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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

um lado, consi<strong>de</strong>ra negativo, a mulher passar o dia <strong>em</strong> casa a trabalhar e não auferir um<br />

or<strong>de</strong>nado, por outro, enten<strong>de</strong> que esta não <strong>de</strong>ve receber, uma vez que está <strong>em</strong> sua casa e como<br />

tal, t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>ver/obrigação <strong>de</strong> assegurar todas as tarefas <strong>de</strong> casa: “ (…) t<strong>em</strong> que se fazer, é a<br />

nossa casa (…)” (p.23). Para além <strong>de</strong> Natércia, O e A também se encontram <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregadas<br />

e é relevante aten<strong>de</strong>r ao discurso <strong>de</strong>stas 3 mulheres, pois são ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontentamento<br />

perante um condição adquirida fundamentalmente pela falta <strong>de</strong> trabalho fora <strong>de</strong> casa. No caso<br />

<strong>de</strong> O (36 anos), também <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada e, por isso, Doméstica a t<strong>em</strong>po inteiro, consi<strong>de</strong>ra que<br />

ser Doméstica é: “ (…) tentar gerir o melhor que se sabe e que se po<strong>de</strong>, tudo o que se confina<br />

com a nossa casa (…) com o espaço on<strong>de</strong> nós viv<strong>em</strong>os. Tentar tornar a nossa casa o mais<br />

acolhedora possível (…) tentar fazer o melhor que nós sab<strong>em</strong>os (…).” (p.28). Daí que<br />

consi<strong>de</strong>re que as Domésticas são “ (…) super mulheres, todas (…)” (p.11), <strong>de</strong>vido à<br />

sobrecarga <strong>de</strong> tarefas a que estão sujeitas diariamente. Tendo ainda <strong>em</strong> conta o discurso <strong>de</strong> A<br />

(24 anos – entrevistada <strong>de</strong> faixa etária mais baixa), este é claramente expressivo <strong>de</strong> uma<br />

avaliação negativa, isto porque, ao reflectir sobre a sua Condição <strong>de</strong> Doméstica, A diz-nos<br />

ser: “ (…) péssimo (…) ser doméstica é muito complicado, é uma profissão (…) ‘tamos <strong>em</strong><br />

casa, não ganhamos (…)” (p.23). Sendo ela mãe <strong>de</strong> 2 crianças pequenas, consi<strong>de</strong>ra que “<br />

(…) a doméstica <strong>de</strong>veria receber [um apoio financeiro, não pelo trabalho que <strong>de</strong>senvolve <strong>em</strong><br />

casa, mas um auxílio ao cuidado dos filhos, como nos disse] uma ajuda, p’a nós<br />

conseguirmos criar os nossos filhos, s<strong>em</strong> haver tantas necessida<strong>de</strong>s (…)” (p.23). Ainda neste<br />

contexto, <strong>em</strong>bora não esteja <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada e sim <strong>de</strong> licença <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong>, Bety (35 anos)<br />

avalia negativamente a Condição <strong>de</strong> Doméstica, quando tomada a t<strong>em</strong>po inteiro, assumindo:<br />

“ ser doméstica é o pior trabalho que existe (…) porque, nunca se dá feito, há s<strong>em</strong>pre<br />

trabalho por fazer.” (p.12), daí que, no seu caso, também prefira conciliar a Dupla Tarefa, ao<br />

invés <strong>de</strong> ser, exclusivamente Doméstica. Igualmente negativa é a avaliação feita por Rita (62<br />

anos), pois, para ela o trabalho doméstico é “ (…) uma tarefa muito ingrata (…) [neste<br />

sentido, ao reflectir sobre a sua condição <strong>de</strong> Doméstica, consi<strong>de</strong>ra que] mulher que se<br />

<strong>de</strong>dique ao lar e à família t<strong>em</strong> uma tarefa muito ingrata [pois, <strong>em</strong>bora acabe por ser ] o pilar<br />

da casa (…) ninguém dá valor, por mais que digam que sim.” (p.44).<br />

De fato, é esta ausência <strong>de</strong> valor que caracteriza <strong>de</strong> um modo geral, a Auto-Avaliação<br />

da Condição <strong>de</strong> Doméstica <strong>de</strong>stas 8 mulheres. Os seus relatos negativos permit<strong>em</strong>-nos<br />

compreen<strong>de</strong>r que, muito <strong>em</strong>bora algumas <strong>de</strong>las gost<strong>em</strong> <strong>de</strong> realizar as tarefas domésticas, se<br />

pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> (caso <strong>de</strong> Natércia, O, A e Maria CM) e po<strong>de</strong>ndo (caso <strong>de</strong> Bety e Ana)<br />

conciliavam/conciliam a Dupla Tarefa <strong>de</strong> modo a garantir a sua I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Profissional e, <strong>em</strong><br />

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