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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

Aten<strong>de</strong>ndo ao relato <strong>de</strong> Maria, ao regressar à Amareleja, o marido ainda conseguiu<br />

trabalhar por um curto espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, isto porque, ficou doente e <strong>de</strong>finitivamente incapaz<br />

<strong>de</strong> trabalhar: “ (…) o meu marido (…) foi (…) a trabalhar, umas horas a limpar as cabanas,<br />

a dar <strong>de</strong> comer aos cavalos, a soltar os cavalos, a dar-lhe o penso, ainda `teve até que<br />

adoeceu (…) já nunca mais fez nada (…)” (pág.30). Neste sentido, <strong>de</strong>nota-se claramente pelo<br />

seu relato que a rotina diária do seu marido sofreu uma gran<strong>de</strong> alteração: “ (…) nã faz nada,<br />

vai até à esquina e volta e é a labuta <strong>de</strong>le (…).” (pág.31).<br />

No presente, Maria e o marido passam os seus dias <strong>em</strong> casa. Continuam a seu cargo as<br />

tarefas domésticas, muito <strong>em</strong>bora as realize com alguma dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, como a narradora refere: “ (…) sofro da coluna, não posso fazer muitas coisas, vou a<br />

varrer uma casa tenho que me assentar um pedacinho, vou a lavar o chão, outro pedacinho,<br />

fazer a cama levo outro, custo muito a fazer a cama.” (pág.31). Maria diz-nos mesmo que o<br />

seu dia resume-se a: “ (…) tomar conta do (…) marido e da casa e, mais nada, mais nada<br />

faço.” (pág.31). Não obstante as dificulda<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> Maria <strong>em</strong> realizar as tarefas <strong>de</strong> casa,<br />

disse-nos que ainda t<strong>em</strong> sido ela qu<strong>em</strong> pinta a casa, relatando-nos a sua estratégia <strong>de</strong><br />

intervalar o seu trabalho e <strong>de</strong>scansar: “ (…) levantava-me cedo, às cinco da manhã,<br />

começava a pintar, aí duas horas, duas horas e meia, largava. Recolhia as coisinhas da<br />

arramada e vinha fazer o almoço. (...) <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>scansava a tar<strong>de</strong> inteira, no outro dia às<br />

cinco da manhã, lá me levantava eu outra vez (…).” (pág.32). Para não gastar dinheiro a<br />

contratar alguém que lhe caiasse a casa, a narradora fez o trabalho sozinha, apesar <strong>de</strong> admitir<br />

que já lhe custa muito a fazer: “ (…) tenho feito as coisinhas todas, tudo à força já (…).”<br />

(pág.33). Para Maria a valorização do trabalho realizado pela mulher doméstica varia <strong>de</strong><br />

pessoa para pessoa (pág.35).<br />

No Momento 3, os Territórios Sócio-I<strong>de</strong>ntitários que mais foram alterados são: i) o<br />

geográfico/habitacional alterando-se com o regresso do casal à sua casa, uma casa que<br />

raramente era habitada por eles, <strong>de</strong>ixando para trás gran<strong>de</strong> parte das suas vivências no campo<br />

(Etapa 1 do M3); ii) o TS-I sociabilida<strong>de</strong>s que sofreu alterações, uma vez que, ao regressar<strong>em</strong><br />

à Amareleja o seu contacto com os vizinhos também teve <strong>de</strong> ser adaptado (Etapa 1 do M3).<br />

Por fim, pass<strong>em</strong>os à avaliação do trabalho doméstico por Maria.<br />

3. AUTO-AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO SOCIAL DE SER DOMÉSTICA<br />

3.1. O que é ser Doméstica?<br />

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