Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
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Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
M2. Ao passar <strong>de</strong> Menina a Mãe e, ao assumir-se como tal, A. investe no Território 7 Sócio-<br />
I<strong>de</strong>ntitário 8 Escolar que lhe garante a mudança e a conquista do T S-I Laboral.<br />
O caso <strong>de</strong> A. dá-nos a conhecer uma jov<strong>em</strong> alentejana, nascida <strong>em</strong> 1988 na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Beja, filha única num mo<strong>de</strong>lo familiar nuclear, também neta e sobrinha única, condição que<br />
se alterou recent<strong>em</strong>ente (M1). A. resi<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> nasceu até ao presente ano <strong>de</strong> 2012.<br />
Relativamente às suas m<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> infância, recorda o início das tarefas <strong>de</strong> casa aos 10 anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>; um percurso escolar instável a partir do 9.º ano, com a mudança <strong>de</strong> escola e a<br />
reprovação <strong>de</strong> 2 anos lectivos consecutivos, sendo, por isso, claras as alterações no seu T. S-I<br />
Escolar e, consequent<strong>em</strong>ente, no T. S-I Laboral como se compreen<strong>de</strong> <strong>de</strong> seguida (Ap. C –<br />
pp.43-44). Tais resultados escolares negativos conduziram-na à interrupção dos estudos e<br />
consequente entrada no mercado <strong>de</strong> trabalho – <strong>de</strong>cisões tomadas tendo <strong>em</strong> conta a sua<br />
condição <strong>de</strong> filha única e a situação financeira <strong>de</strong>safogada dos pais (Ap. C – p.44). Com a<br />
<strong>de</strong>scoberta da gravi<strong>de</strong>z, o T. S-I Familiar <strong>de</strong> A altera-se, na medida <strong>em</strong> que a relação com os<br />
pais se modifica <strong>de</strong>vido, <strong>em</strong> parte, à sua condição <strong>de</strong> filha única e aos sonhos/perspectivas<br />
futuras que os pais lhe reservavam (Ap. C – p.44). Foi por este motivo que <strong>de</strong>finimos a<br />
gravi<strong>de</strong>z como o principal Factor <strong>de</strong> Mudança da Trajetória I<strong>de</strong>ntitária <strong>de</strong> A., assinalando o<br />
início do M2.<br />
Neste mesmo M2, <strong>em</strong>bora não sendo sua priorida<strong>de</strong>, A. casa, cumprindo um <strong>de</strong>sejo da<br />
mãe (Ap. C – p.45). Suce<strong>de</strong>-se a Maternida<strong>de</strong> e a vida <strong>de</strong> casada: <strong>em</strong> 2008 é mãe pela 1.ª vez<br />
e, <strong>em</strong> 2010, é mãe pela 2.ª vez (Ap. C – pp.45-46). Face à Maternida<strong>de</strong> e à Gravi<strong>de</strong>z,<br />
constata-se que A. assumiu reacções <strong>de</strong> Não Acomodação e <strong>de</strong> A<strong>de</strong>quação Passiva, pois, logo<br />
<strong>em</strong> 2008, retoma os estudos. Sab<strong>em</strong>os através do seu discurso que a continuida<strong>de</strong> do seu<br />
percurso escolar s<strong>em</strong>pre foi um <strong>de</strong>sejo da mãe; no entanto, foi ela qu<strong>em</strong> tomou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />
regressar à escola. Po<strong>de</strong>mos, por isso, estar perante um paradoxo entre as Transações<br />
I<strong>de</strong>ntitárias Interiores (Dubar:1997) <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprogramação da jov<strong>em</strong> <strong>de</strong> retoma dos estudos e as<br />
Transações I<strong>de</strong>ntitárias Exteriores, correspon<strong>de</strong>nte à vonta<strong>de</strong> da mãe (Ap. C – pp.49-50).<br />
Com estas mudanças e, <strong>de</strong>vido à sua condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada – alteração do T. S-I Labora<br />
– A., torna-se Doméstica e passa a assegurar todas as tarefas <strong>de</strong> casa, excepto cozinhar, pois<br />
admite não saber n<strong>em</strong> querer apren<strong>de</strong>r. Quanto ao T. S-I Habitacional/geográfico verifica-se<br />
uma alternância entre Beja e Serpa pois, segundo nos revelou a narradora, o casal t<strong>em</strong> uma<br />
casa <strong>em</strong> Serpa, no entanto, as dificulda<strong>de</strong>s económicas não lhe permite habitar a casa<br />
7 Futuramente abreviamos os Territórios por T.<br />
8 Futuramente abreviamos Sócio-I<strong>de</strong>ntitários por S-I.<br />
7