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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

narradora, qu<strong>em</strong> vinha à Amareleja pagar o avio, <strong>em</strong> consequência do telefon<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Maria<br />

para a loja, encomendar o que lhe fazia falta (pp.21-22).<br />

. Avaliação por Maria, da ocupação dos seus t<strong>em</strong>pos livres e saídas<br />

Quanto aos t<strong>em</strong>pos livres, mediante o exposto <strong>de</strong>nota-se que não exist<strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos<br />

livres na sua vida, pois o que seriam t<strong>em</strong>pos mais libertos eram passados a trabalhar, como<br />

são esclarecedoras as suas palavras: “ (…) a gente não tinha festas (…) nã tinha nada, não<br />

vínhamos a ver uma festa (…) nada <strong>de</strong>ssas coisas (…)” (pág.10), como viviam no campo,<br />

acabavam por vir poucas vezes à Amareleja, o que fez com que, poucas vezes assiste-se a<br />

uma festa típica na sua terra, repare-se que, Maria disse mesmo que, só aos 80 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

conseguiu ver a festa da pinha: “ (…) uma pinha (…) é uma festa (…) nunca tinha visto, só<br />

há dois anos é que vi.” (pág.10). Para além disso, Maria também nos disse que não obstante o<br />

marido gozar <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> férias, o mesmo nunca as aproveitava fora do monte, pois nas<br />

férias tinha <strong>em</strong> casa animais que precisavam do seu cuidado, caso contrário teria <strong>de</strong> pagar a<br />

alguém para o fazer, como explica: “ (…) tinha férias o meu marido, e não nos vínhamos<br />

<strong>em</strong>bora, porque tínhamos as cabras (…) os porcos (…) as galinhas (…) perus (…) patos,<br />

tínhamos esses bichos todos (…) <strong>de</strong>pois se vínhamos <strong>em</strong>bora, metíamos la uma pessoa<br />

qualquer e a gente não sabe como as coisas eram (…).” (pág.10). De fato, ao recordar a sua<br />

trajetória <strong>de</strong> vida, Maria sublinha mesmo não ter tido t<strong>em</strong>pos livres: “ (…) não havia t<strong>em</strong>pos<br />

livres p`ra ninguém (…)” (pág.29), n<strong>em</strong> saídas. Os únicos momentos que consi<strong>de</strong>ra como tal,<br />

diz<strong>em</strong> respeito somente a uma festa <strong>de</strong> casamento <strong>de</strong> um compadre, período <strong>em</strong> que, passou<br />

uns dias na Amareleja: “ (…) `tiv<strong>em</strong>os lá dois ou três dias, e <strong>de</strong>pois, cada um veio ao seu<br />

<strong>de</strong>stino (…)” (pág.30); para além <strong>de</strong>ssa, registou ainda o casamento do neto “ (…)quando<br />

casou o J.M., `tiv<strong>em</strong>os lá uns dias <strong>em</strong> Moura tamêm (…) é essa a nossa labuta, sair as nossas<br />

saídas foram todas pequeninas.” (pág.30). Não <strong>de</strong>ixa por isso <strong>de</strong> ser impressionante e<br />

ex<strong>em</strong>plar quanto ao trabalho das mulheres domésticas que, ao longo <strong>de</strong> um percurso <strong>de</strong> vida<br />

<strong>de</strong> 82 anos, Maria sinta que os seus t<strong>em</strong>pos livres e saídas mais marcantes se tenha resumido<br />

a dois períodos curtos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

3.2. O que é ser Doméstica, segundo a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral?<br />

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