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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

O Casamento realizou-se <strong>em</strong> 1959 numa proprieda<strong>de</strong> muito bonita, segundo nos disse<br />

(Etapa 1 do M2). Depois <strong>de</strong> casada, sabe-se que, enquanto vivia na Amareleja Maria A<br />

trabalhou à monda e, tendo as tarefas <strong>de</strong> casa a seu cargo, passou a conciliar a dupla tarefa.<br />

Para a narradora essa foi uma época <strong>de</strong> muito trabalho o que fazia com que as tarefas <strong>de</strong> casa<br />

tivess<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser realizadas à noite (Ap. J – pp.133-134). Passado um ano do seu casamento,<br />

Maria A ficou grávida, como tal, sendo a gravi<strong>de</strong>z um Fator <strong>de</strong> Mudança na vida <strong>de</strong>la, é com<br />

o nascimento da filha que o T. S-I Habitacional/geográfico do casal se altera, isto porque,<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar a Amareleja e regressar ao campo (Etapa 2 do M2). Não esqueçamos que: o<br />

marido <strong>de</strong> Maria A era trabalhador rural – a <strong>de</strong>slocação para o campo era fundamental; para<br />

além disso, o casal passou a sua infância/juventu<strong>de</strong> no campo (Ap. J – p.135). Sabendo que o<br />

marido da narradora era gana<strong>de</strong>iro, as <strong>de</strong>slocações geográficas eram inevitáveis (Etapa 3 do<br />

M2). Como tal, segundo Maria A <strong>em</strong> 1962, a família <strong>de</strong>slocou-se para uma proprieda<strong>de</strong>,<br />

sendo esta mudança marcada por dificulda<strong>de</strong>s habitacionais; <strong>em</strong> 1970 foram para Barrancos,<br />

on<strong>de</strong> segundo nos recorda, os dias eram passados a realizar as tarefas <strong>de</strong> casa (Ap. J – pp.135-<br />

136). Mais uma vez, o T. S-I Habitacional/geográfico <strong>de</strong> Maria A da sua família sofria<br />

alterações pois, era constante a sua adaptação a novos meios. Disse-nos ainda a narradora<br />

que, entre 1980 e 1990 cuidou do neto, sabendo que a filha e o genro tinham <strong>de</strong> trabalhar.<br />

Para além disso, enquanto viveu no campo, teve sob seu cuidado a mãe (que estava cega) e a<br />

sogra. Sendo certo que a sogra ajudava-a na realização das tarefas <strong>de</strong> casa e, no cuidado com<br />

a mãe, o que <strong>de</strong>ixava a narradora muito satisfeita. É Maria A qu<strong>em</strong> nos diz, ter trabalhado<br />

muito no campo, s<strong>em</strong>pre a ajudar o marido, s<strong>em</strong> receber qualquer valor monetário: “ (…)<br />

trabalhei uma vida inteira p’ra ajudar o meu marido s<strong>em</strong> ganhar um tostão.” (p.27). É neste<br />

sentido que se enten<strong>de</strong> o seu discurso ao afirmar: “ (…) foi um sacrifício uma vida inteira.”<br />

(p.11). Daí que se entenda que ao longo da sua Trajetória I<strong>de</strong>ntitária esteja presente uma<br />

Estratégia <strong>de</strong> Sacrifício Consentido – por não ter estudado, por ter começado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo a<br />

ajudar o pai, e mais tar<strong>de</strong> o marido e sobretudo, por sentir que o seu trabalho não é<br />

reconhecido (Ap. J – p.137).<br />

É com a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> regressar <strong>de</strong>finitivamente à Amareleja, que chegamos ao M3 da<br />

Trajetória <strong>de</strong> Vida <strong>de</strong> Maria A. Conforme nos disse, foi <strong>em</strong> 2005 que o casal regressou à sua<br />

casa (Etapa 1 do M3; T. S-I Habitacional/geográfico), tendo eles <strong>de</strong> readaptar-se ao meio<br />

on<strong>de</strong> já residiram. Neste contexto, alterou-se também o T. S-I Laboral <strong>de</strong> Maria A e do<br />

marido pois, este <strong>de</strong>ixava a profissão que tanto gostava. Entenda-se que, a reforma <strong>de</strong>ste foi o<br />

principal Factor <strong>de</strong> Mudança para que a <strong>de</strong>slocação dos mesmos viesse a acontecer (Ap. J –<br />

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