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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

Maria reconhece que manter a casa limpa e bonita requer muito trabalho, segundo ela:<br />

“ (…) faz-se tanto sacrifício p`ra se ter uma casa tão b<strong>em</strong> limpa e (…) com bom aspecto, dá<br />

muito trabalho (…) mas eu gostava tanto <strong>de</strong> pôr cera (…) puxar o brilho (…) tinha s<strong>em</strong>pre a<br />

minha casa muito brilhante.” (pág.26). Para além disso, admite ter gostado s<strong>em</strong>pre daquilo<br />

que fez, muito <strong>em</strong>bora pu<strong>de</strong>sse ter seguido outra profissão, s<strong>em</strong>pre fez o serviço <strong>de</strong> casa com<br />

muito gosto, como refere: “ (…) eu o que fiz, gostei s<strong>em</strong>pre (…) gostava <strong>de</strong> fazer tudo (…) e<br />

tudo b<strong>em</strong> feitinho.” (pág.27). Segundo a narradora, durante a sua rotina diária, gostava <strong>de</strong><br />

chegar às 15h e “ (…) ter a (…) cozinha arrumada, tudo lavadinho, tudo a escorrer (…)”<br />

(pág.27), como nos disse Maria, a loiça <strong>de</strong>ixava-a secar sozinha, pois consi<strong>de</strong>rava um<br />

<strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, estar a molhar um pano para a secar (pág.27).<br />

Ser doméstica, mãe e esposa, segundo Maria “ (…) custa um bocadinho (…) há<br />

muitas coisinhas que não corr<strong>em</strong> b<strong>em</strong> (…)” (pág.53), mas com paciência tudo se aguenta,<br />

apesar <strong>de</strong> admitir que, por vezes, já não existe capacida<strong>de</strong> para resolver as dificulda<strong>de</strong>s (pág.<br />

54).<br />

No <strong>de</strong>correr da sessão <strong>de</strong> entrevista, foi ainda possível observar um dos últimos<br />

trabalhos <strong>de</strong> costura feito pela narradora, um vestido para uma boneca <strong>de</strong> uma das suas duas<br />

filhas. Uma peça muito b<strong>em</strong> costurada e bordada, um admirável trabalho que revela <strong>de</strong> facto,<br />

o enorme potencial que Maria teria se tivesse seguido o seu sonho, como costureira ou<br />

modista (pág. 27; 28; 49). É a própria a assumir que todos os seus trabalhos foram feitos com<br />

gosto e amor: “ (…) gostava (…) fazia-os com amor.” (pág.29). Para Maria, doméstica foi<br />

s<strong>em</strong>pre a sua profissão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que casou, não obstante o seu gosto pelo bordado, pela costura,<br />

pela <strong>de</strong>coração, pelo potencial que tinha para vir a <strong>de</strong>senvolver uma ativida<strong>de</strong> profissional,<br />

afirma: “ (…) ficou só por um, pela doméstica.” (pág.54).<br />

Entendida a leitura que Maria faz sobre aquilo que consi<strong>de</strong>ra ser o trabalho da mulher<br />

doméstica e sobre como é sê-lo, compreenda-se também, segundo a mesma, como gere o<br />

orçamento familiar e como ocupava e ocupa no presente, os seus t<strong>em</strong>pos livres.<br />

. Avaliação, por Maria, da gestão do orçamento familiar<br />

Relativamente à gestão do orçamento familiar, segundo Maria: “ (…) o meu marido<br />

entregava-me o or<strong>de</strong>nado.” (pág.37). Dessa feita, é curioso o método utilizado pela narradora<br />

para gerir o dinheiro. Vejamos como fazia: “ (…) dividia aquilo por envelopes (…) um p`ra<br />

comida (…)” (pág.37), que na época era <strong>de</strong> vinte escudos por dia, então a narradora<br />

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