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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

No contexto da industrialização ressalva-se que, para as famílias operárias, a família<br />

constitui um marco importante para o trabalho doméstico pois, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, os filhos são<br />

incumbidos para a relevância do trabalho na vida <strong>de</strong> qualquer pessoa. Um dos papéis da mãe<br />

passa, assim, por inculcar nas filhas o valor do trabalho doméstico para que, enquanto jov<strong>em</strong><br />

solteira, possa ajudar a família e, no futuro como esposa, cui<strong>de</strong> b<strong>em</strong> o seu marido e os seus<br />

filhos. Portanto, enten<strong>de</strong>-se que “é na sua família <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> que a rapariga solteira,<br />

participando numa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho, adquire saberes e se inicia <strong>em</strong> técnicas que<br />

transportará, um dia mais tar<strong>de</strong>, para a sua família <strong>de</strong> procriação. É no espaço doméstico,<br />

entre os pais e irmãos, que inicia, assim a sua trajectória <strong>de</strong> trabalho.” (I<strong>de</strong>m: ibi<strong>de</strong>m).<br />

Importa também sublinhar que a mencionada fuga do campo para a cida<strong>de</strong> se<br />

caracterizou por possibilitar aos mais novos uma liberda<strong>de</strong> até então <strong>de</strong>sconhecida, ganhando<br />

in<strong>de</strong>pendência com o salário auferido e <strong>de</strong>scobrindo, inclusive, novos padrões <strong>de</strong><br />

conhecimento. Todos estes factores se reflect<strong>em</strong> <strong>em</strong> várias mudanças, nomeadamente, na<br />

escolha do cônjuge, na alteração do método <strong>de</strong> namoro e, também, nas relações sexuais entre<br />

solteiros que, no campo, não eram moralmente encaradas com “bons olhos”. Po<strong>de</strong> dizer-se<br />

que “a jov<strong>em</strong> operária é finalmente uma mulher <strong>em</strong>ancipada, <strong>de</strong> «mentalida<strong>de</strong> liberta».”<br />

(I<strong>de</strong>m: 9), <strong>em</strong>bora sujeita à dupla tarefa.<br />

3.2. A família pequeno-burguesa e o trabalho doméstico<br />

Neste contexto da Revolução Industrial do século XVIII, marcado por gran<strong>de</strong>s<br />

transformações, também no âmbito da família pequeno-burguesa se re<strong>de</strong>finiram e adquiriram<br />

funções ainda presentes na socieda<strong>de</strong> actual, e que se <strong>de</strong>veram, <strong>em</strong> parte, às inovações<br />

técnicas e à expansão do mercado nesta época: “gradualmente a mulher <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong><br />

participar no trabalho e <strong>de</strong>dicava-se apenas às li<strong>de</strong>s domésticas.” (Ferreira, 1981: 60).<br />

Segundo a mesma Virgínia Ferreira, po<strong>de</strong> ainda afirmar-se que “o mundo da burguesia (…)<br />

se cindia (…) <strong>em</strong> dois: o do hom<strong>em</strong> e o da mulher; o do trabalho e o do não trabalho; o da<br />

produção e o do consumo; o da vida social e o da vida privada.” (I<strong>de</strong>m: Ibi<strong>de</strong>m). A mulher<br />

burguesa passava então, no século XVIII, a <strong>de</strong>dicar-se exclusivamente às tarefas domésticas,<br />

sendo o marido qu<strong>em</strong> garantia o sustento da família.<br />

Tratando-se o trabalho doméstico <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida<br />

predominant<strong>em</strong>ente por mulheres, os papéis atribuídos pela socieda<strong>de</strong> aos homens e às<br />

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