fascínio<br />

pessoal».” (Ferreira, 1981: 53).<br />

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