Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
2.2. MOMENTO 2 (1951-2012): O Casamento, a Maternida<strong>de</strong> e a vida <strong>de</strong><br />
casada<br />
O casamento <strong>de</strong> Maria foi <strong>em</strong> 1951, tendo sido um acontecimento b<strong>em</strong> aceite pelos<br />
pais, até porque é a própria qu<strong>em</strong> reconhece: “ (…) portei-me s<strong>em</strong>pre b<strong>em</strong>, como eles diz<strong>em</strong><br />
que é portar b<strong>em</strong>. (…) nunca <strong>de</strong>i escândalos (…) era muito recolhida (…) e gostaram tão<br />
b<strong>em</strong> do rapaz, ele era <strong>de</strong> boas famílias (…) muito inteligente, gostaram do casamento.”<br />
(pág.7-8). Neste sentido, aquando do casamento – como fazia parte das regras sociais naquela<br />
época – Maria conta-nos: “ (…) comprou-me tudo, o meu pai pôs-me a casa (…) louças (…)<br />
e roupas.” (pág.8). Ao falar-nos sobre o seu casamento, sublinhou que foram mais <strong>de</strong> 50 anos<br />
junto do marido, advertindo que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é fácil, segundo a narradora: “ é muito t<strong>em</strong>po, a<br />
gente cansa-se um bocadinho uns dos outros (…) nã somos santos, mas… nosso senhor vai<br />
dando paciência, e vamos nos aturando e <strong>de</strong>sculpando (…).” (pág.25). Aten<strong>de</strong>ndo ao seu<br />
relato, Maria saiu da casa dos pais para ir morar com o marido <strong>de</strong>pois do casamento, como se<br />
percebe <strong>de</strong> seguida.<br />
2.2.1. ETAPA 1 do Momento 2 (1955-1963): Saída <strong>de</strong> casa dos pais para<br />
assumir a vida <strong>de</strong> casada e maternida<strong>de</strong><br />
Foi ao casar-se que Maria saiu da casa dos pais e foi morar com o marido para Santa<br />
Margarida, pois sendo este militar, ela tinha <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar-se para o local on<strong>de</strong> o mesmo<br />
estivesse a prestar serviço (pág.8). Maria reconhece que, com o casamento, passou a ter mais<br />
trabalho para fazer <strong>em</strong> casa pois, tinha <strong>de</strong> tratar das fardas do marido, <strong>de</strong> toda a limpeza e<br />
arrumação da casa e, ainda costurava toda a roupa, como nos relata: “ a costura que eu<br />
aprendi <strong>de</strong>u para (…) fazer as minhas saias (…) blusas (…) vestidos, eu fazia tudo, só não<br />
fazia casacos.” (pág.11). Muito <strong>em</strong>bora nunca tenha tido uma profissão fora <strong>de</strong> casa, é a<br />
narradora qu<strong>em</strong> admite ter passado a sua vida a trabalhar: “ (…) fartei-me <strong>de</strong> trabalhar,<br />
trabalhei muito.” (pág.11).<br />
Para além do acumular <strong>de</strong> trabalho que tinha, Maria também teve <strong>de</strong> gerir o seu t<strong>em</strong>po<br />
cuidando das duas filhas do casal. Ora, <strong>em</strong> 1956, cinco anos <strong>de</strong>pois do seu casamento, Maria<br />
é mãe pela primeira vez <strong>de</strong> uma menina (pág.9). Segundo a mesma, as suas filhas têm uma<br />
diferença <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sete anos, assim sendo, <strong>em</strong> 1963 Maria é mãe pela segunda vez <strong>de</strong> outra<br />
menina (pág.9).<br />
123