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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

dupla tarefa implicava pouco <strong>de</strong>scanso e muito trabalho, daí que os seus t<strong>em</strong>pos livres foss<strong>em</strong><br />

aproveitados para adiantar as tarefas domésticas, ao invés <strong>de</strong> <strong>de</strong>scansar (Ap. G – pp.91-92). A<br />

narradora diz-nos mais uma vez que, <strong>em</strong>bora o marido tivesse um horário mais flexível e<br />

passasse mais t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> casa, não adiantava qualquer tarefa. É no contexto da não partilha <strong>de</strong><br />

tarefas que Natércia usa um discurso negativo para falar do marido: diz-nos que ele é muito<br />

autoritário, tendo mudado as suas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do namoro – situação que a <strong>de</strong>ixa<br />

triste por ela ter sido criada num ambiente familiar distinto, on<strong>de</strong> os pais s<strong>em</strong>pre se trataram<br />

b<strong>em</strong>. Assiste-se, neste sentido, a uma alteração do T. S-I Familiar: com o passar dos anos o<br />

marido revelou comportamentos e atitu<strong>de</strong>s que Natércia diz não ter conhecido enquanto<br />

namorados (Ap. G – p.93). Este, é por isso, um caso ex<strong>em</strong>plar da presença <strong>de</strong> uma Estratégia<br />

<strong>de</strong> Sacríficio Consentido ou Revolta Contida por parte <strong>de</strong> Natércia, pois, admite não gostar<br />

das atitu<strong>de</strong>s e comportamentos do marido, avalia negativamente a sua vida <strong>de</strong> casa, no<br />

entanto, não se sente capaz <strong>de</strong> enfrentar uma rutura na sua Trajetória I<strong>de</strong>ntitária.<br />

O <strong>de</strong>scontentamento com a vida <strong>de</strong> casada e a alteração do T. S-I Laboral <strong>de</strong>vido à sua<br />

condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada, permit<strong>em</strong>-nos chegar ao M3 da sua Trajetória I<strong>de</strong>ntitária (Ap. G<br />

– p.95). Ao ficar <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada <strong>em</strong> 2011, diz-nos Natércia que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> conciliar a dupla<br />

tarefa, restringindo-se à condição <strong>de</strong> Doméstica – o que a <strong>de</strong>ixa triste por passar os seus dias<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> casa (Etapa 1 do M3). Conforme nos adiantou, apesar <strong>de</strong> já não trabalhar fora <strong>de</strong><br />

casa, continua a ser muito organizada na sua rotina diária, tendo as tarefas muito b<strong>em</strong><br />

programadas, sublinhando ser esse o seu método <strong>de</strong> trabalho. Ao fim <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana recebe os<br />

filhos e respectivas famílias <strong>em</strong> casa, e cozinha para eles com muito gosto. Para Natércia o<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego veio também alterar o seu T. S-I <strong>de</strong> Estilo <strong>de</strong> Vida, pois, ela admite que, no<br />

presente, os seus dias são passados predominant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> casa, ao passo que, quando<br />

trabalhava, saía e convivia mais com as amigas (Ap. G – pp.96-97). Esta alteração po<strong>de</strong> ser<br />

entendida também <strong>de</strong>vido à perda <strong>de</strong> meios financeiros por parte da narradora, aquando do<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego; na verda<strong>de</strong> foi ela qu<strong>em</strong> nos disse que, enquanto esteve <strong>em</strong>pregada era ela qu<strong>em</strong><br />

geria o orçamento familiar e, quando ficou <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada essa gestão passou a ser feita pelo<br />

marido (Ap. G – p.97). Entenda-se, por isso, que a alteração do seu T. S-I Laboral influenciou<br />

o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> gestão e capitalização: a sua condição perante o trabalho permitiu-lhe ganhar e<br />

per<strong>de</strong>r esse mesmo po<strong>de</strong>r. Face a esta mudança, <strong>de</strong>nota-se por parte <strong>de</strong> Natércia uma Lógica<br />

<strong>de</strong> Aceitação Passiva, pois, <strong>em</strong>bora reconheça que <strong>de</strong>veria ser ela a continuar essa gestão, na<br />

verda<strong>de</strong>, a sua perda <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r mantém-se.<br />

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