Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
únicos alimentos que não compravam era: “ (…) linguiças e (…) azeite (…)” (pág.19). Em<br />
traços gerais, Maria reforça o seu raciocínio sublinhando que, era tão baixo o or<strong>de</strong>nado do<br />
marido que a roupa e calçado comprados eram muito escassos: “ (…) aquele dinheirinho (…)<br />
era p`a se comer e mais nada (…) não dava n<strong>em</strong> p`a gente comprar roupa (…) nessa altura<br />
era faça <strong>de</strong> conta, lavar e enfiar, o calçado igual (…) havia muita miséria.” (pág.28).<br />
Segundo Maria: “ era preciso uma ginástica, olha que agora tamêm se faz muita (…)”<br />
(pág.20), consi<strong>de</strong>rando que hoje a sua gestão continua a ser igualmente regrada (pág.20).<br />
Maria enten<strong>de</strong> que, nos dias <strong>de</strong> hoje, gerir os rendimentos <strong>de</strong> ambos “ (…) é muito custoso<br />
porque, as reformas da gente são muito pequeninas.” (pág.33). Para a narradora a gestão<br />
torna-se difícil pois, as <strong>de</strong>spesas são muitas, nomeadamente, ao nível da medicação do casal<br />
como, <strong>de</strong> resto, nos esclarece: “ (…) orientar aquele dinhêro, pagar gás, pagar luz, pagar<br />
água, as mesinhas que são muito caras (…) as tintas muito caras (…) partir esse dinhêro do<br />
mês (…) p`a comermos e essas coisas todas (…).” (pág.33). Tal como afirmou, a orientação é<br />
fundamental para que se consiga gerir da melhor forma o dinheiro disponível; assim sendo,<br />
enten<strong>de</strong> que “ (…) já no passado era assim (…) agora com a vida que está mais pouco é. (…)<br />
o futuro ainda será pior (…)” (pág.34), portanto, acredita que é importante saber gerir pouco<br />
para que se consiga gerir muito, porque, se os t<strong>em</strong>pos estão difíceis, a orientação é crucial<br />
para que se consiga uma boa gestão (pág.33-34).<br />
. Avaliação por Maria, da gestão da alimentação da família<br />
Para garantir a alimentação familiar Maria vinha à Amareleja fazer as compras<br />
s<strong>em</strong>anais. Neste contexto, compreenda-se que, enquanto a filha foi solteira, acompanhava-a,<br />
vindo ambas <strong>de</strong> burro: “ (…) a fazer o avio e a ver a casa, mais nada (…)” (pág.15). Depois<br />
da filha casar, tinha <strong>de</strong> ser a narradora a vir sozinha: “ (…) o meu marido ficava lá, vinha a<br />
fazer o avio p`ra s<strong>em</strong>ana (…) ia à loja, comprava as coisinhas que tinha a comprar (…) o<br />
pão (…) e ia lá p`ro monte (…)” (pág.15). Mas, mesmo nestas <strong>de</strong>slocações (que faz<strong>em</strong> parte<br />
das tarefas domésticas), a narradora não podia <strong>de</strong>morar, pois, tinha <strong>de</strong> ir ajudar o marido,<br />
como diariamente fazia: “ (…) tinha que chegar lá a horas <strong>de</strong> ir ajudar o meu marido (…)<br />
ajudar-lhe a <strong>de</strong>itar comer às vacas.” (pág.15). Com o passar dos anos o marido <strong>de</strong> Maria<br />
comprou um meio <strong>de</strong> transporte que <strong>de</strong>signou na entrevista por triciclo, e que passou a ser o<br />
modo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação quando vinham os dois fazer o avio s<strong>em</strong>anal. No entanto, rapidamente<br />
alteraram essa rotina e, nos últimos anos passados no monte, passou a ser só o marido da<br />
144