Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
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Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
Já foi possível perceber que o casal esteve sujeito a várias <strong>de</strong>slocações geográficas,<br />
como tal, a etapa seguinte apresenta as vivências relatadas por Maria, <strong>de</strong> quando ela esteve na<br />
Guiné e, <strong>em</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>.<br />
2.2.3. ETAPA 3 do Momento 2: Idas da narradora para o Ultramar para<br />
ficar perto do marido – a vida na Guiné e Cabo Ver<strong>de</strong><br />
Sabe-se que, o marido da narradora esteve a trabalhar na Guiné e, <strong>em</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>sta feita, Maria e as filhas estiveram presentes, durante o período permitido (pág.30).<br />
Apesar das diferenças <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura e da escassez <strong>de</strong> certos alimentos, Maria afirma: “ (…)<br />
gostei <strong>de</strong> lá estar, mas na Guiné era um calor muito gran<strong>de</strong> (…) <strong>em</strong> Cabo Ver<strong>de</strong> a Ilha do Sal<br />
não t<strong>em</strong> nada, não t<strong>em</strong> uma ervinha (…) agente lá p`ra comer um bocadinho <strong>de</strong> hortaliça,<br />
era o que nos dispensava o <strong>em</strong>pregado do (…) aeroporto (…) era muito triste a vida (…) na<br />
Ilha do Sal.” (pág.31).<br />
Primeiramente, Maria esteve na Guiné, segundo nos disse, a mudança geográfica não<br />
era probl<strong>em</strong>a para si: “ (…) adaptava-me b<strong>em</strong>, fazia a minha vida igual à que fazia cá. (…)<br />
<strong>em</strong> a gente trabalhando (…) trabalha tudo <strong>em</strong> qualquer lado (…). (pág.34). A sua<br />
experiência na Guiné, é <strong>de</strong> resto ex<strong>em</strong>plo disso, pois apesar <strong>de</strong> não ter móveis <strong>em</strong> casa, a<br />
narradora encontrou na sua criativida<strong>de</strong> forma <strong>de</strong> resolver o probl<strong>em</strong>a. Maria esteve somente<br />
uma vez na Guiné, e enquanto lá esteve, diz-nos ter feito “ (…) uns móveis <strong>em</strong> (…) casa com<br />
as caixas do bacalhau.” (pág.34). Mais nos explica: “ (…) fiz (…) o <strong>de</strong>senho que tinha os<br />
caixotes encostados uns nos outros (…) <strong>em</strong> tecido com um lisinho todo à volta, umas saias<br />
até baixo franzidas (…) `tava que era uma maravilha a minha cozinha (…).” (pág.34). Já <strong>em</strong><br />
Cabo Ver<strong>de</strong> também contou com a ajuda do cabo carpinteiro da companhia e conseguiu<br />
mudar a sua cozinha, com o mesmo método das caixas fez também um móvel e ainda, com<br />
uma bacia <strong>de</strong>vidamente canalizada podia lavar a sua loiça. É Maria qu<strong>em</strong> assume: “ (…)<br />
tinha uma cozinha encantadora (…) tudo <strong>em</strong> caixotes (…).” (pág.35). Maria esteve um ano<br />
<strong>em</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>, ao falar sobre essa experiência, rel<strong>em</strong>bra que fazia a sua vida normal.<br />
Devido à profissão do marido, dispunha <strong>de</strong> um fascina que a ajudava na realização das tarefas<br />
domésticas, no entanto, diz-nos que era a própria qu<strong>em</strong> lavava a sua roupa: “ (…) dava-me<br />
pena ver a minha roupinha ali a ser batida como eles batiam, minha bela roupinha (…)<br />
custava-me muito a fazê-la, e nã tinha vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> a ver estragada (…).” (pág.32). A<br />
narradora dá-nos ainda conta <strong>de</strong> um dia muito complicado que passou igualmente <strong>em</strong> Cabo<br />
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