10.05.2013 Views

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

aos 19/20 anos (Ap. I – p.115). Ao recordar a sua infância, disse-nos que gostava muito <strong>de</strong><br />

estudar; no entanto, e <strong>de</strong>vido a dificulda<strong>de</strong>s financeiras, só concluiu a 4.ª classe – alteração do<br />

T. S-I Escolar (Etapa 1 do M1). Não po<strong>de</strong>ndo dar continuida<strong>de</strong> aos estudos, Maria CM<br />

começou a realizar as tarefas domésticas <strong>em</strong> casa dos pais (Etapa 2 do M1). Sendo ela irmã<br />

<strong>de</strong> 2 rapazes, diz-nos que as tarefas ficavam somente a seu cargo por ser mulher. Assim<br />

sendo, Maria CM consi<strong>de</strong>ra ser essa uma educação errada porque enten<strong>de</strong> que as tarefas <strong>de</strong><br />

casa também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser feitas pelos homens – sendo clara a sua Lógica <strong>de</strong> A<strong>de</strong>quação Não<br />

Passiva. No seu caso, fez-nos saber que, <strong>em</strong>bora o marido também não tenha recebido essa<br />

educação, ela ensinou-o a fazer algumas tarefas, nomeadamente: colocar a toalha do banho a<br />

secar e colocar a roupa suja no <strong>de</strong>vido lugar (Ap. I – p.116). Durante a juventu<strong>de</strong>, estando <strong>em</strong><br />

casa dos pais, Maria CM <strong>de</strong>dicou-se à costura, tendo <strong>em</strong> 1942, dado início a um curso <strong>de</strong><br />

bordados, ensinado por freiras. Não obstante, rapidamente o abandonou por <strong>de</strong>cisão do pai,<br />

porque segundo o seu relato, este tinha medo que a filha se tornasse freira. É clara a sua<br />

reacção <strong>de</strong> tristeza face a esta <strong>de</strong>cisão do pai, sendo certo que, costurar era algo que gostava<br />

muito <strong>de</strong> fazer, sonhando, inclusive, fazer <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> sua profissão, algo que nunca<br />

conseguiu concretizar, como afirma: “ (…) nunca pu<strong>de</strong> acabar nada que eu comecei (…)”<br />

(p.3). Neste sentido, ela sente que o seu trabalho nunca foi valorizado n<strong>em</strong> reconhecido <strong>em</strong><br />

termos económicos pois tudo o que fazia era para si ou para a família, não tendo nunca a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter lucro com os seus trabalhos <strong>de</strong> costura. Ao falar-nos do pai, Maria CM<br />

diz-nos que por ser um hom<strong>em</strong> “(…) ditador (…)” (p.7) e autoritário, nunca permitiu que,<br />

n<strong>em</strong> ela, n<strong>em</strong> a mãe trabalhass<strong>em</strong> fora <strong>de</strong> casa (Ap. I – p.117). Como não podia trabalhar fora<br />

<strong>de</strong> casa, os t<strong>em</strong>pos livres da narradora eram passados a bordar e costurar, apesar <strong>de</strong> nos dizer<br />

que, <strong>em</strong> ocasiões festivas, o pai autorizava que ela fosse a algum baile (Ap. I – p.118). É<br />

ainda na Etapa 1 do M1 que Maria CM nos fala sobre o seu namoro, muito controlado pelos<br />

pais, como acontecia na época. Passados alguns anos <strong>de</strong> namoro, a narradora começou a<br />

tratar do enxoval, dos bordados e preparativos para o seu casamento, sendo essa a razão que<br />

nos leva ao M2 da sua Trajetória I<strong>de</strong>ntitária.<br />

Foi <strong>em</strong> 1951 que Maria CM casou (M2) e, segundo nos disse, o pai assegurou-lhe<br />

uma casa <strong>de</strong>vidamente equipada – como fazia parte das regras sociais da época. Foi ao casar<br />

que saiu da casa dos pais, alterando o seu T. S-I Habitacional/geográfico, indo morar com o<br />

marido para Santa Margarida. Ora, o marido <strong>de</strong> Maria CM era militar, como tal, as<br />

<strong>de</strong>slocações geográficas passaram a ser uma constante na sua Trajetória <strong>de</strong> Vida (Etapa 1 do<br />

M2). Relativamente à vida <strong>de</strong> casada, a narradora admite que esta foi uma fase <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong><br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!