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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

eram muito <strong>de</strong>sfavoráveis. Ainda neste contexto <strong>de</strong> comparação entre o passado e o presente,<br />

também Natércia (52 anos) consi<strong>de</strong>ra existir hoje mais facilida<strong>de</strong> na realização das tarefas <strong>de</strong><br />

casa, <strong>de</strong>vido sobretudo, ao auxílio dos electrodomésticos. Para além disso, diz-nos Ana (25<br />

anos) que o trabalho doméstico sofreu muitas alterações pois as pessoas não têm muitas vezes<br />

t<strong>em</strong>po n<strong>em</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar as tarefas optando, no caso da comida, por ex<strong>em</strong>plo, por<br />

comprá-la já confeccionada, até porque, para a narradora: “ (…) hoje <strong>em</strong> dia (…) é quase uma<br />

vergonha a mulher ‘tar <strong>em</strong> casa, a mulher nã trabalhar (…)” (p.16).<br />

Se esta foi uma mudança positiva ao nível do trabalho doméstico, na medida <strong>em</strong> que<br />

permitiu à mulher um menor <strong>de</strong>sgaste físico, Maria A consi<strong>de</strong>ra ter havido também uma<br />

mudança significativa ao nível da partilha das tarefas pelo casal, <strong>de</strong>ixando assim, <strong>de</strong> ser<br />

responsabilida<strong>de</strong> exclusiva da mulher. Esta é, igualmente, uma opinião comum a todas as<br />

narradoras, sendo que estas acreditam que no presente os jovens casais partilham as tarefas<br />

domésticas. Embora no seu quotidiano n<strong>em</strong> todas estas mulheres goz<strong>em</strong> <strong>de</strong>ssa partilha, as<br />

mesmas reconhec<strong>em</strong> que os mais jovens já o faz<strong>em</strong>. Po<strong>de</strong> concluir-se que, tendo <strong>em</strong> conta os<br />

8 casos analisados, 5 narradoras (Bety, Maria CM, O, Ana, Rita) contam, ou <strong>em</strong> algum<br />

momento já contaram com a partilha das tarefas <strong>de</strong> casa, enquanto que as restantes 3 (Maria<br />

A, A, Natércia), tê<strong>em</strong> tudo a seu cargo diariamente. Maria A diz-nos mesmo: “(…) esta<br />

mocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agora, já ajudam mais as mulheres (…)” (p.36), até porque, para a narradora a<br />

partilha é fundamental “ (…) porque a mulher t<strong>em</strong> falta <strong>de</strong> ajuda (…)” (p.36). Po<strong>de</strong> por isso,<br />

dizer-se que a avaliação da Condição <strong>de</strong> Doméstica feita por cada uma das entrevistadas,<br />

varia consoante a sua Trajetória <strong>de</strong> Vida. Repare-se, <strong>em</strong>bora Maria CM e Maria A tenham a<br />

mesma ida<strong>de</strong>, a primeira avaliou negativamente e a segunda utilizando uma avaliação<br />

positiva diz-nos que ser Doméstica “é uma coisa boa, porque a gente faz aquilo que gosta na<br />

nossa casa (…) quando chega o marido, os nossos filhos (…) tendo (…) tudo orientadinho<br />

(…)” (p.39). Um trabalho <strong>de</strong>dicado à família, é assim que Ana (25 anos) avalia a sua<br />

Condição <strong>de</strong> Doméstica: “ (…) é [ter] uma profissão que todas as outras tê<strong>em</strong> ou encarregam<br />

alguém, mais a responsabilida<strong>de</strong> das pessoas que nós t<strong>em</strong>os a nosso cargo (…) filhos (…)<br />

marido (…) pai (…) qu<strong>em</strong> esteja a viver connosco.” (p.30). Esta avaliação positiva é, <strong>em</strong><br />

parte, partilhada por Natércia que nos diz: “ (…) gosto <strong>de</strong> fazer o trabalho <strong>de</strong> casa (…) ter as<br />

coisinhas <strong>de</strong> casa orientadas (…) [não obstante, ser a mesma narradora a assumir a sua<br />

preferência por] andar trabalhando (…) gosto <strong>de</strong> ser doméstica (…) mas, gosto <strong>de</strong> sair (…)”<br />

(pp.31-32). Natércia <strong>de</strong>monstra claramente que preferia conciliar a Dupla Tarefa, ao invés <strong>de</strong><br />

passar os seus dias <strong>em</strong> casa. Neste contexto, é também paradoxal o seu discurso pois, se por<br />

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