10.05.2013 Views

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

3.2. O que é ser Doméstica segundo a família?<br />

Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

Quando reflectindo sobre a avaliação da família sobre o trabalho realizado pela<br />

mulher doméstica, Maria enten<strong>de</strong> que, antigamente era entendido como algo normal, pois a<br />

mulher era educada para ser uma boa doméstica, como <strong>de</strong> resto nos adianta: “ (…) tínhamos<br />

prazer <strong>em</strong> fazer, <strong>em</strong> sermos boas donas <strong>de</strong> casa (…) educaram-nos assim (…).” (pág.19). Em<br />

contrapartida, consi<strong>de</strong>ra que, no presente as pessoas não realizam as tarefas domésticas da<br />

mesma forma, segundo Maria: “ (…) as pessoas hoje (…) trabalham fora <strong>de</strong> casa (…) vê<strong>em</strong><br />

fartas (…) hoje também já não são como éramos nós (…)” (pág.20), porque a educação<br />

também foi se alterando. Diz-nos a narradora que os pais “sabiam que tinham uma filha que<br />

era muito (…) cumpridora do seu papel. (…) eles ensinaram-me assim (…).” (pág.47). Ao<br />

longo do seu discurso assume que a família s<strong>em</strong>pre lhe <strong>de</strong>u valor (pág.47), diz-nos mesmo<br />

que: “ (…) davam e ainda hoje, as minhas filhas dão muito valor à mãe (…).” (pág.51).<br />

3.3. O que é ser Doméstica segundo a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral?<br />

Maria enten<strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> valoriza a mulher doméstica consoante o que sabe ou<br />

não fazer, como <strong>de</strong> resto refere: “ (…) aquela é muito boa rapariga, uma boa dona <strong>de</strong> casa<br />

(…) moças b<strong>em</strong> ensinadas (…) dão valor ao trabalho doméstico (…).” (pág.20-21). Enten<strong>de</strong>,<br />

por isso, que a mentalida<strong>de</strong> das pessoas varia, então algumas valorizam, outras não, até<br />

porque, Maria é clara ao afirmar que a avaliação das pessoas é esclarecedora: “ (…) na<br />

maneira como as pessoas tratam as pessoas que traz<strong>em</strong> a casa a trabalhar.” (pág.47). E com<br />

isto, ex<strong>em</strong>plificou a sua afirmação com um ex<strong>em</strong>plo que havia sucedido consigo, <strong>de</strong> uma<br />

senhora que pagava 10 escudos à <strong>em</strong>pregada <strong>de</strong> limpeza que lhe vinha lavar as escadas do<br />

prédio e, quando soube que a narradora pagava 20 escudos, achou que o valor era exagerado.<br />

Isto porque, segundo ela, a <strong>em</strong>pregada <strong>de</strong> limpeza não tinha carro, logo não precisaria <strong>de</strong><br />

tanto dinheiro, ora Maria diz-nos que revoltou-se com tal resposta e respon<strong>de</strong>u educadamente<br />

à senhora que, talvez a <strong>em</strong>pregada não tivesse carro, porque não tinha dinheiro suficiente para<br />

o comprar (pág.47-48). Este é <strong>de</strong> fato um ex<strong>em</strong>plo adoptado pela narradora que ilustra muito<br />

b<strong>em</strong> a mentalida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> quando falamos no trabalho realizado pela mulher<br />

doméstica, um trabalho que não t<strong>em</strong> qualquer valor, n<strong>em</strong> pelo profissionalismo, n<strong>em</strong> pelo<br />

valor monetário.<br />

133

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!