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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

trabalho pois, mesmo não trabalhando fora <strong>de</strong> casa, a sua vida foi passada a trabalhar. Para<br />

além <strong>de</strong> tratar da casa, a Maternida<strong>de</strong> também fez com que disponibilizasse muito do seu<br />

t<strong>em</strong>po ao cuidado das filhas pois Maria CM foi mãe pela 1.ª vez <strong>em</strong> 1956 e, mãe pela 2.ª vez<br />

<strong>em</strong> 1963 (Ap. I – p.120). A ida do marido para o Ultramar <strong>de</strong>finiu um Fator <strong>de</strong> Mudança na<br />

Trajetória I<strong>de</strong>ntitária da narradora, uma vez que ela teve <strong>de</strong> regressar a Campo Maior –<br />

alterando novamente o seu T. S-I Habitacional/geográfico. Esta foi, segundo o seu relato,<br />

uma fase muito complicada, com as filhas pequenas a seu cuidado, tendo a educação e os<br />

cuidados com a alimentação e com a saú<strong>de</strong> ficado somente a seu cargo (Etapa 2 do M2).<br />

Como tal, disse-nos que neste período passava muito t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> casa, esquecendo-se, muitas<br />

vezes, <strong>de</strong> que as filhas também precisavam <strong>de</strong> sair – enquanto mãe, consi<strong>de</strong>ra ter sido esse o<br />

seu único incumprimento (Ap. I – pp.121-122). Sabe-se através do seu relato que Maria CM<br />

conseguiu ir para o Ultramar, para perto do marido durante os períodos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po permitidos,<br />

levando consigo as filhas do casal (Etapa 3 do M2). As suas <strong>de</strong>slocações geográficas para o<br />

Ultramar, fizeram-se primeiro para a Guiné e, <strong>de</strong>pois, para Cabo Ver<strong>de</strong>. Desta feita, po<strong>de</strong><br />

dizer-se que, o seu T. S-I Habitacional/geográfico, foi afectado <strong>em</strong> ambos os países <strong>de</strong>vido à<br />

adaptação a que Maria CM e as filhas estiveram sujeitas, b<strong>em</strong> como o T. S-I do Estilo <strong>de</strong><br />

Vida, pois os próprios meios e modos <strong>de</strong> vida eram diferentes (Ap. I – pp.122-123). De<br />

regresso a Portugal o casal ainda viveu <strong>em</strong> Águeda no ano <strong>de</strong> 1971 para que o marido<br />

pu<strong>de</strong>sse frequentar a Escola Central <strong>de</strong> Sargentos. Desta feita, <strong>em</strong> 1972 <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m mudar-se<br />

para Coimbra, on<strong>de</strong> a narradora vive até hoje, tendo o marido já falecido (Etapa 4 do M2).<br />

Maria CM contou-nos ainda, que <strong>em</strong> 1978 <strong>de</strong>u início a uma curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração <strong>em</strong> Coimbra,<br />

tendo recebido total apoio do marido. No entanto, mais uma vez não o conseguiu terminar<br />

porque o pai ficou doente e ela teve <strong>de</strong> ir para Campo Maior cuidar <strong>de</strong>le. De fato, é clara a<br />

presença da figura paterna na vida da narradora, s<strong>em</strong>pre que esta tentava concretizar <strong>de</strong><br />

algum modo o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> tornar-se costureira ou modista, como nos afirma a própria:<br />

“(…) tive assim uns obstáculos, muitas contrarieda<strong>de</strong>s (…) foi a escola, não fui mais p’ra<br />

frente, foi os bordados não me <strong>de</strong>ixou, a costura também (…)” (pp.4-5;Ap. I – pp.124-125).<br />

Neste sentido, o caso <strong>de</strong> Maria CM é ex<strong>em</strong>plar <strong>de</strong> uma Lógica Sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong><br />

A<strong>de</strong>quação Não Passiva, pois a narradora foi tentando na sua vida <strong>de</strong> casada atualizar o<br />

mo<strong>de</strong>lo familiar, <strong>de</strong> modo a não reproduzir um mo<strong>de</strong>lo das gerações passadas, tendo <strong>em</strong><br />

conta, também, a vivência da sua condição <strong>de</strong> filha.<br />

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