Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
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Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
mulheres têm-se caracterizado por vários níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. Leia-se Evelyne Sullerot,<br />
“A Natureza diz à mulher: sê mulher! Os ternos cuidados <strong>de</strong>vidos à infância, as doces<br />
inquietações da maternida<strong>de</strong>, eis os teus trabalhos. As tuas assíduas ocupações merec<strong>em</strong><br />
uma recompensa? B<strong>em</strong>! Tê-la-às! Serás a divinda<strong>de</strong> do santuário doméstico, reinarás sobre<br />
tudo o que te ro<strong>de</strong>ia pela sedução invencível dos encantos e da virtu<strong>de</strong>”. (Sullerot, 1968: 77,<br />
cit. in Ferreira, 1981: 1; cit. tb: 74).<br />
3.3. Família Patriarcal: Unida<strong>de</strong> Contraditória ou Funcional?<br />
Do exposto conclui-se que, é no seio da socieda<strong>de</strong> capitalista que começou por<br />
<strong>de</strong>finir-se, <strong>de</strong> forma muito directa, o papel da mulher, fundamentalmente, pelo assumir da<br />
reprodução do ciclo familiar, ou seja, por ter filhos e educá-los, como também pela<br />
responsabilida<strong>de</strong> por todas as tarefas relativas à vida familiar na casa. Não obstante, a<br />
imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> mulher i<strong>de</strong>al, aos olhos do mesmo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> só se completa quando,<br />
para além <strong>de</strong> boa mãe e esposa, se associam à mulher os seguintes atributos: ser uma dona <strong>de</strong><br />
casa esmerada, uma mãe extr<strong>em</strong>osa, implicando ser uma pessoa caridosa, simpática, <strong>de</strong>licada<br />
e afectuosa para com todos os el<strong>em</strong>entos do agregado familiar e do meio envolvente.<br />
(Ferreira, 1981: 47). Repare-se que a entrada da mulher no mercado <strong>de</strong> trabalho vai legitimar-<br />
se, precisamente na extensão, aos contextos laborais, <strong>de</strong>stes atributos como “inerentes” à<br />
condição da mulher.<br />
Neste mesmo contexto, a mulher é encarada com alguma inferiorida<strong>de</strong>, porque a sua<br />
activida<strong>de</strong> diária se restringe à família; como não apresenta uma profissão da qual <strong>de</strong>rive um<br />
valor económico, esta <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter qualquer tipo <strong>de</strong> reconhecimento pelo trabalho que<br />
<strong>de</strong>senvolve, ainda que diariamente trabalhe, e muito, <strong>em</strong> casa. Neste sentido, enten<strong>de</strong>-se a<br />
clara diferenciação atribuída às activida<strong>de</strong>s diárias <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhadas pelo hom<strong>em</strong> ou pela<br />
mulher: “à mulher caberá a agradável tarefa <strong>de</strong> dar conforto e b<strong>em</strong>-estar ao lar e à família<br />
enquanto que da penosa incumbência <strong>de</strong> angariar meios <strong>de</strong> prover o sustento da sua família,<br />
assim naturalmente constituída e mantida, se encarregará o hom<strong>em</strong>.” (Ferreira, 1981: 49).<br />
Claro está que é necessário ter <strong>em</strong> conta o contexto histórico <strong>em</strong> que a socieda<strong>de</strong> se<br />
encontra. Retroce<strong>de</strong>ndo ao século XIX, e mediante uma perspectiva marxista, esta<br />
divergência entre homens e mulheres <strong>de</strong>ve-se, sobretudo, ao reforço do po<strong>de</strong>r paterno,<br />
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