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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

ou fazer essas coisas todas (…) a mulher é s<strong>em</strong>pre à frente do hom<strong>em</strong>, acho eu (…) porque a<br />

mulher (…) anda s<strong>em</strong>pre mais atrapalhada que o hom<strong>em</strong> (…) é a criação <strong>de</strong> um filho (…)<br />

tudo s<strong>em</strong>pre mais à frente.” (pág.37). A narradora é clara no seu discurso ao assumir que a<br />

mulher trabalha mais do que o hom<strong>em</strong>, pois diz-nos que para além <strong>de</strong> tratar da casa, esta t<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> ser mãe e gestora, “ (…) é s<strong>em</strong>pre mais que o hom<strong>em</strong> (…) é a canseira da casa, dos filhos,<br />

repartir o dinhêro p`raqui, p`rali (…) a mulher t<strong>em</strong> mais canseira que o hom<strong>em</strong> (…)”<br />

(pág.38). Para Maria a mulher trabalha s<strong>em</strong>pre mais que o hom<strong>em</strong>.<br />

APÊNDICE L: Auto-Avaliação e Avaliação <strong>Social</strong> do Trabalho Doméstico e da Dupla<br />

Tarefa<br />

O trabalho, confere, pois uma legitimida<strong>de</strong> à mulher e que muitas vezes não é a<br />

pretendida por ela, como po<strong>de</strong>mos verificar no caso <strong>de</strong> Maria CM <strong>de</strong> 82 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Ao<br />

longo do seu relato, a narradora <strong>de</strong>monstra que, se não fosse o autoritarismo do pai, teria<br />

concretizado o seu sonho <strong>de</strong> seguir uma carreira profissional. Desta feita, é com um discurso<br />

negativo que avalia a sua Condição <strong>de</strong> Doméstica pois assume que lhe foi imposta como uma<br />

obrigação: “ (…) ser doméstica (…) foi (…) gostava <strong>de</strong> ter tido outro <strong>em</strong>prego (…)” (p.12).<br />

E, como tal, reconhece que a mulher doméstica (…) é um faz tudo (…) [pois, t<strong>em</strong>] uma vida<br />

muito, muito ocupada (…)” (p.5), uma vez que diariamente consegue: “(…) tratar da casa,<br />

tratar da roupa (…) pinta (…) caia (…) lava (…) esfrega (…) faz comer (…) pinta as<br />

pare<strong>de</strong>s, pintas as portas.” (pág.21). Não obstante, e sendo Maria CM uma das narradoras <strong>de</strong><br />

faixa etária mais elevada, diz-nos que, quando comparado ao passado, hoje o trabalho<br />

doméstico sofreu muitas alterações <strong>de</strong>vido, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte ao progresso tecnológico. Deste<br />

ponto <strong>de</strong> vista, consi<strong>de</strong>ra que, no presente, estando a realização das tarefas <strong>de</strong> casa mais<br />

facilitada – <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> aparelhos e materiais que garant<strong>em</strong> a sua concretização<br />

com menor esforço – este trabalho é menos <strong>de</strong>sgastante fisicamente do que era no passado,<br />

ex<strong>em</strong>plificando: “ hoje (…) anda quase tudo <strong>de</strong> esfregona, ninguém se ajoelha (…) eu lavei<br />

s<strong>em</strong>pre a minha cozinha <strong>de</strong> joelhos no chão (…) [por isso, enten<strong>de</strong> que hoje o trabalho<br />

doméstico] não é tão duro como era (…) ‘tá tudo muito modificado.” (p.30). Ora, esta<br />

constatação é também partilhada por Maria A, narradora com a mesma ida<strong>de</strong>, ao reflectir<br />

sobre o progresso da indústria e a melhoria <strong>de</strong> meios económicos. Segundo ela, hoje a mulher<br />

doméstica po<strong>de</strong> arranjar/<strong>de</strong>corar melhor a sua casa, o que não acontecia no passado, até<br />

porque no seu caso, passou gran<strong>de</strong> parte da sua vida no campo e as condições habitacionais<br />

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