Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
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Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
Para consolidarmos o Momento 1, <strong>de</strong>ve ter-se <strong>em</strong> atenção os Territórios Sócio-<br />
I<strong>de</strong>ntitários afectados, sendo eles: i) o escolar, afetado aquando da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maria<br />
po<strong>de</strong>r estudar (Etapa 2 do M1); ii) o geográfico/habitacional que sofreu alterações s<strong>em</strong>pre<br />
que a família teve <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> (Etapa 3 do M1); iii) o Território Sócio-<br />
I<strong>de</strong>ntitário das sociabilida<strong>de</strong>s, alterado <strong>em</strong> cada mudança geográfica, pois a família tinha <strong>de</strong><br />
adaptar-se à vivência com outras pessoas (Etapa 3 do M1).<br />
Após os referidos 8 anos <strong>de</strong> namoro, realiza-se o casamento <strong>de</strong> Maria assinalando,<br />
nesta análise, a transição do Momento 1, para o Momento 2.<br />
2.2. MOMENTO 2 (1959-2005): Casamento, maternida<strong>de</strong> e vida <strong>de</strong> casada<br />
O Momento 2 é marcado pelo casamento da narradora, permite-nos conhecer a<br />
Trajectória <strong>de</strong> vida, enquanto mulher casada e mãe.<br />
2.2.1. ETAPA 1 do Momento 2 (1959): Casamento e vida <strong>de</strong> casada antes da<br />
Maternida<strong>de</strong><br />
Mediante o seu relato sabe-se que foi no regresso da família à Amareleja que o<br />
namoro entre ela e o marido se tornou mais sério e, como tal, estes casaram <strong>em</strong> 1959, numa<br />
proprieda<strong>de</strong> muito bonita (pág.3). Neste contexto, po<strong>de</strong> ainda perceber-se que é positiva a<br />
avaliação <strong>de</strong> Maria quando fala do marido: “ (…) t<strong>em</strong> sido muito bom hom<strong>em</strong> p`ra mim,<br />
muito bom marido (…) já com cinquenta e tal anos <strong>de</strong> casados, namorámos oito anos.”<br />
(pág.12).<br />
Após o seu casamento e, enquanto a filha não nascia e regressavam ao monte, Maria<br />
também nos disse que – ainda na Amareleja – trabalhou à monda; o seu relato permitiu-nos<br />
compreen<strong>de</strong>r que o seu dia era muito trabalhoso pois, antes <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa, ela já amassava o<br />
pão e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> amassar o pão, este era colocado num tabuleiro para ser levado para o forno<br />
<strong>de</strong> uma vizinha, uma vez que não tinha forno próprio (pág.4). Como Maria ia trabalhar para a<br />
monda, só quando chegava a casa é que recebia o pão <strong>em</strong> casa (pág.5). Para além disso,<br />
sab<strong>em</strong>os que, quando chegava a casa, ainda tinha <strong>de</strong> fazer o jantar. Ora, como não havia<br />
fogão, conta-nos ela: “ (…) tínhamos que fazer uma lareira (…) e fazia ali a comida (…)”<br />
(pág.5); fez-nos saber ainda que, ao pequeno almoço, todos os dias <strong>de</strong> manhã, antes que o<br />
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